contribuição de Paco Mitu - Castanhal/PA |
“um cão
não vê utilidade em carros elegantes
Nem em
casarões, nem em roupas de grifes.
Um
graveto serve pra ele.
Um cão
não se importa se você é rico ou pobre...
Talentoso
ou sem graça...
Inteligente
ou burro.
Dê a ele
seu coração e terá o dele.
De
quantas pessoas você pode dizer isso?
Quantas
pessoas o fazem se sentir único, puro e especial?
Quantas
pessoas o fazem se sentir extraordinário?
(Do filme “Marley e eu”)
E lá vai ela...
Foram
quase 12 anos...
E, neste
tempo, um sofá destruído, creio que uma dúzia de fugas, algumas delas
espetaculares (e ela fugia porque aprendeu que a gente a trazia de volta) e,
destas, três ninhadas (17 cãezinhos de diferentes pelos, cores, rabos, focinhos...),
algumas caças (de timbu a passarinho), muitas reclamações de banho, os
incontáveis “cabos de guerra de panos” e tudo o que a gente pode receber desta
companheira que sempre nos recebia de rabo abanando.
Entre dois e três meses de idade... Eu, tentando salvar o sofá de casa |
Sempre
soube que isso iria acontecer, acreditando no “tempo” que a gente acredita
seguir seu fluxo normal, sem acidentes ou interrupções duras e abruptas. Sempre
os/as tive, quando pude te-los e Janis reinaugurou esta companhia depois de um
longo tempo impossibilitado de ter um cãozinho.
Mas, ontem,
foi dia de despedirmo-nos dela. Claro, com dor no coração, pois foi uma
despedida planejada, haja vista o acometimento de câncer que a acompanhava.
Nossa
humanidade foi testada, até o último segundo.
E,
enquanto se aproximava o momento de dizer-lhe as últimas palavras, era
impossível (e gratificante) reconhecer-se nela, saber quem você é por conta da
Janis.
E como é
incrível percebermos nossa humanidade sendo reconstruída para além das relações
humanas (e as que eu nutro, mantenho, semeio, alimento, fortaleço também são
fruto desta humanidade se desenvolvendo). Uma humanidade sendo humanizada nas
relações com uma pequena cadelinha chamada Janis Joplin.
Janis
Joplin – nome construído e decidido junto com Bebela (Isabela Nascimento – que
tinha medo de cachorro) no primeiro dia dela conosco – chegou nos meus tempos
de Brasília, antes de levantarmos o mastro que sustenta esta lona furada de
circo e nosso picadeiro de terra batida.
E Janis
entrou assim: para mostrar que existia um CIRCO bem melhor dentro de nós,
nossos artistas. E antes mesmo de sê-los...
Entrou
para mostrar o que nossa humanidade não consegue entender, que não precisamos
fazer o certo apenas para ter algo em troca. Janis não esperava nada em troca
do rabo abanando, quando eu chegava em casa.
Janis
(assim como Hércules e Kaia, que continuam conosco) é a demonstração de um dos
ensinamentos mais simples e mais abandonados pela humanidade: não faça o bem em
troca de outro bem, não faça a coisa certa para receber algo em troca... Apenas
faça o bem, apenas faça a coisa certa, apenas demonstre a alegria que sentes
perto das pessoas que ama. E siga a vida agradecendo a ti mesmo por ter feito a
coisa certa.
Se
receber algo em troca (um carinho, uma brincadeira, um petisco), ótimo. Se não
receber, aqui está meu carinho no dia seguinte.
Janis
nunca quis mais do que isso...
E,
talvez, essa seja a fonte da dor que ainda aperta o peito da gente.
O Circo
segue, assim com Hércules e Kaia. Já percebemos que eles ainda aguardam a Janis
voltar e, portanto, a matilha precisa continuar unida. E eu, como um “inxirido”
na matilha, continuar aprendendo.
Uma pena
que tantos que conheço, que tem seus companheiros (e os tem por opção) não
tenham aprendido isso ainda.
Da Janis,
em nossos últimos momentos, a única coisa que eu poderia dizer por estes 12
anos:
Obrigado,
Janis
"De nada e vem brincar logo comigo", no jeito Janis de responder... |
– Viva
Viva, Janis Joplin! (os artistas)
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Lamento cara.....lembro que vc falava muito dela.
ResponderExcluirMas saiba que ela viveu bem e feliz.
Salve, Salve, meu caro...
ResponderExcluirEla era danada. Por isso que a gente sempre falava dela...
Vamos seguindo... tem mais dois na matilha que precisamos preservar (eles e a matilha).
Fico grato pela solidariedade...
Há braços... e latidos!
Genteee, lembro dela e entendo seus sentimentos. São os mesmos que tive com a perda de dois de meus gatinhos, por isso me solidarizo com sua emoções: as de perdas e as dos ganhos, pois a vida é assi, dicotomica e sadia. Hoje continuo com mais duas meninas em casa: Branquinha e Malhada e como voce, perpetuando sobretudo o companheirismo e amor nelas e com elas. Vida longa a Janis porque ela nao se foi, continua em cada lembrança e cantinhos da casa.
ResponderExcluirQuerida Maninha Ceça...
ExcluirNosso picadeiro sente-se honrado com sua lembrança e solidariedade. Seguimos exatamente isso, até mesmo na nossa memória ainda forte, emocionada e presente da despedida à Janis (algo que fizemos questão de fazer, estarmos presentes até o último momento dela, conosco)... E este aprendizado é o que precisamos, constantemente, colocar em prática no nosso dia a dia... para nosso bem e para a justa memória destes que foram nossos/as companheiros/as inseparáveis.
Abreijos
Há braços... e latidos!