“Acontece
cada vida
na
coisa da gente”
(Ditado popular?)
Mas
é exatamente assim... Não sei (talvez não saibamos) se foi uma brincadeira
popular de quem escutava a frase “acontece cada coisa na vida da gente” que, ao
perceber que algumas dessas “coisas” eram muito maiores do que a “vida” e
resolveu colocá-la na ordem certa.
Não
mais do que aos meus nobres amigos Josafá e Etiene (que já saudamos aqui com a
chegada de Vinícius - http://www.ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2011/01/conversas-ao-pe-de-ouvido-de-vinicius.html),
ao Universal Circo Crítico também cabe essa manifestação... As vidas que chegam
e se vão parecem maiores do que nós...
Assim
foi com Cecília... que chega e se vai... e aos nossos artistas e público, a
sensação de que não sabemos mais falar ao pé de ouvido de nossos/as pequenos/as
Lutadores/as do Povo que chegam e, ao mesmo tempo, ter que dizer “Lá vai...”
Talvez
tivesse chegado como um canto de Victor Jara (que também nasceu em um 28 de
setembro)... talvez tivesse partido com um fado de Amália Rodrigues (que cantou
seu último fado em um 06 de outubro).
Lutadores
da Causa Trabalhadora do Campo e da Cidade, a memória dos escravos (e ainda
escravos) de nosso país tão castigado pela ausência do Estado, a resistência de
povos pequenos contra grandes países imperialistas (de hoje e do século
passado), a chegada de Mafalda (tira de quadrinhos argentina), países se
tornaram independentes... o Mundo, a história, a humanidade viu, assistiu,
testemunhou inúmeras façanhas, conquistas e absurdos ente esses dois dias...
Entre os dias de nossa conversa ao pé de ouvido de Cecília e nossa celebração: “Lá
vai Cecília...”
Mas,
à bem da verdade, nossos Artistas e nosso Público está consternado. Saudar é
sempre, para nós, celebrar! Despedir-se também...
Mas,
como diria também outro ditado popular, “cada qual com seu cada qual”...Sua chegada, Pequena Cecília, provoca em
nossos artistas e públicos, todos e todas aprendizes de Lutadores e Lutadoras
do Povo (ou não), o sentimento firme e convicto deste picadeiro, desta lona de
circo furada: a que sempre valerá a pena lutarmos pelo que lutamos e,
principalmente, por quem lutamos.
Afinal...
como um mundo de tanta tecnologia, de avanços científicos inimagináveis a
maioria absoluta de nossa humanidade não consegue fazer valer a vida? Nós,
particularmente aqueles que não se envergonham de se manifestar como aprendizes
e sempre Lutadores e Lutadoras do Povo temos uma resposta: porque não serve à
humanidade, não serve a vida.
Temos,
humildemente, essa capacidade. E, como hoje, contraditória capacidade:
tornarmo-nos mais fortes em nossos propósitos e em nossa luta. Tornarmo-nos mas
conscientes de nossa indignação e, portanto, de nossa capacidade única (e de
classe) de termos esperança...
Chegaste
no dia de Victor Jara e que também passa a ser Dia de Cecília... para nós. Partiste
cedo, levada pela canção portuguesa, o fado.
A
nós, a certeza de declamar, fortemente, de nossos corações revolucionários:
VIDA
LONGA A CECÍLIA!
De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito /
momentos do infinito /
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto./
são as metas deste canto./
O que vejo nunca vi,
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento...”
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento...”
(Victor Jara, Estádio de Chile,
Setembro 1973).
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira