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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Carta a um@ camarada


Em algum canto do mundo, em dias de hoje, para algum tempo da história.


Me mandaron uma carta
Por el correo temprano
Y em esa carta me dicen
Que cayó preso mi Hermano
Y sin lástima com grilos
Por la calle lo arrastraron, si...
(...)
Por suerte tengo guitarra
Para llorar mi dolor
También tengo nueve Hermanos
Fuera del que se engrilló
Los nueve son comunistas
Com el favor de mi Dios, si
(La carta – Violeta Parra)



Prezad@ camarada.
Saudações
Espero que esta carta @ encontre seguindo os caminhos caminhantes. Afinal, como diria Joan Manuel Serrat, o caminho se faz ao caminhar.
Muito bom poder escrever essa carta a ti, pois significa que este caminho caminhado foi realizado com partilha e acolhimento e sempre com a expectativa de revê-l@ em tempos adiantes.
Numa carta, falamos do dia-a-dia. Algo como “[...] aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock’n’roll. Uns dias chove, noutros dias bate sol. Mas o que eu quero é te dizer...” (Salve Chico e Hime).
Os tempos, por aqui, são difíceis... E uso “são”, não “estão”, porque o combate, em que pese sendo feito, ainda não conseguiram de fato mudar as estruturas de desumanização da humanidade que se instalaram em nosso país. Estão difíceis não apenas pelo “Presidente de direito” que temos (o eleito, a ignorância humana com faixa presidencial), mas principalmente pelo presidente “de fato” (vulgo “posto Ypiranga”) que vem conduzindo e ratificando todas as decisões neste país, à esteira do que veio conduzindo o capacho-do-capital que o antecedeu.
A verdade é que ele está não apenas desenhando, mas estruturando o futuro deste país e precisamos, de fato, retomar o futuro para nossas mãos.
Isso também te faz sentido?
Mas (e por este entender) continuo tomado por uma clara expressão e prática de humanidade humanizando-se e humanizando-me e, portanto, as condições, fatos e principalmente atos (a nossa prática como critério de verdade) é o que definem o nosso horizonte.
E, por mais redundante que lhe possa parecer, o horizonte necessário que vislumbro é o de humanidade.
E assim, meu/minha camarada querid@, é o que gostaria de, nesta carta, presenteá-l@. E nesta, enquanto síntese de minhas palavras e sonhos, quero estabelecer o meu mais profundo exercício humano e comunista (porque humano) que constrói e sedimenta meus caminhos como homem, professor, militante, “tocador de viola” e construtor de humanidades outras... Porque a ousadia é o que dá sentido à vida e ouso construir humanidades.
Nesta, quero mais do que plantar, semear, às vezes podar, outras tantas regar e por outras observar, e no seu conjunto consequente colher e saborear os frutos, quero, por tudo isso, ver a semente sempre forte, viva e completa.
Neste presente, quero expressar meu testemunho e coração e dizer-te que estamos do lado certo. O lado que nos fazem “bons” e não precisamos dizer o que fazemos para termos essa certeza. E justamente por não dizermos – apenas fazermos –, assim o somos.
É nesta carta, em tempos de celebrações que aglutinam tantos adjetivos, muitos contraditórios, quero simplesmente desejarmo-nos Feliz Humanidade!
Que ela nos guie, nas celebrações e nas lutas!
Que ela nos alimente, nossos corações e dos outros!
Que ela nos sensibilize, inclusive nossas intolerâncias e impaciências.
Que ela, enfim, cumpra com sua própria humanidade e nos humanize!


Abraço a tod@s que estão aí, à sua volta!
E meu abraço forte, fraterno e edificador!
Vida Longa!
Seu... Marcelo Russo

PS.: Nossos artistas deste picadeiro de terra batida e lona furada estão bem, e arrumando suas artes e artimanhas... é a saudade de ver o Universal Circo Crítico novamente atuante. O Mágico das Lutas Trabalhadoras, os Equilibristas da Paciência, a Bailarina da Alegria Arrancada do Futuro, nossos palhaços da Esperança (singularmente o Strovézio), os/as Malabaristas da Utopia, os Motociclistas da Roda da Vida e o Homem Mais Fortemente Apaixonado pela Humanidade do Mundo