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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Eleições... parte I - mais do mesmo...




“Nunca se mente tanto
 como antes das eleições,
 durante uma guerra
 e depois de uma caçada”
 (Otto von Bismarck)




Cá estamos, mais uma vez, vivendo os tempos de eleições municipais. E nós dissemos quase exatamente isso a dois anos atrás (nas eleições de 2014) e a quatro anos atrás também (últimas eleições municipais)...
E é por demais espantoso que as Eleições sempre despertam curiosidades incríveis debaixo desta lona.
Algumas coisas são as mesmas: carros com alto-falantes e as músicas que parecem uma doença nos ouvidos da gente, de tão altas e vazias que são. Músicas com nome e número e um blá-blá-blá que nada fala do/a candidato.  E ainda passam em frente de hospitais e escolas.
Isso para não falar das músicas mais “elaboradas”, com a receita abaixo:



Santinhos e mais santinhos jogados na porta de sua casa ou na sua caixa de correios, fora os que imundam (do verbo “imundar”) as ruas.
– Mas Russo, por que raios essa coisa de papel com foto de fotoshop e número de candidato se chama “SANTINHO”????? (Strovézio).
– Pois é, Strovézio... seriam “santos” e “santas” estes/as candidatos e, portanto, são “pessoas de bem”?
– Tédoidé?

Carreatas, candidato apertando mão de gente que sequer sabe o nome, fotos, mais fogos (ah!, nossos cães, gatos, passarinhos...).
E por falar em carreata...



Na TV, um pouco de “melhores propostas” somadas às candidaturas ao legislativo municipal em horários reservados à propaganda política.
Neste, o que cada vez mais se tornou num dos maiores engodos e expressão de superficialidade destes horários, com a devida particularidade de algumas bandeiras isoladas: todo mundo se apresenta com o compromisso de “Mais Educação”, “Mais Saúde”, “pela nossa Juventude” e o escambal. Vão dizer “é o tempo que não dá pra falar muita coisa”. Eu duvido... é o vazio de propostas mesmo.
Nada, ou muito pouco, sabemos sobre “que educação?”, “que saúde?” ou “o que, de fato, para a juventude?”... Reiteramos: com as devidas exceções (inclusive para o que há de mais conservador, infelizmente).
Tem aqueles, digamos, mais sinceros (ou nem tanto): “pela família”, por exemplo é uma expressão que tem cara de inquestionável. Afinal, família é bom, todo mundo tem e quer cuidar da sua.
Mas não é “de toda família” que estes aí aparecem, mas aquela família patriarcal (em que pese quem gere a família – na humilde opinião deste – é a matriarca), de casal constituído unicamente por uma relação heterossexual, tradicional e, claro, religiosa. Família, sem religião, não vale.

Mas, como sempre, não conseguimos identificar uma mínima manifestação programática nas candidaturas, quer para o executivo, quer para o legislativo. Noves fora, claro, os/as candidatos bem sérios e compromissados com o que é a política, expressão da vida coletiva das pessoas, da cidade, da comunidade).

O que pensam para a cidade?
O que pensam para as comunidades e a relação destas com as comunidades vizinhas?
O que pensam sobre a Educação e a Saúde pública, que já caminha para um “congelamento” de 20 anos e, certamente, a revisão do teto mínimo de investimento. Uma porta aberta ao ensino privado e aos planos de saúde?
O que pensam sobre os acontecimentos nacionais? Golpe ou Impeachment?
E as reformas do governo golpista? Previdência? CLT? Educação Pública? Saúde Pública? Qual a posição e, mais ainda, qual a postura política a ser tomada se eleito for?
Nada... fora os públicos “Fora Temer”, nada...

Mas, o mais interessante é que estes dois últimos anos (e este de 2016, principalmente de março pra cá) têm sido por demais desmascaradores sobre a profunda limitação de opções para este exercício de nossa democracia burguesa: o voto. E as poucas e boas opções, enfrentam um inimigo forte, poderoso... e rico.
Depois de meses com trincheiras políticas cada vez mais explícitas, inclusive com um segmento de saudosismo da ditadura ganhando força, além, é claro, do que existe de mais sintético na expressão fascista de Estado, chegamos ao primeiro momento eleitoral e, nele, à seguinte conclusão: vai ser tudo mais do mesmo.

As casas legislativas municipais, muito possivelmente, repetirão os seus antigos vereadores (fora os que tentaram o executivo). Ou seja, em tempos de “esses políticos não prestam”, serão eles mesmos, em franca maioria, que retornarão ao lugar que estão até estas eleições.
As mudanças?
Bem possíveis, sim... Caras novas (e rostinhos novos). Mas é bom verificar a “filiação” (família e partido) e conferirmos, de fato, se se trata de algo novo, diferente, ousado, com propostas novas ou apenas um tom de “outra geração” à velha política canhestra presente em nossa sociedade.

Sei não...
Não somos onipresentes, não temos como saber como serão as eleições nos quase 6 mil municípios, deste país.
Mas apostaríamos a linha de costura de nossa lona furada (que continua furada) que será, literalmente, “mais do mesmo”...
E, talvez, essa seja a única grande notícia de fato em dias de eleições: depois de tanta agitação neste país, com bandeiras (hipócritas) contra a corrupção e coisa e tal, chegamos a uma conclusão, digamos, hamletiana: “tudo continua podre no reino do combate à corrupção”...

Temos saídas... mas vivemos tempos em que elas estão num páreo difícil...
Fica pra próxima reflexão, antes das eleições, claro...
Mas uma coisa é certa: se alguém que passeia por este picadeiro de terra batida e lona furada de circo se contenta em, nessas eleições, dar sua contribuição ao “deixa como tá, que nada adianta mudar”... é... realmente temos que ser um circo pequeno mesmo...

Ainda assim, insistimos.

Venham Todos!

Venham Todas!

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