RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Universal Circo Crítico... Um ano depois (segunda parte)...

Deve ter alamedas verdes/

A cidade dos meus amores/

E quem dera os moradores/

O Prefeito e os varredores/

Os pintores e os vendedores/

As senhoras e os senhores/

E os guardas e os inspetores/

fossem somente crianças

(A Cidade Ideal – Henriques, Bardotti e Chico Buarque)


Acho que é efeito de festa... quando a gente celebra (Celebrar, camarada! Celebrar!) aquilo que é fruto de conquistas, lutas, militância, e também paixão, alegria, achamos que lembramos de tudo. Da minha parte, de repente, quando fui dormir no último dia 24 de maio, comecei a pensar comigo mesmo (claro, fui dormir, moro sozinho...): “Eita, e teve aquilo, e aquele momento outro, e também essa passagem...”

Não tinha saída, tinha que falar mais um pouco deste um ano no Pará. E sabendo, claro, que todas as manifestações culinárias, os amigos, as experiências religiosas (religiosas, eu? Égua!), os lugares, o trabalho, a re-convivência com a sala de aula. Tudo isso é muito misturado.

Um dos lances bacanas que criamos por aqui – pode parecer “machismo enrustido”, mas não é – é a Confraria, uma reunião apenas dos camaradas (já que as suas companheiras e outras sempre se reunem), para um local também bacana... De conversa fiada a reflexões sobre as relações – do ponto de vista nosso, claro – um pouco de música, um tanto de arte, alguns projetos e por aí vai. Vez em quando regado a pizza e vinho (ou cerveja), vez em quando guarnecido de uma boa cachaça (sim, Belém tem O lugar). E, claro, sempre tem o motorista da vez.

Belém, neste um ano, também proporcionou o caminho para os projetos, dos pequenos aos definitivos.

Minha vida em São Paulo, foi marcado pelo, já apresentado neste espaço, Afã, um projeto bem legal de uma banda de rock, que primava pela qualidade das letras e da música. Pois bem, aqui em Belém, eu e meu amigo e companheiro de luta Robson, estamos começando uma pequena viagem acústica, eu no violão e voz, ele na percussão e voz. Ainda estamos nas idéias, com algumas músicas escolhidas e sendo tratadas. Mas, é muito legal essa história de “'bora ensaiar?”. Em breve, quem sabe, já estejamos fazendo nossa viagens mais públicas, por aqui.

Mas, tem os projetos definitivos. Recordo que meus cinco anos em Brasília, na maior parte do tempo, sempre foram encarados com passageiros. Em princípio, uma pequena passagem de Recife para o retorno à Recife, minha “Terra Natal” – por mais que seja paulistano de nascença e crescença. Porém, sabia que o retorno a Recife não era algo tão certo assim e, como quase que uma previsão, não retornei.

Mas, falava do temporário-passageiro em Brasília para indicar o que fiz por cá e não fiz em Brasília. Entro na fase de longos anos financiando minha casa própria. E é realmente uma diferente sensação essa: comprar sua casa.

Lembro quando comprei meu primeiro disco, aquele em que eu juntei os trocadinhos e comprei. Foi o sensacional Physical Graffiti, do Led Zeppelin, LP Duplo (sim, faz tempo), p'ra ser apreciado, inicialmente, em silêncio. Lembro da sensação até hoje, afinal, era um adolescente de aproximadamente 16 anos, já batizado pelo rock'n'roll, com o sonho de ter uma banda e já arriscando acordes e letras (algumas boas) e festivais escolares. Mas, naquela época, e comprava, a carteira ficava vazia, mas lá estava, na minha estante de uma dúzia de LP's, o Physical Graffiti do Led Zeppelin. Era como um cartão de visitas que ficava na sua casa, mas que o colocava no meio da galera não muito atleta (e eu era uma atleta naquela época), mas que sabia muita coisa de música, para uma faixa etária de 16 anos.

Hoje, a sensação tem a sua diferença, pois não compro a casa e esvazio a carteira, afinal, a pagarei durante 10 longos anos, mês a mês (abatendo com umas férias aqui, um 13º ali, um dinheiro extra acolá), a minha casa própria e essa é, realmente, uma sensação ímpar.

Mas, quase que me redimindo, deixei de comentar na primeira versão de “Um ano depois” uma das vivências mais bacanas de Belém: o sarau poético da casa da Myrian (foi o primeiro) e da Livinha (a fantástica Livinha): Poesia de todo o timbre, músicas declamadas, recordações de todos sobre a vida. Eu, para esse espaço, além de levar meus poetas e minhas poetizas lutadores/as do povo (como a Ana Cláudia Pessoa, companheira e educadora de mão cheia do MST de Pernambuco), levei as viagens de minha Vó Célia. Lembro de apenas uma vez, uma única vez vê-la declamando um de seus poemas, ainda no apartamento onde ela morava, na Vila Madalena, em São Paulo. Égua da interpretação e da declamação! Mas, claro, não consegui ser tão fiel à emoção de minha vó ao declamar alguns de seus poemas publicados.

De tantas declamações bacanas do pessoal que sempre estar por lá, da recepção ma-ra-vi-lho-sa da Lívia, com aquele instrumento de cordas que NÃO LEMBRO O NOME (que falta de absurdo!), uma pasagem foi simples, leve e viajante: o Robson declamando (sim, declamando) a “História de uma gata” de Chico Buarque, no também maravilhoso Saltimbancos (qualquer dia destes conto minhas memórias de outro LP marcante em minha vida).

Outras coisas marcam um ano em Belém... Todas elas envoltas de alegria e realização em construção.

O Circo voltou! Ah, ele voltou...


Venham Todos!

Venham Todas!


Vida Longa!


Marcelo “Russo” Ferreira

Um comentário:

  1. Kântele, Marcelo! Kântele é o nome daquele maravilhoso instrumento que nos toca a alma! Te trago o nome dele em nome da música que ele já me ofereceu e ainda me oferece. O Kântele me levou para a música tocada pq sentida e não pq sabida. Já te falei isso.
    Que bom que o sarau te toca. Ele é construído por nós para acender luzes, lembras? Que se faça!
    Um bj daqui desses 500km de Belém!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira