RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 29 de maio de 2016

A cada 4 minutos...






 
“Porque o medo da mulher
 da violência do homem
 é o espelho do medo do homem
 da mulher sem medo”
 (Eduardo Galeano)




Em um 8 de março passado, dizíamos, aqui neste picadeiro de terra batida e lona furada: “As mulheres do Universal Circo Crítico sempre serão razão de nossa existência”. Falava, à época, das mulheres de minha vida.
Houve momentos outros em que trouxemos o saudoso Eduardo Galeano (que novamente nos saúda) e uma de suas obras singelamente denominada “Mulheres”.
Em março último, também no dia 8 mais especificamente, escrevemos: “Ainda um machista”.  E não se tratava de falsa humildade, mas sim, de dizermos com a verdade que todos os dias provoca nossas mais escondidas entranhas machistas dentro de nós: “eu sei que você está aí dentro e vou enfrenta-lo... até o dia que a certeza desta vitória esteja clara e inconteste”...
Meu machismo está lá dentro de mim, escondido e junto com o racismo, a homofobia, a intolerância, o preconceito... Eu sei que está.
Todos os dias, o silêncio de meus ouvidos me provoca: a violência contra a mulher (tantas, inclusive, menores de idade) é todos os dias, várias vezes ao dia.
O fato de eu não ver a cada 4 minutos de minha vida uma violência sexual, física, psicológica ou o escambal acontecendo contra uma mulher, não quer dizer que “não existem”.
Uma mulher a cada 4 minutos????
Igualmente, o fato de muitos colocarem em cheque o termo “Cultura do Estupro”, não nos dá também muitas condições de dizer que ela não existe.
Não existe????
A cada 4 minutos uma violência contra uma mulher no Brasil... É claro que isso já é cultural. E quem disse que não existe cultura ruim? A história da humanidade nos dá incontáveis provas disso.
E nestes dias, os quais das coisas que mais se falaram, noticiaram, lemos, procuramos mais notícias... Nestes dias em que muitos (e “muita mais muitas”) foram as ruas dizer “Machistas, não passarão!” e outras palavras de ordem... Nestes dias em que até a estupidez midiática comercial que transforma cada segundo dos últimos dias de uma adolescente no Rio de Janeiro (mas não de cada uma das mulheres “a dada 4 minutos”) em um bom negócio e matéria exclusiva... pensei em todas as manifestações da idiotice se expressar.
Elas, a cada 4 minutos, são as culpadas.
“Se estivesse em casa...”, “Se usasse roupas adequadas...”, “Se tivesse valores morais...”, “Se estivesse na Igreja... na escola... trabalhando...”
De 4 em 4 minutos... elas estão exatamente lá...
Em ônibus, em metrô, na rua, na escola ou na Universidade, na igreja (é, meus “caros”, na igreja), no local de trabalho, no elevador, na praia, no parque e uma dúzia infinita de lugares aqui e alhures... Todos os dias e nossos ouvidos em silêncio.
No Seriado da Globo, no comercial de perfume e cerveja, no STF de gilmar mendes e seu Habbeas a abdelmassih... Nas piadas aplaudidas de rafinhas e danilos...


Por que nossos ouvidos ficam em silêncio?
33...
Precisamos de 33 homens para percebermos o silêncio de nossos ouvidos...?
Curiosamente (sim, arriscaremos a ousadia), foram 33 homens. Que curioso número cristão.
E quando olhamos ao redor, estamos cercados de outros representativos 33 homens...
Eles estão recebidos no Ministério da Educação, em tempos obscuros de governo interino... Já não bastava a perda de direitos? Teremos 33 homens também bem representados?
Bem representados em nossas Casas Legislativas, do mais miudinho município até a Câmara Federal. Eram 33 homens representados pelo o PL 5069 que obstaculariza qualquer ato desta moça, menor de idade, de evitar engravidar... dos 33, bem representados pelo que há de pior de nossa classe política, tão bem sintetizada pelo B... de boi, de bala e de bíblia.
“Ah!”, dirão os incautos defensores da moral, “mas o PL apenas indica a necessidade de se fazer o B.O. como condição legal.”...
Aquela jovem no Rio fez... quase uma semana depois. E o Delegado que a ouviu ainda perguntou a ela se ela tinha o hábito de participar de orgias sexuais.


E o silêncio ensurdecedor de meus ouvidos...
Que bom que somos oriundos do mundo Universitário, onde sempre estaremos cercados de pessoas (jovens e docentes) esclarecidas e imputadas da melhor moral e respeito aos valores humanos.
Um espaço em que as festas para receber novos/as alunos/as (os/as calouros/as) sempre serão realizadas na mais absoluta respeitabilidade e carinho:
“Sejam bem vindos!
 Sejam bem vindas!
 Nós pagamos a bebida e a música...
 Aqui, entre nós, veteranos, vocês receberão apenas carinho... muito carinho!
 E se alguém, por algum acaso, passar dos limites, não os perdoaremos. Não admitimos excesso de ninguém... A não ser excesso de carinho.
 Mas não passem, vocês, calouras, do limite, ok? Senão, serão as culpadas pelo que acontecer”.
E assim foi culpada, na UFRRJ, a estudante Izadora Cézar... uma não mais aluna de Educação Física, uma não mais futura professora que não aguentou a dor e a pressão de uma Universidade silenciosa... por três anos.


E o silêncio ensurdecedor alcança as Instituições mais respeitadas...
E uma a menos para ensinar nossas crianças e jovens qual a linha de fronteira entre a mera admiração e a violência. Frágil fronteira.

Cultura do estupro?
Bando de esquerdistas e feminazis que não sabem o que é amor... não sabem o que é o recato, a beleza e o lar.
Não sabia, também, Araceli... 8 anos... Espírito Santo... 1973... Em um 18 de maio. Quase que a jovem carioca vira “celebração a Araceli”, pelo caminho da violência.
Os estupradores e assassinos? Paulo Constanteen Helal e Dante Michelini, de famílias influentes ligadas ao Governo Militar. Um ganhou honrarias na Assembleia Legislativa capixaba. Outro, virou nome de Avenida. Não é rua, não é praça, não é “largo”, não é “retorno”... É avenida.

A cada 4 minutos, uma mulher...
Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo passou quatro dias tentando dizer alguma coisa. Nunca nos foi tão difícil dizer alguma coisa.
E nestes quatro dias, 1.440 mulheres foram violentadas...
Não violentei nenhuma delas... Mas meu silêncio se reproduz a cada 4 minutos.
E não sabemos sequer como lhes pedir desculpas pelo machista que está escondido dentro da gente...

Hoje, Strovézio preferiu o silêncio... principalmente de sua porção Mulher!

www.fotolog.com 

Venham Todos!
Venham Todas!

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Aos Estudantes participantes do VI EREEF - Castanhal... e a todos/as es estudantes!


“Estuda o elementar! / Para aqueles cuja hora chegou /
 Nunca é tarde demais! / Estuda o abecê. Não basta, mas estuda! /
 Não te canses. Começa. Tens de saber tudo. /
 Estás chamado a ser um dirigente. /
 Aprende, homem no asilo! /
 Aprende, homem na prisão! /
 Aprende mulher na cozinha! /
 Aprende, ancião! /
 Frequenta a escola, desamparado! /
 Persegue o saber, morto de frio! /
 Empunha o livro, faminto! É uma arma! /
 Estás chamado a ser dirigente. /
 Não temas perguntar, camarada! /
 Não te deixes convencer! / Compreende tudo por ti mesmo. /
 O que não sabes por conta própria, não sabes. /
 Confere a conta. Tens de pagá-la. /
 Aponta com teu dedo a cada coisa e pergunta: /
 ‘O que é isto? E como é?’ /
 Estás chamado a ser dirigente!”
 (Louvor ao estudo – Bertold Brecht)

Prezados camaradas, estudantes e professores, militantes sociais, jovens e velhos, homens e mulheres, Lutadores e Lutadoras do Povo. Participantes do VI Encontro Regional de Estudantes de Educação Física da Região Norte brasileira – EREEF.
Saudações.



