“Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo, dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé, nem nada
Se muito for eu sou um Tostão
Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu
irmão
Entrou de bola, e tudo!”
(Gilberto Gil)
Ainda estamos voltando, o mundo tá uma bagunça.
Conflitos na América Latina e alhures, ataques às mínimas singularidades de
direitos da classe trabalhadora, Universidade inimiga do Estado, professores inimigos
da família e um conjunto de “etc.” que mal nos é possível sistematizar. Até
mesmo para um picadeiro tão singular.
– E nós vamos falar de futebol?
(Strovézio)
– Isso, Strovézio... vamos falar de
futebol.
– Então tá, então...
Tivemos mais
um grande espetáculo futebolístico esta semana, que rende matérias, jornalistas
experientes comentando e incontáveis camisas do Flamengo pelas ruas de norte a
sul do país (talvez até no RS). O Maracanã (que já não é o mesmo) testemunhou o
que o país inteiro e, especialmente, os fãs e acompanhantes do futebol já
parecem saber: o tal Flamengo está com um timaço e vai ser papão de tudo... ou
quase tudo.
Mas, não é de futebol “nas quatro
linhas” que este picadeiro se inclina neste momento. É verdade que nosso
picadeiro de terra batida e lona furada de circo ainda está desenferrujando,
após um certo período em silêncio nas escritas e, voltar falando de futebol
pode ser estranho aos não menos de 100 admiradores deste circo. O que dizer do
auto-contabilizado 42 milhões de torcedores do Flamengo.
Claro... as reflexões vão além das
quatro linhas.
Fico pensando na grandeza de um time
de futebol que contrasta com a pequena da instituição que seu escudo sustenta.
Assim como empresas “bem” (mal) noticiadas em tempos recentes (a exemplo da
Vale), nada mais evidente do que o dinheiro à frente da vida, inclusive e partiicularmente
no futebol.
Para lembrarmos, estamos falando do
incêndio no Ninho do Urubu, em fevereiro deste ano, que vitimou 10 jovens
atletas, além de outros três que sobreviveram, mas com sequelas duras. Eram
aquelas “pérolas valiosas” do Flamengo, que depois de peneiras e mais peneiras,
olheiros país afora, um “funil” após a peneira e a “pinça” final para ter
aqueles 10 atletas que, certamente, renderiam alguns milhões de sei-lá-que-moeda
aos cofres do Clube...
– É aquela história da “especulação”,
né Russo? (Strovézio)
– Sim, tipo “olha aquele jogador,
veja como joga, imagine jogando em nosso time, pense outros clubes querendo
aquele atleta, pense quanto pagariam...”, sacou?
– E ao preço de custo e investimento
de um alojamento em um contêiner...
– Bingo, Strovézio! Bingo!
E até hoje, o grande objetivo do
Flamengo sobre este “acidente” (grandes instituições nunca comentem crimes), é “negociar”
quanto vale a vida de cada um daqueles jovens... inclusive torcedores (como
certamente suas famílias) do Flamengo. Valeriam muito como “Objetos de venda”,
mas valem muito pouco como jovens, humanos que tinham sonhos de vida, como
jogadores de futebol.
Pois bom...
Pesquisar o Flamengo na internet, essa
história não se revela.
Hoje, parece-me que a imagem mais importante
ao time e à sua torcida ainda é essa, de beleza estonteante:
Ou essa:
Noite de quarta-feira, 23 de outubro, semi-final da Libertadores |
Por que o mundo anda tão maluco? Por
que parece-me que o “cada um por si e Deus contra todos” é cada vez mais
intenso?
Porque a única coisa que eu
gostaria, humildemente, de testemunhar era a torcida do Flamengo lotando o
Maracanã, torcendo intensa e imensamente para seu time nas quatro linhas... e
de costas.
De costas EM RESPEITO ao tamanho do
Flamengo. Mas também dizendo: vidas não tem preço, muito menos ao maior clube
do país (segundo seus torcedores).
E isso seria, também, uma lição para
que seus atletas, heróis que conseguiram se tornar, também lembrem-se que 10 jovens
um dia sonharam em ser heróiss... e não foram...
E seu time, do coração, negocia
indenizações a famílias pobres (talvez não todas). Porque o investimento barato
(contêineres) só faz sentido com indenizações baratas.
Flamengo... uma vez, sempre! Como
quase todas as instituições esportivas que conhecemos.
Venham Todos!
Venham Todas!
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira