“O veado
no mato é bicho corredor /
Corre veado lá vem caçador.
Lá vem caçador, lá vem caçador /
Corre veado lá vem caçador”
(
Caçador – Pinduca)
(Aqui, vai o CD todinho...)
Este país é, realmente, interessante. E, como
dissemos, não é pra amadores.
Se é
verdade que o impeachment de Dilma era melhor para o Brasil e coisa e tals (ou
seja, abro mão de problematizar as tais pedaladas – sem bicicleta – ou o
combate a corrupção e coisa e tal), cá pra nós, a cassação de seu Eduardo Cunha
era para ser apoteótico.
Era pra
ter fogos e mais fogos de ponta a ponta deste país, daqueles dignos de festas
de final de ano (em que pese detestarmos fogos).
Era pra
ter gente nas janelas de casa, dos apartamentos, no morro, no campo, no bairro
xique e coisa e tal gritando “Fora Cunha, Fora toda corrupção! Viva o Brasil” e
o escambal.
Panelas
e mais panelas por meia hora (nossa, seria du canário) durante as palavras dele
no parlamento, tentando se defender e se fazer de vítima.
Era, por
fim, pra ser FERIADO NACIONAL no dia seguinte.
Até
toparia um Projeto de Lei (tem tanto deputado que não faz nada no Congresso
mesmo, né?) definindo o dia 12 de setembro como “Dia Nacional de Combate a
Corrupção”, para deixar definitivamente cravado na história política deste país
a determinação de suas instituições para arrancar este vício de uma vez por
todas de nossa história...
E, que
tal o Hino Nacional cantado por 450 deputados (e os nove que se abstiveram
poderiam pegar carona) após a consolidação do resultado?
Só que
não...
Claro,
afora os setores mais de luta, camaradas deste Circo e alhures, as constantes
palavras de ordem com um forte “Fora Cunha!” (e, junto um “Fora Aquele que não se pode falar o nome e que é um capacho chorão do
capital”), segmentos marcadamente de esquerda, nada mais. Nada de fogos, de
celebrações profundas. Panelas continuaram guardadas, talvez por vergonha.
Mais uma
vez, talvez, este picadeiro de terra batida e lona furada de circo não vá
contribuir muito mais do que muitos “opinadores” mais sérios e profissionais.
Mas, ante a tão aguardada queda, não poderíamos nos silenciar.
E este evento,
“bora combinar”, foi marcado por curiosidades interessantes e até curiosas
(além da falta de festa nacional).
Ato I –
Os ex-escudeiros!
Os
escudeiros (e endividados politicamente) do ex-deputado se reduziram a 10,
meros 10 deputados.
Se
levarmos em consideração que no Conselho de Ética (montado pelo próprio Cunha)
o processo seguiu adiante com muita lentidão e dificuldade, não apenas por
conta das procrastinações típicas de nosso Congresso mas, e principalmente,
porque o BOPE-Cunha era forte e pesado, esta pífia votação que quase não tem
dois dígitos é realmente curioso.
Não nos
faltam nomes curiosos debandados. Mas damos destaque ao homenageador de torturadores e do próprio Cunha, a dupla pai e
filho Rio-São Paulo, bolsonaro’s family.
Eles
foram os dois votos do PSC (de Marco “batedor de Mulheres” Feliciano) pelo sim,
num total de 5 votos (além dos dois ausentes) deste partidozinho de meia
pataca, mas perigoso ao extremo.
Falar de
seu próprio PMDB, com um único e insólito (e leal) voto contrário à sua
cassação (além e 10 “ausentes”) não é tão importante, quando percebemos o
silêncio do próprio governo golpista deste partido.
O cara e
o filho que enalteceu o papel de presidente da Câmara dos Deputados, que já
chamou-o de “Gênio” e o escambal não apenas correu da raia, mas foi poupado até
pela grande imprensa. Nenhuma notinha de canto para mencionar o que significava
este voto pelas costas.
Daí,
imagina o que se presta a comentar dos demais deputados, principalmente a
centena deles que tem alguma dívida política com ele.
Ato II –
O Oportunismo eleitoral
Aqui,
talvez, um ato falho de tática de Cunha e sua bancada. Afinal, o tempo,
principalmente o que vem pela frente, não se prevê com certezas. Tática e
estratégia é assim: como construir os passos para a vitória final. A tal
vitória final de Cunha, talvez, tenha sido única e exclusivamente o impeachment
de Dilma e, na ladeira, o enterro a conta-gotas do Partido dos Trabalhadores.
Mas, errou ao achar que isso seria a curva final.
Claro,
teve o entrevero no meio do caminho, quando foi afastado da presidência da
Câmara (mas não das atividades políticas junto ao mesmo).
Porém, a
conta não feita de Cunha (que não pode reclamar da proteção da imprensa...
falamos mais abaixo) foi o das eleições municipais que se aproxima mais uma
possível (meramente possível, mas determinante) relação de campanha, na linha
“deputado candidato a prefeito que salva o mandato do mais vil dos deputados?
Pega mal na campanha”.
E foi
assim: uma debandada pra salvar campanha (e, portanto, haja maquiagem nos
candidatos Brasil afora).
– Caro
Candidato, quando sua posição frente ao processo de cassação de Eduardo Cunha?
(Strovézio interpretando entrevistador)
– Eu
votei pela cassação do ex-presidente da Câmara... (muitos/as deputados/as
candidatos/as)
– Mas eu
perguntei qual sua posição, não o seu voto. Qual é a sua PO-SI-ÇÃO frente ao
processo de cassação dele?
– Hã???
O voto não diz? Preciso explicar? (os/as mesmos/as)
Sacaram?
Ato III
– O Discurso pós-mortem de Eduardo
Cunha:
Esse é o
Ato mais impressionante... Uma síntese da fala do ex-deputado (já ex) após a
sessão da Câmara (mas fiel ao conteúdo):
–
Estavam articulados, desde o início, o Governo de meu partido (PMDB) e o
presidente da Câmara (DEM), o PT e a Globo (PIG) para destruíram minha vida
política!!!!
–
Cheirou o próprio sovaco, esse cara? Só pode ser (Strovézio).
– Será,
Strovézio?
– Entendeu
aqueles olhos esbugalhados da senhora Cunha? É doidêra, Russo! Vive alucinada...
Isso só
não foi pior do que a declaração da Globo, em Editorial do Jornal Nacional (e
mister Bonner) em afirmar categoricamente: um tal de "tentou ser o mais isento possível" e sempre destacando os fatos... à relevância que tinha pra Globo. Incrível!
Ato Final
– Tudo como dantes, nas terras de Abrantes.
E esta é
a situação mais preocupante, pois em tempos em que poderíamos pensar que as
coisas parecem mudar no país, em particular na política, tudo indica que não.
Como já
dissemos recentemente, nada de dominós caindo, nada de quimioterapia na saúde
política brasileira.
O
dominó-Cunha já disse que não vai derrubar ninguém. E nem quer isso. Dar uma de
delator é colocar em cheque todo o patrimônio que ele acumulou em décadas de
inescrupulosa atuação política. Agora, fará de tudo para proteger este
patrimônio.
– Não
faltam tutores para ele: Maluf, FHC, Aécin... o Lula não, porque este tá mais
do que vigiado. Até os calcanhares do pedalinho.
– E a
pois, Strovézio... E a pois. Mas Cunha não é amador.
A
quimioterapia que “retirou” este câncer da Câmara foi tocada por “médicos”
formados pelo câncer. Coisa de louco, de maluco de pau e pedra.
A
barganha política para preservar o patrimônio político eleitoral deste
congresso é de envergonhar até mesmo os mais “aventureiros” cientistas
políticos deste país. E as eleições municipais serão o termômetro deste “tudo
dantes”.
Em
tempos em que o governo golpista avança com metralhadora nas políticas voltadas
aos interesses do Capital, a queda de Eduardo Cunha tornou-se, incrivelmente,
coisa pequena.
Apequenada
pela imprensa, pelo próprio capital que também o elegeu e pela apequenadíssima
bancada política deste congresso que, nunca nos esqueçamos, mostrou sua
absoluta falta de qualidade, em cadeia nacional (e até internacional) no último
dia 17 de abril.
Ainda
temos os que lutam... e é com eles que precisamos continuar seguindo.
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Sempre mestre, sempre Russo!
ResponderExcluirGrato por suas palavras, Vejuse... Sigamos adiante, o picadeiro de terra batida e lona furada sempre te recebe de braços abertos...
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