RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Professores no Xilindró... II


Foto do Nilo...



“Hoje voltei para essa praça e recebi uma rosa vermelha!
 Vermelha como Rosa, vermelha como o sangue que correu pelas ruas
 Vermelha como nossa mais potente arma revolucionária:
 O Coração!”
 (Do camaradíssimo Nilo, compa do Paraná
 Um artista que este picadeiro admira
 Em 29 de abril de 2016)



Em maio do ano passado, quase no final do mês, publicamos algumas reflexões acerca do PL 1411/15, de um deputado tucano potiguar. Era a Lei de Crime de Assédio Ideológico:
Chegamos a pensar se, no tema e nos exemplos dados, estávamos exagerando. Mas, conforme o tempo passa, as coisas acontecem e nossas viagens parecem mais reais do que meras reflexões além-lugar e tempo. Elas (as viagens) se consolidam, dentre outros, nas homenagens a torturadores em mandatos parlamentares e os seguidores que as aplaudem. E o absurdo-extraordiário vai se tornando perigoso.
O PL na Câmara Federal vem do Rio Grande do Norte, terra de meu avô. Mas, Estados e Municípios seguem e até consolidam o mesmo caminho e vem aprofundando a estupides de temas como esse (a lembrar da Moção de Repúdio a Simone de Bouavier (conferir).

– Aprovaram a moção, né, Russo? (Strovézio)
– Sim, meu caro palhaço de todas as horas escondidas.
– E mandaram a moção pra ela ler, se manifestar. Sei lá, ter direito de resposta? Algo assim...
– ... talvez tenham tentado.

Estado de Alagoas: PL (que agora é L) da Escola Livre!
Perguntamos ao “nobre” deputado autor do projeto, Ricardo Nezinho (né?), qual sua fundamentação. Num exercício novo deste nosso picadeiro de terra batida, nossa PRIMEIRA ENTREVISTA foi...



... um fiasco...

– Pô, Russo, tu também né?
– eu o que, Strovézio?
– Pow... é que você, assim, né? Tipo, fazer a pergunta, mas não a pergunta, porque pergunta tem resposta e na pergunta não dá pra entender a diferença de “Por que” e “Porque” e ainda confunde pergunta e resposta... talvez... sabe? Mas não pergunta, é uma “não da não resposta”... e aí, bom... não tendo uma resposta não respondida sem resposta que é uma maioria menor bem pequena das perguntas...

Pois bom.
Já que o próprio pseudonobre deputado se enrola, fomos ao documento que sustenta o tal Escola Livre. O que encontramos parece nos convencer que não exageramos nos exemplos dados a um ano atrás.
“É fato notório que os professores e autores de livros didáticos vêm se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes e determinadas correntes políticas e ideológicas; e para fazer com que eles adotem padrões de julgamento e de conduta moral – especialmente moral sexual – incompatíveis com os que lhes são ensinados por seus pais ou responsáveis”.
Em síntese: é o tango-do-branco-maluco!
Perguntas que são expostas neste primeiro parágrafo e, garanto, não foram respondidas ao longo do Projeto.
O que é “fato notório”? ... é o que todo mundo sabe, sem nunca ter visto!
O que é ideologia? ... é algo que só a esquerda tem e, portanto, é ruim!
O que é conduta moral? ... é aquela contrária a conduta do outro!
O que são padrões de julgamento? ... uma decisão jurídica a partir do “fato notório”!
Vou nem comentar o “moral sexual”, que deve ser uma aberração de resposta.

Se avançarmos na leitura da justificativa do Nezinho (né?), nova pergunta: o que significa Doutrinação?
Ou o que é a “arte mais frágil do processo de ensino e aprendizagem na sala de aula, os estudantes? Oras, oras! Os estudantes são a parte mais fraca e frágil até nas provas de Matemática e Física (que, em tese – e muito em tese – não tem ideologias).
Mas, vamos de dois exemplos e que expressam a complexidade (e perigo) do que estamos vendo se conformar neste país:

Movimento Estudantil proibido de fazer Assembleia:

Ainda que não tenha ocorrido em Alagoas, o acontecido anuncia o além-tragédia, nas acepção marxista da palavra (a que vem depois de farsa e antes da barbárie).
Universidade Federal de Minas Gerais, Centro Acadêmico Afonso Pena – Faculdade de Direito.
Espia só: FACULDADE DE DIREITO!!!!
Após a convocação de Assembleia de Estudantes – e quem convoca estudantes para assembleia são os estudantes em suas organizações legitimas e reconhecidas pelas instituições onde estão vinculadas (Centro Acadêmico de Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais... “tudo certin”...) – à poucos minutos de inicia-la, uma ordem judicial é levada por um oficial de justiça “comunicando a prolação de uma decisão judicial impedindo a realização da reunião”.
A Assembleia foi convocada com fins a mobilizar e dialogar com os estudantes daquela Faculdade (representados por sua organização estudantil) sobre a situação política brasileira, cercada pelo obscuro e non sence processo de impeachment da Presidenta da República.
A justiça os proibiu de debater em seu espaço legítimo o que vem movimentando todos os meios políticos, jurídicos (ops) e de comunicação e jornalismo deste país e até além fronteira.
Mais... o CA de Direito da UFMG foi proibido, também, de convocar qualquer outra assembleia versando sobre o mesmo assunto... “ainda que dentro das formalidades estatutárias”.
E há quem acredite que as coisas vão melhorar...
E há quem acredito que POR ESSAS ABERRAÇÕES MESMO, as coisas vão melhorar...

Mas há algo a mais e que ultrapassa a fronteira do primeiro exemplo e que tornam mais claras as pseudo intenções não apenas deste deputado, mas do avanço reacionário na política e justiça brasileiras.
O ano de 2015 (em especial e particular) foi marcado por inúmeros protestos nas ruas de várias cidades brasileiras. Destacamos aquelas focadas no tema Escola Pública.
Brasil: mais de quatro meses de uma dura greve dos Docentes, Técnicos-administrativos e estudantes (a tal “parte mais frágil”) das Universidades e Institutos Federais, em defesa destas.
Pará: alunos e professores nas ruas enfrentando a política tucana paraense que está destruindo a carreira de professores da Educação Básica e pauperizando as estruturas e segurança das escolas.
São Paulo: foram vários os protestos de alunos e professores contra a política do governo paulista (também tucano) que culminaram com atos e passeatas pelas principais ruas de São Paulo (e extremamente cheias – ainda que não o suficiente para os ausentes critérios dos jornalões brasileiros) e, no final do ano, com a ocupação de mais de 200 escolas... ocupadas estritamente por estudantes.
– Ah! “Parte mais frágil” forte da gota!
– E a pois, Strovézio...

Paraná: Dia 29 de abril de 2015. Nosso segundo exemplo.
Um massacre em praça pública perpetrado pela PM (que, dias depois, prendeu um palhaço, em um avento cultural, por chama-la de capacho do governador paranaense... eita sina tucana) contra professores estaduais e jovens estudantes.
Nos dias seguintes e, também, ao completar um ano do massacre, professores, pais e estudantes (frágeis) foram as ruas dizer “Não esquecemos”.

29 de abril de 2016... Um ano depois do Masssacre!


À bem da verdade, à risca da letra desta Lei em Alagoas, ao que vem por aí (e tudo indica que vem) na Câmara Federal com os PLs “Escola Sem Partido” e o tal “Crime de Assédio Ideológico”, as escolas ficarão sem professores e as prisões cheias deles.

Tá ficando difícil... mas estamos ficando fortes.
E temos rosas...

“Dedico essa rosa para todos e todas
 que há um ano pensaram em mim,
 Em nós professores com carinho!
 Venceremos!”
 (de novo o Nilo)

Venham Todos!

Venham Todas!

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