O “inxirimento” é, também, a alma deste que os saúda. E o faço à luz de quem está num lugar particular de ideias e viagens: O Universal Circo Crítico.
Mas não menos do lugar que sempre vem me formando em meu constante aprendizado de Lutador do Povo: a militância, a formação e a sala de aula, a Universidade Pública, Laica, Gratuita e para Todos/as.
Um certo lamento pelo fato da burocracia institucional desta mesma Universidade impedir as condições necessárias a me fazer presente, após o convite para um dos debates programado. Mas inteiramente à vontade e representado com os nomes que aí estão (como se necessitassem, por sua história, compromisso e luta, de qualquer aval de minha parte).
Ainda assim, e reiterando este meu ousado “inxirimento”, em um tempo tão complexo de nossa vida – enquanto militância, enquanto estudantes, enquanto Universidade Pública, enquanto país e mundo – gostaria de deixar registrado para os anais deste Encontro algumas poucas reflexões, que não necessitam ser lidas em qualquer espaço do mesmo. Mas que possam chegar a todos, inclusive para a crítica, se for o caso. Claro, não será uma “palestra paralela virtual”. Apenas reflexões para outras reflexões.
O Encontro tematiza no particular (A Educação Física e o Mundo do Trabalho) e o faz atento ao geral (precarização da formação e atuação do professor em tempos de crise no país). Me permitiria dizer, meio que re-desarrumando o tema, que a Precarização da Formação e a atuação do professor em tempos de crise não “protegem” a Educação Física atualmente, e parece que parcela significativa dos professores que formam vocês não entendem isso, mesmo à luz de seus “doutoramentos” em terras brasilis e alhures. E, talvez, este seria o mote de minha intervenção, se possível fosse minha presença.
Todo mundo tá vendo: estamos em meio a um verdadeiro tango-do-branco-maluco no país e no mundo. Não nos desatentemos. E NO MUNDO... E uma bagunça tal que literalmente coloca em risco a própria sobrevivência de nossa humanidade. Tanto material quanto em nossos corações.
Coisa tanta demais para expressar aqui neste picadeiro de terra batida e lona furada de circo. Aliás, coisas que já estamos, também, falando a algum tempo.
Mas, este ERREF tem suas particularidades, as quais gostaria de salientar.
A primeira, e que muito me encheu de alegria em fins de fevereiro deste ano, a retomada, a mobilização de jovens Lutadores do Povo que tomaram pra si a tarefa de REERGUER o Centro Acadêmico de Educação Física da UFPA/Castanhal. Momento o qual pudemos contribuir, ainda que singelamente.



Quando vemos a juventude dizendo “Reerguer e Avançar: para retomar um CAEF de Luta”, falamos de algo que é de extrema importância para a continuidade de nossa formação. A prova de que a indignação provoca (de provocar mesmo, atiçar...) a esperança. E como a esperança e a alegria de vocês me encheram o coração de aprendiz do Lutador do Povo.
Em tempos estranhos no Campus Castanhal, principalmente quando acompanhamos esta nossa unidade acadêmica da UFPA (a maior Universidade Pública do Norte do País) em 2015 cercar-se de “água” por todos os lados, como se fosse uma ilha, a reconstrução do CAEF de Luta não é coisa menor.
Em 2015, víamos (e ainda vemos) um Campus Universitário Federal com que uma ilha. Uma ilha cega, de docentes (poucos foram corajosos) que davam com os ombros para os cortes que a Universidade Pública brasileira estava sofrendo, e criticando quem cruzava os braços, em greve. Como se fossem eles os que pensavam no bem da Universidade e, ao contrário deles, aqueles que (mais do que) cruzassem os braços (na verdade, fortalecia-os para lutar pela Universidade), reclamavam de barriga cheia.
Dizíamos à época (junho de 2015), as três teses que sabíamos que circulavam nestas terras sobre o porquê da grande maioria de docentes (e parte de enganados alunos) não terem aderido à dura greve de mais de quatro meses, travada dia-a-dia: de que greve prejudicava apenas os estudantes, de que a greve não seria pra nada e, por fim, fazendo greve, “O que ensinamos aos professores que estamos formando?”.
Penso que a organização do CAEF é demonstração de que os estudantes entendem, como entenderam, nossa luta. Que não era apenas por eles, por todos/as os que passaram por esta Universidade e, também, para que tenhamos ainda muitas gerações a passar por ela, que lutávamos e continuamos a lutar por ela.
Se saímos da greve cansados e sem a pauta garantida? Realmente saímos... mas fomos fortes na luta. Uma luta, inclusive, travada contra um governo que saiu, tempos outros, da luta, mas programaticamente se aliou ao capital e, agora, entrega as ovelhas ao lobo.

– Hei, Russo... (Strovézio)
– Diga lá meu sempre atento palhaço.
– Tá mais pra “entregou o HEMOPA pro vampiro”, né não?
– E a pois... Ao ponto de, agora, avança profunda e rapidamente a manifestação maquiavélica de “ao fazer o bem, faça aos poucos... ao fazer o mal, faça-o rapidamente!”...
– E tem gente que tem Maquiavel na cabeceira da cama, ao lado da Biblia...

www.aluisioamorim.blogspot.com 
Pois bom.
Mas, a terceira tese me move mais neste momento. “O que ensinamos, com a greve, aos professores que estamos formando?”.
É preciso contextualizar: naquele período (inclusive da postagem em questão), os professores da Rede Estadual do PA já estavam em greve havia dois meses. E eles enfrentavam não apenas o Governo e a SEDUC em si, mas a mídia (principalmente a Globo) e a Justiça paraense, sempre alinhada com os interesses privados e o escambal.
Respondíamos, então, que lutávamos contra a formação de professores “que aceitem as condições de precarização do trabalho para não perder o próprio emprego” e por uma formação à qual esses professores que estavam sendo formados compreendessem “suas condições de trabalho e sobrevivência coletiva e, portanto, entendessem a necessidade de fortalecer a luta”...
Se tomarmos como referência o que dissemos no início, lutamos contra toda e qualquer formação que ensine até mesmo “a sombra da vírgula” do sentimento que diz “aceite o que tem, que é melhor”, “faça por si mesmo a sua parte, fortaleça seus méritos” ou “é cada um por si e Deus contra todos” e por aí vai.
Reerguer e avançar... A formação de professores para o enfrentamento da precarização na formação e na atuação.
Ousaria dizer que essas preocupações, essa “disciplina”, não estão (estão, na verdade, com poucos professores) na formação acadêmica de vocês. Elas estão na militância, da luta e, claro, na amizade que é construída junto com ela.
Fortalece-se a Luta! Fortalece-se a Amizade!
E a recíproca é verdadeira...
Este picadeiro de terra batida é testemunha (e grato a) disso.

Dissemos aqui, mas não vamos aprofundar. Deixemos para o diálogo que será estabelecido nas mesas, oficinas, grupos de estudos e atividades culturais do EREEF.
Estamos vivendo tempos complexos, estranhos até. Ou estranhos e complexos...
Tempos em que as manifestações mais fascistas, machistas, homofóbicas e reacionárias estão cada vez mais públicas. Tempos em que andar com uma camisa de cor vermelha (pra não dizer dos inúmeros símbolos que elas podem trazer), ler determinada revista ou livro e abraçar uma pessoa em público pode ser tornar ato perigoso à vida... sem exageros.
Tempos em que cada vez mais direitos duramente conquistados estão em risco: trabalhistas, na Educação, na Saúde, ao mesmo tempo em que os demais direitos ainda em luta parecem mais distantes.
E, no nosso particular, tempos em que a Universidade Pública está no centro da destruição da Educação Pública Federal (já que a Educação Básica está em mãos de obscuros políticos e interesses privados nos municípios e nos Estados).
Em que a precarização na formação (posta em prática, inclusive, por docentes que entram na sala de aula para NEGAR o conhecimento historicamente construído e acumulado pela humanidade) e o enfrentamento das precárias condições de trabalho vem se tornando o par hegemônico na Educação Pública brasileira.
Que este VI ERREF possa fortalecer as energias, bem como a capacidade de analisar a conjuntura e as condições de luta e resistência.
E que seja, claro, um grande Encontro.

– Hei, Russo... Este Encontro tem Plenária Final?
– Creio que sim Strovézio...
– Bora apresentar uma proposta?
– Bora, ué!?!?!
OCUPA TUDO!!!! Até mendonça filho, maurício romão e esta pulha representativa do Capital na Educação sair ! ! ! ! !


E VERA JACOB REITORA DA UFPA ! ! ! ! !

Vida Longa ao VI EREEF!
Vida Longa ao Movimento Estudantil de Educação Física!

Venham Todos!

Venham Todas!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Os golpes após o Golpe nos golpes... eita bagunça da gota serena...



“[...] Eles consideraram isso sumamente necessário para evitar que fosse dada ao sectarismo e à confusão nova oportunidade dentro de... do governo ainda não jovem, que acabara de lograr sua unificação definitiva. E, como estavam em melhores condições do que eu para julgar a situação na...  no Brasil, fui obrigado a dar-lhes crédito. Além disso, o neófito manifestante... novo governante teve uma recepção calorosa por parte da imprensa... golpista – recepção esta que, na verdade, só tinha por objetivo a boa vontade do Sr.... jucá, mas que, ao mesmo tempo, deixava transparecer nessa parcela da imprensa do... governo a boa vontade de, justamente por conta dessa boa vontade de... jucá, comprar acriticamente a... honestidade doutrinária dele. Inclusive já havia gente se preparando para difundir essa doutrina aos trabalhadores numa versão... que ferrasse com todos [...]”¹
(Quase Engels...)


Pois é...
Já estávamos nos preparando para falar da Saúde e seu Ministro “placebo” bancado pelas pomposas empresas de Planos de Saúde (já anistiadas em 2013, na ordem de 1,9 bilhãozinho de reais), e da Ciência e Tecnologia e seu Pastor Ministro (ciência criacionista? Ai caramba!) e que, nos últimos tempos, tem sido pastas tão maltratadas.
E também do Ministério do Desenvolvimento AgrárioINCRA e do Ministério da Agricultura e Abastecimento (ou seja, para o Governo, só o latifúndio abastecia... os bolsos, os bancos, as indústrias de alimentos) e os conflitos de Programa para o Campo em duas pastas concomitantes em um mesmo projeto.
E, claro, falaríamos da pasta do Esporte, que é, de certa maneira, uma das que a gente mais saca em suas particularidades. Afinal, quando o Universal Circo Crítico levantou seu mastro principal neste picadeiro de terra batida, ainda estávamos por lá.
Mas, não deu tempo...
E a coisa é tão maluca, que parece que seria meio assim mesmo.
Dizem que dizia Maquiavel que “as injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que saboreando-as menos, ofendam menos; e os benefícios devem ser feitos aos poucos, a fim de que sejam bem saboreados”...

– Houve quem fizesse algo maquiavélico com Maquiavel... (Strovézio).
– Já imagino, Strovézio... mas diga lá.
– Sintetizaram o cara, pow: “Faça o mal, rapidamente. Faça o bem, bem devagar”...
– ‘tamo vendo o resultado...

Se foi maquiavelado ou não, discordamos dos dois pontos: nem a injúria ou o mal (seja a qual tempo for) por um lado, e o bem sem controle de velocidade nenhum. Se o bem for recheado de amor à humanidade, melhor ainda.
Mas, como dissemos no título e outras vezes: esta terra tanto não é pra principiante ou amador, que o que imaginávamos que viria passos largos pra cima da classe trabalhadora com o silêncio escroto da imprensa, de repente, vem acompanhando com uma cacetada que mais confunde do que explica.

– Ei...é fácil! (Strovézio).
– Eita que tá afiado... explica.
– Sem rodeios, ué! O machado (do Sérgio Machado) ceifou o jucá que o governo “temia” (do verbo “temer”)...
– Aff, Strovézio...!

Mas ainda assim, já que nossa tática de escritos teve que ser alterado porque a rapidez da maldade foi tanta que pegou até os maldosos de direita (porque tinham aqueles que – se julgavam que – eram de esquerda), vamos tentar fazer um resumo...E vai ser o tango-do-branco-maluco, já reconhecemos.

Pois bom...
A presidenta perdeu o mandato temporariamente... Ninguém por aqui entendeu por qual crime. Isso já está pra lá de explícito.
O seu governo estava guinando de vez pra direita, com cortes na Educação e na Pesquisa e “não vi nada” da Auditoria da Dívida Pública (que come metade do orçamento da união) que mudaria o quadro financeiro deste país e apertaria o cerco para os lucros da dívida. Pelo contrário, engavetou a proposta.
A saída dela não significava a interrupção das ações do governo contra a Classe Trabalhadora. Significava o aprofundamento da velocidade (estonteante) destes ataques. Pra não mencionar no quesito “combate à corrupção”.

Ok...
Entra os caras... Ninguém tem cara de santo. Tempo de transição pra quem estava no governo? Me poupem... de resto, só mais sujeira e da conhecida.
Aeroporto no sítio do parente aqui, helicóptero “doidão” ali, acordos com a Chevron sobre a Petrobrás aculá, acusação de conta ilegal e “trustiada” no exterior, processo por tentativa de homicídio, desvio de recursos públicos (maiores que a Lava Jato, inclusive) a dar com o pau... e a velocidade da mídia parecendo jogador estafado em fim de partida, segurando o jogo na bandeira de escanteio. Que o diga a dupla temer/jucá.
VemPraRua e MBL? Vigi... o segundo chega a até tergiversar sobre a onda pra cima do Jucá, dizendo que ele era do Governo Lula e pronto. Haja peroba.
A porrada, física e política, continua, afinal, a Lei Antiterrorismo já tá valendo, (assinada por quem?) e agora é gestada pelo ex-advogado do PPC e comandante do “terror dos secundaristas paulistas”... que não arregaram!

www.educacao.uol.com.br 
Escolas ocupadas por estudantes que a estão defendendo? Porrada neles...
E sem mandato de justiça. Pra que né? Tudo delinquente, que não quer saber de estudar, só fazer “revolução na/da Escola Pública”.
Manifestantes patéticos (por causa do Pato) morando sem pagar aluguel na Paulista, tranquilos, tranquilos. Perto da casa do presidente interino temer, porrada, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água às 4 da matina...

No Congresso, um catatau de frentes contra os trabalhadores.
O PL 257/2016 que ataca diretamente os Servidores Públicos e oficializa o que já anda sendo feito de algum tempo. Salários congelados, fim dos concursos, ampliação da terceirização – e nas atividades fins, ou seja, até dar aula e pesquisar – e a consequente precarização dos já precários serviços públicos, o congelamento dos salários e a tal “demissão voluntária”.
– Demissão voluntária uma ova, né? Te impedem de ter aumento salarial, te cortam recursos, sucateiam a universidade, impedem de pesquisares... aí te dizem “Ó... mas tu pode pedir demissão... Tem até uma compensação financeira bacana”. (Strovézio)
– Pois é... e as portas fechadas nas instituições privadas, hoje, nas mãos de apenas três grandes grupos.

Trabalho escravo?... hunf! Se a ideia é aprofundar a perda de direitos, a extinção da CLT, papo furado, né? Daí, aproveita para diminuir a 15 minutos o horário de almoço do trabalhador e, nesta esteira, a idade mínima para o trabalho – não mais na condição de aprendiz – a 14 anos. Sem falar da previdência.

centraldaesquerda.com 

Ou a anistia às mineradoras, mesmo depois do Crime de Mariana/MG?
Uma rede de políticos capachos dos interesses do capital ao ponto de pedirem que “Deus abençoe” seu trabalho e, no plano legal (portanto, nada a ver com a Palavra, seja de onde vier, esteja escrita onde estiver, com P maiúsculo e tudo), flexibilização das leis ambientais para o avanço do que já foi provado destruir o indescritível.
A VALE???? Vale tudo pra ela...

Jovens presos aos 16 anos... liberação do posse de arma... criminalização do aborto (e estuprador se transforma, milagrosamente, em pai)... debate de gênero se transforma numa maluquice aterrorizadora, perigosa e mal definida “ideologia de gênero”. Aliás, “ideologia” é palavra perigosa de esquerda; direita não tem ideologia.
Escola Sem Partido, como se ninguém tomasse partido (inclusive na sigla partidária) de nada.
Crime de assédio ideológico, como se um simples debate sobre futebol não fosse construído com, por exemplo, uma ideologia de mercantilização do esporte e seus trabalhadores, que cruzam os braços no início das partidas oficiais.
E o que é a família, então? Exclusivamente formada por homem e mulher? Ok, não vejo nenhum problema padre, pastor, franciscano, budista, hare-hare, Bob Marley, Janis Japlin não realizarem casamentos entre homens, entre mulheres... Mas não terem direitos civis? Não poderem adotar? Construir patrimônio?
Taxar as grandes fortunas? Democratizar o concentradíssimoérrimo setor das Comunicações? Imposto das Igrejas (alguém duvida que essas instituições e seus pastores não enriquecem, inclusive a custa da “boa fé” de seus súditos?) e suas arrecadações a base de mentiras em fantasias de milagres?

Não sei... sério que não sei. Ou até sei, mas talvez insiste em não querer muito acreditar.
Mas é inegável, profundamente inegável que a relação mídia, política tradicional (e seus sobrenomes históricos), grandes oligopólios (mineradoras, bancos, construtoras e o escambal), “líderes” religiosos é um escrutínio sem tamanho.

Ainda bem que a juventude anda dando novas lições... só a Luta para enfrentar o Capital, os interesses escusos postos na política e o avanço duro e imoral contra a classe trabalhadora.
Mas é o que eu disse: é um tango-do-branco-maluco tão grande que mal cabe neste picadeiro.

Venham Todos!
Venham Todas!


¹ A citação original está no Prefácio da obra de F. Engels, “Anti-Dühring – a revolução da ciência segundo o Senhor Eugen Dühring”, de 1885. Os trechos em negrito-itálico-grifados, claro, foram trocados... coisas de Circo...

sábado, 21 de maio de 2016

Os golpes após o Golpe nos golpes... A Comunicação Pública.




“A Imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas” (Karl Marx).


Este é um tema espinhoso...
Principalmente porque expressa um paradoxo: claro, defendemos a liberdade de Imprensa, e o fazemos (como a epígrafe expressa) por uma fundamentação explicitamente marxista. E a defesa da Liberdade de Imprensa se expressa, também, pela Liberdade de Expressão... que muitas vezes, por aí, nos assustam, como aquelas expressões referentes a “Volta da Ditadura Militar” ou “Bolsomito” e outras excrescências. E há piores.
Mas o elemento mais paradoxal (e, à bem da verdade, fundamento da expressão de Marx – que também era editor de Jornal) é que a luta pela Liberdade de Imprensa se dá, hoje mais ainda, porque temos uma Imprensa (e Mídia em geral) extremamente concentrada, no Brasil e no Mundo. E esta Imprensa também arroga-se o seu direito de “Liberdade”.
Ou seja, no final ao cabo, ao defendermos a Liberdade de Imprensa, os que mal ou pouco passam por este picadeiro de terra batida e lona furada já expressam seus gritos de (pseudo) indignação quando fazemos nossas ácidas críticas a Veja, Globo, Estadão e o escambal de meia dúzia de famílias que controlam 90% da mídia brasileira. Um algo superficial “Tá vendo? Mas critica a Globo! Fala mal da Veja!...”

– Mas vai falar bem destes aí como, Russo? (Strovézio).
– Nem por dó, né Strovézio?

Não era esta a manifestação de Marx. À bem da verdade, ele pode ser considerado um precursor da Imprensa Livre na história da humanidade, construindo uma imprensa vital para a organização proletária de seu tempo. E seu tempo tinha, no “berço” do capitalismo (a Inglaterra), um proletário analfabeto, inclusive entre aqueles que trabalhavam nas prensas de jornais e livros.
E por isso (também) Marx era um revolucionário. E a Imprensa hegemônica e burguesa de sua época expressão clara do que deixou, historicamente, de herança aos dias de hoje. Em síntese, onde não existe liberdade de imprensa, todas as demais liberdades são meras ilusões.
Ainda que aqui, nossa preocupação é com o que o governo interino michel temer está fazendo com a EBC (mais abaixo), bom lembrar nosso pequeno público: em 2015, jornalistas corriam mais perigo na Síria e no Iraque (com os conflitos bélicos encomendados por EUA e Europa – tá dando no que vemos na França, também entre os mais perigosos, com a conta do atentado ao jornal Charlie Hebdo) e no México (com um pesado conflito às voltas com o narcotráfico e o Estado). O Brasil terminou o ano em 5º lugar mais perigoso.
A imprensa tupiniquim se apressou em comentar a violência a jornalistas por estas terras, exemplificando-a com a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade, em 2014. E, nesta pressa, silenciou-se ante à violência do Estado (principalmente das Polícias Militares estaduais) contra jornalistas em exercício da profissão. 
Sobre isso, vai matéria da própria EBC – Agência Brasil.


Também se apressa, essa nossa imprensa de meia tigela, a apresentar como “exemplo de violência” os atos públicos em frente às emissoras (principalmente a Globo), ato bastante corriqueiro nas estranhas Jornadas de Julho, em 2013. Uma expressão, segundo a própria, da intolerância à liberdade de Imprensa.

Pois bom.
Se 2015 foi um ano que, por tantos outros motivos, não tivemos muito o que celebrar, 2016 – o ano em que o Brasil ratificou sua caricatura de “República de Bananas” – não deixa por menos. A violência contra jornalistas continua, e pelos mesmos agentes do Estado.
Mas a violência se amplia de maneira muito mais perigosa quando o Estado – na figura tosca de michel temer – desrespeita a Constituição, exonera o Presidente da EBC Brasil (que não é cargo de confiança do executivo), e a imprensa hegemônica hurguesa tupiniquim silencia.
De mais um ato fruto do golpe e de um governo de meia pataca (e com poder), talvez nem nos surpreenderíamos. Apenas acusamos as consequências. Mas da imprensa optar pelo silêncio cumpliciado contra os seus próprios, inclusive com clara expressão de ataque (mais um) à constituição?
A presidência da EBC, dentre outras características que a fazem pública e independente, tem mandato de 4 anos, e que não coincide com o mandato do/a presidente/a. O meia-pataca do temer, nomeando novo presidente, além de agir com o mesmo toma-lá-dá-cá político – que nossa imprensazinha de merda chama de “arrumação técnica e política” – o faz infligindo flagrantemente a Constituição e, pior ainda, cerrando a última trincheira de mídia televisiva independente deste país (porque a TV Cultura de São Paulo já foi para o espaço faz tempo).
Segue a matéria... dos tempos (não mais agora) de independência da EBC.
É assim...
Assistimos estes dias a forte organização do mundo artístico frente ao cerramento das portas do Ministério da Cultura (que virou pasta nas mãos do DEMo), da vã tentativa de colocar uma mulher à frente da nova secretaria (com a vampira da Marta Suplicy de agente de convocação... e só levou fora) e das ações que o segmento está fazendo Brasil e mundo afora (como no tapete vermelho – comunista? – de Cannes)



O temer, por temer não conseguir manter a decisão, voltou atrás.A coisa tá resolvida? O mesmo movimento que venceu este capítulo continuará avançando?
Já não basta uma imprensa golpista, manipulatória, comercial e de capital privado? Esta imprensa já não está sendo suficiente para os sabores e festança de uma das mais hipócritas manifestações públicas e estatais de combate a corrupção, com sua colaboração e cumplicidade? E que compõe o que temos de pior do lixo cultural que se fabrica por aqui?
Ainda querem acabar com o que temos de melhor e mais independente no Jornalismo televisivo brasileiro?
O que mais ainda vai acontecer?

– Será que vão bater na nossa porta, hein Russo?
– Porque bateriam, Strovézio? Somos tão pequenos... terra batida, lona furada, público restrito (porque somos poucos conhecidos)...?
– Justamente por sermos pequenos...
– Hummmm... faz sentido.
Da nossa parte, deixamos as lições de ousadia e alegria de jovens secundaristas de São Paulo que fazem a reportagem da Globo correr... Nada como testemunhar uma jornalista com medo de expor opinião... e a justificativa tosca (e mentirosa) de que está lá apenas para cobrir, com isenção e neutralidade, os fatos.


Nosso convite é para reforçarmos a defesa da Empresa Brasil de Telecomunicações, assinando o abaixo-assinado que segue.
ASSINEM!!!!!!!!!!



Se funcionou com o MinC, há lutas mais a lutar.

A Imagem vale para SBT, RECORD, BAND... os canais religiosos...

Venham Todos!
Venham Todas!