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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Lá vai Janis Joplin


contribuição de Paco Mitu - Castanhal/PA

“um cão não vê utilidade em carros elegantes
Nem em casarões, nem em roupas de grifes.
Um graveto serve pra ele.
Um cão não se importa se você é rico ou pobre...
Talentoso ou sem graça...
Inteligente ou burro.
Dê a ele seu coração e terá o dele.
De quantas pessoas você pode dizer isso?
Quantas pessoas o fazem se sentir único, puro e especial?
Quantas pessoas o fazem se sentir extraordinário?
(Do filme “Marley e eu”)


E lá vai ela...
Foram quase 12 anos...
E, neste tempo, um sofá destruído, creio que uma dúzia de fugas, algumas delas espetaculares (e ela fugia porque aprendeu que a gente a trazia de volta) e, destas, três ninhadas (17 cãezinhos de diferentes pelos, cores, rabos, focinhos...), algumas caças (de timbu a passarinho), muitas reclamações de banho, os incontáveis “cabos de guerra de panos” e tudo o que a gente pode receber desta companheira que sempre nos recebia de rabo abanando.
Entre dois e três meses de idade... Eu, tentando salvar o sofá de casa

Sempre soube que isso iria acontecer, acreditando no “tempo” que a gente acredita seguir seu fluxo normal, sem acidentes ou interrupções duras e abruptas. Sempre os/as tive, quando pude te-los e Janis reinaugurou esta companhia depois de um longo tempo impossibilitado de ter um cãozinho.
Mas, ontem, foi dia de despedirmo-nos dela. Claro, com dor no coração, pois foi uma despedida planejada, haja vista o acometimento de câncer que a acompanhava.
Nossa humanidade foi testada, até o último segundo.
E, enquanto se aproximava o momento de dizer-lhe as últimas palavras, era impossível (e gratificante) reconhecer-se nela, saber quem você é por conta da Janis.

E como é incrível percebermos nossa humanidade sendo reconstruída para além das relações humanas (e as que eu nutro, mantenho, semeio, alimento, fortaleço também são fruto desta humanidade se desenvolvendo). Uma humanidade sendo humanizada nas relações com uma pequena cadelinha chamada Janis Joplin.

Janis Joplin – nome construído e decidido junto com Bebela (Isabela Nascimento – que tinha medo de cachorro) no primeiro dia dela conosco – chegou nos meus tempos de Brasília, antes de levantarmos o mastro que sustenta esta lona furada de circo e nosso picadeiro de terra batida.
E Janis entrou assim: para mostrar que existia um CIRCO bem melhor dentro de nós, nossos artistas. E antes mesmo de sê-los...
Entrou para mostrar o que nossa humanidade não consegue entender, que não precisamos fazer o certo apenas para ter algo em troca. Janis não esperava nada em troca do rabo abanando, quando eu chegava em casa.
Janis (assim como Hércules e Kaia, que continuam conosco) é a demonstração de um dos ensinamentos mais simples e mais abandonados pela humanidade: não faça o bem em troca de outro bem, não faça a coisa certa para receber algo em troca... Apenas faça o bem, apenas faça a coisa certa, apenas demonstre a alegria que sentes perto das pessoas que ama. E siga a vida agradecendo a ti mesmo por ter feito a coisa certa.
Se receber algo em troca (um carinho, uma brincadeira, um petisco), ótimo. Se não receber, aqui está meu carinho no dia seguinte.
Janis nunca quis mais do que isso...
E, talvez, essa seja a fonte da dor que ainda aperta o peito da gente.
 
Contribuição de Érika Esmeralda
O Circo segue, assim com Hércules e Kaia. Já percebemos que eles ainda aguardam a Janis voltar e, portanto, a matilha precisa continuar unida. E eu, como um “inxirido” na matilha, continuar aprendendo.
Uma pena que tantos que conheço, que tem seus companheiros (e os tem por opção) não tenham aprendido isso ainda.



Da Janis, em nossos últimos momentos, a única coisa que eu poderia dizer por estes 12 anos:
Obrigado, Janis
"De nada e vem brincar logo comigo", no jeito Janis de responder...

– Viva Viva, Janis Joplin! (os artistas)

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