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sábado, 15 de outubro de 2016

Ao mestre... com luta!

 



“Se você quisesse a lua
 Eu tentaria fazer uma estrela
 Mas gostaria que você deixasse
 Lhe dar meu coração
 Ao mestre, com carinho”
 (To sir, with love)



A Epígrafe é do filme que colocamos ao final.
Trata-se de “Ao mestre, com carinho”. Ele é de 1967. Lembro de tê-lo assistido quando criança, já em finas da década de 70... é, anos 70 para anos 80 do século passado.
Quem já assistiu (ou aqueles/as bem mais jovens, que não assistiram ainda, mas aceitarão a sugestão), perceberá que apesar da aparência de um tema racial (um professor negro – interpretado por Sidney Potier – em uma sala de aula com alunos em sua maioria brancos... e rebeldes), trata-se de um filme que trata mais do conflito social, do fim da adolescência, de uma escola que, aparentemente, não atrai o interesse dos alunos e por aí vai.
O seu enredo, em certa medida, trata mais de “valores e comportamentos” a serem adequados à juventude para com a sociedade do que para “questioná-la” de maneira organizada... ou, para transforma-la.
Ainda assim, para 1967 (o ambiente do filme é Londres), e mesmo que seja um filme que “esconda” a grave questão racial que já existia de maneira velada (e quase legal, se considerarmos que a Inglaterra exercia um apoio ao duro e repressivo apartheid em sua ex-colônia, hoje África do Sul, foi um filme que marcou época.
Outros filmes se seguiram e até hoje ainda passamos em sala de aula para refletir e debater este desafio que é ser Professor e Professora.

Pois bom...
É realmente estranho chegar neste 15 de outubro de 2016, no Brasil.
Afinal, ser professor por essas bandas – ato já bastante difícil nas últimas décadas – está cada vez mais complicado.
Não bastasse os desafios de sala de aula, salas lotadas, estrutura precária, carga horária puxada, diferentes locais para dar aula... em alguns lugares, a perseguição ideológica, o assédio moral (e, em muitos casos, sexual).
O lugar e o tempo em que o processo de “conhecer o conhecimento” deveria ser fantástico, até mesmo indescritível, composto por revoluções dia após dia, vem sendo cada vez mais opressor, não apenas para alunos, também para o professor, para a professora.
Mas, este ano, 2016, o ano em que completam-se 20 anos da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (a LDB, ainda que com suas contradições), nós celebramos: O PRIVILÉGIO DE SER PROFESSOR!


Estamos em êxtase! Não nos cabemos dentro da gente de tanta emoção.
Descobrimos todos os nossos privilégios e, mais ainda, o reconhecimento que sempre esperávamos receber, da mídia, de jornalistas de primeira como Alexandre Garcia e Mirian Leitão que não apenas reconhecem nossa importância...
... a entendem como um DOM!!!!! Sim... um dom se recebe e se aceita. Somos professores porque tínhamos que ser professores e, portanto, já que temos este “dom” (ainda que nossos alunos possam dizer “Aquele professor ali? Dom pra ensinar? Sei não...”), temos que cumpri-lo. É nosso dever para com nosso destino quase celestial.
... e querem que a gente nunca seja “esquecido”, que a gente sempre esteja presente na formação de nossas crianças e nossa juventude!!!!
... que nosso saber, com o tempo, se torna cada vez melhor e cada vez mais importante para a construção deste país e, portanto, precisamos ter mais atenção e incentivo para ficarmos em sala de aula enquanto nossa sabedoria ganha maturidade, inteligência, experiência...
... envelheçamos, porque isso acontece com todos. Mas que não deixemos a sala de aula enquanto tivermos sabedoria...
!!!
Como uma categoria de trabalhadores nunca percebeu isso?
Nossos 45 dias de férias? Pra que tudo isso?
Os lanchinhos que a gente come na merenda escolar? Principalmente em São Paulo, o Estado que mais garante a merenda de nossas crianças?
Piso Nacional... num país tão grande? Claro que nem precisávamos disso. Que exagero.
E ganhamos pra ficar em casa, olha só... Oras, se com o tempo nós ganhamos mais sabedoria e experiência, as nossas aulas já estão “aqui”, na cabeça da gente. Que planejar o que? Ganhamos só o tempo de sala de aula e pronto... é assim com todo mundo.
Qualquer trabalhador, em qualquer campo de atuação ganha conforme o cartão do ponto.
E aposentadoria diferenciada? Licença Prêmio? Licença com bolsa para fazermos nosso mestrado e doutorado? E pra que professor da Educação Básica precisa ser mestre ou doutor. Ele/a já é mestre como DOM!
O DOM de ser Mestre não precisa de título...

E, assim, celebra-se 15 de outubro neste país que assiste (com brava resistência) ataques diários e cobertos de hipocrisia dos governos que usam a palavra “Educação” como mera campanha sem compromisso.
E até mesmos estes pulhas que hoje tem como representante mor um capacho!
São representados por um capacho de marionete do capital... e que também foi professor...

Aqui, ainda assim, e por tudo isso, celebramos 15 de outubro!
Mas temos a ousadia de celebrar o Professor e a Professora que não se silencia ante às injustiças cometidas pelo capital.
Celebramos o Professor e a Professora que não aceita a mordaça que tentam lhe colocar com os estapafúrdios projetos de lei que se espalham pelo país com a alcunha de “Escola sem Partido” – mas que é a Escola de um partido só, o do capital.
Celebramos o Professor e a Professora que instiga seus alunos a todo momento, a não aceitarem as coisas como elas aparentam ser... não aceitarem a injustiça, o racismo, a desigualdade, o opressão, a homofobia, o machismo como coisas naturais.
Celebramos o Professor e a Professora que entra em sala de aula e trata aquele tempo com o devido respeito ao direito daqueles que lá estão.
Celebramos o Professor e a Professora que, inclusive nas divergências, não recua e segue passo firme na construção de outra sociedade, que não seja marcada ter acima do ser, pelo indivíduo acima do coletivo, pela humanidade acima da opressão.
Celebramos, enfim, o Professor e a Professora que está junto, hoje, das centenas e centenas de escolas ocupadas Brasil afora, por alunos que entendem que só a luta muda a vida... e só se luta na escola, defendendo esta escola e defendendo a Educação Pública.



Temos tranquilidade e ousadia neste pequeno picadeiro de terra batida e lona furada de circo, de dizer Feliz Dia Do/a Professor/A a aqueles/as que são de luta...
Não são todos...
Não são todas...

Apenas aos Professores/as de fato!


Sou Professor!
          Tenho orgulho disso e, mais ainda, tenho orgulho da saber o que quero da Educação... E não recuarei nenhum passo...
          E somos muitos...

          Aos professores que tem, em seu sobrenome, "LUTA"!



          PS.: lamentamos o filme não estar muito bom... é aquela pecinha entre a cadeira e o teclado, acho...


7 comentários:

  1. Belo (como sempre) texto meu amigo.

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    1. Queridíssima camarada e PROFESSORA Lilian... Muito grato pelas palavras. Nosso Picadeiro agradece!!!!

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  2. Belo (como sempre) texto meu amigo.

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  3. Aqui, ainda assim, e por tudo isso, celebramos 15 de outubro!
    Mas temos a ousadia de celebrar o Professor e a Professora que não se silencia ante às injustiças cometidas pelo capital.
    Celebramos o Professor e a Professora que não aceita a mordaça que tentam lhe colocar com os estapafúrdios projetos de lei que se espalham pelo país com a alcunha de “Escola sem Partido” – mas que é a Escola de um partido só, o do capital.
    Celebramos o Professor e a Professora que instiga seus alunos a todo momento, a não aceitarem as coisas como elas aparentam ser... não aceitarem a injustiça, o racismo, a desigualdade, o opressão, a homofobia, o machismo como coisas naturais.
    Celebramos o Professor e a Professora que entra em sala de aula e trata aquele tempo com o devido respeito ao direito daqueles que lá estão.
    Celebramos o Professor e a Professora que, inclusive nas divergências, não recua e segue passo firme na construção de outra sociedade, que não seja marcada ter acima do ser, pelo indivíduo acima do coletivo, pela humanidade acima da opressão.
    Celebramos, enfim, o Professor e a Professora que está junto, hoje, das centenas e centenas de escolas ocupadas Brasil afora, por alunos que entendem que só a luta muda a vida... e só se luta na escola, defendendo esta escola e defendendo a Educação Pública. #Beautiful

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  4. E viva o Professor!!! Este profissional subversivo e libertador do conhecimento...

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    1. Salve, Salve, André...
      Nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo te recebe com muita alegria. E que continuemos a usar o conhecimento como libertador da humanidade!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira