RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 27 de julho de 2008

O Universal Circo Crítico... The memorian Song...

Não tenho muito o que comentar desta canção, que, como se evidencia, é longa. Acho que todo fã de rock progressivo que toca algum instrumento sempre quis ou quer compor uma daquelas canções enormes. Bom, na época do Afã, as músicas da banda eram razoavelmente grandes, ao ponto de sempre arriscarmos nossas composições e participações em festivais, porque sempre extrapolávamos o tempo permitido.
Pois bem... Quando compus a seqüência de “O menino e o Palhaço” (com a inspiração para compor “O Palhaço e as Estrelas”), pensei: “Vai ter que ter um ‘fechamento’”. No mesmo ano que compus a última, acho que fiz uma das duas melhores incursões musicais da minha vida. Na verdade, lembro de uma terceira, da minha adolescência, composta para uma menina à qual me apaixonei, mas não namorei e que, infelizmente, perdi a letra. Mas isso é outra história... A outra “grande” incursão é um instrumental em lá menor.
“The memorian song” foi assim chamada porque não sou perfeito, não consegui encontrar nome mais completo para uma canção que, pronta e tocada, toma cerca de 12 minutos. Pensei, na época, em “Canção de Memória”, mas não o suficiente para batizá-la com este nome. Trata-se de uma canção de altos e baixos, batidas fortes e mais lentas e um final tocado em apenas duas cordas. Musicalmente, ela inspirou alguns trejeitos musicais de “Olhos Negros”, apresentado a vocês ainda no www.arcamundo.blogspot.com
Apresento, “The memorian song” (perdão pela longa letra).

“Nossos anos passaram, muitos anos./ Se fôssemos famosos, o que seria da nossa maquiagem? / Se os sonhos que insistíamos em fingir serem possíveis se transformassem? / A canção e sua poesia no ar...

Mais uma semana quando as horas não passaram. / A nossa viagem foi apenas de um segundo. Eterno, p’ra quem riu ou chorou... / Os Sinos e os poetas perderam seu conjunto, envolvidos em silêncio em suas notas e palavras absurdas./ Eu sei! / Você não entendeu!

Quem sorriu, sentiu! Viu o poeta e o palhaço, suas palavras, sua malícia construíam em um compasso um sentido verdadeiro para sua lucidez não entender. / Não entender... / Falo inalado e preso em mais de mil palavras. / Seus fonemas, suas notas, sua orgia Universal quando urgiam e gritavam sua loucura habitual. / Tão ilúcidos... /... você não entendeu?

Quando olha em volta e não percebe sua sombra, olhas para cima, sua luz lhe ofusca os olhos. / Seus olhos... / O Sol não brilha p’ra você. / Esse é o seu brinquedo, o seu jogo não tem graça. / Esta é minha arte, não viajo só com ela. / Você pode vir também.

P’ra você que viu minha agonia, já sorri e chorei. / P’ra você que viu minhas lágrimas, já cantei e viajei. / P’ra você que não viu minha alegria, já brinquei de fantasma. / No quarto, na cama, na noite que voei. / No som mágico de fundo. / Música... / Música...

Se você me viu na TV, foi porquê não me via fora dela... / Se você me viu fora de casa, foi porquê não brincava lá fora comigo. / Se você me via falando sozinho, inventando personagens nunca vistos: / o palhaço, o poeta, as estrelas, o menino e a menina...

Pare! E ouse me ouvir. / Ouça! E ouse calar-se! / Cale! E ouse cantar! / Cante! E ouse gritar! / Grite! P’ra todos ouvirem...

O menino e a menina brincavam nas estrelas. / E o bêbado sentado na esquina. / Roda o mundo para ele e para o louco que não temia em gritar. / Ele sorria... / Olhem para o Sol, vamos saltar os seus limites. / Pois minha loucura verdadeira é a que esvai-se dos meus olhos. / Quando sinto o seu cheiro a liberdade passa entre os meus dedos. / Entre meus dedos...

Quem que não viu o palhaço no beco? / Era escuro. / Muito escuro. / Quem apagou as luzes do show? / Não brilha com seus olhos... / Luzes! / Luzes!

Que continue o show...”


Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!

Obs.: como todas as outras canções, a letra está registrada em cartório de ofícios.

domingo, 20 de julho de 2008

O Universal Circo Crítico... dia do(a) Amigo(a)...

Tenho muitos/as amigos/as pelo mundo... amigos/as do Universal Circo Crítico...
Tenho amigos/as que são artistas incansáveis, que cantam, que dançam, que escrevem como grandes poetas e poetizas, outros/as tantos que também são desenhistas, tocadores e cantadores, dançarinos ou apenas brincantes, instrumentistas, maestros... Com eles e com elas aprendi e aprendo todos os dias tudo sobre a arte, a música, o teatro – do oprimido e o fantástico Movimento de Cultura Popular – e todas as formas de apresentar e representar o mundo real, muitas vezes assumindo o papel de próprio mundo. Alguns destes amigos/as viajaram musicalmente comigo, escrevendo e compondo, com muitas ou poucas mãos. Outros tantos me inspiraram.
Tenho amigos/as que são carinhosos/as... Sempre estão colocando o ombro na altura exata de nosso pender da cabeça. Que estão com a mão na hora certa sobre a nossa mão. Que nos escutam e falam, quer seja o que gostaríamos de escutar, quer seja o que sabíamos, mas não gostaríamos. Amigos que sempre lembram da gente para um convite de uma boa comida e uma cerveja gelada ou um copo de cachaça.
Tenho amigas que estiveram bem perto de mim, com suas e minhas pequenas confidências, com seus carinhos que procurava retribuir na medida certa, que trocaram odores e suores comigo.
Tenho amigos/as que me ensinaram a andar, a falar, a comer, a tomar banho, a brincar, a ter amigos, a comer biscoito sempre com leite, a ter responsabilidade, que sempre sabiam o que se passava comigo, independente de eu falar alguma coisa... Amigos/as diferentes, é verdade. Mas, também amigos/as.
Tenho amigos/as que sempre trabalharam comigo. Quer dizer, não “sempre”, mas quando trabalhavam comigo, era “sempre”. Todos os dias, o dia todo... Com esses amigos, também vivenciei, vivencio e, com absoluta certeza, vivenciarei uma infinidade de experiências, não apenas relativas ao trabalho. Além de muitos “muito trabalho”, vivi alegrias pelas formaturas, pelos nascimentos, pelos aniversários, pelas celebrações de festas, mas também algumas tristezas, pelas perdas e partidas, pelas despedidas (principalmente aquelas contra a vontade própria). E o que sempre é melhor desses amigos/as de circunstâncias (o local de trabalho, para muitos, acaba sendo a circunstância) é que sempre nos encontramos por aí. Falar desses amigos precisaria de muitas tantas dessas linhas.
Tenho amigos/as bichos... Sempre os tive, desde que me lembro de ser gente: Xandoka, Dolly, a pequea Xâninha (nome estranho, dúbio, mas ideal para a nossa infância) e, mais recentemente, Janis, Hércules e Kaia. Quem tem amigo bicho sabe o que é ter amigo bicho e quem os conhece pode ousar dizer o quão eles realmente são amigos.
Mas também tenho amigos/as que não sei o nome, ainda que eu possa ousar dizê-los: José’s, Maria’s, Tião’s, Severino’s e Severinas”, Antônio’s e Antônia’s e uma infinidade de nomes, em incontáveis línguas. Estão espalhados pelo mundo.
São amigos/as que nunca comeram na minha casa e nunca me convidaram para um lanche em suas casas, porque nunca nos vimos. São amigos/as que nunca beberam comigo, porque nunca nos vimos. São amigos/as que nunca trabalharam comigo, porque nunca nos vimos. Nunca fomos ao cinema, ao bar, ao teatro, ao show, nunca viajamos juntos, nunca tocamos violão, escutamos música, compomos, nunca criamos animais domésticos juntos, nunca demos apoio um ao outro em momentos difíceis.
São amigos/as que, sequer, sabem que dia é hoje, que existiu um argentino chamado Enrique Ernesto Febbraro que, inspirado na chegada do homem à lua e a possibilidade de fazer amigos em outras partes do Universo, teve esta idéia genial: O dia do Amigo. São amigos que, possivelmente, ainda não viram sentido em lutar, porque o fazem apenas para fugir de seus opressores.
Por causa também desses amigos/as, tenho todos aqueles que falei aqui.

Venham todos... venham todos...
Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

Obs.: Este é um texto que fala de todos os meus amigos/as e, portanto, não caberia lembrar de possíveis “direitos autorais”... Não tenho autoria exclusiva sobre meus amigos/as.

domingo, 13 de julho de 2008

O Universal Circo Crítico... deu na Imprensa: o vício...


Ainda procurando acomodar-me estrutural e socialmente em Belém, procurando concluir um processo iniciado precisamente em início de junho p.p., mas concretamente apenas em início de julho, com a minha nomeação na UFPA e a exoneração no Ministério do Esporte, procurei nos últimos dias dividir meu tempo entre arrumar o novo lar (que, além de ser meu teto, minha segurança íntima é também o local de acolhimento de amigos), conhecer o local de trabalho, receber Hércules, Kaia e Janis Joplin (bem acomodados e latindo para os vizinhos) e aprender a andar na cidade, bela cidade, de Belém. Entre tudo isso, uma lida aqui e outra ali e, lenta e concomitantemente, reorganizando o Universal Circo Crítico...
No meio deste processo todo, lendo a Caros Amigos (uma das três revistas mais importantes e honestas deste país, de mídia catastrófica e medíocre – as outras duas são Carta Capital e Pobres & Nojentas), encontrei um belo artigo de Cesar Cardoso. Com este artigo, inauguro uma das sessões deste espaço que se denominará “O Universal Circo Crítico... deu na imprensa...”. A Idéia é apenas lançar mão de minhas leituras semanais e convidá-los a ler e pensar a notícia.
O artigo de Cesar Cardoso me leva a pensar um pouco sobre o vício e sobre o preconceito. Eu, de certa maneira, com meus cabelos compridos e cavanhaque, mais ou menos deixei de dar valor a possíveis olhares que pairam sobre minha pessoa, principalmente em locais públicos. Certa vez, assistindo um destes enlatados na TV Bandeirantes, uma cena grotesca mostrava que um mal-feitor, fugitivo da polícia em alguma cidade perdida nos EUA, era preso e, conclusão jornalística, era um bandido pois, dentre outros, tinha cabelos compridos. É mais ou menos como os negros e pobres presos, torturados e mortos dentro de casa, por serem negros e pobres... Para a mídia e os valores burgueses de nossa absurda sociedade, se o são (negros e pobres), obvia e inevitavelmente, são bandidos.
Mas o vício tratado no texto em questão é outro: o trabalho. Mas, independente disso, penso que mostra, bem no “fundo do pano de fundo”, que precisamos buscar todos os caminhos possíveis para celebrar, preferencialmente de forma coletiva... T’aí um bom e difícil caminho para abrirmos mão de outros vícios e preconceitos. É uma das possíveis conclusões que tiro...
Com vocês, Cesar Cardoso:

“Tenho 72 anos, minha vida inteira foi entregue ao vício e não sei dizer como ainda estou vivo. Mas sei que perdi meus amigos, me afastei de minha família e acabei com minha saúde. Tudo por causa deste vício.
Sim, eu confesso: sou viciado em trabalho.
Tudo começou na infância. Meus próprios pais me apresentaram ao trabalho. Aos cinco anos, eu já o praticava nas ruas, na frente de todos. Mas nunca uma única pessoa se aproximou de mim pra dizer ‘larga esse vício, vai pra escola’. Ou ‘vai brincar, jogar futebol, você é muito novo para estar metido nesse mundo’.
Na adolescência a coisa só piorou. Eu vivia dizendo que não queria nada com o trabalho, mas a quem eu estava enganando? A verdade é que perdi o controle. Logo engravidei minha namorada e, como meus pais fizeram comigo, botei meus filhos pra trabalhar. Eu passara de usuário a traficante!
Saíamos todos os dias pro trabalho e nunca a sociedade ou algum governo nos deu uma oportunidade de largar essa doença e ter alguma dignidade. Pelo contrário: nos ficharam, colocando nossos nomes em carteiras de trabalho. E nós seguimos trabalhando e trabalhando, numa trágica escalada. Minha dependência era tamanha que quase todos os dias eu ainda ficava fazendo hora extra.
Hoje, o que eu construí? Nada. Não tenho uma casa pra morar, não tenho onde cair morto, vivo de aposentadoria. E nem assim larguei o miserável do vício. Continuo trabalhando e descontando pro INSS.
Por isso eu peço a você que me lê: não deixe o trabalho tomar conta da sua vida e de seus familiares e filhos. Você começa achando que vai ser o dono do mundo. Mas termina na sarjeta, onde eu estou. Porque o trabalho, meu amigo, o trabalho mata!

Cesar Cardoso é viciado em escrever.”
(Caros Amigos – Ano XII, número 135 – junho de 2008)

Venham Todos! Venham Todas!
Vida Longa... Com trabalho e preguiça na medida de cada um!
Marcelo “Russo” Ferreira

Obs: Leia Caros Amigos e não te arrependerás...