"None of us are free, one of us are chained. /
None of us are free. / If you just look around you,/
your gonna see what I say./
Cause the world is getting smaller each passing day./
Now it's time to start making changes,/
and it's time for us all to realize,/
that the truth is shining real bright right /
before our eyes.”
(None Of Us Are Free – Solomon Burke)
(Nenhum de nós é livre, Se um de está preso /
Nenhum de nós é livre / Se você apenas olhar a sua volta /
Você verá o que eu vejo /
Pois o mundo esta ficando menor a cada dia que passa./
Agora é a hora de começar a fazer mudanças /
E a hora para todos nós realizarmos /
Essa verdade está realmente brilhando /
diante de nossos olhos.)
Um clássico de jazz contemporâneo...
Uma canção que canta o óbvio: Nenhum de nós poderá dizer que é livre, verdadeiramente livre, se um de nós estiver preso.
Há alguns dias venho conversando com uma pessoa deveras distante e importante. Algo interessante desta longa amizade: nos conhecemos por um processo de militância virtual. Nos conhecemos sem nos conhecer pessoalmente, apenas nos debates que surgiam por aí, em listas de discussão, sobre temas de toda ordem. E somos amigos imprescindíveis.
O tema da conversa: preconceito. E minhas reflexões, enquanto trocava reflexões com ela sobre como o homem (bicho-homem, homem-coisa, homem-objeto, homem-Outro e por aí vai) consegue aprender as mais absurdas, imbecis, idiotizantes manifestações e valores da humanidade (e aprende, porque procura evoluir (n)esses valores, achando que está evoluindo) me lembraram desta canção chamada “Nenhum de nós é livre”.
Daí, nada como a música, sempre inspiradora de minhas reflexões mais profundas, para dizer-nos uma verdade (e não conhecemos essa canção, tão fantasticamente interpretada pelo 70tão Solomon Burke, americano “soul” da Filadélfia... mas o lixo que a industria cultural joga em nossas casas todos os dias, esse sabemos – eu não – de cor): “Não seremos livres enquanto um de nós estiver preso”.
Mas, quem é este um de nós? E é aí que a reflexão vai longe em viagens que necessitam, inclusive, dizer “quem NÃO é um de nós”?
Não é um de nós apenas os donos do poder, da imprensa (e da prensa desta), dos meios de comunicação e daqueles que permitem (e se permitem) o emburrecimento alheio para proveito próprio.
O que aprisiona pessoas que deferem (e ensinam seus filhos a repetirem isso) ofensas, valores, evasivas das mais absurdas a uma mulher que é mãe solteira, simplesmente por ser mãe solteira, talvez sejam as mesmas grades que, em época de eleições, nos empurram candidatos ao legislativo nacional ou estaduais que simplesmente nos deixam perplexos tanto pela estapafúrdia candidatura (exemplo disso é a candidatura da personagem Tiririca, pelo PR de São Paulo, a deputado federal – basta uma pesquisa no Youtube), quanto pela real possibilidade de serem eleitos.
Nos aprisionamos pelo preconceito a uma mulher que foi vítima de seu amor juvenil, assim como nos aprisionamos pela “desvontade” de pensar um país com a necessidade de profundas e coerentes transformações, ao ponto de, por um lado, apontarmos o dedo para uma pessoa e dizer o que não sabemos dela e, ao mesmo tempo, entregar minha manifestação para o fazer político brasileiro a um artista (EM sua personagem) que diz “não sei o que vou fazer lá, quando descobri, eu te falo”.
Somos prisioneiros, e não sabemos. E não sabemos, como diria Rosa Luxemburgo, porque não nos movimentamos e, assim, não sentimos as correntes que nos prendem.
Com isso, perdemos mais do que a oportunidade de conhecer pessoas que lutaram muito para que seus filhos crescessem com dignidade ou de realmente construirmos um parlamento do povo, com o povo e para o povo. Perdemos nossa capacidade de pensar e de lutar pelo bem comum, pelo que serve a todos... e quando falo “todos”, falo dos que estão do lado de cá, os que são “um de nós” e que ainda estão presos.
Mas, não há porque se entregar. Nossa reflexão não é “derrotista”. Nossa reflexão é militante e aprendiz. Conversas por aí, são assim... nos levam a continuar pensando e a continuar lutando. Não importa o que digam de nós.
Venham todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira