RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Lá vai Kaia...






“O amor tem quatro letras,
e por certo, quatro patas”
(Bráulio Bessa)





            Desde pequeno, havia em mim uma relação curiosa com cães. Na adolescência, tive a Dolly e, anos depois, descobri que ela me tinha como o líder da matilha que partilhávamos. E passei a ver minha relação com esses seres de quatro patas desta maneira... e em respeito a eles.
            Desde 2005, inicialmente Janis Joplin e, um ano depois, quando Hércules e Kaia, chegaram em minha vida, retomei essas lições. E partilhamos muita coisa, até os tempos de distanciamento (durante meu doutorado). Janis partiu primeiro e menos de um ano depois, foi Hércules que seguiu outros caminhos.
            Imaginei que Kaia pudesse entristecer com a partida de seu irmão... e eis que, mais uma vez, uma nova (e mesma) lição: ela estava em sua matilha, e confiava no líder dela. E assim, Kaia seguiu por mais dois anos e meio... com um pouco mais de paciência do tempo e da natureza, poderia ter debutado.
            Foram 14 anos e uns cadinhos desta convivência e, por sua longevidade, a que me proporcionou inúmeras histórias: um susto quando filhota (e sua primeira transfusão de sangue), um senso de território forte e, portanto, de proteção de sua “matilha” (que os homens resolveram chamar de família), um carinho pelas pessoas que sempre passaram por nossa casa, a companhia constante (e teimosa) nos períodos mais trabalhosos e cansativos da escrita da tese e suas diárias lições de humanidade. Para minha própria humanidade.
            E assim fomos seguindo...
            ... desde pequena!
 
Kaia - com três meses... 
            Com Hércules e Janis, foram longos anos...

 
A relação de liderança de Janis... Todas as fotos, ela à frente. Kaia e Hércules sempre lado-a-lado
            E seguimos, com Hércules e Kaia sempre juntos...
 
foto de 2015 - Janis ainda estava conosco.

            ... até quando “viravam” pantufas”.

Em tese, Kaia e Hércules, pela ordem.

  
            Os períodos de estudos...  





... e também de descanso.




            E um dos principais exercícios que ela me ensinou: o cuidado com a chegada de “gente” nova no pedaço. E eis que Nadejda Krupskaia (Kaia) e León Trotsky se reencontram...


            ... e convivem...



            E convivem comigo. 


            Até na despedida!
 
Último registro da Kaia em vida...
  
            ... e com a pitada da leveza que procura formas de agradecer...



            Preparar Kaia para partir foi um profundo ato de agradecimento: um leve banho, de manhã cedo. O ato procurar um lugar para enterra-la, escolher um lugar aconchegante, envolto em árvores e preparar o local. Receber o veterinário (Léo, que acompanhou Kaia desde minha chegada em Castanhal)... e a sensação de que na anestesia, ela já havia partido.
Despedir-se e levá-la ao seu último pouso (envolvida em um pano vermelho, claro) e agradecer...
... difícil, mas singela forma de agradecer por estes 14 anos.
Minha gratidão à Kaia.
Uma foto com resolução ruim... mas extremamente representativa.

Lá vai Kaia.
Viva Kaia!