RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 27 de novembro de 2011

E lá vai Seu Bastião...


“Por sorte somos todos os infernais /
E agora eu vivo em paz /
O mundo é bão, Sebastião /
O mundo é bão, Sebastião” (Não Reis)

            E lá vai Seu Bastião...

Pois é, foi em 13 de novembro...
Foi em 13 de novembro que, parece-me, a última gota de estrela que cruzou os céus do Canadá até o México passou...
Eu não estava lá... E na internet – que nem sei muito se ele era adepto – tem-se notícia de que lá pelas bandas de 1833, uma “chuva de estrelas” foi vista naqueles céus.
Mas sabe como é, né? Chuva assim, das grandes, que não passa no Pará, não é chuva. E tem hora p’ra chover, não importa se é de dia ou de noite.
Uma chuva que dura 178 anos é algo inimaginável... Mas, sim, pelos céus de nosso Circo, aqui dentro da lona (porque coisas assim, magníficas, espetaculares, revolucionárias acontecem em lugares como o nosso), uma chuva terminou 178 anos depois e com a gota mais importante.
E lá vai o Velho Bastião...
Diz a lenda que sua partida, como última gota da chuva de 1833 foi tão sentida, que o Papão se aperreou e não subiu para a segundona... Sei não, acho que é responsabilidade demais e “desculpa” boba de quem não soube viver o quanto o Velho Bastião viveu. Bastião subiu, o Papão ficou.
Lá vai seu Bastião... vai cantar forró com um cabra de uma terra boa, terra do Velho Hiram, caicoense de primeira linha. O bom forrozeiro Elino Julião (que também já foi) é de 13 de novembro e, mesmo nordestino, mesmo forrozeiro, também falava da terra do Velho Bastião:
““Carimbo vem de lá de Belém / Porque lá é que tem carimbo verdadeiro
Carimbo / que a moçada se embala / Começa na sala que vai pro terreiro”
Lá vai Seu Bastião...
O Universal Circo Crítico, seus artistas, seus aprendizes de lutadores do povo, seu público sempre estimado presta sua homenagem...
O Mundo á bão, Sebastião...
Não ficou tão bom, neste dia.
Mas, resolvemos festejar sua vida em nossas vidas que, inquestionavelmente, sempre deixavam o mundo... bão!

Vida Longa ao Velho Bastião!
Vida Longa!

Venham Todos!
Venham Todas!

Marcelo “Russo” Ferreira

Conversa ao pé de ouvido de Davi Samuel...


“O menino quer um burrinho /
que saiba inventar histórias bonitas /
com pessoas e bichos /
e com barquinhos no mar./
E os dois sairão pelo mundo /
que é como um jardim /
apenas mais largo /
e talvez mais comprido /
e que não tenha fim.”
(Cecília Meireles)



            Salve, Salve, Pequeno Davi Samuel...
            Seja bem vindo nosso mais novo Pequeno Lutador do Povo...
            E, claro, da parte desta humilde e lutadora lona, nasce com sangue de pequeno lutador do povo.
            Temos uma enorme honra e alegria, pois seus pais, Robson e Zaira, lutadores do povo que são, são, também, padrinhos desta nossa lona. São como artistas de todos os dias e de todas as lutas, de todas as “tiragem de poeira” e conquistas.
            Nossa alegria com a sua chegada é, verdadeiramente, imensurável.
            É Davi Samuel, e de seu nome de origem duplamente hebraica, temos nossa “bença” para seu espírito leal e ousado que seu nome trás em marca. Lealdade, como um princípio humano da maior importância e ousadia no sentido dado por um grande mestre dos ensinamentos dos lutadores do povo, Lênin, a quase um século profetizou: “a ousadia é o que dá sentido à vida!”... Em sendo verdade, e entendemos que sim – e a verdade é revolucionária – chegaste para dar sentido a todos nós, artistas e público do Universal Circo Crítico.
            E nossas conversas ao pé de ouvido, pequeno Davi Samuel, é sempre um enxerimento à parte. Oras, chegamos quietinho, de mansinho, falando ao ouvido pequeno, sem pedir licença!
            P’ra que licença? Nós vamos é de repente, em nossa homenagem a sua chegada e ao Aniversário de 25 anos da Casa do Cantador do Brasil.
           
“Na casa de meus compadres,
Nego Bob e Dona Zaira/
Nasceu mais um de seus herdeiros
E quem nasce, sabe, ainda que não ensaia/
Pequenino, ousador...
Mistura de lealdade/
Davi é Samuel e será grande na flor da idade...”.

