RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Argentina chora...

"Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza(Meu passado retrocede quando o teu avança) /
El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido(O arco das alianças penetrou no meu ninho) /
Con todo su colorido se ha paseado por mis venas(Com todo seu colorido passeou por minhas veias) /
Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino(E até a dura corrente que ata nossos destinos) /
Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena.
(É como um diamante valioso que ilumina minha alma serena)"
(Violeta Parra)

Domingo, dia 04 de outubro de 2009.
Esta data ficará na alma e na memória do povo latino-americano, assim como tantas outras datas que, na história deste povo ímpar na luta mundial por justiça e paz, se fizeram presentes de maneira permanente e eterna.
Neste 04 de outubro, nossos hermanos latinos, o povo argentino, homens e mulheres de um país sempre cantado e decantado em terras brasilis, sobretudo na mídia esportiva e política, por seu futebol rivalmente estabelecido em nosso país e pelas constantes perseguições burguesas e conservadoras de nossos analistas políticos.
Há tempos aprendi a descartar profundamente essa relação absurda que temos com nossos/as companheiros/as e camaradas latinos/as, numa explícita postura fazer com que o Brasil “dê às costas” à América Latina. À bem da verdade, postura pseudo-soberana aprofundada pelo sociólogo-presidente que, sem memória, pedia que não o lembrassem de suas outras vidas.
De certa maneira, aprendi a ver o povo argentino, paraguaio, uruguaio, boliviano, venezuelano, equatoriano, peruano, chileno para além do que aquela “caixinha de fazer doido” (como se referia mainha à televisão) nos ensinou, ou pelo menos assim tentou. Aprendi isso principalmente com minha relação de aprendiz e ensinante com o MST e, também, escutando Mercedes Sosa.
A Argentina chora e precisamos aprender com o choro deste povo o real significado de sua história e de sua voz. Assim como devemos aprender a não esconder nossa história debaixo de tapetes morais de taberna. Assim nos ensinou a Argentina, como também o Chile. Essa lição, o Brasil, com sua grandiosidade, não conseguiu aprender.
A Argentina chora a perda de sua voz mais bela, mais real, mais profunda. Deixa-nos Mercedes Sosa, deixa-nos sua bela voz, fica, para nós, a sempre bandeira do povo latino: somos um só, latino, povo latino.
A voz de Mercedes Sosa, em que pese nossa pífia indústria cultural (permitam-me a redundância) ocupa a história dos lutadores brasileiros, numa justa identificação deste com o sangue da América Latina. A despeito do lixo cultural que entra em nossos lares cotidianamente, essa fantástica mulher cantou versos de Violeta Parra (compositora chilena sempre comprometida com o povo sofrido de seu país), Silvio Rodrigues, Joan Baez (que cantou melhor do que ninguém “Don’t Cry for me Argentina!”), Lion Gieco, além de nossos grandes nomes brasileiros, como Chico Buarque e Milton Nascimento.
O Universal Circo Crítico presta sua pequena homenagem a voz dos peregrinos, à voz dos pobres, à voz dos lutadores e lutadoras do povo.
Gracias a La Vida!
Gracias à Mercedes Sosa!

“Só peço a Deus /que a dor não me seja indiferente/ que a seca morte não me encontre / vazia e só sem ter feito o suficiente.
Só peço a Deus / que o injusto não me seja indiferente / que não me esbofeteiem a outra bochecha /Depois que uma garra me arranhou essa sorte
Só peço a Deus / que a guerra não me seja indiferente / É um monstro grande e esmaga / Toda pobre inocência da gente
Só peço a Deus / que o engano não me seja indiferente / Se um traidor pode mais que uns quantos, / que esses não esqueçam facilmente
Só peço a Deus /que o futuro não me seja indiferente, / Desiludido está o que tem que marchar / para viver uma cultura diferente”.
(Sole Le Pido a Dios – Leon Gieco)
Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa à Mercedes!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira