RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Universal Circo Crítico... Horizonte...

Era 1986...

Já comentei, na última vez que coloquei uma canção por aqui, que é um contexto já relatado em outras passagens: adolescente, com meus 16 anos, no meio do (então) colegial, atleta de remo e o sempre desejo de ter uma banda de rock.

“Horizonte” foi, de certa maneira, uma canção que atravessou os limites da composição silenciosa e fez parte do portifólio do saudoso Afã (que passou a se experimentar apenas em 1989). Uma canção melódica, sem perder a boa tensão do rock, característica da banda.

Mas, o mais interessante desta canção e época é que se trata de uma das primeiras canções bem trabalhadas melodicamente na minha particular relação com o violão. Talvez ainda um pouco ingênua, com poucos acordes, mas bem explorados, vamos assim dizer.

Mas, lembro que foi composta pra uma pessoa à qual recordo seu rosto, sua amizade e a vontade de estar com ela enfrentando a minha incapacidade de “vou beijá-la”... Que viagem!

O contexto desta composição, também, é bastante interessante: O Brasil havia perdido, nos penalts, para a França, na Copa do Mundo do México; à noite, tinhamos um Baile de 15 anos no Salão da Igreja de Santa Terezinha (duas quadras de casa) e um colega (hummm... Cláudio?) era a vontade silenciosa daquela menina, de nome Celina. Saímos do salão, conversando de braços dados e paramos para um abraço. Só um abraço. Até hoje, acho que não era o que ela queria, só um abraço.

No dia seguinte, enquanto a nação brasileira ainda chorava mais uma desqualificação do time de Telê de uma Copa do Mundo, lá estava o velho e bom Di Giorgio de mainha no colo. Sobre Celina, não houve a segunda chance de mais um passeio de braços dados. Mas ela recebeu a canção.

Apresento: “Horizonte”


Mais uma semana se passa. / Olho as horas no relógio, não vejo o tempo passar. / Meu sonho já se perdeu,/ minha mente dissolveu-se em pensamentos./ Minhas palavras são olhos/ que visam você./ Minhas palavras são cerdas atrás/ de um certo ser.

Olho um horizonte sem espaço de mostrar,/ sem maneira de ter algo de novo./ Olho seus olhos vejo mares sem fim./ Vejo deuses sobre mim./ O horizonte já não se mostra mais./ Foi tomado seu direito./ Uma linha, uma quebra de onda fugaz,/ derramada em meu peito.

Olho um horizonte sem espaço de mostrar./ Sem maneira de ter algo de novo./ Olho nos seus olhos, uma maneira de olhar./ Uma maneira de amar sempre de novo.”



Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira


P.S.: Lembrando que as letras estão registradas em cartório comum. Não vale a pena “plagiar”.

domingo, 26 de julho de 2009

O Universal Circo Crítico... Deu na Carta Capital...

"A Semana - Fugjimore não escapa
(Peru: A Justiça condena o ex-presidente a sete anos e meio de prisão)

Só o Brasil parece não ter entendido não existir futuro sem um passado transparente. Enquanto continuamos com dificuldade até para ter acesso à memória da ditadura, mais um vizinho espanta seus fantasmas. Desta vez foi o Peru e a fratura nem sequer ocorreu há tanto tempo assim. Na segunda-feira 20, a Justiça peruana condenou o ex-presidente Alberto Fujimore a sete anos e seis meses de prisão. Fujimore também foi condenado a ressarcir o Tesouro do país em 1 milhão de dólares.
O ex-presidente, que comandou o Peru entre 1990 e 2000, foi um dos heróis do neoliberalismo latino e tentou se reeleger pela terceira vez com o apoio isolado de Fernando Henrique Cardoso na comunidade internacional, repassou 15 milhões de dólares de fundos públicos ao seu antigo assessor Vladimiro Montesinos, envolvido em tráfico de armas e drogas. É a terceira condenação de Fugimore, que cumpre penas de 6 a 25 anos por crimes contra a humanidade."