            A Casa do Cantador do Brasil, Pequeno Davi Samuel, é nossa expressão de uma importante lição que queremos deixar aqui. A lição de cultura popular e nacional que os cantadores repentistas e poetas de cordel nos dão, de literatura e luta dia-a-dia. E a lição de um grande home, Oscar Niemeyer, secular e comunista, como está circo se pretende e é. E nesta troca assim, solfejada no cantinho de nossa lona, cantamos esta pequena e primeira lição.
            Nas história de seu dia, pequeno Davi Samuel, Tivemos Napolão e o Golpe do 18 Brumário da Revolução Francesa, a Fundação de Mossoró – no Rio Grande do Norte – o Camboja se declarando independente da França e a queda do Muro de Berlin... fatos de nossa história que falam de um mundo complexo, mas ainda dirigido pelo capital, pelo pensamento econômico onde as coisas valem mais do que as pessoas. Talvez com menos ímpeto na fundação da Terra do Sal (Mossoró). Mas, ainda assim, em nossas terras brasileiras, a “criação” de um município e de um Estado sempre tem, como sujeitos de desejos, alguns poucos gatos pingados, poderosos, ricos e, claro, enormes interesses privados e econômicos.
            Além da alegria de sua chegada, pequeno Davi, outros chegaram em outros tempos da história. A poesia e a literatura nos deram Ivan Turgeniev e a demonstração do quanto que as obras que estão fora do eixo europeu são importantes e significativas. Em um outro 9 de novembro, também ganhamos para as letras o escritor húngaro Imre Kertész, Nobel da Literatura em 2002 por uma escrita que confirmava a frágil experiência do individuo à arbitrariedade bárbara da história.
            Que as letras lhe sejam inspiradoras, Pequeno Davi e que também possam mais do que manifestar a barbaridade da humanidade sob a égide do capital, nos tragam esperança, luta, solidariedade, ludicidade...
            O Nove de novembro, pequeno Davi... Dia de música também...
            Tom Fogerty, guitarrista e vocalista principal do Creedence Clearwater Rivival, uma “bandaça” de rock dos anos 60 e 70. Há, Davi, este artista aqui não nega suas raízes musicais que perpassam o rock’n’roll. Mas diga lá, “I want to know, have you ever seen the rain? / Comin' down on a sunny day” (“Eu quero saber, você alguma vez viu a chuva? / Caindo em um dia ensolarado?”).

            Mas as bandas de cá também cantaram e, com um cara que, lamentavelmente, expressa – como só a humanidade consegue fazer – a falta de memória de um povo. E por isso que sempre lutamos com artistas de muitas outras lonas, pela memória, pela cultura popular, pelos nossos compositores. Um poeta, cantor e músico brasileiro nasceu, também, em um nove de novembro: Torquato Neto.
Parceiro de nomes que sempre gostamos de cantar por aí, um dia, lá pelas bandas dos anos 70, ele dizia: "Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela (…). Quem não se arrisca não pode berrar."

“Você me chama / Eu quero ir pro cinema
Você reclama / Meu coração não contenta
Você me ama / Mas de repente / A madrugada mudou
E certamente / Aquele trem já passou
E se passou, passou  / Daqui pra melhor, foi
Só quero saber do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder”
... pois é, do Torquato Neto...

            E também é dia de Cecília Meireles, em que pese “declamarmos” sua despedida neste dia. Mas, deixa estar, pequeno Davi. Afinal, foi Cecília que presenteou nosso povo – e seus pequenos – com a primeira Biblioteca Infantil do Brasil... de Cecília, nossa pequena viagem na abertura deste papo ao pé de ouvido...
            Mas, queríamos a todo custo, com toda vontade, com nosso ímpeto de sempre sermos aprendizes, não deixar de trazer – ainda que não em um nove de novembro – uma lição revolucionária: durante todo o processo revolucionário, em Cuba, o Comandante Che sempre defendeu a importância de todo o povo cubano estudar... e jogar xadrez.
            Pois bem, pequeno Davi... foi em um nove de novembro que nasceu um dos maiores campeões de xadrez do mundo: Mikhail Tal... Estudos e estratégias, essa é uma lição para toda a vida.

            Seja Bem Vindo, Davi Samuel...
           
            Venham Todos!
            Venham Todas!

Vida Longa a Davi Samuel...

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Da arquibancada e a Universidade...


“Para estufar esse filó / Como eu sonhei / Só / Se eu fosse o Rei / Para tirar efeito igual / Ao jogador / Qual / Compositor / Para aplicar uma firula exata / Que pintor / Para emplacar em que pinacoteca, nega / Pintura mais fundamental / Que um chute a gol / Com precisão / De flecha e folha seca”
(O Futebol – Chico Buarque)

A primeira manifestação de nossas palavras, nossas viagens, ainda nos tempos do maravilho ArcaMundo, lá, pelos idos de 2007, foi sobre futebol... de rua. Após um ano de convivência com os demais artistas daquele espaço – em que sempre nos pronunciávamos com o “Síndrome do Fantástico...”, haja vista ousarmos escrever sempre aos domingos à noite – levantamos nossa lona e nosso espetáculo e inauguramos o Universal Circo Crítico.
Mas, naquela inaugural oportunidade, escrevíamos sobre o nosso Futebol de Rua e como ele acontecia nos bons tempos de Santa Terezinha, um bairro da Zona Norte de São Paulo. Sim, bons tempos...
Mas, o importante de resgatar aqueles tempos (e não, necessariamente, o texto de’ntão) é o que nos move atualmente.
No Universal Circo Crítico temos artistas e público de todo tipo, de toda história, de toda manifestação de trabalho. Somos professores, engenheiros, assistentes sociais, arquitetos... alguns até artistas, palhaços de verdade. E, dentre este tanto que sempre passa por aqui, temos aqueles que atuam como docentes no campo da Formação Superior em Educação Física (labuta de fato deste “escribador”) e outros tantos discentes.
Alguns de nós estão na Universidade Federal do Pará, casa que me acolheu em 2008, após passar pelo processo seletivo necessário. Alguns de nós andam angustiados e, que contradição, justamente pelo caminho que esta casa, a Universidade Federal do Pará, vem tomando justamente no campo de conhecimento que nos identifica (estes “de nós” que mencionei): o Esporte e o Lazer.
Assistimos acerca de dois meses, um estranho, público mas “in-público” movimento de capitação de recursos financeiros da ordem de 2,5 milhão de reais junto a Lei de Incentivo ao Esporte. Como a Lei Rouanet, trata-se da possibilidade de empresas (normalmente grandes) doarem para projetos de esporte e lazer (normalmente mais esporte do que lazer) cifras que podem ser dedutíveis 100% de Imposto de Renda.
Entretanto, várias estranhezas aparecem no caminho que a UFPA (pela sua Pró-reitoria de Extensão – PROEX) vem construindo desde a aprovação do projeto (que autoriza a captação destes recursos) até a sua realização (ainda em curso distante). Destaco alguns:
1. Nunca, enquanto docente e pesquisador (e os “de nós” também) fomos convidados a contribuir com este projeto. Se considerar o fato de desde 2010 este que aqui escreve já realizou reuniões na própria PROEX (sobre este assunto), a coisa fica mais complicada;
2. O projeto em si é de um atraso (de concepção, científico, de projeto de sociedade e por aí vai) que classificaríamos, sem medo, de “tacanho”. De um lado, a tentativa de espelhar na UPA o modelo de Esporte Olímpico moderno e, de outro lado, a de introduzir práticas esportivas (na verdade, apenas quatro manifestações dela) num superado “Esporte na Universidade”. Desde 2010 vínhamos refletindo com esta mesma Pró-Reitora o contrap onto desta proposta;
3. O fato de, recentemente, mesmo com as inúmeras manifestações institucionais (entendam, Faculdade de Educação Física) até mesmo junto ao nosso Reitor, Professor Carlos Maneschy, continuarmos assistindo os avanços na organização de todas as ações pensadas pela PROEX, deixando claro e (im)público que não tem interesse em convidar as suas Faculdades (é a própria Universidade negando a contribuição acadêmica de suas Faculdades);
4. E agora, desde a semana passada, a PROEX inaugurou um processo de “abaixo assinado” para garantir à uma empresa privada (a “Oi Futura”) o apoio da própria comunidade (os alunos, em sua maioria) a este projeto. É como uma eleição: “votem em mim e depois digo o que e como vou fazer, se eleito for”...
É neste espírito de indignação (que sempre permeia as reflexões universais de nossos artistas e público) que declaramos nosso apoio ao abaixo assinado construído pelos Centros Acadêmicos de Educação Física, Letras, Pedagogia e Serviço Social da UFPA (Belém), do HAPAX (Grupo de Pesquisa Histórico Sociológico do Corpo, Educação Física e Esportes – ICED/UFPA) e aqui divulgamos.
Da nossa parte, uma tristeza expressa... mas uma energia de continuarmos defendendo nossos princípios inabalável.
Aqui, convidamos a Todos e Todas, vinculados a UFPA ou não, a incorporarem as fileiras deste abaixo assinado (http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=jgufpa). Nós já o fizemos.

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

domingo, 13 de novembro de 2011

O Universal Circo Crítico... da Arquibancada: Implosões e Memórias...





“Ergueu no patamar quatro paredes lógicas/
tijolo por tijolo num desenho mágico/
seus olhos desbotados de cimento e lágrimas...”
(Construção – Chico Buarque)


      
      Cá estávamos em nossa arquibancada, assistindo um evento fantástico e bastante “educativo”... principalmente se nos atermos a fatos e atos semelhantes. Cá estávamos a assistir a implosão de dois Hotéis (já havia até me hospedado num deles, antes de meus tempos de Brasília) no Plano Piloto, ao vivo.
Impossível não pensar em algumas coisas:
Primeiro, o que já sabemos (mas ainda não nos disseram): um prédio, quando cai p’ra baixo, verticalmente (tá, os Hotéis caíram p’ra baixo, mas meio de um lado para o outro), em poucos segundos, foi implodido.
Colocaram, estrategicamente, bombas, TNT, traque de massa, peido-de-velha e o que mais fosse necessário para derrubar um prédio (pra baixo, isso é importante). E colocar essas coisas todas estrategicamente não é igual a jogo de futebol, em que o técnico saca (ou tenta sacar) o que está acontecendo no jogo e muda a estratégia de seu time (ou tenta) de modo a reverter a situação, assim, na hora.
Colocar bombas e seus apetrechos em um prédio, de modo a ele cair pra baixo, sem fazer estrago até mesmo às árvores em volta (em que pese fazer) precisa de tempo. Precisa, inclusive, de decisão: “vamos implodir aquele prédio”.
Se um Hotel, com seus 15 a 20 andares, cai p’ra baixo, quando implodido, o que dizer de um WTC (ah! O chocante 11 de setembro americano), enorme, pomposo, vistoso, quase único (ia ser superado por uns prédios mundo afora) e que também cai verticalmente, depois de dois aviões se chorem “láááá em cima”?
Bom... nosso picadeiro já falou sobre isso. Cremos que o documentário “Pontos Soltas” (produzido em terras americanas) já serve de sugestão para compreender este fenômeno histórico: um avião funciona melhor do que uma implosão para derrubar um prédio... verticalmente.
Mas, se estivermos corretos em nossos borbotões reflexivos, é preciso pelo menos lembramos que, no caso dos dois hotéis em Brasília, os móveis foram retirados, os trabalhadores também (talvez alguns até demitidos... é a Copa do Mundo chegando) e, claro, não havia hóspedes...No caso do WTC...
...
Mas, da arquibancada, também olhamos este fenômeno da tecnologia e da não-lógica sobre o ângulo que interessa a Governo e Legislativos (federal e alguns estaduais), FIFA, meios de comunicação e outros abutres atuais do futebol brasileiro. Ali perto daqueles dois hotéis, do outro lado de Eixo Monumental, também fora implodido o Estádio Mané Garrincha. Este (o Estádio, não o Mané Garrincha, que morreu quase esquecido e pobre) até resistiu. Esqueceram dos aviões, parece-nos.
Mas, em que pese nossas reflexões (até interessantes) sobre os grandes equipamentos esportivos Brasil e Mundo afora, nos entristece o insistente caminho que a humanidade percorre para aprofundar sua falta de memória, seu esquecimento. Haverá um novo estádio, mais moderno, mais “ao gosto de uma Copa do Mundo” no lugar do Mané Garrincha... Mas não será mais Mané Garrincha.
Nem todos os nossos artistas, até mesmo, talvez, nosso público acha tão ruim assim termos uma Copa do Mundo no Brasil. Nem mesmo os Jogos Olímpicos no Rio. Se não fosse a contundente gama de denúncias e, também, a desconfiança do povo brasileiro (não a maioria, claro) sobre a honestidade prevalecendo-se sobre a notória corrupção que os Mega Eventos Esportivos sempre provocam, talvez fosse até unanimidade a alegria em receber estes eventos.
Da nossa parte, nem mesmo torcer pela seleção brasileira (que, assim como todas – até onde nos consta – é um “time privado”, com interesses idem) parece-nos valer a pena. Mas isso é papo para outra conversa da arquibancada.
Ainda assim, de uma coisa temos certeza: que desrespeito ao nome do legendário Mané das Pernas Tortas (com T maiúsculo)... Mané Garrincha merecia uma memória mais justa ao muito que fez, do que sabia fazer e mais até, ao futebol brasileiro...
Quem sabe o estádio João Havelange (outro sinônimo de corrupção do futebol) possa ser rebatizado, pelo “Estrela Solitária” Botafogo? Ah! Seria realmente memorável...
Vida Longa a Mané Garrincha!


Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!