RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Conversa ao pé de ouvido de Gaby e Bia...




“E as crianças,
 podendo ser,
 crescem...”
 (José Saramago
 Levantado do Chão)



Sejam bem-vindas Beatriz e Gabriely...
As duas... Muito bem vindas...
Felizes, nossos artistas, pois pela primeira vez (como outras diferentes primeiras vezes que tivemos e ainda chegarão) vamos falar para gêmeas.
– É pra fazer eco, então, Russo? (Strovézio)
– Não, Strovézio... nada de eco...
– Ah! Tá bom... Tá bom... Tá bom... Tá bom... tá bom... tá bom...

Sejam bem vindas, Gabriely e Beatriz... Ou, para o inxirimento deste picadeiro de terra batida e lona furada de circo, Gaby e Bia... Filhas gêmeas de Bruna Hemmile e Willian. Bom, não tivemos ainda o prazer de conhecer o Willian, só a mãe de vocês.
– Mais uma destas alunas que conseguiu sobreviver às viagens docentes do Russo! (Strovézio).
– Boas e necessárias viagens, Strovézio...
– Digamos que a continuidade de cátedra deste picadeiro de “grácedra”, a cátedra da graça...

Chegam, Beatriz (peregrina, a que traz e leva felicidade aos outros) e Gabriely (mulher forte de Deus) em 2 de setembro.
Bom, em nosso picadeiro laico, todas as expressões (respeitando-se) são sempre bem-vindas. Uma coisa em comum das mais diversas religiões é o amor, em que pese muitos “seguidores” e “os que querem ser seguidos” não o utilizarem em sua plenitude.
Para este ateu picadeiro de terra batida e lona furada de circo, amor é amor, não pertence a ninguém e a nenhuma instituição.
Portanto, sejam bem-vindas, peregrinas do amor!

Foi dia 2 de setembro... e, claro, um grande dia, de grandes fatos na história, de pessoas que chegaram e foram-se, mas sempre com suas lições.
Nosso presente de boas-vindas é o nosso bom e velho inxirimento de conversar ao pé de ouvido de vocês sobre este dia.

Este é o dia do repórter fotográfico e, segundo os mais “fotogênicos” estudiosos desta arte, o dia do repórter fotográfico teve seu início, claro, com as primeiras manifestações de fotojornalismo... e – como é incrível a capacidade humana de testemunhar o que se destrói – o primeiro fotojornalismo da história foi a cobertura de um conflito bélico, a Guerra da Criméia (Roger Fenton – fotógrafo oficial do Museu Britânico)



– Mas, Russo... por que dia 2 de setembro? (Strovézio).
– Isso a gente não conseguiu descobrir, Strovézio...
Também é dia do florista e nos ocorreu deixar aqui uma bela animação, feita a partir de uma obra de um escritor que muito admiramos: José Saramago. Em um dos muitos registros da história deste magnífico (e comunista) escritor, em 2 de setembro de 2009 há uma anotação em que afirma buscar, para sua literatura, a “história humana que encaixe”.
Longe de nossa pretensão de dar conta da maneira única com a qual Saramago fazia isso, este inxirido picadeiro de terra batida e lona furada de circo deixa um pequeno “Presente humano que encaixe” e que fica até como as histórias que sua mãe e seu pai (ou tia/o, avô/ó, primo/a...) irão ler e contar pra vocês, seja de manhã, seja na hora de dormir:

A maior flor do mundo!


É um dia também para pensarmos muito a conduta humana consigo mesma, na paz e nas lições que necessitamos tirar delas quando não a encontramos... ou quando seguimos a direção de seu contrário: a guerra.
Em 2 de setembro de 1945 data a rendição oficial do Japão que pôs um definitivo fim à II Guerra Mundial.
Há quem diga que quem se rende é derrotado. Às vezes penso que não... não conhecemos o Japão, o que nos chega é o que os meios (comerciais) de comunicação querem que chegue. Mas, cá pra nós, um país que foi arrasado por duas bombas atômicas (do “democrático” e imperialista EUA) e alguns terremotos e tsunamis consegue ser tão diferente de outros países arrasados pelos interesses bélicos, econômicos e os enfrentamentos da natureza... não me parece um derrotado.
Porém, o mundo é quem não aprendeu com o fim da Guerra, de que ela, a Guerra, não serve a ninguém. Ao contrário, este expediente de relações internacionais passou a ser, na verdade, um grande negócio.
Mais uma pequena lição para este dia, pequenas Bia e Gaby: a paz precisa estar dentro de nossos corações. E só está se a procuramos sempre. Quando há de se enfrentar o inimigo (aquele, que lucra com a guerra... que é grande e forte), é com a paz que está em nossos corações que também o enfrentamos.
Deixem, portanto, que a paz sempre invada o coração de vocês... como diria Gil.



Tem esporte neste 2 de setembro, Pequenas Bia e Gaby...
Foi em 1937 que partiu, desta estranha arena esportiva para outra, um conhecido sujeito chamado Pierre de Coubertin, o “fundador” dos Jogos Olímpicos Modernos...
Hoje, talvez, poderíamos dizer que os Jogos Olímpicos já são pós-modernos, híper-modernos, supra-modernos...

– Modernos e desumanos pra dedéu! (Strovézio)
– Bem isso, Strovézio.

Mas, permitam-me uma pausasinha olímpica...
A história, vez em quando, nos provoca surpresas e “coincidências”: foi em 2 de setembro de 1968 que o então deputado federal Marcio Moreira Alves profere um discurso que deixou muito milico da época de barbas e bigodes em pé. Dizia, entre outras coisas, o seguinte:
“As cúpulas militaristas procuram explorar o sentimento profundo de patriotismo do povo e pedirão aos colégios que desfilem junto com os algozes dos estudantes. Seria necessário que cada pai, cada mãe, se compenetrasse de que a presença dos seus filhos nesse desfile é o auxílio dos carrascos que os espancam e os metralham nas ruas. Portanto, que cada um boicote esse desfile”.
Imaginem, Bia e Gaby, o que significava (e ainda significa) um parlamentar dizer ao povo, na condição parlamentar, para que boicotassem o desfile de 7 de setembro, a manifestação festiva (dantes e hoje) da expressão “porque precisam de nós” da Ditadura Militar (civil, empresaria, midiática e o escambal) brasileira?
Coincidentemente (isso é só uma expressão), no ano que vocês nasceram, o 7 de setembro que se aproximava marcava a abertura dos Jogos ParaOlímpicos brasileiros, além, é claro dos tradicionais desfiles de 7 de setembro...
– Aquele 7 de setembro que, nos desfiles e no Maracanã, o “Capacho de marionete do capital”, presidentezinho mordomo michel temer foi vaiado até constranger a sua alma entreguista? (Strovézio)
– Este 7 de setembro de 2016 mesmo, meu nobre palhaço.

Pois bom...
Sua mãe já deve ter dito a vocês: “Meninas, esse daí no ouvido de vocês viaja, tá? Relevem...”.
O Esporte... nós sempre gostamos de esporte e, a cada dia, nos entristecemos com o que os interesses mais individualistas e mercadológicos fazem dele. Mas, em 7 de setembro (após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto), a abertura dos Jogos ParaOlímpicos foi marcada pelo “preconceito às escondidas”.
Nos Jogos Olímpicos, a cobertura intensa da TV aberta e uns tantos canais pagos e em tempo real, abertura transmitida nos horários nobres, sem cortes e cobertura intensa da imprensa esportiva... Nos “feicebuques” da vida, tinha até gente que escrevia na hora do jogo, as tensões de algumas competições: futebol, handebol, voleibol e “escambol”!...
Até férias escolares no Rio de Janeiro foram ajustadas para agosto.
Mas... e quando chegam os Jogos ParaOlímpicos?



Cobertura parcial, nada de páginas exclusivas nos sites de notícias, nada de transmissão ao vivo no horário comercial. Nada de “vai Brasil” nos feicebuques em tempo real... Nada de “férias paraOlímpicas”...
Claro, houve a “exploração” da imagem de alguns atletas que se destacaram, tendo até entrevistas ao vivo nos jornalões brasileiros.
Mas, no final ao cabo, o que vimos foi a expressão do preconceito e da (in)diferença... e, pior, uma sensação de que naturalizamos e legitimamos tudo isso. Assim como na ditadura.
Juntando uma história com a outra: naqueles tempos, de 1968, a consequência daquele discurso parlamentar, foi a publicação do AI-5. A consequência dos Jogos Olímpicos e ParaOlímpicos no Rio foi “tudo continua do mesmo jeito”.
Em comum, dois governos alçados por (ainda que com diferentes instrumentos) um golpe e, portanto, ilegítimos.
E, como tal, questionados...
E, por questionarmos, somos perseguidos e censurados, insultados e patrulhados.
Lições bem difíceis aqui, minhas pequenas Gaby e Bia: se o poder se utiliza disso (o poder) para legitimar-se, e seus apoiadores parecem mais preocupados em seus ganhos e vantagens particulares, contestem.
Com palavras e com ações (e a paz no coração), pois as ações definem as palavras.

Ainda assim, naqueles tempos, como hoje, havia resistência. E era firme, determinada. Era inteligente e melódica.
Em 2 de setembro de 1946, Pequenas Bia e Gaby, nascia Aldir Blanc... Ah!, pensem (e escutem) num poeta, compositor e letrista incomum. Nos dias em que seus pais não contarem histórias, peçam a ele/a que cantem poemas.
E, para nós, neste picadeiro de terra batida e lona furada de circo, não haveria maneira mais emocionante do que presenteá-las com uma de suas canções que ainda fazem olhos chorarem e alegrias circenses se fortalecerem...


PS.: queríamos muito encontrar este vídeo sem a “voz da globo” da época... não conseguimos.

Por fim, pequenas Bia e Gaby, tem um nome na história da humanidade que está vinculada ao 2 de setembro. E um nome revolucionário.


Falamos de Ho Chi Minch, grande líder do Vietnam, que conseguir, dentre outras coisas, unificar seu país e, mais ainda, deixar um legado de força e organização que pouco se viu mundo afora, na história da humanidade.
Ele partiu em um 2 de setembro, no ano de 1969. E deixou lições como grande líder, estadista e estrategista militar. Essas lições podem ser resumidas em 8 ideias: Não estrague as colheitas, não insista em comprar o pedir aquilo que as pessoas não querem vender ou emprestar, mantenha a palavra, faça os camponeses sentirem-se livres, ajude-os no seu trabalho diário, no tempo livre conte histórias simples e engraçadas que estimulem a resistência – mas não contem segredos militares –, sempre que possível compre coisas para aqueles que vivem longe do mercado e ensine à população noções de cidadania e higiene.
A síntese? Cuidar e educar seu povo...
O resultado?
Os EUA inventaram uma guerra contra o Vietnam, por sua tentativa de unificar norte e sul. Fez isso após a morte de Ho Chi Minc. Voltaram da guerra envergonhados, pois o povo se uniu para enfrentar uma das (se não a) maiores potências bélicas do mundo já naquele tempo.

Manifestação contra a Guerra do Vietnã, em 1967 - Marc Riboud

Um país tão medíocre (mas não menos poderoso) que, durante fins dos anos 70 e início dos anos 80 investiu em filmes e mais filmes de guerra, para fazer de seu país a vítima e os vietnamitas os vilões...
A história, pequenas Bia e Gaby, não à toa é contada com os interesses de quem a escreve e não são poucas as vezes que são escritas à custa da falta com a verdade.
Tenham sempre paciência histórica para com a compreensão e a tomada de posição com a história.
Enfim...
É 2 de setembro, é dia de Bia e Gaby.
Também é dia de Arnaldo Antunes...
“Escureceu, o sol baixou/
 Anjo da guarda cantarolou/
 Nana neném/
 Nana neném/
 Nana neném”
 (Anjo da Guarda – Tribalistas)


Viva Viva... e Viva Viva
Bia e Gaby
Vida Longa!

Venham Todos!
Venham Todas!


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Marcelo "Russo" Ferreira