RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O Golpe Final – Parte II: O Sapo e o Escorpião...


“Canalhas! Canalhas! Canalhas!”... não me importa a autoria e o contexto...
“Canalhas! Canalhas! Canalhas!”

Este não é um texto em defesa do Governo Dilma... pra ficar claro aos que ainda entendem que existem apenas dois lados: o do governo e o da “oposição.”
Ao final deste dia, com uma conjuntura já definida há tempos, não foram poucos os textos, crônicas e análises políticas, somados aos inúmeros documentos de apoio à presidenta afastada Dilma Rousself (mas sem a perda de direitos – o que é o tiro no pé ao pensarmos em Eduardo Cunha).
Talvez, e portanto – considerando o tamanho deste picadeiro de terra batida e lona furada de circo – não iremos acrescentar muita coisa, ou observações melhores.
Mas, inxiridos que somos, ainda assim faremos.

Sapo e Escorpião: www.revistamda.com.br

Diz a lenda que, certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio. Educadamente, disse “Sapinho, meu amigo. Você poderia me carregar até a outra margem deste rio?”, ao que o sapo respondeu: “Eu seria um tolo, se o fizesse, pois irás me picar, ficarei paralisado e vou afundar!”. Mas, retrucou o escorpião, dizendo “Tolo seria eu, caro Sapinho, pois se eu o fizesse, afundaríamos os dois!”.
Era uma lógica da qual o Sapo se convenceu e, assim, concordando, colocou o escorpião nas suas coisas e começou a atravessar o rio, ao que, repentinamente, sentiu um frio seguido de intensa dor. O Escorpião havia cravado-lhe seu ferrão.
“O que fizestes?”, exclamou o Sapinho. “Morreremos afogados os dois, agora! Por que me  picastes?”.
“Sinto muito”, respondeu o Escorpião... “É minha natureza!”.

A parábola, claro, é conhecida, inclusive pelos que se vestem de escorpião, ao observamos o cenário que hoje se findou... aparentemente.
Conseguiu ferrar o sapinho (e não estou fazendo expressão comparativa ou alegórica, apenas sendo fiel a parábola) e se safar do afogamento. Experiente escorpião (agora é expressão comparativa alegórica), não apenas sabia como fazer para não se afogar, como acomunou-se com uma boa dúzia de aves de rapina (e um escorpião de helicóptero) para suspendê-lo antes de afundar.
Os que estavam com o sapinho, que se fossem com ele.
Sobre o golpe Parlamentar, nada de novidade... até mesmo para o nobre senador por Rondônia, Acir Gurgacz...



– Ou seja, Russo... Senado tal qual Câmara de Deputados... tudo farinha do mesmo saco... (Strovézio).
– E por falar em farinha...

Senador que foi pego em flagrante helicóptero com 500 kg de pasta básica de cocaína votou...
Senador que conseguiu quebrar o próprio recorde de presença no Senado (o Aécio, três dias seguidos) votou...
Senador, caladinho, que perdeu o cargo de Ministro da Casa Civil por denúncias graves e de explícito interesse de acabar com a Lava Jato (Romero Jucá), votou...

– Da Lava Jato, não sabemos nem se os carros da presidência estão limpos (Strovézio).
– E a pois, meu caro Palhaço.

Senador aos montes, respondendo a processo por corrupção (e, portanto, com uma enorme OBRA de “Conjunto da Obra”) votaram...
Aquele senador que tem sua história marcada pela defesa da Educação (o Cristovam Buarque), esse nem merece destaque.
Votos que se justificaram por dizerem que “Dilma só falava a mesma coisa” (em que pese as perguntas serem as mesmas) e que Deus era testemunha daquele momento (palavras da advogada de acusação e, portanto, colocando Deus em nome da Lei... tô lascado de vez).

Ao que tudo indica, 61 votos (e não descartaria os outros 20) foram dados por homens e mulheres que, pelo cargo que ocupam (mesmo com as considerações acima), são homens e mulheres de bem.
Pois bom...

Imagem: representação de Plínio na Catedral de Como (Itália)
Diz-se, na literatura acadêmica, que o conceito romano de “orador” é, em síntese, o homem por excelência e, assim, Catão definiria que o “homem de bem (vir honrus)”, é o homem “hábil na arte de falar”. Não faltaram desses no Senado Federal.
Neste “conjunto da obra”, é como observarmos o político de nosso país, pois é ele, segundo a acepção romana, o homem expresso como orador e, assim, “é o verdadeiro político, o homem nascido para administração dos assuntos públicos e privados, capaz de reger um Estado com os seus conselhos, de estabelece-lo mediante leis, e de reforma-lo pela justiça” (Quintiliano, citando “Plínio, o Moço” – Obras Compleas de 1853)...
Enfim, este seria o “homem de bem”.
Portanto, bastaria aos nobres senadores e senadoras, todos/as eles/as, se reportarem à sua inquestionável qualidade de homens e mulheres de bem para defenderem seus votos. Talvez (mas não) nos poupariam de tamanha verborragia hipócrita.
Mas, o que nos preocupa é o que vem por aí.
Na pauta do governo temer-nosferatus, o que já é claro e público: ataque brutal aos direitos da Classe Trabalhadora, a entrega das riquezas em sua totalidade (tava quase) para os interesses estrangeiros, a destruição do Estado brasileiro, o mais rápido possível e a proteção ao capital.
Do que veio, durante mais de ano, constituindo este cenário que se configura hoje, as investigações e o combate a corrupção, estarão de vez enterradas... Nenhum dominó cairá...
Idiotas de Panelas na mão, camisas da CBF e o escambal “ilharão” em silêncio profundo e consentido.
As Leis que se seguirão no Congresso, cada vez mais violentas... e acreditem, podem ser mais que já as são.

– E os professores e professoras da Universidade Pública ali, quietinhos, num “Não é comigo!” da gota... (Strovézio).
– E a pois de novo, meu nobre palhaço... um “e a pois” de indignação com os meus pares mais próximos.

E ainda virão as eleições municipais e as articulações entre “golpistas” e “golpeados” em quase DOIS MIL municípios...

Vislumbramos sem “visionaríces” o que está por vir, com mais uma citação da história:
A Comédia de Plauto – Os Cativos – um dramaturgo romano do período republicano de antes de Cristo, narra o diálogo de um escravo que tinha a função de “capitão do mato” da época a prisioneiros que, antes disso, eram cidadãos. Algo como pensar na nossa burguesia silenciada que, antes, tinha pelo menos o voto como algo de valor.
 
Um senhor (direita) e seu escravo (esquerda) numa flíax (espécie de drama burlesco).
Cratera siciliana, c. 350 – 340 a.C.. Museu do Louvre, Paris
“Desde que esta é a vontade dos deuses, é necessário que vos submetais à vossa desgraça. Não há outra maneira de torna-la menos penosa. Sei que éreis de condição livre, mas, uma vez que, agora, sois prisioneiros, fareis mais ligeira a nossa servidão se vos mostrardes mais submissos à vontade do amo. Um amo jamais se equivoca; até o mal que os fez deve ser olhado como um bem”.

Se Deus foi testemunha do Julgamento de Dilma no Senado... Se a ideia de democracia é nos submetermos ao que virá, como prisioneiros do que o Capital (Meios de Comunicação, Latifundiários, Empreiteiros, Banqueiros etc.) determina... Se o que vimos é a mais nobre e verdadeira expressão de certeza política, econômica e jurídica de nosso país... e a tudo isso querem que agradeçamos...



A Luta nos Convida! Talvez mais do que nunca, nos últimos tempos...

Venham Todos!
Venham Todas!


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dia dos Desaparecidos...

“Elas estão dançando com os desaparecidos.
 Elas estão dançando com os mortos.
 Elas dançam com os invisíveis.
 Elas dançam com suas angústias silenciosas.
 Elas estão dançando com seus pais.
 Elas estão dançando com seus filhos.
 Elas estão dançando com seus maridos.
 Elas dançam sozinhas.
 Dançam sozinhas”
(They Dance Alone/Cueca Solo – Sting)


Há, nas histórias e tradições populares da América Latina, uma interessante e intensa manifestação de memória aos desaparecidos políticos. Falo do Chile.
Neste pais hermano, sabe-se que há um movimento de viúvas, noivas, irmãs, filhas que perderam seus maridos, noivos, irmãos e pais na Ditadura de Pinochet. Naquele movimento, elas dança a cueca, uma dança nacional chilena. Dizem que sua dança nunca terminará até que se reúnam com seus companheiros novamente.
Nosso humilde picadeiro de terra batida e lona furada presta sua singela (e limitada poeticamente homenagem aos desaparecidos de toda América Latina e que os nomes que aqui se seguem possa representa-los.

Antonio’s não se sabe onde estão...
João’s nunca mais deram notícias...
José’s não voltaram pra casa...
Paulo’s, Pedro’s, Luiz’s e Luis’s...
Maria’s, onde estão...?

Era Adriano, era Aluísio, era Andre...
Ana Rosa, não se sabe...
Era Arildo, era Armando, era Aylton...
E de Áurea, também não se sabe...
Aonde?

Foi Bergson, foi Caiuby, e foi Celso...
Cilon, Ciro e Custódio também...
... e não voltaram ainda...
Brutal ausência, Cansativa espera...

Daniels, David, Dênis e Dermeval...
Dinaelza, Dinalva, Divido e Durvalino...
Doces lembranças! Digam, onde estão!
E vocês que o sabem!

Edgard, Edmur, Eduardo...
Ou então Elmo, Elson ou Henrique...
Ezequias entre eles também...
Então, então... onde estão?

Félix, Fernando e Francisco...
Forte dor de suas ausências...
Gilberto e Guilherme, também...
Golpeados e também ausentes...

Heleni, Helenira, Hélio e Honestino...
Tantos quantos igual a Hiram...
Sejam Honestos, digam onde estão...

Idalício, Ieda, Ísis não mais os vemos...
E também Issami, Itair, Ivan...
Ignoramos seus paradeiros.
E vocês ignoram nossa dor.

Jaz no silêncio não apenas Joãos e Josés...
Jaz também Jaimes e Jana...
Joaquim, Joaquinzão, Joels e Jorge... sem Santo...

Kleber, solitário... até hoje, quem sabe?

Libertem a dor da ausência de Libero, Lourival e Lúcio...
Libertem a ausência de esperança de Luíza e Lúcia...

O que aconteceu com Manuel, Márcio, Marco e Marcos?
Mariano, Márcio, Maurício e Miguel voltarão?
Por que massacram nossos corações
com o silêncio de seus destinos?

Nada, Nada, Nada sabemos
de Nelson, Nestor e Norberto...
Nada o sabem também?

Onde, onde, onde estão...
Onofre, Orlandos e Onofre...

Rondo as horas por Ramires, Rodolfo, Rosalino...
Rubens, Ruy Carlos e Ruy Frazão...
Ruiu-se a esperança de novos encontros...

Se voltassem Sérgio, Stuart e Suely...
Silêncio de vocês, Saudades sempre presente...

Talvez saibam de Telma, Thomaz e Tobias...
Tombaram de pé na frente de vossas covardias?

Usurparam de nossa convivência Uirassu, Umberto e Wilson...

Vitoriosos em sua história que eram
Vandique, Virgílio e Vitorino...
Wlakiria, Walter Ribeiro e Novaes...
Valeram-se de vossas pseudo-valentias para também silenciarem-nos...

Não desapareceram apenas aqui...
Não desapareceram apenas vários brasis...

Hay desaparecidos en Chile...
Hay desaparecidos en Argentina...
Hay desaparecidos en Bolívia...

E hay muchos de danzam solos...


Hoje, 30 de agosto, a memória continua a ser celebrada para que nunca mais tenhamos que testemunhar o que celebram os algozes da Ditadura e seus herdeiros.

Celebro com todos/as os que também dançam só... comem só... bebem só... sentam só... Celebro com todos aqueles/as que também conheci estes ano, com suas histórias e suas lições.

Encontro dos Familiares de pessoas desaparecidas - Caso Vala de Perus
Promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha - abril de 2016


Venham Todos!
Venham Todas!


PS-1: As imagens foram presentes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em celebração ao Encontro dos Familiares de Pessoas Desaparecidas, em abril de 2016.
PS-2.: “Vocês” está sempre indicando o Estado, seus instrumentos, seus arquivos, seu silêncio. "Vocês", aqui, representa a "Covardia escondida atrás de armas"...

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O Golpe Final - parte 1: a desinformação...

http://blogs.estadao.com.br/estadinho/2012/02/25
/hora-do-terror-no-estadinho/



“A Luta do homem contra o poder
 é a luta da memória contra o esquecimento”
(Milan Kundera)




Reconheço... para um comunista, é um pouco ousado iniciar algumas reflexões com alguns nomes da história da humanidade que tem, digamos, “algumas divergências” de Projeto Histórico de sociedade.
Mas sempre gostei destas palavras do tcheco-franco Milan Kundera. Elas são “vigilantes”, não deixam escapar que o poder precisa ser enfrentado e derrotado, inclusive quando ele está “do lado de cá”. Mas que sem memória (história), não se luta contra o que na história sempre quer nos destruir: a síntese de se destruir a vida para tentar viver melhor. Perigosa aparência.
É de Lenin a expressão “a verdade é sempre revolucionária” e sempre dissemos aqui, direta ou indiretamente, que o processo revolucionário se dá em movimento, não como “um dia deu-se a revolução”. Não à toa, sempre escolhemos a ousadia, em nossos “Discursos de Formatura”, de fazer o convite aos jovens que se formam a “tornarem-se revolucionários”. Em movimento, escolhendo lado, o lado da verdade.
Afinal, do contrário, seria como um convite ao reacionário (vale mentir, para se viver melhor... isso não cola).
Mas, voltando ao ensejo, nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo (assim como durante os Jogos Olímpicos) passa acompanhar este período de “Jogos Políticos” e que, ao que tudo indica, será selado com o impeachment da Presidenta Dilma Rousself.
Li na tal “Linha do Tempo” de Facebook de um conterrâneo pernambucano (na minha opinião, um crítico a todos os que são corruptos, mas seletivo à presidente afastada) a seguinte expressão:
“Vai começar a cirurgia para retirada do TUMOR que quase acaba com o Brasil... Depois vem a quimioterapia para realmente limpar o resto do câncer que se instalou no Congresso e no Senado”.
Em que pese ser uma manifestação pública, em espaços de rede social, optaremos por preservar a autoria.
Impossível, à luz de um “brincante aprendiz de lutador do povo”, que não tem a eloquência e poder de síntese de inúmeros blogueiros, cronistas, cientistas políticos e o escambal, não pensar sobre o que esta manifestação expressa e, à bem da verdade, se reproduz Brasil afora: a contradição de um processo que troca um muito ruim (à classe trabalhadora, por sua aliança com o Capital) por um “mais pior do que ruim” (porque a aliança com o Capital está no seu DNA). E da maneira mais vil possível, o que entendemos ser um “mero” julgamento político entre pares de um mesmo projeto de sociedade.
O que mais vimos nos últimos meses que antecederam o afastamento da presidenta em maio era uma insistente busca por extirpar toda e qualquer expressão de corrupção do Estado Brasileiro. Os donos de empreiteiras, bancos e o escambal, meros instrumentos para a punição de agentes públicos e políticos.
Mas sem o capital privado, não tem como a corrupção acontecer de fato e nos montantes denunciados por operações da Polícia Federal (alías, eram certa de 600 operações em 2015, algumas com valores – e personagens – mais vultuosos do que a Lava Jato) e compartilhados pela nossa imprensa meia-pataca.
O Impeachment iniciou-se com o mais larápio de todos, Eduardo Cunha (denunciado antes de Dilma, e nem temos sobre de seu afastamento para breve...)
– Opa, Russo... não dá pra ter certeza de que ele é o mais larápio (Strovézio)
– Como assim, meu nome palhaço...
– Ainda não inventaram o “larapiômetro”... não dá pra saber quem é mais, quem é o primeiro, qual coletivo de larápios é mais larápio...larapiotéia?...
– É... tens razão.

josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br

Pois bom...
Seguiu-se com a cena de 17 de abril deste ano, com a demonstração, um a um, do que já sabíamos: nossa Câmara dos Deputados reúne, inconteste, o que temos de pior de representantes deste país... E ao que tudo indica, algo que se reproduz nos Legislativos Estaduais e nas Câmaras Municipais... que será “renovada” este ano.
Daí, o Senado ficou atento. Tinha que dar um ar de mais “sobriedade”... tamanho o papelão (inclusive na imprensa internacional) da casa vizinha.
Depois de longo tempo (e silêncio da imprensa), o presidente da Câmara é afastado... Mas até hoje, quebra recordes de “empurração” do julgamento. Poderoso o cara? Claro que sim... e arrastando com ele a “larápiotéia”.
Segue a novela: o tal do “#AqueleQueNãoPodiaFalarONome” durante alguns dias dos Jogos Olímpicos segue interinamente, mas com avanços nada interinos aos direitos da Classe Trabalhadora, da destruição do Estado Brasileiro, à entrega das estratégicas riquezas naturais de mão (mais) beijada ao capital estrangeiro, à destruição da Universidade Pública e um catatau de violências do Capital sem precedentes... FHC deve estar morrendo de inveja.
O Senado faz um debate daqueles, chama testemunha de acusação e defesa, vai daqui e vai dali e, de repente (não para este picadeiro) começa a ficar difícil a manutenção da tal acusação de crime. É político, não é jurídico.
E não nos esqueçamos. No senado, tem uma meia dúzia e mais alguma coisa de Senadores que foram Ministros de Lula ou Dilma e estão, digamos, “magoados” com a Dilma. Um levou “puxão de orelha” aqui, outro “não convidava ela pra viajar acolá” e por aí vai... E, hoje, não tenhamos dúvida: eles votam por conta das mágoas...
É como você ser chamado a testemunhar um crime cometido por uma pessoa que você não gosta, não vai com a cara. Mas, à bem da verdade, você não é testemunha de nada. Só quer ver essa pessoa se dando mal...
Mas não tem problema: o Partido que perdeu as eleições em 2014, que contratou a tríade que preparou o processo de impeachment e que preside o Senado que avalia o processo que contratou segue em mares tranquilos.

E eis que chegamos ao julgamento final...
Parece que celebram os que acreditam que o Tumor será retirado. Mas é incrível como acreditam que os cirurgiões que irão tirar este tumor serão, depois “tratados” como quimioterapia.
Reparemos: quem irá tirar o Tumor, segundo meu conterrâneo, são aqueles que ele acredita, piamente, que serão “limpados” à base de quimioterapia.

– Mas, se a alegoria fosse justa, a quimioterapia limpa o Câncer... Neste caso, o Câncer que vai tirar o Tumor... Mas, então, o Tumor era OUTRO tipo de Câncer. O Câncer a ser tratado com quimioterapia tira o Câncer que será apenas “retirado”... Retira-se o Câncer do Tumor cancerígeno com o outro Câncer, mas sem dizer qual “temer” ele tem de tumor...
– Cê entendeu alguma coisa, Strovézio?
– Acho que nem ele, Russo... nem ele.

Falamos aqui, ainda nos tempos de abril, que a Teoria do Dominó (cai o primeiro, cai o resto) não iria rolar... E não está rolando e nem vai rolar.
Até o STF está começando (junto com o agora silêncio noticiador de nossa mídia tupiniquim de meia patada) a jogar areia no fogaréu que a Lava Jato está mantendo acesso. Pois, claro, chega a Justiça maior sua participação nas relações entre Estado e Capital Privado.
Em síntese: existe tanta informação (conhecimento seria mais justo), que a tática da desinformação é mais eficiente, pois o que é mais importante é garantir os ataques à Classe Trabalhadora que, como expressão máxima de resistência, tem, de um lado, amealhado alguns Partidos, Movimentos Sociais e Sindicatos com diferentes capacidades de mobilizar as ruas, mas sem força na política e, de outro, com o limite das manifestações “#ForaTemer” durante os Jogos Olímpicos...
Aliás, acho até que Temer está adorando o fato de quase não terem sido vendido ingressos para os Jogos Paraolímpicos e, também, a cobertura superficial que a mídia esportiva e geral irá dar a este evento... Menos vaias, menos cartazes etc. e tals.
Mas, o que está mais certo ainda, são as palavras sóbrias e atentas de nosso grande docente José Paulo Netto: “Quem erra na análise, erra na política. Acertar na análise não quer dizer que você terá uma intervenção política exitosa... [...] Mas quem erra na análise, erra na política”.
Não é câncer, não há quimioterapia.
E ninguém sabe como "Fora temer" realmente poderá se dar.


Não é apenas uma opinião... é a memória (por isso Kundera cai bem), mas é a história, é a política (enquanto ciência), é a economia é a educação...
E é isso que, parece-me, não temos hoje... nem no mais alto grau de representação.
... mas, infelizmente, tem mais.

Venham Todos!
Venham Todas!

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Espírito Ceticolímpico...



E chegamos ao final dos Jogos Olímpicos (já que as Olimpíadas já terminaram justamente no início deles).
Como de praxe, o que vimos na grande imprensa jornalística esportiva foi imagens fantásticas e replays de primeiro mundo, somada à velha política do Pão e Circo que, dentre outros, aproveita o espetáculo diuturno de 15 dias para dizer que nada mais acontece fora do Espetáculo Esportivo. Ou o que acontece é só notinha jornalística.
Ah! E a velha burrice de sempre sobre o que, em tese (e bote em tese nisso) deveria dominar próximo a perfeição: um jornalismo esportivo que muito pouco sabe do que noticia.
De cara, não aguentei as inúmeras, incontáveis vezes que escutei frases de “aqui, hoje, na Olimpíada...” ou afins. Não apenas dos jornalistas e âncoras, mas também de autoridades e muitos atletas (e de ponta).
Claro que, para um professor de educação física como sou, saber que nem mesmo atletas, de ponta (alguns “heróis”), conseguem diferenciar Jogos Olímpicos de Olimpíada, incomoda. O que "consola" é que também na Universidade há quem não saiba.
Mas isso, à bem da verdade, é o de menos.
Não assisti muita coisa e das poucas coisas que assisti, deixei a TV no mudo. Concentrado em outras coisas, levantava a cabeça para ver o “quanto tava” de uma partida aqui, outro evento ali. Mas fico pensando se opiniões como a do narrador do confronto entre França e EUA (salvo engano, seu nome era Rogério Pinheiro), no futebol feminino, ao referir-se a uma das zagueiras francesas (“seu cabelo exótico... ou não gosta de pentear”) se reproduziram diuturnamente nas demais transmissões. Não sei a quantidade, mas sei que muitas outras bobagens foram ditas ao vivo.

– Galvão Bueno mandando todo mundo (inclusive um cadeirante) se levantar... (Strovézio)
– Daí pra pior, meu caro palhaço!

Mas, ao final de 15 dias de competições, muitas coisas poderiam levantar sérias e responsáveis reflexões. Sem aprofundá-las (deixemos para os especialistas), apresentamos algumas aqui.

PRIMEIRO: O Futebol Feminino brasileiro foi heroico. E é heroico há muito tempo. Formiga, aos 38 anos de idade, dizia que trocaria uma medalha por maior apoio ao futebol feminino no país... do futebol. Claro que ela e as demais atletas jogaram buscando a medalha. Mas já que ela não veio, algo poderia acontecer.

E aconteceu... na contramão.
Milton Neves, âncora esportivo da Band, após a derrota na semi-final, solta um “querendo xingar, xinguem, mas vamos combinar: futebol de mulher é de lascar, não tem graça nenhuma. A mulher é tão sublime em tudo, menos no futebol!”, defendendo, nesta linha, a troca do futebol feminino pelo futsal (“De Homens!”) nos Jogos Olímpicos.

– E viva Formiga! (Strovézio).
– E a pois...

Os salários e as condições de fortalecimento do futebol feminino se expressam na decisão da CBF (bem que deveria ter uma CBFM, né não?) de acabar com a equipe permanente. Equipe esta que cortou algumas atletas descontentes com a própria CBF, antes dos Jogos Olímpicos.


SEGUNDO: Houve muita polêmica no lance de “bater continência” em alguns hinos (não vi isso no futebol e o voleibol masculino... e, claro, não acho que foi um “ato político”). De um lado, um povo dizendo o quão orgulho tem de atletas que respeitam militarmente o hino ou de serem atletas formados com apoio das Forças Armadas; de outro, aqueles que questionavam esta postura.
Mas, a síntese é simples: não são “Militares” de carreira. Pelo menos não todos/as. Até o reino mineral (e os saudosos da ditadura militar) sabem que era condição para os programas de governo federal (que vão acabar) repassarem recursos a atletas de ponta, em preparação para os Jogos Olímpicos.

– Hey... milico de topete? Tá ruim, né não? (Strovézio).
– É... faz sentido...
E, salvo melhor juízo, todos eram 3º Sargentos...

– Ao atingir o posto de 3º sargento, tornam-se atletas? Ou, ao tornarem-se atletas de ponto, recebem a patente de 3º sargento? Ou, então, ao tornarem-se 3º atletas, tornam-se sargentos de ponta? Hummm.... quem sabe atingem o 3º ponto e tornam-se atletas sargentos... vigi! (Strovézio).
– Atenção, Palhaçada!!!!! Sentindo Alegria!!!!


– Ainda vão fechar o nosso Circo, Strovézio... Não demora muito.

TERCEIRO: As imagens e o silêncio às declarações de atletas: handebol masculino, futebol feminino (como as declarações de Formiga), e de muitos atletas desconhecidos foi um caso a parte. Mas, em geral, o mesmo tom: falta apoio e quando chegam onde chegam, todo mundo quer tirar foto, entrevistas exclusivas e o escambal.
Felipe Wu, Mayra Aguiar, Diego e Arthur (com reservas a este último), Zanetti, Poliana Okimoto, Ágatha e Bárbara, Martina e Kahena, Alison e Bruno, Maicon Andrade, Ezequias Queiroz e Erlon Souza, Rafael Silva (baby) e Rafaela Silva, Thiago Braz, Baby, Robson Conceição mais os coletivos de vôlei e futebol foram os vencedores... Mas não apenas eles.
Não faltaram atletas que chegaram nos Jogos Olímpicos sem ninguém (nós também, reconhecemos... mas pior ainda são os “especialistas”: gestores do esporte, imprensa esportiva etc.) saber sequer o nome, a história, a modalidade, os treinos.
O que dizer então daqueles/as atletas que não chegavam ao pódium... viravam apenas notícia de atualização das competições. Por exemplo, de Wagner Domingos, do arremesso de martelo, que treinava com botijão de gás?
E eis que, de modo profundamente particular e soberano, Caio Bonfim (atleta da marcha atlética, 4º colocado na prova de 20 km), é direto:
“A Olimpíada não é feita só de três lugares. Nós valorizamos por que o capitalismo valoriza, mas o quarto lugar é esplêndido. Então, a minha missão não é vir aqui somente ganhar medalha. Minha missão são várias outras. Meu esporte não é tão popular no meu país, com o quarto lugar nós popularizamos, é mais uma oportunidade pros jovens, é inspiração, é a vontade de Deus, é distribuir o amor pras pessoas, o carinho, o amor de Jesus. Então, minha missão foi cumprida...”.


Como ele mesmo diz, saiu de Sobradinho (DF) e se tornou o 4º do mundo...
Claro, é de se pensar por que não se fez matérias tão completas sobre de onde ele veio, quem treina com ele, o que ele enfrentou (e ele enfrentou preconceito até na véspera da competição) e como ele chegou até esta conquista... Por que pra ele é uma conquista (“o quarto do mundo”) e para nossa imprensa especializada isso não é?

QUARTO: E se a gente pensava que apenas o jornalismo esportivo já era ruim suficiente, eis que aparece um jornalista idiota, Nico Hines (até onde sabemos, americano...)
Este idiota resolve construir uma matéria sobre atletas "gays não assumidos", segundo o próprio, "que não saíram do armário". Usando um aplicativo de relacionamento, ele ia descobrindo atletas que “não saiam do armário”. Tamanha a irresponsabilidade deste idiota, foi não apenas expressar seu preconceito que já é público (inclusive em matérias – além da própria – no portal de notícias “Daily Beast”), mas expor os nomes ou características e origens destes atletas, sem perceber que alguns destes país a homossexualidade é crime capital... Ou seja, não mais apenas um idiota. É pior que isso.

QUINTO: A política... ah! A política.

Em um avento monstruoso e mundial, em que o nosso presidente de meia pataca (mas forte destruidor dos direitos sociais e trabalhistas, dentre outras capachagens ao capital alheias) pede para não ser citado na abertura dos Jogos, fala rapidinho e é vaiado (com a complacência comentarista e silenciosa de nosso jornalismo) e coloca cercas de ferro em suas entrevistas públicas (imagem também bem protegida da imprensa tupiniquim), o mínimo que poderíamos assistir é o “#ForaTemer” e as manifestações afins durante os Jogos.
Mas precisou da manifestação da justiça para que este direito de Livre Expressão fosse garantido, sem o risco de os manifestantes, dentro de estádios, arenas, ginásios etc., serem presos (alguns com força e violência). Mas uma cena nos tocou:


A cena é clássica, e diz tudo.
Mas o que me perguntei inúmeras vezes é: já que as pessoas ao redor da cena discordaram da ação da Força Nacional, por que não começaram, em coro, a gritar “#ForaTemer”??? Mais cinco, mais dez, mais 15 pessoas ali, perto, em coro "Fora temer!"...
Apenas pra ver se viria um batalhão tirar todos de lá? Pelo menos mais 50 soldados, afinal, a proporção na cena era 5 pra 1.

Pra além disso, o técnico do vôlei feminino brasileiro, José Roberto Guimarães (um grande técnico), reclamou. Para ele, manifestação política deve acontecer fora do ginásio e, assim, um “bota fora” foi por ele defendido...
O que diriam os atletas do Bom Senso Futebol Clube que faziam manifestações políticas DENTRO do jogo, nos último Campeonatos Brasileiros?

SEXTO: “Duelo de Vida ou Morte”??? “Nossos heróis”????
Os que perderam seus jogos, suas competições, suas provas... morreram? Os nossos heróis (sem desmerecer a luta de muitos atletas para chegarem aos Jogos Olímpicos... outros, nem tanto, bora combinar) salvaram nosso país dos nove meses de crime ambiental da Vale, ali perto do Rio, em MG e ES? Ou nos salvaram dos Políticos do Congresso Nacional, ou da Câmara Legislativa do Rio? Talvez do Prefeito, que fala bobagem pra governadora de Tokyo (que foi de quimono em recepção oficial - um traje de gala e respeitoso ao anfitrião - e disse que "eu deveria ter vindo de sambista carioca"... aff.)? Ou talvez, pra ficar dentro das arenas esportivas, nos salvaram da corrupção do Esporte Brasileiro?...
Celebraram uma certa (e discreta) despedida de João Havelange... Sério isso? O senhor que ganhou nome de Estádio, mas respondeu a acusação de desvios da ordem de 1 bilhão de dólares desviados do COI abdicando de sua cadeira cativa no COI para, no final ao cabo, a investigação do próprio COI ir pra gaveta?
Com todo respeito (aos que o merecem), heróis de que? Das medalhas? Da “vingança dos 7 X 1”????

Pois bom...

Teve assalto no Rio (e não assalto também)...
Teve vais, choro, fotos, alegrias... é bem Jogos Olímpicos mesmo.
Teve voluntários (reiteramos, “escravos de luxo”, trabalhando até 16 horas por dia), mas teve trabalhadores terceirizados (trabalhando a R$ 50,00 reais por dia) levando gás da Força Nacional, por pura desorganização dos manda-chuvas do Comitê Organizador (que, terceirizando serviços, acaba “não tendo culpa de nada”).
E, agora, tem a ressaca...
E se há quem diga que a ressaca do Carnaval, que dura (oficialmente, claro), quatro dias e meio, já é grande, o que dizer de uma ressaca de 15 dias?

E vem aí os Jogos Paraolimpicos...

Não vai ter a mesma cobertura esportiva, os atletas são mais anônimos ainda, e não houve a mesma política de incentivo sequer à venda de ingressos que teve para os Jogos dos... “normais”...
É um pouco isso... o “espírito olímpico” furta as histórias de muitos atletas, furta a história do povo que sofreu para que as obras acontecessem, furta a realidade de um país que vive o mais descarado e cínico momento de sua história política.

Em tempo... adoramos o esporte. Por isso não gostamos do que fazem dele.

Venham Todos!
Venham Todas!