A história de mais uma condenação de Fujimore me leva a outras histórias na América Latina, como Pinochet no Chile e os militares da ditadura argentina. Foram casos em que se abriu a caixa de pandora dos regimes militares imperialistas nos anos 60 a 80 do século passado na maioria dos países latino-americanos (testemunhada, também, na América Central, no mesmo período até os anos 1990) e se passou a limpo e transparentemente a história de sangue escrita em nome da "liberdade", a ser entendida, à época, como "estarmos livres dos comunistas".
No Brasil, parece que passaremos em branco neste necessário resgate de nossa história recente, ao ponto de nem mesmo o atual teatro armado no Araguaia, onde Governo, Forças Militares e o PCdoB andam com a árdua tarefa de, mais uma vez, procurar as ossadas de militantes assassinadas nos anos 1970. Estranhamente (porque não deveria ser assim, não em tempos atuais), coordenado pelo Comando do Exército e, também estranhamente, com a ausência do Ministério Público Federal e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, ou a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, essa criada ainda no governo FHC. Como menciona matéria de 22 de julho próximo passado. da mesma Carta Capital, é a raposa procurando sinais da galinhas que roubou do galinheiro.
Não há o que procurar, pois foi o próprio Estado brasileiro, através das Forças Armadas (em particular, a instituição do Exército brasileiro) quem matou e ocultou corpos de militantes e camponeses.
Mas, quando também testemunhamos declarações como a do Deputado Federal pelo PP do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro em 14 de julho último, no interessante mas barulhento MTV Debate, coordenado pelo Lobão, fico com a impresão de que esse será, à bem da verdade, o caminho da história do País. Em determinado momento do Programa, o nobre deputado falava com todas as letras sobre os militantes mortos durante os anos de Ditadura: "e pena que não mataram todos, terrorista que eram".
Com diria Paulinho da Viola, "quando penso no futuro, não me esqueço do passado". Não há outro caminho para o Brasil... Mas, parece, ele insiste em provar que há.
Por essas e outras, aprendo todos os dias a ser um militante.
Ainda falarei mais dos anos de chumbos por esses palcos.

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira

PS.: Se és ou pretende ser assinante de alguma revista semanal, descarte Veja, Isto É e Época... Carta Capital é infinitamente melhor.

domingo, 19 de julho de 2009

O Universal Circo Crítico... Dia do Amigo...

"Amigo é coisa p'ra se guardar..."
(M. Nascimento e F. Brant)


Vai ser só amanhã, dia 20 de julho, o Dia do Amigo!

Mas, como boa parte das “Datas Comemorativas” mundo afora, todo dia é dia do/a Amigo/a e, como acredito que todos/as que passeiam por aqui, no Universal Circo Crítico, têm amigos/as, penso que hão de concordar comigo.

O Aniversário de nossos/as amigos/as é, de certa maneira, o Dia de nossos/as amigos e sempre lembramos. Um abraço, um telefonema, um e-mail, a velha (velha?) mensagem no orkut, um cartão, a festa, a cerveja, enfim, comemoramos o Dia DO/A Amigo no seu aniversário.

Também outras datas acabam sendo Dia do/a Amigo/a: Natal, Páscoa, Casamento (quem é casado, o é com amigos/as, não com inimigos, acredito), Dia dos Namorados, Dia dos Pais, das Mães, dos Avós (que será no próximo dia 26 – por que não tem o Dia dO Vô e outro dA Vó???), enfim, o Dia do Amigo (que também é da Amiga) é mais uma daquelas datas que nós, pobres mortais, inventamos até com boas intensões, mas que, no fundo, no fundo, apenas dá destaque a algo que verdadeiramente temos de mais precioso na nossa vida: a(s) amizade(s). E que, pelo menos aparentemente, o consumo ainda não encontrou uma fórmula mágica para lucrar mais.

Foi pensando no Dia do Amigo e, particularmente, nos meus dias de férias, período em que, também, aproveito para retomar algumas leituras e filmes deixadas de lado por um tempo, que me deparei com algumas bonitas lições de amizade.

A Primeira lição vem de “O Caçador de Pipas”, um livro que uma ex-aluna (portanto, uma amiga) da Universidade me presenteou e que apenas neste período pude ler com calma e certa devoção. Logo nas primeiras páginas, a fala de um dos personagens (Hassan) é extremamente significativa: “Por você, faria isso mil vezes!”, fala que se contextualiza ao longo da primeira parte do livro, a infância dele e de Amir, o protagonista central do romance. Mas, mais adiante (sugiro a leitura do livro para entender), ainda que escondido em sua adolescente covardia, o mesmo Amir reflete: “Naquele momento, eu o amei, mais do que jamais amei qualquer outra pessoa (...)”. Quando aprendemos (e como ensinamos aos nossos próximos, amigos ou parentes) a amar nossos amigos? Como é dizer (ou apenas concluir) sobre o amor que sentimos de nossos amigos?

No alto dos meus quase 4.0 de vida, já havia concluído sobre muitos amigos os quais tinha certeza deste sentimento, mas, incrível a fragilidade humana, nunca disse “Eu te amo!” a um amigo, a uma amiga. “Você é especial!”, “Gosto p'ra caramba de tu!”, “Obrigado por sua amizade!”, “Fico devendo essa!”, mas nunca “Eu te amo!”...

E, seguindo a minha ode à literatura destes dias, passou-me por uma hora um pequeno livro infanto-juvenil chamado “Um fantasma ronda o acampamento”, da Editora Expressão Popular. Uma pequena aventura contextualizada no dia-a-dia de um Acampamento Sem Terra, e que conta a história de duas crianças, Mariara (ou simplesmente Iara) e Oziel, mais um terceiro amigo, o adolescente Otacílio e como a amizade entre eles, entre eles e uma pequena cachorra que recém havia parido e deles e de seus pais com a história da Luta de Trabalhadores Rurais Sem Terra, descobre como os Latifundiários tentaram assustar aqueles militantes em uma ocupação de terra. Em determinado momento, sutilmente, a história do pequeno Oziel é contada: assim batizado por seu pai, que era amigo de um militante que havia tombado em Eldorado dos Carajás, Oziel Pereira. E, neste pequeno conto infanto-juvenil, mais uma grande história de amizade entre aquele lutador que tombou (Oziel Pereira) e o pai do pequeno Oziel.

Mas, nesta data, particularmente neste ano, em vários momentos das leituras acima (e não necessariamente durante essas leituras) pensei em todas as amizades que vieram e ficaram, assim como aquelas que vieram e se foram (experiência não tão interessante assim, mas com a qual sempre nos arriscamos, quanto mais confiamos em nossas amizades). Já falei sobre elas em 2008, aqui no Universal Circo Crítico e, também, no ArcaMundo.

Nessas idas e vindas, lembrei-me de uma passagem de um dos filmes que mais me tocaram a alma e o coração. Falo de “V de Vingança” (título extranho para um tema como esse) e, em especial, em uma cena em que a jovem Evey, prisioneira, recebe cartas de Valerie, presa na cela ao lado (outra indicação: assistam). É o final destas cartas, escritas em rolos de papel higiênico, que reproduzo abaixo:

“(...) Parece estranho terminar a vida num lugar estranho. Mas durante três anos eu tive rosas e não pedi desculpas a ninguém.

E morrerei aqui. Cada pedacinho do meu ser perecerá. Cada pedacinho, menos um, o da integridade.

É pequeno e frágil e é a única coisa que vale a pena ter. Nós jamais devemos perdê-lo, nem deixar que o tomem de nós.

Espero que, quem quer que você seja, escape daqui. Espero que o mundo mude e a vida fique melhor. Mas o que mais quero é que entenda a minha mensagem quando falo que mesmo sem conhecer você, e mesmo que talvez jamais conheça você, ria com você, chore com você ou beijo você, eu amo você.

De todo o meu coração, eu amo você.

Valerie”


Feliz Todos os Dias do Amigo!


Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

O Universal Circo Crítico... Deu na Carta Capital...

A Semana: Obama faz história (nº 555).

(África – A viagem do presidente – Barack Obama – a Gana pode significar novos tempos para a região)

“Os comentaristas internacionais foram unânimes ao clasificar a viagem de Barack Obama a um país da África Subsaariana, na semana passada, como histórica. Pela ascendência de Obama – filho de pai queniano – e pela esperada nova orientação da política dos EUA para o continente, relegado ao esquecimento durante os anos de Bush.
Por esses motivos, o presidente foi recebido com muita música. A escolha de Gana deveu-se ao histórico democrático do país, um caso raro no continente marcado por ditaduras. Com referências à parcela de responsabilidade que cabe aos países ocidentais nos conflitos, Obama convocou os africanos a aprimorar as democracias nacionais. 'Queríamos vir a um país africano depois do G-8 e da minha viagem a Moscou para enfatizar que a África não está isolada. O Ocidente sempre se aproximou como um protetor ou em busca de recursos. Mas o Ocidente não é responsável pela destruição da economia do Zimbábue, ou pelas guerras em que crianças são combatentes.' Além de defender as regras democráticas, incitou os africanos a combater a corrupção".

Hum...
O Ocidente protegia ou ia atrás de recursos????
Zimbabwe despertou a ambição inglesa e portuguesa (os ingleses levaram a melhor) nos idos do século XIX pro conta da riquesa mineral (principalmente ouro) descoberta naquelas terras que, em “homenagem” ao se descobridor – protetor? - se chamava Rodésia (de Cecil Rodhes), vivendo mais de um século de saques e promoção da miséria e destruição de suas tribos, etnias e cultura.
Mesmo com a independência, os colonizadores continuaram “donos” das terras, principalmente as propriedades agrícolas, o que, era inevitável, provocou a ascensão e crescimento dos conflitos de relações de propriedade e poder, típicos da sociedade capitalista, que ficou no continente africano como uma cólera social e cultural.
Em síntese: o Ocidente “sem culpa” passou séculos na África, promovel a pobreza local, experiências científicas às custas da promoção de doenças em seu povo, a descaracterização das fronteiras da região, a expropriação absoluta da riqueza mineral, a escravidão (findada pela necessidade de promover-se a mais valia advinda da ascenção pós-revolução industrial) e, o representante maior do AINDA Imperialismo Americano quer afirmar que foi, o Ocidente, apenas protetor e desbravador – não expropriador – de recursos?
Lutadores e lutadoras do mundo... fiquemos atentos à “nova orientação política dos EUA” no continente africano!
Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Universal Circo Crítico... Conversa ao pé de ouvido de Flora Luz...

“Um coração, de mel de melão
De sim e de não
É feito um bichinho no sol de manhã”
(Beto Guedes)

Olá, Pequenina Flora Luz...
Seja Bem-vinda!
Falo-te pequenina porque, em breve, irás reparar: seu pai e sua mãe são, digamos, pequeninos também... Mas, ó!, é só no tamanho, visse? Reizinho tem um nome/apelido que diz tudo: seu pai é Rei, mas não daqueles reis tiranos, da Terra do Minuê! Aliás, diz a lenda que a tirania dequelas longínquas terras além de Valar (cidade dos Elfos) foi vencida por conta da força de um grande guerreiro, antepassado de seu pai, que fez o povo daquelas terras se levantar ante a tirania daquele rei. Por isso o nome do seu pai... mas peça para ele contar essa história um dia.
Já o além-terra de Valar, cidade dos Elfos, acredito que conspirou a seu favor, para que chegasse aos nosso acalanto justamente neste dia 07 de julho. Afinal, o dia 07 de julho é o dia do dialeto Elfo! Mára Aurë, Pequena Flora Luz.
Já a pequena Gi, essa é luz em pessoa... Realmente o seu nome tinha que ter esse conjunto: Flora e Luz!, quase que rimando com Mel e Melão... Se Beto Guedes esperasse uns anos a mais para compor “Clareana”, com certeza, se poria em dúvida se o melhor título para a canção não seria, na verdade, “Flora e Luz”.
Mas, antes de tentar resgatar, com sempre faço neste “conversa ao pé de ouvido”, as datas de sua chegada, quero falar um pouquinho daquilo que seu nome me leva. Acho até que vai ser convite em tom de novidade para seus pais.
Nosso país, imenso país, tem a contraditória capacidade de produzir e eternizar o que existe de mais “lixo” na nossa música, ao ponto de construir no imaginário de nosso povo, “reis e rainhas” (não conheceram seus pais) da pior qualidade e, ao mesmo tempo, desconhecer a este mesmo povo, o que temos de melhor. E, lembrando de seu nome, lembro de uma cantora brasileira, mas que radicou-se nos Estados Unidos (ninguém é perfeito) e uma das mais belas vozes do mais belo Jazz mundial. Aliás, no youtube (é, vez em quando acabo me entregando a ele) tem um vídeo com ela cantando (e uma banda maneiríssima) na qual a única falha é não colocar os créditos de Naná Vasconcelos (que abre o vídeo tocando berimbau). E, lembrando da bela voz de Flora Purim, pequena-grande Flora Luz, fica a minha primeira lição: a música é algo profundo, rico, que fala de nossa vida, de nosso povo, de nossa história com muito mais fidedignidade e paixão do que o lixo da Indústria Cultural... Cante, Flora! Cante sempre, Flora e Luz, Mel e Melão...
E p'ra você ver o quanto é importante a música nas minhas lições. Em um 07 de julho, lá pelas bandas de 1940, nascia um cara chamado Richard Starkey Jr, mais conhecido com Ringo Star, um razoável baterista de uma das bandas de rock mais importantes da história do rock mundial, The Beatles. Tá, não era das minhas bandas preferidas, mas não podemos deixar de registrar esse fato nesta data, né?
Porém, não apenas pelos nascimentos, mas pelas partidas também, o 07 de julho nos dá oxigênio musical em nossas veias. Afinal, mesmo não sendo algo “gostoso” de se falar, esta data é importante para a história da música pois foi em um 07 de julho que o fantástico Cazuza nos deixou, em 1990, assim como Syd Barret, fundador do Pink Floyd, em 2006. Syd, em particular, ficou pouco tempo na banda, substituído, posteriormente David Gilmor. Diz a lenda que dois lendários trabalhos do Pink Floyd (A dark side de moon e The Wall) foram inspirados nele, já fora da banda... De qualquer maneira, jazz ou rock, percussão ou voz, cante sempre...
Dizem por aí que a tal luta contra o Imperialismo Norte-americano começou a se fazer presente na história da humanidade apenas depois da vitória dos revolucionários cubanos, quando derrubaram o ditator Fugêncio Batista da Ilha de Cuba... Não, cara Flora. Essa luta é de muito mais tempo e de muitos outros países e, como sabemos (o povo hondurenho não nos deixa mentir), continua dioturnamente em nossos tempos. Mas foi em um 07 de julho que o povo mexicano (que tem, hoje, sua representação mais digna no Exército Zapatista de Libertação Nacional), em um longínquo 1846, resolveu enfrentar a política expansionista norte-americana. É verdade que os filmes do Zorro não contam essa história direito, fazendo do Império Norte-americano o sempre salvador do povo pobre mexicano. De qualquer maneira, pequena-grande Flora Luz, deixo minha segunda humilde lição: faça de sua indignação, advinda da injustiça impetrada contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, assim como nos ensinava Che, seu maior e mais honroso legado de vida...
Alías, por falar em Che, foi em um 07 de julho de 1960 que o líder revolucionário cubano Fidel Castro devolveu ao povo cubano a sua produção, estatizando todas as empresas daquele país. Caramba! Democratizou a produção, pequenina Flora Luz! Égua da coisa arretada! É preciso lembrar que, concomitante a esse corajoso ato institucional e soberano, existia a constante política de Reforma Agrária e Educação naquele país, de forma concreta e verdadeira. Torço, cara Flora, que consigas a seu tempo e fantasia, compreender o quão importante é não apenas termos direito ao produto de um país, mas, principalmente, à sua produção irrestrita, e que te permita criticidade e alegria, seriadade e criatividade em todos os momentos de sua vida, brincando, estudando ou trabalhando.
Por fim, cara Flora, minha pequena e humilde lição de justiça. Não nasceste no dia de Santa Joana D'Arc (o dia da Santa é 20 de maio, s.m.j.), que antes de ser Santa, foi morta como sendo bruxa (essas viagens que a Igreja Católica até hoje apronta). Mas foi em um 07 de julho, em 1456, que ela, a guerreira Joana d'Arc fora absolvida da acusação de bruxaria... depois de já ter sido executada. Fica, p'ra essa minha humilde homenagem, a liçao da lutadora, da brava guerreira filha de camponeses que, por sua bravura e força, incomodou o olhar de homens e instituições. Que fique, nesta última lição, a alegria de ser uma pequena lutadora do povo.
Como pequeno presente, claro, minha veia mais do que musical, minha veia rock'n'roll, me leva a uma pequena viagem de Pink Floyd, num dos trabalhos citados acima (A dark side de moon). A passagem, acredito, representa a alegria mais profunda de seus pais, em especial, mas de todos nós que amamos seus pais e, claro, te amamos também:

"Não consigo pensar em nada para dizer, exceto
Eu acho isso maravilhoso!"
(Roger Waters – Brian Demage)

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa à Flora Luz!
Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

PS.: Descobri, na internet, que tens uma amiguinha de mesmo nome na Paraíba. Vai conhecer ela, tá? (http://mackmelo.blogspot.com/2005/02/flora-luz.html)

O Universal Circo Crítico... Um ano depois (segunda parte)...

Deve ter alamedas verdes/

A cidade dos meus amores/

E quem dera os moradores/

O Prefeito e os varredores/

Os pintores e os vendedores/

As senhoras e os senhores/

E os guardas e os inspetores/

fossem somente crianças

(A Cidade Ideal – Henriques, Bardotti e Chico Buarque)


Acho que é efeito de festa... quando a gente celebra (Celebrar, camarada! Celebrar!) aquilo que é fruto de conquistas, lutas, militância, e também paixão, alegria, achamos que lembramos de tudo. Da minha parte, de repente, quando fui dormir no último dia 24 de maio, comecei a pensar comigo mesmo (claro, fui dormir, moro sozinho...): “Eita, e teve aquilo, e aquele momento outro, e também essa passagem...”

Não tinha saída, tinha que falar mais um pouco deste um ano no Pará. E sabendo, claro, que todas as manifestações culinárias, os amigos, as experiências religiosas (religiosas, eu? Égua!), os lugares, o trabalho, a re-convivência com a sala de aula. Tudo isso é muito misturado.

Um dos lances bacanas que criamos por aqui – pode parecer “machismo enrustido”, mas não é – é a Confraria, uma reunião apenas dos camaradas (já que as suas companheiras e outras sempre se reunem), para um local também bacana... De conversa fiada a reflexões sobre as relações – do ponto de vista nosso, claro – um pouco de música, um tanto de arte, alguns projetos e por aí vai. Vez em quando regado a pizza e vinho (ou cerveja), vez em quando guarnecido de uma boa cachaça (sim, Belém tem O lugar). E, claro, sempre tem o motorista da vez.

Belém, neste um ano, também proporcionou o caminho para os projetos, dos pequenos aos definitivos.

Minha vida em São Paulo, foi marcado pelo, já apresentado neste espaço, Afã, um projeto bem legal de uma banda de rock, que primava pela qualidade das letras e da música. Pois bem, aqui em Belém, eu e meu amigo e companheiro de luta Robson, estamos começando uma pequena viagem acústica, eu no violão e voz, ele na percussão e voz. Ainda estamos nas idéias, com algumas músicas escolhidas e sendo tratadas. Mas, é muito legal essa história de “'bora ensaiar?”. Em breve, quem sabe, já estejamos fazendo nossa viagens mais públicas, por aqui.

Mas, tem os projetos definitivos. Recordo que meus cinco anos em Brasília, na maior parte do tempo, sempre foram encarados com passageiros. Em princípio, uma pequena passagem de Recife para o retorno à Recife, minha “Terra Natal” – por mais que seja paulistano de nascença e crescença. Porém, sabia que o retorno a Recife não era algo tão certo assim e, como quase que uma previsão, não retornei.

Mas, falava do temporário-passageiro em Brasília para indicar o que fiz por cá e não fiz em Brasília. Entro na fase de longos anos financiando minha casa própria. E é realmente uma diferente sensação essa: comprar sua casa.

Lembro quando comprei meu primeiro disco, aquele em que eu juntei os trocadinhos e comprei. Foi o sensacional Physical Graffiti, do Led Zeppelin, LP Duplo (sim, faz tempo), p'ra ser apreciado, inicialmente, em silêncio. Lembro da sensação até hoje, afinal, era um adolescente de aproximadamente 16 anos, já batizado pelo rock'n'roll, com o sonho de ter uma banda e já arriscando acordes e letras (algumas boas) e festivais escolares. Mas, naquela época, e comprava, a carteira ficava vazia, mas lá estava, na minha estante de uma dúzia de LP's, o Physical Graffiti do Led Zeppelin. Era como um cartão de visitas que ficava na sua casa, mas que o colocava no meio da galera não muito atleta (e eu era uma atleta naquela época), mas que sabia muita coisa de música, para uma faixa etária de 16 anos.

