“Feliz Aniversário/
Envelheço na cidade”
(Ira)
Envelheço na cidade”
(Ira)
São realmente inúmeras as passagens que temos em nossa memória, principalmente quando nos aproximamos ou já adentramos aos novos caminhos daquilo que coloquialmente convencionou-se a ser apelidado como “os entas” (40, 50, 60...). Aliás, foi assim que inaugurei a seção de “Lições de um tempo que já passou”, neste Circo. Inaugura-o falando de uma passagem vivida em idos 3 anos de idade, o pequeno “palhacinho”. O interessante daquela passagem foi a manifestações de amigos ao longo da vida, dizendo que conheciam aquela Rua, aquela “vilinha”... Se o mundo é pequeno, imaginem a Vilinha...
Pelo terceiro ano seguido, passo um 22 de setembro por essas bandas virtuais (a primeira celebração brogueira de meu aniversário foi, na verdade, no saudoso ArcaMundo) e acabei, hoje, por ficar recordando, logo quando estava acordando, as histórias de meus 22’s de setembro’s, talvez não os 40 (não tenho a mínima idéia do que aconteceu no meus primeiros três aniversários, apenas a impressão de que algumas cenas que ficaram em minha memória diziam respeito a eles), mas uma parte significativa deles: criança, adolescente, jovem, adulto... alguns com uma energia palpitando imensuravelmente, outros desafiando-me insistentemente.
Passei alguns aniversários em silêncio. Coisas da vida, a internet ainda não fazia parte de nosso cotidiano; Orkut, então, nem pensar!!!
Particularmente, recordo de um 22 de setembro de lições, mais do que de festa (festa, tipo festa mesmo). Lições que puderam ser celebradas por dias antes e dias depois daquele 22 de setembro, razoavelmente recente.
Passei, em um determinada época de meus ares pernambucanos, um período um tanto quanto recluso. Acho, sinceramente, que todos merecem seus períodos de recluso, e merecem, também, tê-lo no tempo e espaço que acharem necessário. Foi, à bem da verdade, um período interessantemente produtivo, nas minha viagens científicas e musicais, amadurecendo meu trabalho docente (Ah! Que saudades do Projeto Nossa Escola!), a minha luta e seus devidos e necessários aprendizados. Enfim, uma reclusão que não se tratou propriamente de sumir do mapa, mas de algumas coisas e pessoas importantes não estarem tão próximas, mais por meu protagonismo.
Era ainda a virada do ano (ou seja, nove meses antes deste particular 22 de setembro) e estávamos celebrando mais um Natal, mais um aniversário do querido Ardigam “Bucho de Zebra” (como meus amigos da época do Movimento Estudantil chamavam painho), e a vinda de parentes do Rio de Janeiro para aqueles dias. O particular daquele ano? O difícil caminho de reaproximação, após alguns anos de silêncio recíproco. Meses depois, em um final de semana de agosto, em um Dia dos Pais, um livro de presente e, finalmente, o 22 de setembro.
Um dia de certa tranqüilidade, aulas no mestrado, dia de estudos e uma passada na casa de (já reaproximado) painho e Glauce, pois esta havia dito “venha almoçar aqui em casa hoje, visse?”.
Por lá, naquele jeito único, característico de painho, um livro: Chatô! O Feliz Aniversário expresso mais do que na obra literária, expresso mais do que no presentear, ato contínuo e contraditório de consumo e do compartilhar. O Feliz Aniversário em todos os seus pequenos atos, que implicava em dizer, sem pronunciar necessariamente essas palavras, “estamos bem e felizes de novo!”. Palavras nunca ditas, mas eternamente expressadas.
... e ainda não cortei o cabelo, a única coisa que ele queria...
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
P.S.: Hoje é aniversário de minha jovem irmã, filha de Glauce. Exatos 10 anos de diferença. Ela está em Angola, longe, longe... Feliz Aniversário, Silvinha.