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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Ensino Médio - Parte I: média com pão?





“Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa /
 Uma boa média que não seja requentada /
 Um pão bem quente com manteiga à beça /
 Um guardanapo e um copo d’água bem gelada”
 (Conversa de Botequim – Noel Rosa)



Quando era mais jovem, nos tempos ainda paulistanos, da sair de casa de madrugada e só retornar bom no final da noite pra casa, uma dinâmica que a gente ia aprendendo era parar na Padaria (perto do trabalho) e pedir uma “média com pão na chapa”.
Era um café simples, que praticamente “enganava” a lida da manhã toda até a hora do almoço. Naqueles tempos, um bandejão no restaurante da Mercedes Benz.
A “média” era um café com leite, meio a meio. O pão na chapa sempre era o do tipo “pão francês”... o “pão careca” das nossas bandas paraenses. Manteiga suficiente para “melar” e pronto.

Pois bom...
Quando vi, como o país inteiro viu, o lançamento da proposta de Reforma do Ensino Médio do governozinho de meia pataca temer e o seu lançamento – com “recuo do recuo” – a “toque de caixa”, de cara, duas coisas ficaram inquestionavelmente seladas:
1. É realmente um governo que está feliz em ser capacho de marionete dos interesses privados dos mais inumeráveis setores da economia atual;
2. Não sabem patavina do que fazem, o que quer dizer que se contentam com o status (mesmo que vergonhoso na forma) de presidente e ministros e o salário que ganham para fazerem o que os outros mandam (outros, vide “coisa 1”).

Não me restam dúvidas de que eles apenas são ridículos, mas perigosos, porta-vozes do que não elaboram. Nada me tira da cabeça que o tal mendoncinha sequer sabe o que foi proposto... Isso, claro, está a cargo de suas Secretarias, em particular a de Educação Básica e, claro, da Secretaria Executiva.

Mas, como dissemos, os debates em torno de mais um desatino do governo federal foram intensos desde então (quinta-feira, 22 de setembro) e, a este picadeiro de terra batida e lona furada, talvez caiba apenas um mero depoimento do como acompanhamos isso. Gente e entidades mais sérias (ou não) do que este blog já o fizeram isso.
Claro, sempre coisas impressionantes no seu desenvolvimento.
O papel da mídia é um exemplo. Vez em quando não sei diferenciar o quanto ela é omissa, e o quanto ela é protagonista. Talvez uma coisa meio “protagomissa”???
Mas foram realmente impressionantes as matérias que se seguiram até o “grand finale” (e depois) da assinatura da MP do Ensino Médio: estávamos testemunhando uma “verdadeira revolução” na Educação Básica.
E, pra fechar, hoje, 26 de setembro, não satisfeita, a Globo (em seu jornal matutino) ainda coloca a Miriam Leitão para reforçar o seu apoio a esta reforma com algo parecido com “professores podem trabalhar menos que outras profissões” e, portanto, “precisam trabalhar mais”, com um falssiê grosseiro de “o professor vai ficando cada vez mais sábio, com mais conhecimentos, precisa ser aproveitado”.
Aff... nem hipocrisia mais é.
Aliás, para não dizerem que as matérias só tinham manifestações do Governo, colocaram a sociedade civil representada apenas pelo tal “Todos pela educação”...



... e seus quatro BANCOS como parte do “quem somos”. Não esquecendo, também, da influência dos organismos internacionais, como o Banco Mundial, que exerce inquestionável influência sobre o Governo.

– Hey, Russo... e tem a DPASCHOAL... é necessário né? (Strovézio).
– Como assim, Strovézio?
– Ora... pneus de prêma. Pra avançar “a toque de caixa” uma proposta desta, pneus bons... velocidade estonteante...
– Apesar de horrorível, Strovézio, é uma piada com sentido... Deixemos ao nosso público a avaliação.
– Melhor que deixar para o governo, né? (Strovézio)...

Num país em que são várias e importantes as instituições que pesquisam a Educação (ANPED, SBPC, vários grupos de pesquisa espalhados pelas Universidades públicas brasileiras como nossa inestimável LEPEL/UFPA, pesquisadores de inquestionável acúmulo e notoriedade etc.), foi realmente dois desserviços: da Mídia (de omitir que o Brasil tem de pesquisadores sérios) e do Governo (que, como já dissemos, não passa de capacho de marionete dos interesses privados).

Sobre a proposta de reformulação e as matérias jornalísticas:
... nenhuma manifestação acerca da precariedade das escolas públicas neste país.
... nenhuma menção sobre o sofrido trabalho dos docentes da Educação Básica pública (com salários baixos, intensas horas de trabalho, distantes locais para dar aula, salas superlotadas e uma lista de outras tensões).


... nenhuma crítica assumida ou reconhecida.

Uma proposta sem diálogo com nenhum setor (a não ser os que estão usufruindo das consequências do golpe recente).
Uma proposta que acompanha a PEC 241 (congelando, por 20 anos, gastos sociais e, claro, com a Educação).
Uma proposta que não explica como fica, por exemplo, as classes multisseriadas ou o estudo noturno (aquele, em que o estudante trabalha – ou procura emprego – o dia todo, também em empregos sem sentido... e ainda querem detonar a CLT).
Isso para não falar de barbaridades como o mal uso da expressão “notório saber” e a retirada de disciplinas (Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia)... temas para reflexões que ainda faremos.

– Mas Russo, e a média com pão? (Strovézio)
– Pois bom...
Os trabalhadores, aqueles que carregam este país nas costas, de ponta a ponta, tem neste a sua primeira refeição. Médiazinha com pão na chapa (ou sem chapa, até).
A Elite ensinou que basta isso como refeição matutina para garantir a primeira parte da rotina de trabalho.
É a mesma elite que está por trás da superficialização “média com pão” do Ensino Médio, e com a mesma defesa: tiram conhecimentos da Educação da Classe Trabalhadora, que ela se forma do mesmo jeito... e é baratinho!


Estudantes fazem ato em São Paulo contra a Reforma do Governo Federal
para o Ensino Médio... 

Se em Sampa (e, depois, desencadeando a outros Estados da Federal), as escolas foram amplamente ocupadas por conta da tentativa de Reforma do governo estadual... estamos apostando agora numa ocupação nacional... E que a mobilização seja ampla e forte...


Ah! E escolas ocupadas e com aulas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física.

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Venham Todas!

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