Ilustração de Heitor Vilela http://blogjunho.com.br/contra-a-escola-sem-partido/ |
“Se a
Educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela,
tampouco a sociedade muda”
(Paulo Freire)
E eis
que chegamos a um tempo que não se encerra nesta chegada... Mas que são tempos
cada vez mais complexos, estes o são, verdadeiramente.
A
epígrafe que convidamos para este momento é de um dos maiores educadores do
país e do mundo. Do país, irreconhecivelmente. Do mundo, reconhecido e
enaltecido em várias línguas.
Mas,
aqui nesta terra, que não é para amadores, chamada Brasil, há (e muitos) quem o
considere até mesmo um criminoso da educação. Já vi e ouvi gente dizendo que “quanto ele foi Ministro da Educação, o país
ficou analfabeto”...
– Hein?
Opa! Como assim? Quando? Cheirou o suvaco, esse aí? (palhaços, malabaristas,
equilibristas, mágicos... impressionados com o relato).
– E a
pois, meus caros artistas... Coisa de maluco...
Mas, a
epígrafe nos diz sobre o que nos angustia nestes tempos: para que, para quem,
contra quem, contra o que a Educação se faz presente? E qual Educação estamos
falando?
Os
avanços dos ataques a direitos ganham uma força tamanha que nenhum setor que
rege este movimento (Mídia, empresários e até nossa Justiça... ah! essa justiça
seletiva) tem sequer vergonha de faze-lo...
Ataques
contra a previdência estão sendo tocados por abastados políticos... aposentados:
Ataques
contra os Direitos Trabalhistas, também em vento e popa... o que se soma a uma tuia de outros ataques e "desproporcionais" perdas à Classe Trabalhadora..
A bola
da vez, chamada PEC 241, já mudou de nome... agora é PEC 55/2016, pois já
tramita no senado. Resolveram colocar em “consulta pública”. Bom, ontem pela
manhã nossos artistas foram lá votar... uma média de 1 voto a favor para 20
votos contra a PEC...
Mas como
na política institucional (Congresso Nacional) só falta ao “auxílio óleo de
peroba” (que, certamente, custariam milhões aos cofres públicos, pois seria
distribuído também para parte do Judiciário brasileiro), a proporção acima pode
até aumentar... mas a consulta corre o risco de ser mera “proforma”.
De
qualquer maneira, a, agora, PEC 55 soma-se aos ataques à Classe Trabalhadora
mais avassaladoramente. Não vem como “um tema pontual”.
Ganhou
apelido da imprensa burguesa e dos setores interessados nela de “PEC do teto
dos gastos públicos”, com um blá-blá-blá” aritmético. Claro, inúmeros temas não
entram nesta aritmética.
Os
gastos dos altos salários do Executivo Federal, o Legislativo e seus
“auxílios-paletó” e do Judiciário, ah, o Judiciário, e seus super-salários que
necessitam, inclusive, de auxilio moradia... De 4 mil reais. Aliás, quem não se
lembra do JUIZ FULANO DE TAL defendendo tal estupidez? Já falamos disso, não custa repetir:
Os
Movimentos Sociais, alguns Partidos à esquerda (alguns nem tanto, mas acreditam
que são) e Sindicatos vem, à luz do contexto de golpe institucional e ataques
do atual governo (que só acelerou a velocidade do que o governo anterior –
deposto – vinha fazendo) se manifestando...
Mas,
mais uma vez, a juventude é quem nos insiste em dizer: “Temos Esperança”.
As
Ocupações voltaram...
A “ilha”
foi ocupada!
UFPA/Castanhal OCUPADA! Reunião de Planejamento... |
Escutei
e vi inúmeras manifestações, de jovens estudantes inclusive, com os velhos
mantras: “Ocupar não resolve nada” e até
sugerindo ocupar a Câmara Municipal...
– Hein???? Pera aí, Russo, deixa ver se
entendi...
– Diz aí, Strovézio...
– Os
ataques são do Governo Federal, da Câmara dos Deputados e até do STF... e a
sugestão é ocupar a Câmara Municipal, não os espaços onde os ataques do Governo
Federal, Câmara dos Deputados e até do STF atingem diretamente...?
– E a
pois, Strovézio... algo como culpar o termômetro pela febre...
Também
escutamos um mantra que sempre volta às paragens dos momentos de luta e que
impregna a mente da juventude, até “bem intencionada”... Aquela frase “Seu
direito termina onde e quando o meu começa”.
Frase de
base filosófica liberal e que nunca se dá por completa, em que pese satisfazer
aos seus verbalizadores.
– Posso
tentar, Russo?
– Manda
ver, Strovézio...
– O meu
direito, portanto, termina quando começa o seu. E, se o seu direito começa no
momento em que o meu termina, mas continuo a ter o mesmo direito, o seu direito
imediatamente termina no exato momento do início do fim do meu direito
começar... ou terminar de começar quando o seu começa de terminar... Se o meu e
do seu direito tem início, meio e fim, têm, portanto, fim, meio e início...
– Já tá
bom, Strovézio... acho que nosso público entendeu...
Mas, eis
que chega e se espalha como um furacão, destruindo as vestes da elite e dos
poderosos, uma jovem paranaense de 16 anos de nome Ana Júlia...
Este picadeiro
de terra batida e lona furada de circo só é mais um a registrar suas palavras,
que nos dois primeiros dias, ganhou o país e, quiçá, o mundo. Daqui, só
admiramos...
Uma
fala, um depoimento tão forte e verdadeiro, que pela primeira vez, mas pela
primeira vez MESMO, vejo uma fala ser interrompida com aplausos e, como ato
imediato, a jovem solta um sorriso de orgulho profundo e verdadeiro (aos seis
minutos, mais ou menos)... e que lhe dá mais força ainda.
E, para
um legislativo que já chamou professor de vagabundo e estudantes de
baderneiros, a fala setenciadora: “as mãos de vocês está suja de sangue!”...
Irritam-se
os paladinos da corrupção institucionalizada e protegida.
Indignam-se
os ternos e vestes chiques de sujos políticos.
Ameaçam
não deixar as palavras continuarem a serem ditas... por mais que sustentadas no
Estatuto da Criança e do Adolescente, como completa a jovem.
Negar as
palavras que foram ditas por Ana Júlia, já martelando na cabeça de vocês, não
nega mais o fato: negar o sangue em suas mãos não é suficiente para dizer que
não estão sujas. Acostumem-se com isso.
À bem da
verdade, são muitos e muitas Ana’s Júlia’s espalhadas por aí... como,
lamentavelmente, seus antagônicos também o são.
Mas, nos
enaltecemos e mantemos viva nossa chama de luta e esperança naquilo que as
Ocupações vem (e já vinham, desde 2015) nos ensinando: Não desistiremos!
As
ocupações estão acontecendo por um ideal. E um ideal só o é, de fato, se o for
um ideal de mundo, de relações humanas, de Direitos... de luta.
... de
Felicidade... E nada como escutar palavras comprometidas com a Felicidade...
Venham
Todos!
Venham Todas!
Vamos
Ocupar Tudo!
Perfeito!
ResponderExcluirObrigado, Tia...
ExcluirTia de todos os artistas de cá...
Que massa poder alimentar nossa hoje fragilizada utopia de um Brasil soberano e pleno de cidadãos com seus direitos garantidos!
ResponderExcluir... mas muito o que fazer, muito por que e por quem lutar... Avante!
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