Dia
destes, no centro do picadeiro de terra batida e lona furada do Universal Circo
Crítico:
Apresentador,
Palhaços da Esperança, Malabaristas da Utopia, Pilotos de Moto do Círculo da
Vida, o Homem Mais Fortemente Apaixonado pela Humanidade do Mundo, O Mágico das
Lutas Trabalhadoras, os Equilibristas da Paciência, a Bailarina da Alegria
Arrancada do Futuro e todos/as os que fazem o Universal Circo Crítico estavam
reunidos em Assembleia. Nunca marcamos uma, na verdade.
Foi a
primeira vez que nosso picadeiro de terra batida e lona furada realizou a sua
e, portanto, optamos pela “CIRCEMBLEIA”.
Preocupados que estávamos com tudo o que anda acontecendo ao nosso redor. Tanta
coisa que mal dá pra relacionar:
1.
Trabalhadores
prestes a perder seus direitos no Brasil, como já perderam em muitos países
mundo afora (a França, hoje, é um bom exemplo disso);
2.
Os
desastres ambientais mundo afora, em nome da ganância e do dinheiro – e, aqui
em terras tupiniquins, Mariana/MG tornou-se a mais inquestionável evidencia de
que a justiça tem lado, é parcial e protege o Estado e seus poderosos donos do
capital;
3.
Pão não
tem mais, mas ainda tem Circo (não é o nosso), e, neste ano, os Jogos Olímpicos
e Paraolímpicos estão, mais uma vez, dando sua demonstração clara de que a
aparência ainda procura construir heróis e esconder verdades;
4.
O
jornalismo (tupiniquim e mundial, com raras exceções) nem esconde mais o
tubinho de óleo de peroba, de tão cara-de-pau que é no seu papel de divulgar, dissimular,
omitir, esvaziar notícias, fatos;
5.
Os ricos
cada vez mais ricos (e menos numerosos) e os pobres cada vez mais pobres (e
mais numerosos);
6.
Os
ataques à população negra, pobre, favelada, bem como às comunidades indígenas,
quilombolas e campesinas...
... Não dá pra listar tudo. A pauta é grande:
– Então,
meus caros artistas e o público presente, podemos começar a Circembleia do
Universal Circo Crítico?
– Isso!
Sim! Avante camaradas!
Risos,
Saltos, Mágicas, Abraços e voos também fazem parte da manifestação de aclamação
do início dos trabalhos.
– Russo!
– Pois
não, Homem Mais Fortemente Apaixonado...
–
Podemos ajustar a pauta?
–
Claro...
– A
sugestão é simples: já temos nos pontos acima a nossa pontual análise de
conjuntura, sobre o que acontece no mundo, aqui perto e com as pessoas que são
importantes pra nós, a Classe Trabalhadora. Assim, quero sugerir como pauta
única: NOSSA ORGANIZAÇÃO e a luta contra os opressores.
– ...
inclusive os escondidos e os mascarados em discursos revolucionários! (Exclama
a Bailarina).
– Ah!
Principalmente estes, os mais perigosos!
Os
debates começam...
As
ideias avançam...
A
certeza no futuro pertencendo à Classe Trabalhadora também.
–
Formação!, A Formação é imprescindível, caros Artistas! (destaca o coletivo de
Palhaços, sob a voz de Strovézio).
–
Formação de base, em todos os Circos Mambembes que conhecemos, os Circos
Ciganos, os Circos Parques!
Uuuuuóóóóóóóóóóóóóóóó..............
...
Silêncio
na Circembleia!
– Quem é
o responsável aqui????
Um
primeiro silêncio toma conta da Circembleia. Afinal, não tem “O” responsável
neste espaço. Trata-se de um espaço de responsabilidade coletiva, construído no
tempo e no constante aprendizado de aprendizes de lutadores do povo.
No meio
do silêncio, todos os olhares e ouvidos voltam-se na direção do autor da estranha
pergunta, que se repete, mas “pausadamente”.
– Quem-É-O-Res-pon-sá-vel????
Preciso perguntar de novo?
Era um
sujeito estranho, acompanhando de outros (um tanto maiores que ele) e outras (um
pouco menores). Roupas cheio de bolsos, camuflagem estranha (como se estivessem
escondidos na Floresta... que aqui em terras tupiniquins estão cada vez
menores), armas na cintura, nas calças, dentro das jaquetas protegidas por
outras que davam volume a seus corpos e em punho... Sei lá, uns 20 quilos a
mais no peso de cada um ali...
–
Hããã... Eu! (disse em coro puxado por Strovézio, os Palhaços da Esperança).
– Eu,
também?! (na sequência, os Pilotos do Círculo da Vida).
– E
eu... e eu... eu aqui (todos em coro, dos Malabaristas à Bailarina, respondiam
seriamente, à pergunta descontextualizada de tal sujeito).
– Vocês
tá de brincadeira, é? (o
português errado é do original).
– Calma,
Calma, seu comandante... É que não temos assim, um... o... único responsável.
Por isso não soubemos responder. Mas, posso assumir tal responsabilidade para
bem recebe-lo.
– Muito
bem, então (já em fonte arial 11). Recebemos uma informação de uma célula
neste, hããã, neste espaço... Mas, que espaço é este?
– Um
circo, vossa-celença! Aceita uma
pipoca?
– Não
interessa (continuou a figura enigmática não apresentada e bem protegida)... Recebemos
de nossos órgãos de informação uma comunicação que estaria ocorrendo aqui uma
reunião de manifestação, que estamos monitorando para combater o terrorismo que
assola o mundo e que também nos preocupa no Brasil.
– Mas,
seu moço...
–
Delegado... Me chame de Doutor! Sou bacharel em Direito...
– Certo,
Doutor... Somos um circo, pequeno, de terra batida... Olha a nossa lona! Furada
desde quando inauguramos. Nossos artistas? Apenas artistas, trabalhadores,
brincantes e revolucionários...
– Ah
Rá!... Era isso! São revolucionários e são perigosos... vamos autua-los e vocês
devem comparecer às instituições que os convocarem pra prestar depoimento em
breve.
Assim, seguiu-se
o nobre bacharel em direito (em sua opinião, Doutor) e delegado escrevendo em
um papel com duas vias, confirmando a “visita realizada” e que constataram que
estávamos reunidos para manifestarmos... manifestarmos...
– Vocês
estão manifestando o que mesmo, aqui? (perguntou, com cara de incrédulo, o
nobre doutor)
– Amor à
humanidade, seu Doutor!
... e
preencheu o papel.
– Soldado Michel! (chama o seu capacho de nome bem alusivo).
– Sim, senhor!
– Chama todo mundo, já terminamos aqui!
– Não dá, Doutor Delegado!
– E por que não dá, soldado?
– Sim, senhor!
– Chama todo mundo, já terminamos aqui!
– Não dá, Doutor Delegado!
– E por que não dá, soldado?
– Olha lá, Doutor...
... dois daqueles homens que acompanhavam o nobre doutor já estavam rindo das peripécias de Strovézio e os demais palhaços, um deles com uma flor na jaqueta e um nariz de palhaço.
... dois daqueles homens que acompanhavam o nobre doutor já estavam rindo das peripécias de Strovézio e os demais palhaços, um deles com uma flor na jaqueta e um nariz de palhaço.
... uma das
moças, com as botas mesmo, dançava e rodopiava com a Bailarina da Alegria
Arrancada do Futuro.
... outra
moça e um rapaz menor eram suspendidos pelo Homem Mais Fortemente Apaixonado
pela Humanidade do Mundo, rindo-se da vertigem que é sentir este Amor...
E o Seu
Doutor, já com a missão oficial cumprida, sentou-se numa no batente do
picadeiro, batendo palmas e rindo com lagrimas nos olhos... usando o papel
preenchido para limpá-las.
– Cadê
aquela Pipoca?
Cumprimos
com a pauta.
Venham
Todos!
Venham
Todas!
PS.: Claro,
nossa solidariedade (não apenas por fazermos parte de suas fileiras) ao Partido
Comunista Brasileiro, monitorado pelas Forças Policiais do Governo Federal, e
por todos os Movimentos e Partidos VER-DA-DEI-RA-MEN-TE de esquerda, em tempos
em que as ideias que temos voltam a ser perigosos à nossa própria existência: https://pcb.org.br/portal2/11734#more-11734
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira