RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 26 de outubro de 2008

O Universal Circo Crítico... Lições de Che...

“A vida Humana não tem significado
senão depois de ter estado muito tempo
a serviço de algo infinito.
Para nós, a humanidade é esse infinito”

(Adolf Ioffé, em carta de despedida à Léon Trotsky)

Estranho e interessante os caminhos com os quais seguimos numa relação recíproca e dialética de ensino-aprendizagem de nossos valores, no meu caso, valores socialistas.
Sempre afirmo com convicção e tranqüilidade quase humilde: não sou um lutador do povo, continuo aprendendo a sê-lo. Espero, com paciência e ousadia revolucionárias, que meu(s) neto(s) venham a ser verdadeiros lutadores do povo, tamanho e histórico é o caminho que ainda a humanidade tem a trilhar para a construção de um mundo verdadeiramente livre de toda forma de opressão e exploração do homem pelo homem.
Porém, não é o caso de dizer que apenas as crianças que vierem daqui a duas gerações serão verdadeiramente revolucionárias. Esse processo não é estanque, quadradinho, ajustado à vontades singulares, no máximo particulares. E, recentemente, a história (e, de certa maneira, o Pará) me deu uma lição-demonstração disso.
Passaram-se cerca de duas semanas de meu aniversário, quando visitei um casal de amigos e, sua filha, Júlia, veio com um pequeno embrulho com jeito de presente. Na verdade, era um presente, verbalizado como “atrasado” porque foi dado depois de minhas completas 3.9 primaveras.
Dentro do pacote uma camisa (com desenhos rupestres) e um CD e foi justamente este que chamou minha atenção. Na capa, fotos da pequena “Jujuba” desde bem pequenininha e dentro dele, músicas, cerca de 20 canções, de Zeca Baleiro e Ed Mota (“Eu sou da Arca e você quem é que é?”) a RBD e Xuxa (caramba! Cantando Chico).
Tinha canções de nossa infância e que ainda persistem heroicamente na cultura infantil (ainda que muitas vezes na voz de Xuxa que, todos sabem, é ajustada em estúdio, dada a sua conhecida desafinação musical): “Fui no Itororó beber água, e não achei...”, “O sapo não lava o pé, não lava porque não quer...”, “A dona aranha subiu pela parede! Veio a chuva forte e então a derrubou! Bum! (bum??? Eita da aranha pesada!)”. Ah! uma que minha professora (Tia Rosana, não esqueço) da 3ª séria do primário (ensino fundamental) cantava sempre que tentava organizar a fila para nos dirigirmos à sala de aula no antigo Externato Santa Terezinha: “Minhoca! Minhoca! Me dá uma beijoca! Não dô! Não dô! Não dô!” (é assim mesmo, dô).
E a saga amorosa do rato, que é um rato que a gente gosta, porque prefere o beijo brilhando da Lua “Declaro ser o seu mais lindo amante! (...) e fazer da noite escura o nosso altar!”... E vem a Nuvem Redonda que cobre o Luar, num altar de céu imenso; e vem a Brisa Macia que destrói a Nuvem, num altar de vento; e vem a Parede Parada que para a Brisa, num altar da terra; e, finalmente, a Ratinha Dentuça que cavoca a parede que barra a Brisa que destrói a Nuvem que cobre o Luar e que faz da natureza o altar, “Esperando um grande queijo... Ops! Esperando um grande beijo!”. Lembrava Saltimbancos.
No meio destas canções todas, uma com jeito mais de formação cristã, mas com uma passagem muito bonita: “Como pode o Rei nascer sem riqueza para receber? Sem festejo para o acolher? (...) Tão humilde, seu tesouro somos nós”... A Igreja Romana tenta, luta, escreve Encíclicas e a mídia mundial superficializa, mas ‘tá aí uma lição cristão-revolucionária. Pois é assim que pensam os grandes líderes revolucionários de nosso tempo, inclusive os que tombaram (e continuam sendo): os lutadores do povo são a única e grande riqueza da humanidade. Pode até ser que a canção em questão não tivesse intenção de formar revolucionários, mas nada como tirar as lições importantes à humanidade daquilo que o poder produz.
Mas, o principal deste lindo presente que recebi é o sentido e significado que ele tinha. Era o CD das canções mais importantes, mas significativas daqueles 5 anos de Júlia e não apenas isso fez deste presente uma jóia rara, mas, e mais importante ainda, o olhar que a pequena Júlia deu a um presente no dia do meu aniversário (que foi planejado para o seu aniversário). Seu presente foi sua história, contada por músicas infantis, cantada também por nomes que não gosto, mas que fazem parte do Universo infantil dela. E, no conteúdo expresso em seu presente, a importância superadora que Júlia fez sobre a industria cultural, em particular a que manipula e molda os ídolos de música mundial. Um presente que, precisamente, diz a sua história... a história de uma criança de 5 anos de idade. E isso é revolucionário.
Por que “Lições de Che” no título deste artigo? Porque, por mais ridículo que possa parecer, este grande líder entendia que um verdadeiro revolucionário é movido por um sentimento profundo e verdadeiro de amor. Desde pequena, Júlia fez de seu presente de aniversário (o seu e, no meu universo particular, o meu) uma manifestação absolutamente revolucionária de amor.

Vida Longa à pequena Júlia!
Vida Longa aos pequenos Lutadores do Povo, do campo e da cidade!

Venham Todos! Venham Todas!
Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira