RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Universal Circo Crítico... Um ano depois...

Juncaremos de flores teu trilho,/

Do Brasil, sentinela do Norte./

E a deixar de manter esse brilho,/

Preferimos, mil vezes, a morte.”
(Trecho do Hino do Pará)


Em 25 de maio de 2008, pouco mais de um ano atrás, eu avisava pelas bandas do Universal Circo Crítico: “Eu vou para o Pará!”

Naquela oportunidade, comentei o que achava que iria buscar/encontrar por essas bandas: os igarapés ou praias onde me banharia, a história dos lutadores do Povo da Cabanagem que conheceria, os termos, sotaques, comidas (égua da comida uma mais gostosa que a outra), bebidas, da dança (já estou desenrolado no carimbó, no Lundu Marajoara – no começo estava meio “duro” - e até já peguei o lenço na dança do Peru), da música.

Falava, também, dos amigos que aqui tinha e tenho e o quanto eles foram importantes naquele momento em que eu fechava um processo de seleção para a Professor da Universidade Federal do Pará, conquistado com disciplina e compromisso, exercido desde o primeiro dia, após minha nomeação.

Após um ano, não a título de “avaliação”, mas de verdadeiramente celebrar este “um ano”, vejo o que o Pará me presenteou, me desafiou, me ensinou.

Os amigos e amigas que fiz por essas terras é algo realmente desafiador descrever. Quer seja meus grandes alunos e suas cotidianas lições e contra-lições na sala de aula ou fora dela, quer seja meus colegas de trabalho na Universidade. Meus orientandos/as (os que já concluíram o curso e os que ainda estão fazendo seus Trabalhos de Conclusão de Curso) e o quanto eles me ensinam a cada conversa, a cada troca de material e a cada nova orientação. E o que dizer ser convidado para patrono da Turma 2005, que culminou com o “Discurso de Formatura”, já postado neste Universal Circo Crítico?

E os amigos que fiz nas Rodas de Carimbó e nos Conversa de Preto? Égua, bacana... Pessoas que, de maneira significativa, tocaram minha'lma e coração, inclusive em meu permanente aprendizado de lutador do povo. Companheiros/as de história e militância política e cultural, companheiros/as dos Movimentos Sociais Organizados e dos Partidos de Luta históricos.

Posso dizer, sem sombra de dúvida, que, após um ano no Pará, pude mostrar à minha pessoa toda minha capacidade pedagógica. Andava enferrujado da docência, é verdade. Mas, aos poucos, devagarinho, dia após dia, hora em sala de aula, hora nos locais de estágio de meus alunos, íamos, juntos, construindo nosso olhar docente e acadêmico, mas com o pé na realidade, compreendendo-a para, assim, compreender o que fazer para transformá-la. Vir ao Pará foi quase que um “voltar a olhar, de perto, a nossa realidade”, olhar que, significativamente, andava meio opaco nos últimos anos, justamente por estar fora da sala de aula.

Mas, o melhor do Pará foi o “além Universidade”, vamos assim dizer. O que pensar, pro exemplo, das rodas de Carimbó, aqui em casa, na casa de Éder/Betânia ou na casa de Robson/Zaria? E a festa dos anos 80 na casa de Ney e Joselene? O São João da minha turma de Recreação e Lazer na Faculdade? Isso sem falar dos encontros aqui, ali e acolá com esse pessoal maneiro que vem fazendo o meu dia-a-dia em Belém ter, cada vez mais, sentido e significado. Égua! De novo!!!!

O Pará conseguiu, inclusive, me levar ao Círio de Nazaré. Tá, tudo bem, eu fui na véspera, à noite, e só vi a Santinha passar. Mas foi bonito de ver, de apreciar o que a cidade faz, no que ela se transforma nesta data. E, mesmo não tendo ido no domingo, que é o dia mesmo de devoção profunda, pude contemplar e abstrair o clima da cidade, das pessoas em relação ao Círio. E, também (claro), contemplar o profano do Círio (suas expressões públicas e/ou particulares), o que tem de bom, e o que tem de não tão bom assim. Esse ano tem mais.

Os desafios, claro, não são poucos, nem pequenos. Somos uma minoria na Universidade e na Educação Física, e que vem batalhando todos os dias, em todos os tempos e espaços possíveis. E foi com esse ímpeto de enfrentar desafios que eu, Zaira, Joselene e Érica fizemos de um evento “pequeno” com nossos alunos. Um evento construído entre professores que estão nas mesmas disciplinas em seus locais de trabalho, um marco importante na formação de futuros (e presentes) professores. E nossos alunos mostram isso, com os seus justos e legítimos limites, mas, também, com seus olhares de “estamos entendendo que existe saída”... Alíás, foi honroso trabalhar com essas professoras nesta atividade.

Porém, no Pará ainda não recuperei minha vontade de compor. Quer dizer, vontade até tenho, mas não achei o “jeito”. Vai ver que é a mistura de ritmos que vem confundindo minhas notas musicais... mas, à bem da verdade, estou no melhor lugar e tempo para essa construção voltar a toda... e em breve.

Falar do Pará, mesmo com apenas um ano de convivência nesta terra de beleza e contradições, não é fácil. E, neste ímpeto, depois de retomado o meu lado “virtual”, espero debruçar-me cada vez mais neste contar sobre essa terra: sua cultura, sua arte, sua religiosidade, sua educação, sua militância, suas lutas, seus desafios, seus ensinamentos.

Bom estar de volta ao Circo...


Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira