“Nunca
se mente tanto
como antes das eleições,
durante uma guerra
e depois de uma caçada”
(Otto
von Bismarck)
Cá
estamos, mais uma vez, vivendo os tempos de eleições municipais. E nós dissemos
quase exatamente isso a dois anos atrás (nas eleições de 2014) e a quatro anos atrás
também (últimas eleições municipais)...
E é por
demais espantoso que as Eleições sempre despertam curiosidades incríveis
debaixo desta lona.
Algumas
coisas são as mesmas: carros com alto-falantes e as músicas que parecem uma
doença nos ouvidos da gente, de tão altas e vazias que são. Músicas com nome e
número e um blá-blá-blá que nada fala do/a candidato. E ainda passam em frente de hospitais e
escolas.
Isso
para não falar das músicas mais “elaboradas”, com a receita abaixo:
Santinhos
e mais santinhos jogados na porta de sua casa ou na sua caixa de correios, fora
os que imundam (do verbo “imundar”) as ruas.
– Mas
Russo, por que raios essa coisa de papel com foto de fotoshop e número de
candidato se chama “SANTINHO”????? (Strovézio).
– Pois
é, Strovézio... seriam “santos” e “santas” estes/as candidatos e, portanto, são
“pessoas de bem”?
–
Tédoidé?
Carreatas,
candidato apertando mão de gente que sequer sabe o nome, fotos, mais fogos
(ah!, nossos cães, gatos, passarinhos...).
E por
falar em carreata...
Na TV,
um pouco de “melhores propostas” somadas às candidaturas ao legislativo
municipal em horários reservados à propaganda política.
Neste, o
que cada vez mais se tornou num dos maiores engodos e expressão de
superficialidade destes horários, com a devida particularidade de algumas
bandeiras isoladas: todo mundo se apresenta com o compromisso de “Mais
Educação”, “Mais Saúde”, “pela nossa Juventude” e o escambal. Vão dizer “é o
tempo que não dá pra falar muita coisa”. Eu duvido... é o vazio de propostas
mesmo.
Nada, ou
muito pouco, sabemos sobre “que educação?”, “que saúde?” ou “o que, de fato,
para a juventude?”... Reiteramos: com as devidas exceções (inclusive para o que
há de mais conservador, infelizmente).
Tem
aqueles, digamos, mais sinceros (ou nem tanto): “pela família”, por exemplo é
uma expressão que tem cara de inquestionável. Afinal, família é bom, todo mundo
tem e quer cuidar da sua.
Mas não
é “de toda família” que estes aí aparecem, mas aquela família patriarcal (em
que pese quem gere a família – na humilde opinião deste – é a matriarca), de
casal constituído unicamente por uma relação heterossexual, tradicional e,
claro, religiosa. Família, sem religião, não vale.
Mas,
como sempre, não conseguimos identificar uma mínima manifestação programática
nas candidaturas, quer para o executivo, quer para o legislativo. Noves fora,
claro, os/as candidatos bem sérios e compromissados com o que é a política,
expressão da vida coletiva das pessoas, da cidade, da comunidade).
O que
pensam para a cidade?
O que
pensam para as comunidades e a relação destas com as comunidades vizinhas?
O que
pensam sobre a Educação e a Saúde pública, que já caminha para um “congelamento”
de 20 anos e, certamente, a revisão do teto mínimo de investimento. Uma porta
aberta ao ensino privado e aos planos de saúde?
O que
pensam sobre os acontecimentos nacionais? Golpe ou Impeachment?
E as
reformas do governo golpista? Previdência? CLT? Educação Pública? Saúde
Pública? Qual a posição e, mais ainda, qual a postura política a ser tomada se
eleito for?
Nada...
fora os públicos “Fora Temer”, nada...
Mas, o
mais interessante é que estes dois últimos anos (e este de 2016, principalmente
de março pra cá) têm sido por demais desmascaradores
sobre a profunda limitação de opções para este exercício de nossa democracia
burguesa: o voto. E as poucas e boas opções, enfrentam um inimigo forte,
poderoso... e rico.
Depois
de meses com trincheiras políticas cada vez mais explícitas, inclusive com um
segmento de saudosismo da ditadura ganhando força, além, é claro, do que existe
de mais sintético na expressão fascista de Estado, chegamos ao primeiro momento
eleitoral e, nele, à seguinte conclusão: vai ser tudo mais do mesmo.
As casas
legislativas municipais, muito possivelmente, repetirão os seus antigos
vereadores (fora os que tentaram o executivo). Ou seja, em tempos de “esses
políticos não prestam”, serão eles mesmos, em franca maioria, que retornarão ao
lugar que estão até estas eleições.
As
mudanças?
Bem
possíveis, sim... Caras novas (e rostinhos novos). Mas é bom verificar a “filiação”
(família e partido) e conferirmos, de fato, se se trata de algo novo,
diferente, ousado, com propostas novas ou apenas um tom de “outra geração” à
velha política canhestra presente em nossa sociedade.
Sei não...
Não
somos onipresentes, não temos como saber como serão as eleições nos quase 6 mil
municípios, deste país.
Mas
apostaríamos a linha de costura de nossa lona furada (que continua furada) que
será, literalmente, “mais do mesmo”...
E,
talvez, essa seja a única grande notícia de fato em dias de eleições: depois de
tanta agitação neste país, com bandeiras (hipócritas) contra a corrupção e
coisa e tal, chegamos a uma conclusão, digamos, hamletiana: “tudo continua podre no reino do combate à
corrupção”...
Temos
saídas... mas vivemos tempos em que elas estão num páreo difícil...
Fica pra
próxima reflexão, antes das eleições, claro...
Mas uma
coisa é certa: se alguém que passeia por este picadeiro de terra batida e lona
furada de circo se contenta em, nessas eleições, dar sua contribuição ao “deixa como tá, que nada adianta mudar”...
é... realmente temos que ser um circo pequeno mesmo...
Ainda
assim, insistimos.
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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