RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Ensino Médio – Parte II: A Educação Física...

desenho retirado de www3.fe.usp.br





“A Educação Física cuida do corpo...
 ... e mente”
 (João Paulo Medina).





De início, destacamos...
A passagem acima, título de livro lançado em 1983, pelo professor João Paulo Medina, fez parte de um importante momento da Educação Física, no sentido de a colocar em xeque sobre sua razão de ser na Escola e, também, na Formação Superior. Destes tempos (inclusive antes), muita coisa boa e ruim foi construída. Mas, inquestionavelmente, fez da Educação Física uma área de profundas raízes teóricas e metodológicas, de amplo debate em diferentes campos de conhecimento e que estão em disputa até hoje.
Não compartilhamos dos princípios filosóficos de Medina, mas reconhecemos seu papel pioneiro para a área.

Mas vamos ao ponto...
Tão logo anunciou-se a publicização (com posterior “recuo do recuo”) da MP do Ensino Médio, parecia que voltávamos no tempo: as áreas da Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física logo foram colocadas em xeque... quase xeque-mate.
No particular da Educação Física, as entidades institucionais rapidamente se manifestaram... do pior ao que temos de melhor.
Para entender esta reflexão, retomemos a matéria sobre a Educação Física que veiculou na imprensa televisiva.
No JN veiculado após a assinatura e publicação da MP, a primeira expressão de “critica” à mesma, destacando justamente a Educação Física. Aliás, matérias repetidas em outras edições do jornalismo global.



         Destaque: aos 2:12 minutos do vídeo – o assunto “Educação Física já tinha caducado na matéria... em incríveis 2 minutos – quem defende integralmente a MP é um representante de uma Fundação do UNIBANCO... Sacou?
É claro que, ao assistir a matéria, a angústia nos tomou conta. Porque ao invés de mais do que justificar, explicar porque a Educação Física ser uma disciplina imprescindível no Ensino Médio, abriu precedente para justamente deixa-la em segundo plano... como disciplina. Afinal, as cenas apresentadas mais reforçam a pergunta “por que Educação Física?” do que a esclarecem... venhamos e convenhamos.

Mas, vamos às entidades...
O Conselho Federal de Educação Física já havia lançado uma “nota de repúdio” sobre a tal MP do Ensino Médio. Desta nota, destacamos:

“O CONFEF considera um contrassenso que no momento em que inúmeras pesquisas apontam o crescimento da obesidade e do sedentarismo infanto-juvenil, e sabendo que a atividade física é a medida mais eficaz para evitar esse mal, o Governo Federal proponha a retirada da Educação Física do Ensino Médio. Sobretudo por se tratar do país que acabou de atravessar a década de megaeventos esportivos, sediando recentemente os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, onde ficou clara a importância da atividade física na manutenção da saúde e da formação cidadã”.

Ou seja, um catatau de nada, vinculando “lé com cré” e ares de “pesquisas”.
– Pelo menos não disseram “pesquisas científicas”... (Strovézio).
– A incompetência de alguns setores se demonstra pela capacidade de investigação, Strovézio... neste caso, tá tudo “serto”.


Primeiro tiro no pé:
O CONFEF já se aproxima da “maioridade”... está perto de seus 18 anos de existência. E neste tempo, esta temática de “atividade física para combater o sedentarismo e a obesidade” sempre se fez presente. Inclusive na Escola.
Precisaria explicar porque os níveis de sedentarismo e obesidade continuam crescendo, mesmo a Educação Física sendo obrigatória... até a assinatura da tal MP pelo governo capacho de marionete temer.

Segundo tiro no pé:
Justificar a Educação Física na Escola (e no Ensino Médio) pelo fato de termos sediados Megaeventos Esportivos é o ápice da aparência, pois dá a entender que (i) é na escola que os atletas de ponta se formam (e não é) e (ii) que a Educação Física se justifica apenas pela “prática esportiva”. Assim, abre precedente para a opção (da escola ou dos alunos, como defende a MP) de querer ou não praticar esporte (qual modalidade for, mas sabemos que se limita às suas expressões de “os quatro fantásticos”: handebol, futebol, voleibol e basquetebol) e, pior ainda, coloca a nossa disciplina vinculada a eventos.

– Como diria Eduardo Galeano, “evento, é vento”... (Strovézio).
– Bem isso, Strovézio...

Terceiro tiro no pé:
Formação Cidadã (em que pese um debate de fundo necessário, mas dispensamos por hora) é importante e tals. Não seríamos contra a formação cidadã. Mas qualquer docente, e nem muito “safo”, vai dizer “ah! Por isso não... a formação cidadã é tarefa de toda a escola”.
E, cá pra nós (sem defender a obra, claro), a MP vai defender uma “formação cidadã” que, afora o fato de ter mexido com a Educação Física, é a mesma que o próprio CONFEF defende: a formação cidadã para o mercado de trabalho. É pouco para quem quer uma verdadeira formação emancipatória humana.
Isso tudo, para não termos que mencionar que o CONFEF sequer se posiciona sobre os acontecimentos políticos recentes no país. Perdeu uma boa oportunidade.

Ainda bem que temos gente séria:
O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) destaca, em determinado momento, de nota pública:

“[...] No caso da Educação Física, essa medida (a MP) negará aos estudantes a oportunidade de apropriarem-se daqueles saberes que proporcionam a leitura, compreensão e produção das práticas corporais, entendidas como formas de expressão dos grupos sociais. Isso significa a impossibilidade de conhecer, desfrutar e transformar uma parcela do repertório cultural disponível”


a Nota da LEPEL/UFPA sobre a MP destaca, dentre outros:
“A MP que reestrutura o ensino médio é um ataque covarde que rebaixa o ensino médio com a redução e flexibilização de carga horária e de conteúdos, um retrocesso ao pensamento crítico e a carreira docente com superespecialização precoce e a contratação de professores sem formação adequada, através do discurso do notório saber, negando a formação no ensino superior pra desenvolver mão-de-obra cada vez mais barata”.

E a Nota da Executiva dos Estudantes de Educação Física (ExNEEF), portanto, futuros professores em formação:

“Desde os tempos da ditadura militar não se viam retrocessos tão grandes quanto aos que estamos sofrendo neste momento. [...]”
E comenta, também, quando destaca que a partir dos anos 1980, a Educação Física:
“[...] se ressignifica e traz debates importantes que apontam para que o corpo também é político, e que se comunica através da linguagem corporal nas diferentes culturas e momentos históricos (através de práticas corporais como a Capoeira, as lutas, as danças, a ginástica, os jogos, as brincadeiras, os esportes, as atividades circenses etc.), e que neste sentido, a mesma deve ser crítica e contribuir na formação dos diferentes sujeitos do processo educacional. [...] A Educação Física na escola cumpre seu papel pedagógico e não deve ser função da escola a formação de atletas como foi prática de outros períodos históricos”.

É importante destacar: há diferenças (talvez algumas divergências) entre as três últimas entidades aqui postas (CBCE, LEPEL/UFPA e ExNEEF). Mas reconhecemos que o tom e o conteúdo destas, de longe, são infinitamente mais consistentes que a do CONFEF.
Aliás, as três notas, diferente da corporativista (e superficial) nota desta entidade mafiosa, não fica limitada à Educação Física. Faz a leitura do todo, preocupadas, também, com a retirada da Filosofia, Sociologia e Artes do Ensino Médio.
Evidentemente, muito há ainda o que se fazer não só pela Educação Física, nosso chão particular de atuação profissional. Mas as notas em destaque deixam claro, ao nosso pequeno público, que muito já fizemos.
Porém, as surpresas (neste debate, em particular) parece vir de “lugares” estranhos... ainda que não nos deixemos enganar, eis que solta a língua o Fausto Silva:


Pois bom...
À contar com essa nossa imprensa medíocre (principalmente a imprensa esportiva), acostumada a golpes e “maquiagens”, sempre caminhando pelo “superficial” do conhecimento historicamente produzido e sistematizado pela humanidade, não nos surpreende que em pleno domingo, em um programa de auditório – que, há muito, não temos estômago para assistir (e, reconhecemos, até perdemos uma coisa bacana aqui, outra ali) – seu “âncora” largue o verbo...
Este picadeiro de terra batida e lona furada de circo não se ilude. Basta registrar que na manhã seguinte (Bom Dia Brasil) nada sobre este comentário e, novamente, matérias elogiando a tal MP.... E que o temer capacho de marionete do capital até fez questão de ligar para o apresentador, para "esclarecer" a MP... Aguardemos o próximo "Domingão"...

Mero balão de ensaio?
O gato do temer subiu no telhado?
Vem coisa por aí... Muita coisa...

Venham Todos!
Venham Todas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira