RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Laços...

Era o ano de 1995... já faz um tempo...
Lembrei-me desta canção depois de participar, a cerca de duas semanas, de um evento que reunia, em sua maioria, jovens estudantes universitários e “fotografar” o comportamento coletivo destes jovens. Venho convivendo com eles (jovens estudantes universitários) quase todos os dias, quer em sala de aula, quer em seus locais de prática de ensino.
Vejo os jovens que militam (principalmente em tempos de eleição) e a convicção que os move, de um lado ou de outro, a defender determinado nome, nem sempre com um projeto político claro, concreto, real como pano de fundo.
Vejo os jovens em programas dominicais, em programas de auditório, ambos e outros procurando construir o perfil “Malhação” como o melhor para nossos jovens e, pelo menos estes que assisto, adorando a idéia.
Também vejo os jovens do “dia de hoje”, perfil construído bem ao gosto de uma sociedade imediatista e consumista, em que as ações coletivas se reduzem às formas mais impressionantes: torcidas uniformizadas e fã clubes (capitaneados valorativamente pelos “Fãs de Carteirinha” global) são bons exemplos disso.
Mas também vejo os firmes e invencíveis jovens lutadores do povo e, vendo-os, lembrei-me de uma viagem em que cerca de 46 jovens estudantes universitários retornavam de um Encontro Nacional de Estudantes de Educação Física. Os olhares para o que acontecia na Estrada, em que, a cada passagem em pequenas cidades/vilas nordestinas, reparávamos (e alguns angustiavam-se) nas pessoas que pediam comida e dinheiro: crianças, adultos, idosos até e jovens... outros jovens.
Entre conversas e falas coletivas sobre o que assistíamos, um violão (sempre ele) foi para o meu colo e, quase sem perceber o tempo que isso levou, lá estávamos a construir uma canção de jovens, uma canção de esperança, uma canção de não apenas olhar para o futuro, mas comprometer-se com ele, ideológica e politicamente. Alguns destes jovens persistiram neste caminho, com todas as suas contradições. Outros, caminham no seu dia-a-dia... não os condeno, de maneira alguma. As garras e artimanhas no Projeto Histórico Capitalista são cruéis e obscuros... Mas a canção, ah! a canção...
Apresento, “Laços”.

“No meio de uma multidão de jovens / Poetas que procuram razões. / Emoções a flor da pele. / Viajam mil léguas / e passam por culturas em uma canção.

Se quiseres vir com a gente / seremos poetas e amantes da canção. / Se quiseres vir com a gente, / rasgue a camisa e nos mostre o coração.

E nessa busca nos expomos / aos efeitos da ilusão. / E nos encurta os caminhos, enamorados, / e nos enganam os corações. / Aos nossos corações.

O mundo passa / e nele, conflitos despertam união. / São passos que levam / pessoas distintas à critica.

‘Somos vida, somos laço, / que no desembaraço / não existirá uma reta, / mas uma simples relação concreta, / que exposta ao tempo, / se romperão os falsos argumentos, / Trazendo fertilidade aos nossos movimentos.
Nós ficamos e buscamos um novo mundo. / Alegria, amor, tesão, liberdade. / É o nosso grito de canto: / Terra, linda Terra, Fértil Chão. / A luz que ilumina os nossos / caminhos fortalecem a união.
Venham conosco nessa luta / constante de paz, amor e paixão. / E sejamos forte para combater as desilusões.’
... somos vida, somos laço.”


Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... um aniversário...

Todo ano é a mesma coisa... mas não chega a ser a mesma coisa. O que é a mesma coisa é que é o dia do meu aniversário, ou seja, é o dia em que, a cada ano, celebramos mais um ano, mais uma primavera (literalmente), o dia em que mainha me apresentou ao mundo (mesmo que meus olhos estivessem fechados), o dia em que...
Mas, sempre tem o diferente, sempre existem diferenças peculiares, importantes, daquelas que não dá p’ra esquecer mesmo. Desde aqueles 10 anos com bolo, velinha, refrigerante e pega-pega na frente de casa até os 38 (último), com uma boa e longa cerveja, numa mesa de bar (no Círculo Operário do Cruzeiro), com os amigos e com as amigas.
De um tempo p’ra cá, também passei a fazer coisas singulares, talvez até particulares, neste dia em que fui aprendendo, aos poucos, a celebrar, para além daquela relação materialista de “dia de ganhar presentes”.
O 22 de setembro, assim, passou a ser também um contínuo dia de celebrar aprendizados. Esses, todos os dias marcam nossa história, pequenos, singelos, com jeito de insignificante, grandes que são pequenos, objetivos e subjetivos, impares e únicos, permanentes, os de sempre (até aprendermos) e por aí vão nossos muitos aprendizados. Dias 22 de setembro’s intensos e outros calados, circunscritos à minha necessária introspecção.
O 22 de setembro também é um dia de buscar AQUELE livro, AQUELE CD. Ah! Esses eu lembro sempre. Foi num dia assim que fui atrás de “Os saltimbancos” do Chico Buarque que, quando criança, escutávamos (eu, minha irmã, mainha, painho) no toca-disco de casa, ou no toca-fita do carro, o bom e velho maverick verde de painho... Cantávamos as músicas, todas elas, de ponta-a-ponta. Adorava aquela assim, bem rock’n’roll “A cidade ideal de um cachorro/ tem um poste por metro quadrado/ não tem carro, não corro, não morro/ e também nunca fico apertado”. Anos depois fui saber qual era a do cachorro não ficar apertado numa cidade cheia de poste... E também foi num dia assim que comprei um CD de Jon Anderson e Kitaro, chamado Dream, uma viagem musical fantástica. Levantado do Chão, de José Saramago “foi-me dado por mim” num 22 de setembro, assim como “Batismo de Sangue” do Frei Betto, este comprado num sebo, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio em São Paulo.
Lembro de um 22 de setembro divertidíssimo, na escola em que trabalhava, o saudoso e imponente (por seu projeto) Projeto Nossa Escola. No início daquele mês, passei em todas as salas e coloquei o meu nome (Tio Marcelo) no quadro de aniversariantes do mês. Vantagens de ser professor de Educação Física e dar aulas para várias turmas. Ah! Parei a escola... Só de bolo, foram dois. Flores, bombons, perfume (hein? Ué? Por que?), caneta, camisa, beijos, beijos, beijos... Mas, o que foi lindo (e divertido) daquele dia foi a intensidade, o quão era ímpar e gostoso a relação com meus pequenos alunos, meus pequenos lutadores do povo, intensamente.
Nos meus últimos anos, os que vivi em Brasília, foram também 22 de setembro’s de descoberta das pessoas, as que trabalhavam comigo, as que conheci e construí forte e linda amizade, também fora do trabalho. E era fantástico, porque, no final-das-contas, a gente sempre fazia aquela torta de chocolate, uns pãezinhos e salgados, uma vaquinha para um presente (perfume? De novo? Tem alguma coisa cheirando mal...), mas era como se fosse só com a gente que acontecesse isso. E, depois, celebrar com todos e outros tantos, ou no Círculo Operário do Cruzeiro, ou no Pescoço de Peru.
Houve um 22 de setembro, ainda em São Paulo (orra meu!) que passei trabalhando. Quer dizer, foram muitos 22 de setembro que passei trabalhando. Mas, naquela oportunidade, eu trabalhava no interior de Minas Gerais todo o final de semana e, naquele ano, lá estava eu, monitor de recreação, em um Hotel na Serra da Mantiqueira. Eu e um amigo, também monitor... Ganhei(amos, na verdade) um vinho da gerente do Hotel e o abrimos, com salgadinho (que crime) e um pão, no lado de fora do nosso quarto. E tome conversa sobre nosso trabalho, nossos amores, a família, o planeta, a amizade, nossos cachorros... e, ao final do segundo vinho (compramos este) já estávamos chorando e dizendo juras de amizade um com o outro. Impressionante o que faz duas garrafas de vinho em dois jovens de 21 anos de idade.
Em época de Internet, orkut, blog etc. é até legal esse lance de fazer aniversário. Todo mundo “se lembra” do seu aniversário. Sim, eu também lembro do aniversário de todo mundo... Tá no orkut. E não é que esquecemos dessas pessoas, mas, acabamos nunca lembrando dos aniversários de nossos amigos. Mágico esse orkut. Se, até a data de seu aniversário, o(a) camarada entrar no seu perfil, lá está a nossa foto no campo “aniversariantes do dia”... Adoro isso!
Mas o 22 de setembro é, também, realmente o dia em que nossa introspecção nos visita e nos alerta: “ainda há muito o que aprenderes, bravo guerreiro!”. Ainda que eu faça isso sempre (ou quase sempre).
E que bom que, em meu 39º aniversário, continuo tendo professores e professoras, pertos e distantes, amigos e mui amigos, deste lado ou do lado de lá de nossas trincheiras e que, de um jeito ou de outro, me ensinam todas as artes e as músicas, todas as lutas e as batalhas, todas as vitórias e as temporárias derrotas.
Neste 22 de setembro, celebro minha história, que só o é, pelas pessoas que habitam-na.

Venham todos... venham todos...
Vida Longa!

Obs.: Hoje, também é 22 de setembro para minha mea-irmã, Silvinha. Mundo pequeno esse...

domingo, 14 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Triste Comédia...


Era o ano de 1986... Longe, longe, longe...
Recordo que, poucos anos antes, eu havia tomado uma postura de “inxirimento” no velho Del Vecchio de minha mãe, um violão vistoso, com uma acústica linda que, com certeza, anos mais tarde me daria mais precisão musical, se bem investido. Mas, lembro que esse movimento de descoberta deste instrumento, em pouco tempo, me levou a tentar coisas minhas. Reconheço que me deliciava e até fazia planos com aqueles ajuntamentos de três ou quatro notas – aparentemente sempre eram simples – e a pequenas viagens nas primeiras letras. Bobinhas, recordo... mas que foram, vez por outra, se qualificando e, daquele período, resgato coisas escritas com criticidade e profundidade que incitavam significativa maturidade e, coisas de adolescente, inflexões.
Em 1986, estava no que chamávamos de 2º colegial... Tinha uma garota na minha turma à qual eu era apaixonado. Mas, não deu certo. Recordo até que cheguei perto, mas a ansiedade me traiu. Era também um ano de crescimento como atleta (fazia remo) e, mesmo que não competindo nesta modalidade oficialmente, tinha ótimos resultados em outras modalidades na escola, principalmente nas competições individuais, momento em que obtia pequenos, mas significativas expressões de respeito (doce ilusão de adolescente). E, naquele ano, tinha amigos que topavam tentar uma banda... Eduardo (que seria o baterista do Afã, alguns anos depois) e Sandro Ricardo, que tocava baixo... Eu tinha uma guitarra Bergman que, segundo minha memória, era de uma fabricante pequena nacional.
Mas, nesta canção que apresento, a guitarra não se fez presente. Apenas o velho e fantástico Del Vecchio de mainha. Penso que, com os devidos “equívocos” de interpretação da história da humanidade, era uma das primeiras músicas que entravam em meu campo crítico de compor e, talvez ainda sem perceber, já adotava uma das personagens da ironia mundial que compõe meus imaginários mais críticos e criativos: o palhaço.

Apresento, “Triste Comédia”... Lembrem-se! Foi escrita no alto de meus 16 anos. Ainda não me incomodava a mania de compor sempre com versos.

“Lá vem o palhaço / cheio de alegria. / Junto com seu povo / numa utopia. / Vem então uma flor, / Rosa de Hiroshima. / E o palhaço viu / que o seu povo temia.
Temia por uma coisa que nunca viu. / E que em pouco tempo se expandiu. / E logo o palhaço então chorou, / Pois viu que o seu povo se acabou.
Num mundo que em sete dias se formou / e em cinco segundos se acabou. / E logo uma pomba então se perdeu / no meu de pombas de ferro.
Mas um só jovem sonhou. / E em um palhaço se transformou. / E a pomba suas asas bateu / e os jovens então se uniram.
E as pombas de ferro caíram. / Caíram e logo explodiram. / Mas uma flor se formou, / e suas espinhas soltou. / E o cinza que é cor de fumaça, / de fumaça a flor se formou.

Lá vem o palhaço / cheio de tristeza. / Junto com seu povo / agora, uma pobreza. / E a rosa já se formou / e suas raízes ficaram. / E o palhaço viu / que sua platéia morreu. / E a triste comédia se formou, / pois sua platéia morreu. / e o palhaço então chorou, / pois sua platéia morreu. / E logo o mundo se dividiu, / pois sua platéia morreu. / E a triste comédia se formou, / e o palhaço então sua lágrima deixou”


Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!

Obs.: Essa, como outras, é uma canção de minha vida. Está registrada em cartório comum.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Círculo Operário do Cruzeiro...



“Ao sair do caroço do tucumã/
a noite criou os boêmios/
poetas e loucos/
que navegam nos rios da amizade/
a cultivar histórias e fantasias/
que adormecem com a aurora”
(Éder Jastes)



De repente, mas não tão de repente assim, chega a sexta-feira. Pelo mundo afora, no seu sentido cotidiano de trabalho “bancário”, é o dia em que nos preparamos para o fim-de-semana. Da sexta para o sábado, aquela sensação de “liberdade”, afinal, no dia seguinte é sábado.

Já vi muito de sábados serem aqueles dias em que tentamos dar conta daquilo que não tínhamos condição de dar durante a semana: tarefas domésticas, feira, comprar roupa para as crianças, banho no cachorro, deixar o terno para lavar na lavanderia, arrumar o carro ou a bicicleta (sua ou do filho), preparar o almoço, lavar louça, estudar... No final do sábado, lembramos que ainda podemos dormir tranqüilos, pois o dia seguinte é domingo e, ainda, dá para dormir um pouco mais e esticar a preguiça.
Já falei do domingo em outras oportunidades e, quanto mais perto chegamos da hora do Fantástico, mais caímos naquela sensação de que “vai começar tudo de novo” e assim seguimos a vida, anos a fio.
Mas, e se começássemos a sexta-feira diferente? Se a sexta-feira fosse não apenas uma “hora feliz”? Se a sexta-feira fosse um constante encontro com nossas raízes, não importa onde elas estejam? Se fosse um encontro certo, quase marcado (mas sem rotina) com a poesia popular? Se fosse um encontro em que o trago nosso de cada dia – “(...) que a gente vai levando de teimoso e de pirraça / E a gente vai tomando, que também sem a cachaça ninguém segura esse rojão” – fosse algo quase que religioso, ritualístico? Se fosse um encontro em que cada abraço, cada aperto de mão, cada beijão, cada “E aí, velho?”, “Olá, meu amor!” fosse dito do fundo do coração, que até chega a bater mais rápido? Que um chamar p’ra dançar seja um chamar p’ra dançar, que um cantar mais alto seja uma vontade louca de cantar mais alto?
Um lugar em que a sexta-feira nos fosse brindada com Raul Seixas, Zeca Baleiro, Ednardo, Amelinha, Caetano, Gil, Baianos e os Novos Caetanos... Que a gente pudesse cantar “eu quero é botar, meu bloco na rua!” com a mesma energia e alegria com que cantamos “eu tava triste, tristinho!”...
Um lugar que, também, fosse a síntese e a expressão de luta dos trabalhadores. Em que auto-organização e trabalho coletivo tem não apenas sentido e significado, mas concretude e emoção. E que, além disso tudo, fosse espaço de alfabetização de jovens a adultos, democratização da informática, serigrafia e artesanato, Biblioteca Comunitária e, tudo o que eu falei até agora, de Sextas Populares!
Eis o Círculo Operário do Cruzeiro, um tempo e espaço, um gentes e pessoas, um música e poesia que me acompanhou durante quatro, dos meus cinco anos em Brasília. Espaço que levei muitos amigos a conhecerem e, unanimemente, se encantaram com tudo o que acontece lá dentro. Um lugar do qual saímos, ao final de cada visita de suas Sextas Populares, e voltamos para nossas casas rejuvenescidos. Pense... Sairmos à noite, para dançar, cantar, beber (sim...), comer, namorar, abraçar pessoas, rir, chorarmos, conversarmos e, principalmente, voltar inteiros, com nossos corações repletos de energia e, ao mesmo tempo, de saudade, não vendo a hora de nos encontrarmos novamente.
Há muito tempo devo essa homenagem: celebrar um espaço de profunda humanização cultural em pleno Planalto Central. Existem outros, com certeza. Desde espaços abertos, até as casas de nossos amigos. Mas esse foi o tempo-espaço que me fez bem, que me fez voltar ao violão e encarar o desafio de experimentar o baixo. Que me fez feliz...

Vida Longa às Sextas-Populares!
Vida Longa ao Círculo Operário do Cruzeiro!
Vida Longa...!

Venham todos... venham todos...


P.S.: Para você que está em Brasília, o Círculo Operário do Cruzeiro funciona sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês. E, neste próximo dia 12, estaremos lá novamente, curtindo Sérgio Pereira... Entrada/couvert artístico a R$ 3,00!!!! Nos vemos lá...

O Universal Circo Crítico... Elefantes, cães e pessoas...

“Quem olha pra mim / me vê feliz /
não sabe o que é duvidar /
viver de amor até o fim /
não quero mais chorar”

(“Viver de amor” – Toninho Horta e Ronaldo Bastos)


Revista Carta Capital, nº 510, página 50... A coluna estilo fala de Jenny, uma elefanta de 32 anos da família Proboscidea, agonizando em depressão desde que seu companheiro faleceu após uma parada cardíaca. Acrescenta-se o fato de ser uma elefanta retirada de seu habitat na África, embarcada em navio (quase) negreiro (como eram transportados escravos do mesmo continente às Américas) e que viveu anos de abusos e maus tratos em um circo americano.
Kaia, Hércules e Janis Joplin... três cães, todos mestiços, que convivem comigo há cerca de dois/três anos. Quem tem cães sabe o quanto são fiéis, o quanto confiam em você (dono). É verdade que existem cães que “dominam” seus donos, mas isso é próprio da relação estabelecida e, principalmente, compreendida entre ambos.
Stella Maris... pense numa mulher que faz um homem mostrar como preguiça e amor são coisas comuns e inseparáveis... Dorival não agüentou a distância de sua companheira de uma vida toda e também partiu. Dias depois, veio buscá-la, pois onde estava (mesmo com Tom, Elis, Vinicius e uma tuia de gente boa), sentia falta de alguém especial ao seu lado, mesmo que para aproveitar melhor os seus re-encontros celestiais.
Essas três histórias (uma de meu próprio cotidiano, pois são meus cães) vieram recentemente bater meu coração e minha’lma, quase que ao mesmo tempo. Uma bela mensagem de uma pessoa querida, uma matéria de uma revista semanal, lida ao lado de Kaia, Hárcules e Janis, que me faziam companhia. E, deste momento até hoje, fiquei pensando sobre o que é que existe de comum entre estas histórias.
Três histórias diferentes, bem diferentes, uma da outra, pois envolvem elefantes, cães e poetas/músicos. Mas todas elas marcam algo que, parece, vai se perdendo cada vez mais em nossos tempos pós-modernos: história. História? Sim, história... Não há amor sem história, não há cumplicidade sem história... Nem solidariedade, nem esperança, nem companheirismo, nem verdade, nem humildade, quanto mais luta, verdade (essa é revolucionária)...
É interessante pensar sob este prisma, considerando que esta, a história, já teve em tempos recentes, o seu fim decretado, o fim da história (de jeito nenhum), o fim de homens e mulheres construírem e lutarem por idéias comuns de homem, mundo e sociedade... e animais. É verdade que os animais não olham para a história, não vêem o amanhã e, penso, não sabem que irão morrer.
Hum... talvez!
Jenny está certamente em depressão, seu parceiro partiu, ela o viu caindo fulminante ao seu lado e, possivelmente, o viu sendo retirado, levado para longe, um longe que ela não sabe onde é. Ela talvez “aguarda” o seu retorno, assim como aquele cãozinho que, vendo seu parceiro caído no meio da rua, desfalecido, ficou do seu lado, impedindo que homens e automóveis o atingisse, até que ele, seu parceiro, pudesse levantar e seguirem, juntos, suas aventuras a latas de lixo e “cinemas de padarias”. É... talvez, que não saibam que irão morrer, mas percebem que partiu seu parceiro, sua parceira e, da mesma maneira que homens e mulheres que amam, não estão dispostos a deixá-los.
E é assim, acho, que vejo o amor. Sem deixar de pensar em elefantes, cães e poetas e poetizas, músicos e instrumentalistas, cantores e atores...

Vida Longa ao amor...!
Vida Longa...!

Venham todos! Venham todas!

Marcelo “Russo” Ferreira