RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Monólogo de Natal e outros presentes...




O Universal Circo Crítico foi apenas presenteado... e, para nós, os presentes que recebemos a todos e todas pertencem... 
O Monólogo de Natal de Aldemar Paiva foi declamado acerca de 20 anos, em um dos episódios da Escolinha do Professor Raimundo, pelo personagem de Lúcio Mauro, o Aldemar Vigário... um xará, talvez, proposital.
Na imperialista rede de televisão, possivelmente passou discreta e seu público. Da gente, por exemplo, acabou passando...
Reencontramos alguns anos depois.

Ao nosso Público e nossos artistas, nosso registro: não somos insensíveis (ah! Isso não somos mesmo!), nem céticos... Não odiamos o Natal, não temos ojeriza da festa Cristã... Somos realistas, somos revolucionários, celebramos nossa capacidade de continuir lutando para que esta festa seja, verdadeiramente, de todos e de todas. Talvez, apenas talvez, quando isso acontecer, essa festa nem exista mais. Mas porque outra será celebrada, com muito mais sentido e significado!

Com vocês, com um dia de atraso, nosso Presente:

"Eu não gosto de você, Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia.
Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia.
Você talvez nem se recorde mais.
Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou.
Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente.
Chegou o sol e você não chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação.
Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”.
E se esquivou, contendo a emoção.
Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês.
Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas.
Meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez.
O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade.
Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele seu brinquedo?
Eu vou trocar por outro, na cidade”.
Dei-lhe o trenzinho, quase a soluçar e, como quem não quer abandonar um mimo que nos deu, quem nos quer bem, disse medroso: “O senhor vai trocar ele?
Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele.
E por favor, não vá levar meu trem”.
Meu pai calou-se e pelo rosto veio descendo um pranto que, eu ainda creio,
Tanto e tão santo, só Jesus chorou!
Bateu a porta com muito ruído, mamãe gritou; ele não deu ouvidos. Saiu correndo e nunca mais voltou.
Você, Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou. Sem pai e sem brinquedos.
Afinal, dos seus presentes, não há um que sobre para a riqueza do menino pobre que sonha o ano inteiro com o Natal.
Meu pobre pai doente, mal vestido, para não me ver assim desiludido, comprou por qualquer preço uma ilusão e, num gesto nobre, humano e decisivo, foi longe pra trazer-me um lenitivo, roubando o trem do filho do patrão.
Pensei que viajara, no entanto, depois de grande, minha mãe, em prantos, contou-me que fôra preso.
E como réu, ninguém a absolvê-lo se atrevia.
Foi definhando, até que Deus, um dia, entrou na cela e o libertou pro céu."
(Monólogo de Natal - Aldemar Paiva)

O Universal Circo Crítico recebeu seu presente de Natal de uma outra revolucionária... Cantada de Natal assim, popular, não tem espaço na festa consumista e elitista que o Natal de transformou há muito tempo... Em nosso picadeiro, são Artistas que aplaudimos de pé!

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!




Marcelo "Russo" Ferreira

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira