Foto do Nilo... |
“Hoje
voltei para essa praça e recebi uma rosa vermelha!
Vermelha como Rosa, vermelha como o sangue que
correu pelas ruas
Vermelha como nossa mais potente arma
revolucionária:
O Coração!”
(Do
camaradíssimo Nilo, compa do Paraná
Um
artista que este picadeiro admira
Em 29 de abril de 2016)
Em maio
do ano passado, quase no final do mês, publicamos algumas reflexões acerca do
PL 1411/15, de um deputado tucano potiguar. Era a Lei de Crime de Assédio
Ideológico:
Chegamos
a pensar se, no tema e nos exemplos dados, estávamos exagerando. Mas, conforme
o tempo passa, as coisas acontecem e nossas viagens parecem mais reais do que
meras reflexões além-lugar e tempo. Elas (as viagens) se consolidam, dentre
outros, nas homenagens a torturadores em mandatos parlamentares e os seguidores
que as aplaudem. E o absurdo-extraordiário vai se tornando perigoso.
O PL na
Câmara Federal vem do Rio Grande do Norte, terra de meu avô. Mas, Estados e
Municípios seguem e até consolidam o mesmo caminho e vem aprofundando a
estupides de temas como esse (a lembrar da Moção de Repúdio a Simone de
Bouavier (conferir).
–
Aprovaram a moção, né, Russo? (Strovézio)
– Sim,
meu caro palhaço de todas as horas escondidas.
– E
mandaram a moção pra ela ler, se manifestar. Sei lá, ter direito de resposta?
Algo assim...
– ...
talvez tenham tentado.
Estado
de Alagoas: PL (que agora é L) da Escola Livre!
Perguntamos
ao “nobre” deputado autor do projeto, Ricardo Nezinho (né?), qual sua
fundamentação. Num exercício novo deste nosso picadeiro de terra batida, nossa
PRIMEIRA ENTREVISTA foi...
... um
fiasco...
– Pô,
Russo, tu também né?
– eu o
que, Strovézio?
– Pow...
é que você, assim, né? Tipo, fazer a pergunta, mas não a pergunta, porque
pergunta tem resposta e na pergunta não dá pra entender a diferença de “Por
que” e “Porque” e ainda confunde pergunta e resposta... talvez... sabe? Mas não
pergunta, é uma “não da não resposta”... e aí, bom... não tendo uma resposta
não respondida sem resposta que é uma maioria menor bem pequena das
perguntas...
Pois
bom.
Já que o
próprio pseudonobre deputado se enrola, fomos ao documento que sustenta o tal
Escola Livre. O que encontramos parece nos convencer que não exageramos nos
exemplos dados a um ano atrás.
“É fato
notório que os professores e autores de livros didáticos vêm se utilizando
de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes e
determinadas correntes políticas e ideológicas;
e para fazer com que eles adotem padrões
de julgamento e de conduta moral
– especialmente moral sexual – incompatíveis com os que lhes são ensinados por
seus pais ou responsáveis”.
Em
síntese: é o tango-do-branco-maluco!
Perguntas
que são expostas neste primeiro parágrafo e, garanto, não foram respondidas ao
longo do Projeto.
O que é
“fato notório”? ... é o que todo mundo sabe, sem nunca ter visto!
O que é
ideologia? ... é algo que só a esquerda tem e, portanto, é ruim!
O que é
conduta moral? ... é aquela contrária a conduta do outro!
O que são
padrões de julgamento? ... uma decisão jurídica a partir do “fato notório”!
Vou nem
comentar o “moral sexual”, que deve ser uma aberração de resposta.
Se
avançarmos na leitura da justificativa do Nezinho (né?), nova pergunta: o que
significa Doutrinação?
Ou o que
é a “arte mais frágil do processo de ensino e aprendizagem na sala de aula, os
estudantes? Oras, oras! Os estudantes são a parte mais fraca e frágil até nas
provas de Matemática e Física (que, em tese – e muito em tese – não tem
ideologias).
Mas,
vamos de dois exemplos e que expressam a complexidade (e perigo) do que estamos
vendo se conformar neste país:
Movimento Estudantil proibido de fazer Assembleia:
Ainda
que não tenha ocorrido em Alagoas, o acontecido anuncia o além-tragédia, nas
acepção marxista da palavra (a que vem depois de farsa e antes da barbárie).
Universidade
Federal de Minas Gerais, Centro Acadêmico Afonso Pena – Faculdade de Direito.
Espia
só: FACULDADE DE DIREITO!!!!
Após a
convocação de Assembleia de Estudantes – e quem convoca estudantes para
assembleia são os estudantes em suas organizações legitimas e reconhecidas
pelas instituições onde estão vinculadas (Centro Acadêmico de Direito da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais... “tudo
certin”...) – à poucos minutos de inicia-la, uma ordem judicial é levada por um
oficial de justiça “comunicando a prolação de uma decisão judicial impedindo a
realização da reunião”.
A
Assembleia foi convocada com fins a mobilizar e dialogar com os estudantes
daquela Faculdade (representados por sua organização estudantil) sobre a
situação política brasileira, cercada pelo obscuro e non sence processo de impeachment da Presidenta da República.
A
justiça os proibiu de debater em seu espaço legítimo o que vem movimentando
todos os meios políticos, jurídicos (ops) e de comunicação e jornalismo deste
país e até além fronteira.
Mais...
o CA de Direito da UFMG foi proibido, também, de convocar qualquer outra
assembleia versando sobre o mesmo assunto... “ainda que dentro das formalidades
estatutárias”.
E há
quem acredite que as coisas vão melhorar...
E há
quem acredito que POR ESSAS ABERRAÇÕES MESMO, as coisas vão melhorar...
Mas há
algo a mais e que ultrapassa a fronteira do primeiro exemplo e que tornam mais
claras as pseudo intenções não apenas deste deputado, mas do avanço reacionário
na política e justiça brasileiras.
O ano de
2015 (em especial e particular) foi marcado por inúmeros protestos nas ruas de
várias cidades brasileiras. Destacamos aquelas focadas no tema Escola Pública.
Brasil:
mais de quatro meses de uma dura greve dos Docentes, Técnicos-administrativos e
estudantes (a tal “parte mais frágil”) das Universidades e Institutos Federais,
em defesa destas.
Pará:
alunos e professores nas ruas enfrentando a política tucana paraense que está
destruindo a carreira de professores da Educação Básica e pauperizando as
estruturas e segurança das escolas.
São
Paulo: foram vários os protestos de alunos e professores contra a política do
governo paulista (também tucano) que culminaram com atos e passeatas pelas
principais ruas de São Paulo (e extremamente cheias – ainda que não o
suficiente para os ausentes critérios dos jornalões brasileiros) e, no final do
ano, com a ocupação de mais de 200 escolas... ocupadas estritamente por estudantes.
– Ah!
“Parte mais frágil” forte da gota!
– E a
pois, Strovézio...
Paraná: Dia 29 de abril de 2015. Nosso segundo exemplo.
Um
massacre em praça pública perpetrado pela PM (que, dias depois, prendeu um
palhaço, em um avento cultural, por chama-la de capacho do governador
paranaense... eita sina tucana) contra professores estaduais e jovens
estudantes.
Nos dias
seguintes e, também, ao completar um ano do massacre, professores, pais e
estudantes (frágeis) foram as ruas dizer “Não esquecemos”.
29 de abril de 2016... Um ano depois do Masssacre! |
À bem da
verdade, à risca da letra desta Lei em Alagoas, ao que vem por aí (e tudo
indica que vem) na Câmara Federal com os PLs “Escola Sem Partido” e o tal
“Crime de Assédio Ideológico”, as escolas ficarão sem professores e as prisões
cheias deles.
Tá
ficando difícil... mas estamos ficando fortes.
E temos
rosas...
“Dedico essa rosa para todos e todas
que há
um ano pensaram em mim,
Em nós
professores com carinho!
Venceremos!”
(de novo o Nilo)
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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Marcelo "Russo" Ferreira