RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O Maracanã...


                          

  “Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo, dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé, nem nada
Se muito for eu sou um Tostão
Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão
Entrou de bola, e tudo!”
(Gilberto Gil)


            Ainda estamos voltando, o mundo tá uma bagunça. Conflitos na América Latina e alhures, ataques às mínimas singularidades de direitos da classe trabalhadora, Universidade inimiga do Estado, professores inimigos da família e um conjunto de “etc.” que mal nos é possível sistematizar. Até mesmo para um picadeiro tão singular.

            – E nós vamos falar de futebol? (Strovézio)
            – Isso, Strovézio... vamos falar de futebol.
            – Então tá, então...

Tivemos mais um grande espetáculo futebolístico esta semana, que rende matérias, jornalistas experientes comentando e incontáveis camisas do Flamengo pelas ruas de norte a sul do país (talvez até no RS). O Maracanã (que já não é o mesmo) testemunhou o que o país inteiro e, especialmente, os fãs e acompanhantes do futebol já parecem saber: o tal Flamengo está com um timaço e vai ser papão de tudo... ou quase tudo.
            Mas, não é de futebol “nas quatro linhas” que este picadeiro se inclina neste momento. É verdade que nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo ainda está desenferrujando, após um certo período em silêncio nas escritas e, voltar falando de futebol pode ser estranho aos não menos de 100 admiradores deste circo. O que dizer do auto-contabilizado 42 milhões de torcedores do Flamengo.
            Claro... as reflexões vão além das quatro linhas.
            Fico pensando na grandeza de um time de futebol que contrasta com a pequena da instituição que seu escudo sustenta. Assim como empresas “bem” (mal) noticiadas em tempos recentes (a exemplo da Vale), nada mais evidente do que o dinheiro à frente da vida, inclusive e partiicularmente no futebol.
            Para lembrarmos, estamos falando do incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro deste ano, que vitimou 10 jovens atletas, além de outros três que sobreviveram, mas com sequelas duras. Eram aquelas “pérolas valiosas” do Flamengo, que depois de peneiras e mais peneiras, olheiros país afora, um “funil” após a peneira e a “pinça” final para ter aqueles 10 atletas que, certamente, renderiam alguns milhões de sei-lá-que-moeda aos cofres do Clube...

            – É aquela história da “especulação”, né Russo? (Strovézio)
            – Sim, tipo “olha aquele jogador, veja como joga, imagine jogando em nosso time, pense outros clubes querendo aquele atleta, pense quanto pagariam...”, sacou?
            – E ao preço de custo e investimento de um alojamento em um contêiner...
            – Bingo, Strovézio! Bingo!

            E até hoje, o grande objetivo do Flamengo sobre este “acidente” (grandes instituições nunca comentem crimes), é “negociar” quanto vale a vida de cada um daqueles jovens... inclusive torcedores (como certamente suas famílias) do Flamengo. Valeriam muito como “Objetos de venda”, mas valem muito pouco como jovens, humanos que tinham sonhos de vida, como jogadores de futebol.

            Pois bom...
            Pesquisar o Flamengo na internet, essa história não se revela.



            Hoje, parece-me que a imagem mais importante ao time e à sua torcida ainda é essa, de beleza estonteante:



            Ou essa:

Noite de quarta-feira, 23 de outubro, semi-final da Libertadores


            Por que o mundo anda tão maluco? Por que parece-me que o “cada um por si e Deus contra todos” é cada vez mais intenso?
            Porque a única coisa que eu gostaria, humildemente, de testemunhar era a torcida do Flamengo lotando o Maracanã, torcendo intensa e imensamente para seu time nas quatro linhas... e de costas.
            De costas EM RESPEITO ao tamanho do Flamengo. Mas também dizendo: vidas não tem preço, muito menos ao maior clube do país (segundo seus torcedores).
            E isso seria, também, uma lição para que seus atletas, heróis que conseguiram se tornar, também lembrem-se que 10 jovens um dia sonharam em ser heróiss... e não foram...
            E seu time, do coração, negocia indenizações a famílias pobres (talvez não todas). Porque o investimento barato (contêineres) só faz sentido com indenizações baratas.
           
            Flamengo... uma vez, sempre! Como quase todas as instituições esportivas que conhecemos.

            Venham Todos!
            Venham Todas!

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Viva 15 de outubro


Antes mesmo de crescer
Jamais imaginaria
Professor me tornaria
Pra me acabar de sofrer
Tentando fazer valer
Educação e sucesso
Levar ao Brasil progresso
Nação que tenho no peito
Meu valor e o teu respeito
É tudo o  que eu te peço

Meu Brasil, oh pátria amada
Me diga o que te falta
Para nos valorizar?
Somos nós que todo dia
Teus filhos e tuas filhas
Ajudamos a educar


Lidar com conhecimento
É tarefa árdua, dura
Mas não tem investimento
No mínimo de estrutura

A educação gratuita
E nossa escola pública
A vários riscos exposta
As escolas em pedaços
Mas a culpa do fracasso
Caindo nas nossas costas

Escute o que eu te digo
Nossa profissão é nobre
Mas a maioria é pobre
Falta de salário digno
O docente trás consigo
Frutos de vida e amor
Do saber é semeador
Que transforma realidade
Respeito e dignidade
Eu peço ao professor!

(Valorize o professor – Renato Caranã)

Celebrar 15 de outubro.

É lembrar que sou trabalhador. Amar o que faço (e não me vejo fazendo outra coisa que não seja a docência – ainda que outras coisas eu “saiba” fazer) mas não trabalho por amor. Trabalho para buscar as condições objetivas e subjetivas de satisfazer minha existência e daqueles/a que acolho (porque existir é uma condição social).
É lembrar que não construo “para o futuro”, mas construo o presente e nas condições históricas às quais este presente se fez e se faz. E não olho para o futuro com idealismo, mas com o exercício da humanidade. E a humanidade não é condição de sobrevivência apenas humana, mas de todas as formas de vida (ainda) presentes.
É lembrar que o ato de ensinar é também um ato de aprender o que, com o que e com quem se ensina. É ato de autocrítica tanto quanto de resistência, determinação, coerência e disciplina docente.
É lembrar que nunca, nunca na história da humanidade, educar foi um ato neutro. Que até no silêncio docente, a posição foi tomada. E, portanto, a neutralidade nunca será um horizonte, pois em uma sociedade globalizada em que uns manda, compram, sabem, determinam, decidem infinitamente mais do que (muitos) outros, nunca teremos como verdade no ato docente a neutralidade.
É lembrar, inclusive por isso, que também se sai da neutralidade para o outro lado em que estamos. E, assim, que também combatemos (nas palavras, mas não apenas nelas) os que estão antagonicamente postos no ato da docência. Que defendem docentemente o golpe de 1964, a educação como mercadoria, a diminuição dos conteúdos e saberes escolares, a meritocracia... que defendem a criminalização de expressões como doutrina, política, ideologia, crítica... que ainda acham que menina veste rosa e brinca de boneca (não de bola) e menino veste azul e brinca de bola (não de boneca) e que mal compreendem que a menina que joga bola se torna maior do que o futebol e o menino que brinca de boneca se torna pai.
É lembrar que o mundo de hoje não é pior também porque houve quem ensinasse e, mais ainda, fez do ensino ato de resistência, de direitos, de vida.
Sou o professor que sou, não necessariamente o melhor que meus alunos (desde meus tempos de Educação Básica) tiveram, porque vejo no ato pedagógico, docente, de educar o ato revolucionário... aquele que transforma não sua vida individual (ainda que também possa fazê-lo, aprofundando sua humanização), mas a vida coletiva, social, humanitária.
E tenho certeza... sou apenas uma pequena gota no oceano de trabalhadores e trabalhadoras da educação (e, portanto, não apenas professores e professoras) que lutam por um horizonte de humanidade.

Celebro 15 de outubro, porque Luto!
Celebro 15 de outubro, porque o futuro necessário da humanidade é de humanização.



Viva os/as professores/as!
Viva!

Venham Todos!
Venham Todas!