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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Greve X... Os cientistas em retirada?


                Este é um tema espinhoso.
                Mesmo fazendo parte deste universo no Ensino Superior brasileiro, falar de pesquisa, inovação, desenvolvimento e pós-graduação vai muito mais além de se ter dinheiro para pesquisa e vaga para pós-graduação.
                No caso deste picadeiro de terra batida e lona furada, ser ou não ser Doutor pouco importa, ainda que a experiência de caminhar em direção a este título ser bem interessante.
                ­– Doutor! Tô cuma dô aqui no cutubelo! Tem cura? (Palhaço).
                – Esses não são doutores, Strovézio... a não ser que façam um doutorado.
                – Hum... ah! Tá!... Tendi...
                A verdade é que após quase quatro meses de greve nas Universidades e Institutos Federais, além de alguns Colégios de Aplicação, vivemos a contradição de muito (e muitos) lutarmos por ela, por sua qualidade pública, laica, gratuita e ainda enfrentarmos um obstáculo de comunicação profundo com a sociedade, de modo que possa não apenas entende-la, mas também defendê-la.
                Não é, claro, um exercício fácil. Diríamos que é, até, hercúleo.
                – Trabalho de Hércules!
                ­– Isso, Strovézio...
                – Olha ele aí!
                (foto do Hércules)...
                – Não, Strovézio... nosso cachorro não...
                Pois bom...
                Não se trata apenas das aulas e, portanto, dos salários dos professores para dar aulas. É uma pena que parte considerável de nossos estudantes (e não apenas eles), aqueles que ainda chegam ao privilegiado espaço da Universidade Pública – reconhecemos o crescimento nos últimos 12 anos, mas, ainda está aquém da demanda – só a compreendam em função da sala-de-aula. E, assim, reduzem a Universidade ao professor que fica na frente, escrevendo no quadro ou usando power-point e o escambal.
                Desconhecem, muitas vezes, o quão é necessário estabelecer neste dia-a-dia a relação entre o Ensino (o “dar aulas”, vamos assim dizer), a Extensão (que é aquela frente de trabalho da Universidade com a comunidade) e a Pesquisa.
                E é na Pesquisa que vemos, principalmente, o que anunciamos: os cientistas batendo em retirada... Claro, é uma expressão generalista, pois até mesmo aqui debaixo de nossa lona furada muitos pesquisadores transitam.
                Mas, há aqueles que afirmam que a Universidade não pode parar, porque a pesquisa não pode parar... Mesmo se a pesquisa estiver se arrastando.
                Matéria do “O Globo” (que, de longe, não é uma imprensa sempre confiável... mas para o que se dispôs nesta matéria, atende nossas reflexões), de 10 de setembro, e que, nos espaços zapzapianos da vida foi acompanhada do seguinte comentário de um pesquisador: ”Vamos ver se conseguimos alguma coisa no exterior”. Segue o link da matéria:
imagem da própria matéria... seja lá o que ela queira dizer...

                Daí, algumas coisas bem pontuais podem ser apresentadas sobre o caso:
                Primeiro:
É... como fazer a pesquisa entrar em greve? Mas, como continuar a pesquisa se ela está sendo gangrenada? Se pensarmos a pós-graduação – e, aqui, reflete um aluno em doutorado com prazo para voltar ao seu trabalho – que diz respeito ao tempo investido na formação de mestres e doutores, como continuar a seguir pesquisando, cumprindo prazos se, no frigir dos ovos, as condições de funcionamento da mesma pós-graduação está sendo sangrada?
Segundo:
Se temos programas qualificados e, também, professores, mestres e doutores que investem seu tempo e disposição para pesquisar em pró ao desenvolvimento da ciência, da pesquisa, do conhecimento BRASILEIRO (sem bairrismo, apenas um desabafo), porque não priorizar justamente a produção do conhecimento em nossas universidades públicas?
E, aqui, tem um detalhe interessante: as Universidades Públicas são aquelas em que, verdadeiramente, o tempo e vontade dedicados à produção e sistematização do conhecimento (ou seja, a pesquisa) tem disposição permanente e, mais ainda, inclinada a formar mais e mais jovens.
Terceiro:
E aqui a coisa complica. Diz aí, Strovézio:
– Ô doutorzinho! Tu pesquisa pra que, moleque? Pra quem? Quem queres favorecer DI-RE-TA-MEN-TE com suas pesquisas? E – ah!, essa é notável – contra o que e contra quem queres pesquisar? Tu acha que “lá fora” querem o que do nosso país?

... Querem o que de nossas reservas minerais?
... Querem o que de nossas florestas?
... Querem o que de nossos trabalhadores?
... Querem o que de nossas terras agricultáveis?

Sinceramente... quando vejo, escuto, leio ou o escambal um professor falar que precisamos pesquisar para atender os interesses de fora, dá mais do que um nó no estômago e uma dor no coração... bate a indignação de saber que até quem tem acesso ao conhecimento, prefere vê-lo vendido aos interesses privados.
... e talvez se contente com um dinheiro a mais no orçamento doméstico... uma viagem ou mais ao exterior... “reconhecimento”...
E, mais uma vez, afirmamos: lutar pela nossa Universidade é, também, lutar pelo fortalecimento de sua pesquisa. E uma pesquisa que responda verdadeiramente as demandas da sociedade. Não que finja responder as demandas da sociedade, preparando-a para responder aos interesses do capital...

Ah! É verdade... não é uma luta fácil... Ainda assim...

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