Hoje, a sensação tem a sua diferença, pois não compro a casa e esvazio a carteira, afinal, a pagarei durante 10 longos anos, mês a mês (abatendo com umas férias aqui, um 13º ali, um dinheiro extra acolá), a minha casa própria e essa é, realmente, uma sensação ímpar.

Mas, quase que me redimindo, deixei de comentar na primeira versão de “Um ano depois” uma das vivências mais bacanas de Belém: o sarau poético da casa da Myrian (foi o primeiro) e da Livinha (a fantástica Livinha): Poesia de todo o timbre, músicas declamadas, recordações de todos sobre a vida. Eu, para esse espaço, além de levar meus poetas e minhas poetizas lutadores/as do povo (como a Ana Cláudia Pessoa, companheira e educadora de mão cheia do MST de Pernambuco), levei as viagens de minha Vó Célia. Lembro de apenas uma vez, uma única vez vê-la declamando um de seus poemas, ainda no apartamento onde ela morava, na Vila Madalena, em São Paulo. Égua da interpretação e da declamação! Mas, claro, não consegui ser tão fiel à emoção de minha vó ao declamar alguns de seus poemas publicados.

De tantas declamações bacanas do pessoal que sempre estar por lá, da recepção ma-ra-vi-lho-sa da Lívia, com aquele instrumento de cordas que NÃO LEMBRO O NOME (que falta de absurdo!), uma pasagem foi simples, leve e viajante: o Robson declamando (sim, declamando) a “História de uma gata” de Chico Buarque, no também maravilhoso Saltimbancos (qualquer dia destes conto minhas memórias de outro LP marcante em minha vida).

Outras coisas marcam um ano em Belém... Todas elas envoltas de alegria e realização em construção.

O Circo voltou! Ah, ele voltou...


Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

O Universal Circo Crítico... Deu na Carta Capital...

A Semana: A Enésima chacina.
(Pernambuco - executados cinco sem-terra e a testemunha está sem proteção)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra denunciou, na quarta-feira 8, a omissão do Estado na proteção do lavrador Erionaldo José da Silva, único sobrevivente da chacinha que vitimou cinco assentados no município de Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano. De acordo com o MST, a polícia não cumpriu a promossa de incluí-lo num programa de proteção à testemunha.
As vítimas trabalhavam na construção de casas para o Assentamento Chico Mendes. Na segunda-feira 6, dois homens em uma moto anunciaram um assalto. Depois, ordenaram que os trabalhadores se deitassem no chão e dispararam. Baleado no braço, Erionaldo sobreviveu. Os companheiros mortos foram atingidos pelas costas.
A Polícia ainda não elucidou o crime. O delegado Sérgio Moura, que preside o inquérito, afirmou ao jornal O Estado de São Paulo não haver necessidade de oferecer segurança à testemunha.
No Plenário da Câmara, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) pediu rigor nas investigações. "A forma como os sem-terra foram executados indica que o ataque pode ter sido realizado por algum grupo contra a reforma agrária ou vinculado ao processo de São Joaquim do Monte, como represália às mortes de quatro pistoleiros no início do ano, também em Pernambuco".

Uma pessoa sobrevive e o delegado acha que não é preciso oferecer proteção? Seria pelo fato de o mesmo delegado não achar que tenha sido um crime decorrente de crime contra a Reforma Agrária? Ah! Entendi: a testemunha, qe pode identificar os assassinos, foi quase assassinado por um crime comum e, por isso, não vale tanto assim seu testemunho...
A mídia burguesa-tupiniquim e até o pseudo-star presidente do STF, que, na oportunidade dos conflitos em São Joaquim do Monte - onde morreram quatro jagunços - fizeram insistentes reportagens e declarações, respectivamente (um com a ajuda do outro) desta vez ficaram em silêncio...

Vida Longa ao MST!

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferreira