RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Ensino Médio – Parte II: A Educação Física...

desenho retirado de www3.fe.usp.br





“A Educação Física cuida do corpo...
 ... e mente”
 (João Paulo Medina).





De início, destacamos...
A passagem acima, título de livro lançado em 1983, pelo professor João Paulo Medina, fez parte de um importante momento da Educação Física, no sentido de a colocar em xeque sobre sua razão de ser na Escola e, também, na Formação Superior. Destes tempos (inclusive antes), muita coisa boa e ruim foi construída. Mas, inquestionavelmente, fez da Educação Física uma área de profundas raízes teóricas e metodológicas, de amplo debate em diferentes campos de conhecimento e que estão em disputa até hoje.
Não compartilhamos dos princípios filosóficos de Medina, mas reconhecemos seu papel pioneiro para a área.

Mas vamos ao ponto...
Tão logo anunciou-se a publicização (com posterior “recuo do recuo”) da MP do Ensino Médio, parecia que voltávamos no tempo: as áreas da Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física logo foram colocadas em xeque... quase xeque-mate.
No particular da Educação Física, as entidades institucionais rapidamente se manifestaram... do pior ao que temos de melhor.
Para entender esta reflexão, retomemos a matéria sobre a Educação Física que veiculou na imprensa televisiva.
No JN veiculado após a assinatura e publicação da MP, a primeira expressão de “critica” à mesma, destacando justamente a Educação Física. Aliás, matérias repetidas em outras edições do jornalismo global.



         Destaque: aos 2:12 minutos do vídeo – o assunto “Educação Física já tinha caducado na matéria... em incríveis 2 minutos – quem defende integralmente a MP é um representante de uma Fundação do UNIBANCO... Sacou?
É claro que, ao assistir a matéria, a angústia nos tomou conta. Porque ao invés de mais do que justificar, explicar porque a Educação Física ser uma disciplina imprescindível no Ensino Médio, abriu precedente para justamente deixa-la em segundo plano... como disciplina. Afinal, as cenas apresentadas mais reforçam a pergunta “por que Educação Física?” do que a esclarecem... venhamos e convenhamos.

Mas, vamos às entidades...
O Conselho Federal de Educação Física já havia lançado uma “nota de repúdio” sobre a tal MP do Ensino Médio. Desta nota, destacamos:

“O CONFEF considera um contrassenso que no momento em que inúmeras pesquisas apontam o crescimento da obesidade e do sedentarismo infanto-juvenil, e sabendo que a atividade física é a medida mais eficaz para evitar esse mal, o Governo Federal proponha a retirada da Educação Física do Ensino Médio. Sobretudo por se tratar do país que acabou de atravessar a década de megaeventos esportivos, sediando recentemente os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, onde ficou clara a importância da atividade física na manutenção da saúde e da formação cidadã”.

Ou seja, um catatau de nada, vinculando “lé com cré” e ares de “pesquisas”.
– Pelo menos não disseram “pesquisas científicas”... (Strovézio).
– A incompetência de alguns setores se demonstra pela capacidade de investigação, Strovézio... neste caso, tá tudo “serto”.


Primeiro tiro no pé:
O CONFEF já se aproxima da “maioridade”... está perto de seus 18 anos de existência. E neste tempo, esta temática de “atividade física para combater o sedentarismo e a obesidade” sempre se fez presente. Inclusive na Escola.
Precisaria explicar porque os níveis de sedentarismo e obesidade continuam crescendo, mesmo a Educação Física sendo obrigatória... até a assinatura da tal MP pelo governo capacho de marionete temer.

Segundo tiro no pé:
Justificar a Educação Física na Escola (e no Ensino Médio) pelo fato de termos sediados Megaeventos Esportivos é o ápice da aparência, pois dá a entender que (i) é na escola que os atletas de ponta se formam (e não é) e (ii) que a Educação Física se justifica apenas pela “prática esportiva”. Assim, abre precedente para a opção (da escola ou dos alunos, como defende a MP) de querer ou não praticar esporte (qual modalidade for, mas sabemos que se limita às suas expressões de “os quatro fantásticos”: handebol, futebol, voleibol e basquetebol) e, pior ainda, coloca a nossa disciplina vinculada a eventos.

– Como diria Eduardo Galeano, “evento, é vento”... (Strovézio).
– Bem isso, Strovézio...

Terceiro tiro no pé:
Formação Cidadã (em que pese um debate de fundo necessário, mas dispensamos por hora) é importante e tals. Não seríamos contra a formação cidadã. Mas qualquer docente, e nem muito “safo”, vai dizer “ah! Por isso não... a formação cidadã é tarefa de toda a escola”.
E, cá pra nós (sem defender a obra, claro), a MP vai defender uma “formação cidadã” que, afora o fato de ter mexido com a Educação Física, é a mesma que o próprio CONFEF defende: a formação cidadã para o mercado de trabalho. É pouco para quem quer uma verdadeira formação emancipatória humana.
Isso tudo, para não termos que mencionar que o CONFEF sequer se posiciona sobre os acontecimentos políticos recentes no país. Perdeu uma boa oportunidade.

Ainda bem que temos gente séria:
O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) destaca, em determinado momento, de nota pública:

“[...] No caso da Educação Física, essa medida (a MP) negará aos estudantes a oportunidade de apropriarem-se daqueles saberes que proporcionam a leitura, compreensão e produção das práticas corporais, entendidas como formas de expressão dos grupos sociais. Isso significa a impossibilidade de conhecer, desfrutar e transformar uma parcela do repertório cultural disponível”


a Nota da LEPEL/UFPA sobre a MP destaca, dentre outros:
“A MP que reestrutura o ensino médio é um ataque covarde que rebaixa o ensino médio com a redução e flexibilização de carga horária e de conteúdos, um retrocesso ao pensamento crítico e a carreira docente com superespecialização precoce e a contratação de professores sem formação adequada, através do discurso do notório saber, negando a formação no ensino superior pra desenvolver mão-de-obra cada vez mais barata”.

E a Nota da Executiva dos Estudantes de Educação Física (ExNEEF), portanto, futuros professores em formação:

“Desde os tempos da ditadura militar não se viam retrocessos tão grandes quanto aos que estamos sofrendo neste momento. [...]”
E comenta, também, quando destaca que a partir dos anos 1980, a Educação Física:
“[...] se ressignifica e traz debates importantes que apontam para que o corpo também é político, e que se comunica através da linguagem corporal nas diferentes culturas e momentos históricos (através de práticas corporais como a Capoeira, as lutas, as danças, a ginástica, os jogos, as brincadeiras, os esportes, as atividades circenses etc.), e que neste sentido, a mesma deve ser crítica e contribuir na formação dos diferentes sujeitos do processo educacional. [...] A Educação Física na escola cumpre seu papel pedagógico e não deve ser função da escola a formação de atletas como foi prática de outros períodos históricos”.

É importante destacar: há diferenças (talvez algumas divergências) entre as três últimas entidades aqui postas (CBCE, LEPEL/UFPA e ExNEEF). Mas reconhecemos que o tom e o conteúdo destas, de longe, são infinitamente mais consistentes que a do CONFEF.
Aliás, as três notas, diferente da corporativista (e superficial) nota desta entidade mafiosa, não fica limitada à Educação Física. Faz a leitura do todo, preocupadas, também, com a retirada da Filosofia, Sociologia e Artes do Ensino Médio.
Evidentemente, muito há ainda o que se fazer não só pela Educação Física, nosso chão particular de atuação profissional. Mas as notas em destaque deixam claro, ao nosso pequeno público, que muito já fizemos.
Porém, as surpresas (neste debate, em particular) parece vir de “lugares” estranhos... ainda que não nos deixemos enganar, eis que solta a língua o Fausto Silva:


Pois bom...
À contar com essa nossa imprensa medíocre (principalmente a imprensa esportiva), acostumada a golpes e “maquiagens”, sempre caminhando pelo “superficial” do conhecimento historicamente produzido e sistematizado pela humanidade, não nos surpreende que em pleno domingo, em um programa de auditório – que, há muito, não temos estômago para assistir (e, reconhecemos, até perdemos uma coisa bacana aqui, outra ali) – seu “âncora” largue o verbo...
Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo não se ilude. Basta registrar que na manhã seguinte (Bom Dia Brasil) nada sobre este comentário e, novamente, matérias elogiando a tal MP.... E que o temer capacho de marionete do capital até fez questão de ligar para o apresentador, para "esclarecer" a MP... Aguardemos o próximo "Domingão"...

Mero balão de ensaio?
O gato do temer subiu no telhado?
Vem coisa por aí... Muita coisa...

Venham Todos!
Venham Todas!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

As Eleições – Parte II: Castanhal... mas podia ser qualquer lugar


“Diga-me com quem andas
 E eu te direi quem és...”
(Ditado popular)




– mas se andas com todo mundo, que anda com todo mundo e contigo, mas dizem que não anda, às vezes não anda pra não verem vocês juntos, mas se juntos estivessem não seria incoerente, em que pese ser incoerente dizerem que não andam juntos... então, dá pra dizer quem todo mundo é... ou não (Strovézio).
– É, meu caro palhaço... como diríamos e dizemos vez em quando...
– ... é o tango do branco maluco! (Strovézio)

Pois bom...
Estamos às vésperas das eleições municipais... quase 6 mil municípios a escolher seus/suas prefeitos/as e vereadores/as.
Isso tudo em um ano bastante complicado, complexo, estranho... Mas que dá o tom da coerência e dos absurdos que se farão testemunhar no próximo domingo. Ao nosso perceber, parece-me que mais absurdos do que coerência.
Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo vai falar apenas de Castanhal. Mas entende que é perfeitamente comparável a quase todas as demais eleições municipais, de tal maneira que, mesmo que a quantidade de candidatos a prefeito seja diferente.
Castanhal tem mais de 300 candidatos a vereador e cerca de 120 mil eleitores. Isso daria uma média de 400 votos para cada candidato. Claro, haverá candidatos com um quantitativo pífio destes votos, e isso não será por força de uma “campanha fraca” ou “falta de propostas concretas”.
Isso se dará por uma questão que está, de maneira tosca e abominável, se perpetuando no país e em nossos legislativos: o FEUDO ELEITORAL PARLAMENTAR!
Estão na exceção os candidatos às Câmaras Legislativas que tem “PROGRAMAS” de fato, o que chamamos de candidatos com programas. até porque, os Partidos (que deveriam ser os "faróis" programáticos) também não tem mais Programa. Até a imagem abaixo parece perder o sentido:


Candidato com blá-blá-blá de “pela educação”, “pela saúde”, “pela juventude”. Pela comunidade A (mas não as comunidades vizinhas).
Talvez exprimam até aquela “síndrome do tiririca”: não sabe o que se faz na Câmara Municipal, mas vai dizer depois de eleito.
E, por cá, são mais de 300 candidatos.
Acontecerá o que se repetirá em muitos e muitos outros Legislativos Municipais: os mesmos ou “os filhos” dos mesmos, netos dos mesmos, “cria” dos mesmos, numa mistura tosca de “renovação com tradição”.
A Consequência? A mesma política de balcão, de troca de cargos, de favor aqui e ali para que o executivo eleito possa (aff, vai doer digitar isso) trabalhar e o legislativo fingir de legisla, fiscaliza, combate a corrupção e o escambal.


Ah! Mas ainda tem os candidatos a prefeito...
Seus Partidos: PSDB, PPS e PMDB...
Três candidatos que ficam trocando farpas, que apresentam projetos mirabolantes (mas não dizem – nunca o dizem – como serão realizados, executados, mantidos e coisa e tal), a cidade será perfeita ao final de quatro anos... assim como seria (deveria, iria) ao final de quatro anos... atrás.
Seus partidos demonstraram nestes últimos meses o que pior do mais escárnio poderia se esperar de uma legenda política: não aceita derrota nas urnas (PSDB), adora a fisiologia na política brasileira (PMDB), não é expressão de mínima confiança (de novo o PMDB), saiu de um partido para formar outro, querendo proibir o partido anterior de continuar existindo (PPS). E um pouco disso tudo misturado.
Sobre os acontecimentos recentes no governo federal, apoiaram e foram protagonistas o golpe parlamentar mais escroto da história deste país.
E continuam mancomunados com as suas consequências.
Vão fazer e acontecer no município?
Qual a posição destes três candidatos sobre a PEC 241 que congela recursos por 20 anos? O que vão fazer, se os recursos não existirão, e diminuirão ano a ano, COM O APOIO DE SEUS PARTIDOS no Congresso Federal?
E sobre o PL 257, que impede a realização de concursos? Como irão “melhorar” os serviços públicos? As escolas? Os Hospitais e afins?
Qual a posição deles sobre a Reformulação do Ensino Médio (mesmo que seja pouca a incidência do Município nesta modalidade de ensino)?
O que pensam sobre a Reforma da Previdência? Que, aliás, o Governo Federal e a Câmara estão acordando não colocar na pauta agora, para não ser tiro no pé de candidatos e base nestas eleições?
Nestas eleições, em Castanhal (lembrando que não tem segundo turno, como boa parte do país)?

O atual prefeito, Paulo Titan, quer continuar... ao que parece (até agora), há chances desta tragédia acontecer.
O candidato tucano Milton Campos – ex-vice-prefeito de Paulo Titan, que nas eleições passadas dizia claramente “Aprendi a fazer política com Paulo Titan” (com sorrisinho, ”joinha” com o polegar e tudo) – rachou com o mentor e sai de “oposição”.
– Péra aí, que confundiu tudo, Russo!!! (Strovézio).
– Qual a bronca, meu politizado palhaço?
– O Prefeito sai candidato... ele tinha um vice... mas o vice deixou de ser vice e agora é da oposição... mas, mesmo sendo oposição, aprendeu a fazer política com o opositor que ainda é governo...
– Isso, Strovézio.
– Então, candidatou-se pra fazer a mesma coisa?
Tipo isso.
Pois bom...
Vão dizer que tem uma alternativa: Pedro Coelho.
É o candidato do PPS e, portanto, faz parte do mesmo balaio político dos outros dois partidos.
É filho de político de outra geração em Castanhal. Portanto, uma “renovação com tradição” e coisa e tal. Não renova nada.
E, até onde nos consta, se silencia – como a dupla “lé contra cré” acima – sobre os mesmos temas os quais deveriam estar na pauta de hoje.


Ou seja. Não dá pra dizer qual a diferença.
Destes três, deixamos público: VOTO NULO!

Da nossa parte, um alento de esperança para a Câmara municipal, e que tem o nosso voto.
Sinval - PSOL - 50.050

Em tempos tão difíceis, eleições com tão pouca esperança.
Sempre reconsiderando as exceções... Por onde for, que sejam vitoriosas exceções.

Venham Todos!
Venham Todas!




segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Ensino Médio - Parte I: média com pão?





“Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa /
 Uma boa média que não seja requentada /
 Um pão bem quente com manteiga à beça /
 Um guardanapo e um copo d’água bem gelada”
 (Conversa de Botequim – Noel Rosa)



Quando era mais jovem, nos tempos ainda paulistanos, da sair de casa de madrugada e só retornar bom no final da noite pra casa, uma dinâmica que a gente ia aprendendo era parar na Padaria (perto do trabalho) e pedir uma “média com pão na chapa”.
Era um café simples, que praticamente “enganava” a lida da manhã toda até a hora do almoço. Naqueles tempos, um bandejão no restaurante da Mercedes Benz.
A “média” era um café com leite, meio a meio. O pão na chapa sempre era o do tipo “pão francês”... o “pão careca” das nossas bandas paraenses. Manteiga suficiente para “melar” e pronto.

Pois bom...
Quando vi, como o país inteiro viu, o lançamento da proposta de Reforma do Ensino Médio do governozinho de meia pataca temer e o seu lançamento – com “recuo do recuo” – a “toque de caixa”, de cara, duas coisas ficaram inquestionavelmente seladas:
1. É realmente um governo que está feliz em ser capacho de marionete dos interesses privados dos mais inumeráveis setores da economia atual;
2. Não sabem patavina do que fazem, o que quer dizer que se contentam com o status (mesmo que vergonhoso na forma) de presidente e ministros e o salário que ganham para fazerem o que os outros mandam (outros, vide “coisa 1”).

Não me restam dúvidas de que eles apenas são ridículos, mas perigosos, porta-vozes do que não elaboram. Nada me tira da cabeça que o tal mendoncinha sequer sabe o que foi proposto... Isso, claro, está a cargo de suas Secretarias, em particular a de Educação Básica e, claro, da Secretaria Executiva.

Mas, como dissemos, os debates em torno de mais um desatino do governo federal foram intensos desde então (quinta-feira, 22 de setembro) e, a este picadeiro de terra batida e lona furada, talvez caiba apenas um mero depoimento do como acompanhamos isso. Gente e entidades mais sérias (ou não) do que este blog já o fizeram isso.
Claro, sempre coisas impressionantes no seu desenvolvimento.
O papel da mídia é um exemplo. Vez em quando não sei diferenciar o quanto ela é omissa, e o quanto ela é protagonista. Talvez uma coisa meio “protagomissa”???
Mas foram realmente impressionantes as matérias que se seguiram até o “grand finale” (e depois) da assinatura da MP do Ensino Médio: estávamos testemunhando uma “verdadeira revolução” na Educação Básica.
E, pra fechar, hoje, 26 de setembro, não satisfeita, a Globo (em seu jornal matutino) ainda coloca a Miriam Leitão para reforçar o seu apoio a esta reforma com algo parecido com “professores podem trabalhar menos que outras profissões” e, portanto, “precisam trabalhar mais”, com um falssiê grosseiro de “o professor vai ficando cada vez mais sábio, com mais conhecimentos, precisa ser aproveitado”.
Aff... nem hipocrisia mais é.
Aliás, para não dizerem que as matérias só tinham manifestações do Governo, colocaram a sociedade civil representada apenas pelo tal “Todos pela educação”...



... e seus quatro BANCOS como parte do “quem somos”. Não esquecendo, também, da influência dos organismos internacionais, como o Banco Mundial, que exerce inquestionável influência sobre o Governo.

– Hey, Russo... e tem a DPASCHOAL... é necessário né? (Strovézio).
– Como assim, Strovézio?
– Ora... pneus de prêma. Pra avançar “a toque de caixa” uma proposta desta, pneus bons... velocidade estonteante...
– Apesar de horrorível, Strovézio, é uma piada com sentido... Deixemos ao nosso público a avaliação.
– Melhor que deixar para o governo, né? (Strovézio)...

Num país em que são várias e importantes as instituições que pesquisam a Educação (ANPED, SBPC, vários grupos de pesquisa espalhados pelas Universidades públicas brasileiras como nossa inestimável LEPEL/UFPA, pesquisadores de inquestionável acúmulo e notoriedade etc.), foi realmente dois desserviços: da Mídia (de omitir que o Brasil tem de pesquisadores sérios) e do Governo (que, como já dissemos, não passa de capacho de marionete dos interesses privados).

Sobre a proposta de reformulação e as matérias jornalísticas:
... nenhuma manifestação acerca da precariedade das escolas públicas neste país.
... nenhuma menção sobre o sofrido trabalho dos docentes da Educação Básica pública (com salários baixos, intensas horas de trabalho, distantes locais para dar aula, salas superlotadas e uma lista de outras tensões).


... nenhuma crítica assumida ou reconhecida.

Uma proposta sem diálogo com nenhum setor (a não ser os que estão usufruindo das consequências do golpe recente).
Uma proposta que acompanha a PEC 241 (congelando, por 20 anos, gastos sociais e, claro, com a Educação).
Uma proposta que não explica como fica, por exemplo, as classes multisseriadas ou o estudo noturno (aquele, em que o estudante trabalha – ou procura emprego – o dia todo, também em empregos sem sentido... e ainda querem detonar a CLT).
Isso para não falar de barbaridades como o mal uso da expressão “notório saber” e a retirada de disciplinas (Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia)... temas para reflexões que ainda faremos.

– Mas Russo, e a média com pão? (Strovézio)
– Pois bom...
Os trabalhadores, aqueles que carregam este país nas costas, de ponta a ponta, tem neste a sua primeira refeição. Médiazinha com pão na chapa (ou sem chapa, até).
A Elite ensinou que basta isso como refeição matutina para garantir a primeira parte da rotina de trabalho.
É a mesma elite que está por trás da superficialização “média com pão” do Ensino Médio, e com a mesma defesa: tiram conhecimentos da Educação da Classe Trabalhadora, que ela se forma do mesmo jeito... e é baratinho!


Estudantes fazem ato em São Paulo contra a Reforma do Governo Federal
para o Ensino Médio... 

Se em Sampa (e, depois, desencadeando a outros Estados da Federal), as escolas foram amplamente ocupadas por conta da tentativa de Reforma do governo estadual... estamos apostando agora numa ocupação nacional... E que a mobilização seja ampla e forte...


Ah! E escolas ocupadas e com aulas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física.

Venham Todos!

Venham Todas!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Eleições... parte I - mais do mesmo...




“Nunca se mente tanto
 como antes das eleições,
 durante uma guerra
 e depois de uma caçada”
 (Otto von Bismarck)




Cá estamos, mais uma vez, vivendo os tempos de eleições municipais. E nós dissemos quase exatamente isso a dois anos atrás (nas eleições de 2014) e a quatro anos atrás também (últimas eleições municipais)...
E é por demais espantoso que as Eleições sempre despertam curiosidades incríveis debaixo desta lona.
Algumas coisas são as mesmas: carros com alto-falantes e as músicas que parecem uma doença nos ouvidos da gente, de tão altas e vazias que são. Músicas com nome e número e um blá-blá-blá que nada fala do/a candidato.  E ainda passam em frente de hospitais e escolas.
Isso para não falar das músicas mais “elaboradas”, com a receita abaixo:



Santinhos e mais santinhos jogados na porta de sua casa ou na sua caixa de correios, fora os que imundam (do verbo “imundar”) as ruas.
– Mas Russo, por que raios essa coisa de papel com foto de fotoshop e número de candidato se chama “SANTINHO”????? (Strovézio).
– Pois é, Strovézio... seriam “santos” e “santas” estes/as candidatos e, portanto, são “pessoas de bem”?
– Tédoidé?

Carreatas, candidato apertando mão de gente que sequer sabe o nome, fotos, mais fogos (ah!, nossos cães, gatos, passarinhos...).
E por falar em carreata...



Na TV, um pouco de “melhores propostas” somadas às candidaturas ao legislativo municipal em horários reservados à propaganda política.
Neste, o que cada vez mais se tornou num dos maiores engodos e expressão de superficialidade destes horários, com a devida particularidade de algumas bandeiras isoladas: todo mundo se apresenta com o compromisso de “Mais Educação”, “Mais Saúde”, “pela nossa Juventude” e o escambal. Vão dizer “é o tempo que não dá pra falar muita coisa”. Eu duvido... é o vazio de propostas mesmo.
Nada, ou muito pouco, sabemos sobre “que educação?”, “que saúde?” ou “o que, de fato, para a juventude?”... Reiteramos: com as devidas exceções (inclusive para o que há de mais conservador, infelizmente).
Tem aqueles, digamos, mais sinceros (ou nem tanto): “pela família”, por exemplo é uma expressão que tem cara de inquestionável. Afinal, família é bom, todo mundo tem e quer cuidar da sua.
Mas não é “de toda família” que estes aí aparecem, mas aquela família patriarcal (em que pese quem gere a família – na humilde opinião deste – é a matriarca), de casal constituído unicamente por uma relação heterossexual, tradicional e, claro, religiosa. Família, sem religião, não vale.

Mas, como sempre, não conseguimos identificar uma mínima manifestação programática nas candidaturas, quer para o executivo, quer para o legislativo. Noves fora, claro, os/as candidatos bem sérios e compromissados com o que é a política, expressão da vida coletiva das pessoas, da cidade, da comunidade).

O que pensam para a cidade?
O que pensam para as comunidades e a relação destas com as comunidades vizinhas?
O que pensam sobre a Educação e a Saúde pública, que já caminha para um “congelamento” de 20 anos e, certamente, a revisão do teto mínimo de investimento. Uma porta aberta ao ensino privado e aos planos de saúde?
O que pensam sobre os acontecimentos nacionais? Golpe ou Impeachment?
E as reformas do governo golpista? Previdência? CLT? Educação Pública? Saúde Pública? Qual a posição e, mais ainda, qual a postura política a ser tomada se eleito for?
Nada... fora os públicos “Fora Temer”, nada...

Mas, o mais interessante é que estes dois últimos anos (e este de 2016, principalmente de março pra cá) têm sido por demais desmascaradores sobre a profunda limitação de opções para este exercício de nossa democracia burguesa: o voto. E as poucas e boas opções, enfrentam um inimigo forte, poderoso... e rico.
Depois de meses com trincheiras políticas cada vez mais explícitas, inclusive com um segmento de saudosismo da ditadura ganhando força, além, é claro, do que existe de mais sintético na expressão fascista de Estado, chegamos ao primeiro momento eleitoral e, nele, à seguinte conclusão: vai ser tudo mais do mesmo.

As casas legislativas municipais, muito possivelmente, repetirão os seus antigos vereadores (fora os que tentaram o executivo). Ou seja, em tempos de “esses políticos não prestam”, serão eles mesmos, em franca maioria, que retornarão ao lugar que estão até estas eleições.
As mudanças?
Bem possíveis, sim... Caras novas (e rostinhos novos). Mas é bom verificar a “filiação” (família e partido) e conferirmos, de fato, se se trata de algo novo, diferente, ousado, com propostas novas ou apenas um tom de “outra geração” à velha política canhestra presente em nossa sociedade.

Sei não...
Não somos onipresentes, não temos como saber como serão as eleições nos quase 6 mil municípios, deste país.
Mas apostaríamos a linha de costura de nossa lona furada (que continua furada) que será, literalmente, “mais do mesmo”...
E, talvez, essa seja a única grande notícia de fato em dias de eleições: depois de tanta agitação neste país, com bandeiras (hipócritas) contra a corrupção e coisa e tal, chegamos a uma conclusão, digamos, hamletiana: “tudo continua podre no reino do combate à corrupção”...

Temos saídas... mas vivemos tempos em que elas estão num páreo difícil...
Fica pra próxima reflexão, antes das eleições, claro...
Mas uma coisa é certa: se alguém que passeia por este picadeiro de terra batida e lona furada de circo se contenta em, nessas eleições, dar sua contribuição ao “deixa como tá, que nada adianta mudar”... é... realmente temos que ser um circo pequeno mesmo...

Ainda assim, insistimos.

Venham Todos!

Venham Todas!