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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 13 de julho de 2008

O Universal Circo Crítico... deu na Imprensa: o vício...


Ainda procurando acomodar-me estrutural e socialmente em Belém, procurando concluir um processo iniciado precisamente em início de junho p.p., mas concretamente apenas em início de julho, com a minha nomeação na UFPA e a exoneração no Ministério do Esporte, procurei nos últimos dias dividir meu tempo entre arrumar o novo lar (que, além de ser meu teto, minha segurança íntima é também o local de acolhimento de amigos), conhecer o local de trabalho, receber Hércules, Kaia e Janis Joplin (bem acomodados e latindo para os vizinhos) e aprender a andar na cidade, bela cidade, de Belém. Entre tudo isso, uma lida aqui e outra ali e, lenta e concomitantemente, reorganizando o Universal Circo Crítico...
No meio deste processo todo, lendo a Caros Amigos (uma das três revistas mais importantes e honestas deste país, de mídia catastrófica e medíocre – as outras duas são Carta Capital e Pobres & Nojentas), encontrei um belo artigo de Cesar Cardoso. Com este artigo, inauguro uma das sessões deste espaço que se denominará “O Universal Circo Crítico... deu na imprensa...”. A Idéia é apenas lançar mão de minhas leituras semanais e convidá-los a ler e pensar a notícia.
O artigo de Cesar Cardoso me leva a pensar um pouco sobre o vício e sobre o preconceito. Eu, de certa maneira, com meus cabelos compridos e cavanhaque, mais ou menos deixei de dar valor a possíveis olhares que pairam sobre minha pessoa, principalmente em locais públicos. Certa vez, assistindo um destes enlatados na TV Bandeirantes, uma cena grotesca mostrava que um mal-feitor, fugitivo da polícia em alguma cidade perdida nos EUA, era preso e, conclusão jornalística, era um bandido pois, dentre outros, tinha cabelos compridos. É mais ou menos como os negros e pobres presos, torturados e mortos dentro de casa, por serem negros e pobres... Para a mídia e os valores burgueses de nossa absurda sociedade, se o são (negros e pobres), obvia e inevitavelmente, são bandidos.
Mas o vício tratado no texto em questão é outro: o trabalho. Mas, independente disso, penso que mostra, bem no “fundo do pano de fundo”, que precisamos buscar todos os caminhos possíveis para celebrar, preferencialmente de forma coletiva... T’aí um bom e difícil caminho para abrirmos mão de outros vícios e preconceitos. É uma das possíveis conclusões que tiro...
Com vocês, Cesar Cardoso:

“Tenho 72 anos, minha vida inteira foi entregue ao vício e não sei dizer como ainda estou vivo. Mas sei que perdi meus amigos, me afastei de minha família e acabei com minha saúde. Tudo por causa deste vício.
Sim, eu confesso: sou viciado em trabalho.
Tudo começou na infância. Meus próprios pais me apresentaram ao trabalho. Aos cinco anos, eu já o praticava nas ruas, na frente de todos. Mas nunca uma única pessoa se aproximou de mim pra dizer ‘larga esse vício, vai pra escola’. Ou ‘vai brincar, jogar futebol, você é muito novo para estar metido nesse mundo’.
Na adolescência a coisa só piorou. Eu vivia dizendo que não queria nada com o trabalho, mas a quem eu estava enganando? A verdade é que perdi o controle. Logo engravidei minha namorada e, como meus pais fizeram comigo, botei meus filhos pra trabalhar. Eu passara de usuário a traficante!
Saíamos todos os dias pro trabalho e nunca a sociedade ou algum governo nos deu uma oportunidade de largar essa doença e ter alguma dignidade. Pelo contrário: nos ficharam, colocando nossos nomes em carteiras de trabalho. E nós seguimos trabalhando e trabalhando, numa trágica escalada. Minha dependência era tamanha que quase todos os dias eu ainda ficava fazendo hora extra.
Hoje, o que eu construí? Nada. Não tenho uma casa pra morar, não tenho onde cair morto, vivo de aposentadoria. E nem assim larguei o miserável do vício. Continuo trabalhando e descontando pro INSS.
Por isso eu peço a você que me lê: não deixe o trabalho tomar conta da sua vida e de seus familiares e filhos. Você começa achando que vai ser o dono do mundo. Mas termina na sarjeta, onde eu estou. Porque o trabalho, meu amigo, o trabalho mata!

Cesar Cardoso é viciado em escrever.”
(Caros Amigos – Ano XII, número 135 – junho de 2008)

Venham Todos! Venham Todas!
Vida Longa... Com trabalho e preguiça na medida de cada um!
Marcelo “Russo” Ferreira

Obs: Leia Caros Amigos e não te arrependerás...

2 comentários:

  1. Belo texto, para ser lido e utilizado por nós, nas nossas paradas... Obg por mais essa Marcelo. Bjs

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  2. Aí vao as informações sobre minha participação no pará:

    http://feiratreze2009.blogspot.com/2009/10/seminario-literatura-e-historia-pan.html

    Ainda não sei onde ficarei, mas quando souber dou notícias.

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira