RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Universal Circo Crítico... Inspiração...

Às vezes fico pensando como é possível inspirar-se para estudar, compor, ler, poetizar, pensar em projetos de vida, de mundo, de sociedade, aos domingos...

E não estou pensando sob o ponto de vista de o domingo ter uma relação direta com a preguiça, o descanso, a família e demais conflitos de “sem compromisso” X “é compromisso” da vida privada moderna. Não, falo (de novo) sob o ponto de vista daquilo que os domingos nos oferecem.

Por um lado, é “Vídeo cassetada” espalhado a torto e a direito e vídeos sobre bichos (ai que saudade do “Mundo Animal”, que passava na televisão lá longe, na minha infância) comentados com o absoluto olhar civilizado. Quadros até interessantes, mas sempre apresentados com o mais grotesco ar de humor, típico da TV brasileira, principalmente a de platéia... Prêmios, viagens de “volta às origens”, a história daquela campanha de “paguem meus impostos” da Globo, como era o nome mesmo??? Hum... sim... Criança Esperança! Fausto Silva, Silvio Santos (quantos anos esse cara tem????), Gugu Liberato, Tom... E o mais interessante é que é um mundo de gente que fala “são todos chatos”, que não agüentam mais ouvir suas vozes e coisa e tal. E, para nós, pobres mortais do NO e NE (acho que os gaúchos irão concordar comigo também), é aquele sotaque que parece que tem que ser nacionalizado e, quando não, tratado sempre pejorativamente.

Ah! E tem o futebol... Globo, Record e Bandeirantes. Pelo menos este final de semana não tivemos que agüentar Luciano do Vale e Galvão Bueno (ufa!) que, dizem as más (?) línguas, dão um azar danado quando narram jogo importante. Mas, há anos o espírito da transmissão de jogos nas telinhas brasileiras é transmitir jogos das “grandes torcidas”. Ta, os jogos do Corinthians, na Série B, não estão sendo transmitidos. Mas os programas jornalísticos-esportivos só falam de seu breve retorno à série A... desde a primeira partida do Brasileiro da Série B.

E os programas/matérias que adoram mostrar a vida (dor) alheia? Microfones agindo quase que como armas, invasoras das particularidades humanas, mas aceitos quase que solicitando “me mostra, mostrem minhas lágrimas e meu sofrimento”, porque aprenderam que isso é bom... Quem dá mais? Quem dá mais?

Por que não é mais comum darmos aos domingos a atenção de viver plenitunamente aquela sensação de “Direito à Preguiça” de Paul Lafargue? Por que parece cada vez mais difícil vislumbrarmos a possibilidade de os nossos domingos (não apenas, claro) serem verdadeiramente momentos de livre criação e, sim, crítica e criativa?

Digam-se: quando foi a última vez que fostes a um sarau de poesia, música e infinitas viagens literárias? Faça um na sua casa...

Digam-se: quando foi a última vez que fostes conhecer um lugar novo, diferente... um museu, uma paisagem, um parque, uma praça?

Digam-se: quando foi a última vez que colocastes aquela música para ESCUTAR! Eu disse, para ESCUTAR, não para preencher um vazio sonoro ou, pior ainda, para vencer a música do vizinho?

Digam-se: quando foi a última vez que arrumaste suas fotos? Ou as cartas que guardamos (já que guardamos)?

Digam-se: quando foi a última vez que pegaste o telefone e telefonaste para alguém para “E aí? Tudo bem?... Pois é, liguei para saber da vida...”. Dizem que, aos domingos, a ligação é metade do preço.

Digam-se: quando foi a última vez que pegastes um livro para ler, ler, ler... Se tens cachorros (como eu), sentas-te ao lado deles e ler... ler... ler...

Digam-se: quando foi a última vez que pegaste seu violão, seu cavaquinho, seu pandeiro, seus metais, seu berimbau, seu agogô, seu teclado (ou sentaste em frente ao seu piano), seu acordeom para simplesmente apreciá-lo, colocá-lo à viagens novas, criativas, diferentes...

Digam-se: quando foi a última vez que pegastes um papel em branco, uma tela, um pano velho e passasse a colori-los, a rabiscá-los, e “desdenhá-los” sem pressa de acabar, sem idéia do que virá?

Digam-se... quando foi a última vez que olhaste para o mundo e pensaste: “Precisa ser diferente! Precisa ser ludicamente diferente!”...?



Venham todos... venham todos...

Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira


P.S.: Ontem foi domingo... deu uma preguiiiiiiça!

domingo, 17 de agosto de 2008

O Universal Circo Crítico... carta a um(a) amigo(a)...

“Meu caro amigo me perdoe por favor,

se não lhe faço uma visita.

Mas como agora apareceu um portador,

mando notícias nesta fita”


(“Meu Caro Amigo” – Chico Buarque e Francis Hime)
Belém, 17 de agosto de 2008.
Olá, meu/minha velho/a amigo/a. Quanto tempo!
Pois é... mesmo eu tendo lhe escrito em janeiro (http://www.arcamundo.blogspot.com/), e tu tendo me respondido, demoro novamente a lhe responder. Mas isso vai se ajustando com o tempo.
Como sempre, espero que esta o/a encontre bem, assim como os seus... Suas últimas notícias e fotos (não só as suas) mostram que o tempo não lhe fez mal, muito pelo contrário. Lhe trouxe beleza e um ar de maturidade e sabedoria fantástico.
Bom, como podes perceber no cabeçalho, vim para o Norte, vim para o Pará... até escrevi sobre essas bandas e o que eu vou ter que aprender por aqui, no Universal Circo Crítico que, sei bem, já visitaste. Aqui, como açaí dia sim, o outro também. Já experimente a tremedeira dos lábios e da língua uma tuia de vezes comendo jambú... Como tenho lá minhas raízes paulistanas, experimentei-o também na pizza. Já conheci o Ver-o-peso e o Ver-o-Rio, o Mangar das Garças, Icoaraci e, claro, as casas dos muitos amigos que temos por aqui.
Em Belém, onde moro a cerca de dois meses, coisas interessantes para reaprender: dirigir aqui me fez resgatar todas as manias de “direção defensiva”, e duplamente. Em Brasília, eu reclamava da falta de gente nas ruas, aqui, passo a ter cuidado com elas o tempo todo, gente a pé ou de bicicleta. Interessante isso, pois mostra como realmente o mundo estabelece realmente, em todas as formas de relação (o trânsito, por exemplo) uma relação de poder. Em alguns lugares, é mais pedestre e bicicleta do que carro e a impressão é que, de um lado, os primeiros são um bando de kamikazes e o segundo com um medo danado de fazer uma besteira. É verdade que, vez em quando, é o contrário. Mas, veja se não é realmente interessante: em Brasília, que tem uma cultura interessante de grupos de camelos (como chamam bicicleta lá) e acidentes/atropelamentos a toda hora. Isso com toda uma cultura, o movimento “Rodas pela Paz” e coisa e tal e, aqui em Belém, é uma cultura de ter a bicicleta como meio de transporte, diferente de Brasília. Ainda pretendo observar melhor isso.
Tem também a volta a convivência com vizinhos, coisa que literalmente não existia em Brasília, haja vista os muros altos e a mania de aquele povo (principalmente no Plano Piloto) de se esconder em seu mundo-residência. E, incrível, já convivo com aquelas coisas de “vizinho-boa praça” e “vizinho enjoado”... Mas, no geral, eles só reclamaram de Kaia, Hércules e Janis (lembra deles, meus cachorros?) porque latiam... Sei lá, de repente queriam que eles miassem... Mas, por outro lado, as faces dos valores capitalistas se mostram também na relação com vizinhos. Sabe aquela sensação de estranhamento, do tipo: de onde vem a postura “não fui com a sua cara?”. Será que é porque ainda tenho cabelos compridos? Ou porque tenho cachorros grandes (caramba! O Hércules é boa praça p’ra caramba!). Mas é realmente estranha essa sensação de ter vizinho com muros baixos separando nossas casas e não conseguir trocar um “Bom dia”, “Boa tarde”, “Boa noite”... é claro que não são todos...
As aulas na UFPA iniciam-se essa semana e estou contando os dias... Fiz umas propostas de mudança na disciplina de Prática de Ensino, que é a disciplina à qual fui aprovado em concurso e irei ministrar já a partir deste semestre (nem falei direito sobre isso... Pois é, agora sou professor na UFPA). Já conheci Castanhal, o Campus onde ministrarei as minhas aulas de Prática de Ensino e, claro, Políticas Públicas em Educação Física, Esporte e Lazer... acho que foi um pouco da herança dos cinco anos em Brasília e os quase três em Recife. Mais uma pequena mudança em meus ares de educador, já que sempre trabalhei ou com crianças ou com jovens agentes sociais (nem sempre estudantes ou professores) e com outra forma de sistematização. Quem sabe a gente não troque umas cartas falando sobre nossas experiências profissionais.
Ah! Tem uma coisa super-interessante no Pará. A dois dias, dia 15 é feriado no Estado. E por que é interessante? Porque trata-se do “Dia da Adesão do Pará à Independência” que, prometo, vou estudar um pouco mais para te falar em breve sobre essa história. O que eu sei é que há quem diga que a data correta é dia 11, quando os ingleses deram a posse do Pará à membros da corte imperial... ou algo assim.
No mais, continuo caminhando e cantando hehehe... O violão vem resgatando coisas importantes na minha memória de compositor (que ainda não re-apareceu), bem como algumas brincadeiras musicais interessantes. Mais novos amigos, outros que deram as caras novamente (coisas de orkut), e outros/as tantos/as que, ele de novo, mostram sua essência a partir de relações de poder, como sempre, o velho poder... queres conhecer o homem...”. Mas como é rico esse negócio de amizade, né? Aliás, sem ela, nem estaria te escrevendo.
Também continuo me deparando com os lutadores e lutadoras do povo, bem como com os ódios profundos que tantos mundo afora têm por eles... Ah! E até com “vizinhos” a gente aprende que a luta é realmente profunda e permanente. Também continuo percebendo as meias palavras, palavras oportunas, alpinistas de todo o tipo, públicos ou não. Das minhas incoerências, conforme comentei em minha última carta, já as venho identificando-as como contradições, e isso realmente é muito bom.
Bom, meu/minha bom/boa e velho/velha amigo/a... O mais importante é que volto a escrever-lhe e quero te dizer que fiquei realmente feliz com sua resposta, torcendo que tu perdoe este velho amigo pela demora, mais uma vez... Está sendo um ano de muitas mudanças, ainda bem que a grande maioria delas tem sido “grandes mudanças”. Lembro que recordaste, em sua resposta, o quanto que trocávamos correspondência outrora e o quanto que curtíamos isso... Como disse naquela oportunidade, escrever para as pessoas, para os amigos... isso é muito bom. Pois são nossas notícias que também continuam falando da gente, não é mesmo?
Por fim, lembre-se, caro/a amigo/a: continuo no mesmo lado da trincheira, continuo tentando arregimentar novos e velhos lutadores, continuo com minha boa sina de trabalhar com formação... E, mais ainda, continuo aprendendo... sempre.
Vida Longa, caro amigo...
Vida Longa, cara amiga...
Marcelo “Russo” Ferreira
Obs.: Essa é uma carta... só uma carta. Guarde-a no melhor lugar que merecer.

Venham todos! Venham todas!

domingo, 10 de agosto de 2008

O Universal Circo Crítico... As Olimpíadas já terminaram...

E deixa eu logo deixar claro que não se trata, neste caso, de um discurso de crítica aos valores e movimentos olímpicos... Mas claro, alguns comentários aqui virão...
Bom... de quatro em quatro anos sempre nos deparamos com este fenômeno esportivo mundial chamado... chamado... Olimpíadas?

Vamos deixar claro o seguinte ensinamento histórico: as olimpíadas acabaram. E acabaram exatamente no momento em que o ex-ginásta Li Ning (ouro em Los Angeles – 1984), depois de, erguido no ar, percorreu “correndo” o anel superior do Estádio “Ninho do Pássaro”, acendeu a Pira Olímpica dos Jogos... Neste exato momento, nem um segundo a menos, nem um segundo a mais, acabaram as Olimpíadas de Pequim.

A reflexão necessária que temos neste momento em que assistimos os Jogos de Pequim, e sempre nestes períodos, de quatro em quatro anos, somos bombardeados por informações de todo o tipo sobre a questão das Olimpíadas. Na de Pequin, o grande mote foi em torno do regime daquele país, a poluição, o partido único, a vigilância etc. O principal mote, todos sabem, a questão do Tibet, ainda que muitos, mundo afora, não saibam concretamente o que está em torno desta relação – China X Tibet. Mas tudo bem, não tem problema, apenas o da China. Daqui a quatro anos, teremos Londres 2012 e, duvido muito, quero ver as manifestações mundo afora sobre a participação da Terra de God Save de Queen na ocupação do Iraque (E que pena que, nos Jogos de Atlanda, ninguém teve a idéia de chegar no aeroporto usando máscaras em protesto ao Tio sam, poluidor confesso). Tudo bem, a relação China X Tibet é mais antiga... Mas, então, por que ocupações mais “contemporâneas” são permitidas, principalmente quando se trata de uma ocupação, de um lado, Imperialista (um país mais forte e poderoso invadindo um país mais fraco) e, de outro, comercial (que o diga a Texaco)?

Outro ensinamento que este período está nos deixando é a multiplicidade de linguagens comerciais em torno das... Olimpíadas: os patrocinadores oficiais: Sansung, Bradesco, Nestlé, Olimpikus (pelo menos fabricam tênis) e Casas Bahia (que, aqui no Pará, só tem propaganda, não tem Loja). O importante é que tem patrocínio, apoio, oferecimento de marcas importantes... Eletrodomésticos, Banco Privado, fabricante de leite e chocolate (que sempre ganha importantes decisões da OMC para aumentar o lucro e diminuir a oferta de emprego, além de, em que pese os seus produtos que oferecem um crescimento mais saudável de nossos pequenos filhos, continuar a explorar o trabalho semi-escravo extrativista das colheitas de cacau do hemisfério sul), tudo a ver com as... Olimpíadas.

A abertura, em si, foi também um profundo ensinamento de “privatização do conhecimento” e de vaidade... e ao mesmo tempo. A disputa pela sabedoria do que era apresentado na abertura dos jogos de Pequim foi de uma “capacidade” sem precedentes. Principalmente em relação aos diálogos protagonizados por Marcos Uchôa e Galvão Bueno. Mas isso, creio, ficou escancarado para nós, elementares tele-espectadores. Interessante eram os comentários no estilo “pimenta nos olhos dos outros”.

Por exemplo: o que mais a mídia esportiva protagoniza neste país são os “heróis”, as personalidades que todos nós admiramos e torcemos para que sejam vencedores, por que são o Brasil lá fora... e, de repente, a crítica a cultuação da liderança daquele país, o presidente Hu Jintao, ao personalismo do comunismo. Inacreditável!

Mas, o principal deste artigo e, cá entre nós, trata-se de um vício do jornalismo esportivo brasileiro em geral e, também, da cada vez maior e mais angustiante incapacidade de duvidarmos da nossa imprensa é a falta de conhecimento daquela. E nada como um evento esportivo, da magnitude dos Jogos de Pequim, para desmascararmos, com simplicidade, a mídia brasileira. Vamos ao fato: O que está acontecendo neste momento, na capital chinesa, são os Jogos Olímpicos. As Olimpíadas já terminaram, como disse, no momento em que foi acesa a Pira Olímpica no Ninho do Pássaro. As Olimpíadas nada mais são do que uma representação do “levar a tocha olímpica de uma sede dos Jogos a outra”. Ou seja, quando os Jogos Olímpicos de Pequim terminarem e a Pira Olímpica for apagada, teremos caracterizado o início das Olimpíadas de Londres, que terminarão quando os Jogos daquele país começarem, quando a Pira Olímpica de Londres for acesa... e assim segue. Conhecimento simples da história do esporte e da humanidade.

Ah! Finalmente conseguiram superar a abertura dos Jogos de Moscou. Mas todo mundo ainda sabe o nome da mascote de 1980 (o ursinho Misha)... de lá, até hoje, nenhum mascote emocionou mais o mundo do que as lágrimas derramadas ao final dos Jogos Olímpicos de Moscou... Não nas Olimpíadas de Moscou.

Em tempo, que me mande um e-mail ou deixe um depoimento no Universal Circo Crítico que não se emocionou uma única vez, na abertura dos Jogos de Pequim. Eu já me emocionei logo nos 2.500 tambores que saudaram os Jogos e os presentes.


Vida Longa ao esporte livre, universal e crítico!


Venham todos! Venham todas!


Marcelo “Russo” Ferreira


Obs.: Galvão Bueno acertou, finalmente, quando disse, finalmente, que as argolas da bandeira olímpica nada tem a ver com os cinco continentes... Mas errou na hora de organizar o seu sentido e significado (momento típico das quase quatro horas de vaidades entre ele e Marcos Uchoa). A Bandeira Olímpica reúne todas as bandeiras de todos os países do mundo (por isso é uma bandeira) e, neste caso, todos as bandeiras de todos os países do mundo possuem, pelo menos, uma das cores da bandeira olímpica. Também simples, também histórico...