Democracia Burguesa... à bem da verdade! |
“Durante o mês de junho, todas as classes e
todos os partidos se uniram no Partido da
Ordem contra a classe proletária, considerada o partido da anarquia, do socialismo, do comunismo. Eles ‘salvaram’ a
sociedade dos inimigos da sociedade.
O Lema repassado por eles às suas tropas consistia nas palavras-chave da antiga
sociedade: “Propriedade, família,
religião, ordem”, instigando a cruzada contrarevolucionária com a frase: ‘Sob este signo vencerás!’” (O 18
Brumário de Luis Bonaparte – Marx).
E eis
que começam estranhos “até 180 dias”.
Perigosos
180 dias. Dias de uma Presidenta sem o exercício do mandato e um Presidente
Interino sem legitimidade e que já disse a que veio (e, portanto, a que estava
tramando no submundo da política e do Estado): acelerar, e muito, o que já
estava ficando ruim pra Classe Trabalhadora.
Nestes
últimos tempos, nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo tentou
caminhar de maneira esclarecedora neste estranho lugar chamado Brasil.
Recentemente, uma expressão foi deveras interessante: “O Brasil não é para
amadores!”
Claro,
tentou caminhar com os passos de um Circo Pequeno (já dissemos outras vezes:
não somos blogueiros profissionais). Tanto expressávamos nossa indignação
acerca dos acordos de governabilidade, quanto os atos espúrios de uma oposição
conservadora sem escrúpulo e uma elite hipócrita, às ruas outrora, em silêncio
agora.
Sobre o
primeiro, falamos dos erros do Governo Dilma, e o fizemos muito emputecidos,
por sinal. Foram erros que, no final ao cabo, expressaram mais a “posição
política” do governo do que qualquer ato de chantagem política.
Expressão
disso foi a greve nas Universidades Federais em 2015: nenhum movimento claro do
Governo Dilma a anunciar sequer o compromisso de garantir o funcionamento e o
fortalecimento das Universidades e Institutos Técnicos Federais (sem mencionar
os demais Servidores Públicos Federais). Cortes pesados no orçamento (no
primeiro ano de “Pátria Educadora”) e um dar-com-os-cotovelos às reivindicações
de docentes, técnicos administrativos e estudantes. Como um bom Governo de
direita, tudo fez para que saíssemos de mãos vazias e muito trabalho e luta
pela frente. Trabalho, porque honramos o que fazemos e luta, porque sobrou
apenas a nós lutar pela Universidade Pública Brasileira.
Ou então
a Reforma Agrária, demarcação de terras indígenas (e a proteção dos indígenas,
continuamente massacrados por mineradoras, latifundiários, madeireiros e o
escambal – com uma “mãozinha” da Guarda Nacional e Polícia Federal) e política
ambiental frágeis a até inexistentes. Mas é preciso reconhecer: parte dos
segmentos que militam nestes campos foram as ruas defender o Governo Dilma...
não sem críticas e autocríticas.
E a Copa
do Mundo (e seus agregados Copa das Confederações, Jogos Militares e Jogos
Olímpicos), que no ano de véspera mobilizou entre população da periferia (com
suas casas sendo derrubadas para as obras destes megaeventos, a torto e a
direitA) e a elite (que reclamava dos ingressos caros) um catatau de complexas
e inexplicáveis manifestações sem rumo. Algo que começou com a violência da polícia
aos atos contra o aumento de tarifas de transporte público em São Paulo
(inclusive contra jornalistas) e as edições de imagens mentirosas da grande
mídia e terminou com tango-do-branco-maluco das manifestações sem bandeiras nas
semanas seguintes.
E Mariana/MG?
Desencadeou o que? A Vale precisa ser preservada, afinal, é a maior Mineradora
do Mundo (o que não a faz gigante).
– Já
dissemos que Gigante é Evandro Medeiros!!!!!
– E
todos os que estão com ele!!!!
Mariana/MG,
Rio Doce e suas margens, dois Estados (MG e ES) e um litoral completamente
destruídos e um Estado (e seus capachos legisladores de MG e da Câmara Federal
que, mesmo assim, diminuem mais ainda os obstáculos para as ações de exploração
mineral no país) fortalecendo as ações de perseguição e julgamento de quem
defende a solidariedade às vítimas.
No meio
disso tudo (e um tanto mais), funda-se a República de Curitiba. E tem quem a
saúda... Um escárnio de Estado Judicial a qualquer custo, sob o seletivo
pretexto de combate à corrupção.
A
demonstração mais tosca de justiça seletiva, bem ao gosto da elite branca, machista,
bancária, latifundiária, midiática e rica (por isso, também, é elite) que
reproduz sem uma ruga de vergonha na cara o velho mantra “aos nossos tudo, aos
outros a lei”. Não nos faltam exemplos.
Quem
aqui lembra das denúncias do Banestado/Itaú e HSBC? Das Agências na Assembleia
Legislativa paranaense, com várias contas e um único “sacador”?
Ou as
investigações do HSBC (investigação internacional que, no Brasil, referia-se
num montante de 7 Bilhões de Dólares) e que implicou danos à Receita Federal e
o envolvimento de bam-bam-bans da política, mídia e elite brasileira?
E olha
que as histórias do HSBC beiram a uma relação de Senhor de Engenho e Escravos,
mediada pelo “Gerente” Capitão do Mato. Histórias de fortalecer nossa
indignação ao capital e ao silêncio de nossa mídia tupiniquim:
E a Operação
Zelotes que deu prejuízo três vezes maior do que aqueles que envolveram
desvios na Petrobrás? Não?
O
“Listão da Odebrecht”? Aquela que o JN disse “ó, é muita gente, não dá pra
falar todo mundo, nem escolher alguns”... Nada?
Panamá Papers?
Ah!... não vinha ao caso...
gibanet.com |
Ah! Mas
tem a Lava-Jato!
Então
tá... o Brasil das chuteiras ficou tão marcado com o 7 X 1 da Alemanha, na Copa
do Mundo que o repete na política. Lula não pode ser Ministro, porque era
investigado na Lava-Jato e, agora, Temer nomeia 7 investigados na Lava-Jato
que, para desdém das indignações de camisas da CBF, ganham foro privilegiado no
STF.
Aliás,
no dia da posse da ratazana Temer, assistimos o horário político do PSDB.
Discurso de “vamos agora nos unirmos pelo Brasil” (lembrando que o discurso um
dia após a vitória de Dilma, ainda em 2014, foi de “oposição velada e
incansável até este governo não aguentar mais”), em uma propaganda já preparada
e um “silêncio ensurdecedor” de panelas. De fundo, o acordo jurídico-político
de Gilmar Mendes e Aécio Neves, em mais um “engavetamento de processo” ao
segundo.
dimassantos.com.br |
Razões
para ir as ruas e bater panela não faltam e mal cabem neste picadeiro de terra
batida. Mas, se nesta (reconheço) superficial análise a coisa já desanda, o que
vem pela frente mais do que assusta.
– Já
falamos tanto disso, né Russo? (Strovézio).
– É
vero, é vero... Que pena que nossas viagens chegam a tão pouca gente.
– É...
mas chega... a um “montão de pouca gente”!
– Tá bom
pra este picadeiro...
Esses
tempos são, inquestionavelmente, de sinuca de bico. “Se correr o bicho pega, se
ficar o bicho come”. No ditado popular o bicho é um só, na política eram dois,
com a mesma verve. Alguns apetites diferentes, talvez.
Muitas
coisas nos assustam. Temos temas para muita coisa daqui pra frente.
Por
hora, alertamos para a foto abaixo:
O atual
Ministério da Justiça incorpora o que antes eram as Secretarias dos Direitos
Humanos, das Mulheres e da Promoção da Igualdade Racial (que ficam extintos
enquanto tais). E, para geri-los (e feri-los), ao mesmo tempo em que irá
“administrar” a Lei Antiterrorismo, ele... o Secretário de Segurança Pública de
São Paulo, advogado do PPC e de Cunha. Parafraseando Bolsonaro “o terror dos
estudantes secundaristas e professores do Estado de São Paulo”, e que inspirou,
certamente, a violência contra professores em vários estados do país, a exemplo
do Massacre ao vivo e a cores, por todos os lados e pelo alto, em Curitiba, em
2015.
Isso pra
não adentrar a extinção da Controladoria-Geral da União... Ai ai ai, o mantra
do “fora corrupção”!
Enfim...
sempre lembrando: nosso lugar, nestes tempos, sempre foi de oposição ao governo
(pelo já dito lá em cima). Uma oposição à esquerda, programática.
Por
hora, já estamos a “testemunhar” o absurdo dos que fazem fileiras em defesa do
Governo. Justas fileiras, considerando o campo em que militam. Mas, incapazes
de até nestes tempos de tensão e chantagens políticas, trazerem o Governo
Federal verdadeiramente à esquerda.
Reconhecemos,
contudo, um fato pouco entendido: antes a ascensão de Lula ao Governo Federal
(da qual participei entre 2003 e 2008), a Polícia Federal era sucateada e o
Procurador Geral da República tinha o nada louvável apelido de “Engavetador
Geral da República”. Por essas que pouco se sabe das relações obscuras dos
Governos FHC.
Os
governos Lula deram estrutura e independência à Polícia Federal e à
Procuradoria Geral da República.
É
inegável que, principalmente o Governo Dilma, as investigações contra a
corrupção ganharam força, assim como é inegável que Dilma não cometeu crime (a maracutaiada que agora é governo sim...
e alguns crimes bem graves) e que as tais pedaladas fiscais são meras
judicialização da política. Nada mais perigoso.
Mas, não
acato a avaliação, que tende ao oportunismo fantasiado de vítima a la
Frankenstein (o conflito da relação criador e criatura), de estar ao lado dos
golpistas institucionais destes dias em que, por exemplo, a Lei Antiterrorismo
assinada pelo Governo Federal (este que agora está em suspensão), ganha como
Ministro da Justiça seu melhor representante.
Não está
nos ombros dos setores em que este humilde picadeiro milita (Partido Comunista
Brasileiro, ANDES/Sindicato Nacional, Movimento Nacional Contra a
Regulamentação do Profissional de Educação Fìsica/MNCR... e, claro, o Universal
Circo Crítico) o que virá pela frente.
A
Epígrafe desta longa (e curta) reflexão é de Marx. Escritos na virada de
1851/1852. Nosso amigo/camarada João Paulo Dória (o Jampa, a risada mais
“samurai” que conhecemos) foi quem nos mostrou...
Nada
mais atual.
E ainda
dizem que Marx está superado...
Tempos
de intensificação da Luta e fortalecimento das trincheiras estão presentes.
Muito presentes...
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira