“E as crianças,
podendo
ser,
crescem...”
(José Saramago
Levantado do Chão)
Sejam
bem-vindas Beatriz e Gabriely...
As
duas... Muito bem vindas...
Felizes,
nossos artistas, pois pela primeira vez (como outras diferentes primeiras vezes
que tivemos e ainda chegarão) vamos falar para gêmeas.
– É pra
fazer eco, então, Russo? (Strovézio)
– Não,
Strovézio... nada de eco...
– Ah! Tá
bom... Tá bom... Tá bom... Tá bom... tá bom... tá
bom...
Sejam
bem vindas, Gabriely e Beatriz... Ou, para o inxirimento deste picadeiro de
terra batida e lona furada de circo, Gaby e Bia... Filhas gêmeas de Bruna
Hemmile e Willian. Bom, não tivemos ainda o prazer de conhecer o Willian, só a
mãe de vocês.
– Mais
uma destas alunas que conseguiu sobreviver às viagens docentes do Russo!
(Strovézio).
– Boas e
necessárias viagens, Strovézio...
–
Digamos que a continuidade de cátedra deste picadeiro de “grácedra”, a cátedra
da graça...
Chegam,
Beatriz (peregrina, a que traz e leva felicidade aos outros) e Gabriely (mulher
forte de Deus) em 2 de setembro.
Bom, em nosso
picadeiro laico, todas as expressões (respeitando-se) são sempre bem-vindas.
Uma coisa em comum das mais diversas religiões é o amor, em que pese muitos
“seguidores” e “os que querem ser seguidos” não o utilizarem em sua plenitude.
Para
este ateu picadeiro de terra batida e lona furada de circo, amor é amor, não
pertence a ninguém e a nenhuma instituição.
Portanto,
sejam bem-vindas, peregrinas do amor!
Foi dia
2 de setembro... e, claro, um grande dia, de grandes fatos na história, de
pessoas que chegaram e foram-se, mas sempre com suas lições.
Nosso
presente de boas-vindas é o nosso bom e velho inxirimento de conversar ao pé de
ouvido de vocês sobre este dia.
Este é o
dia do repórter fotográfico e, segundo os mais “fotogênicos” estudiosos desta
arte, o dia do repórter fotográfico teve seu início, claro, com as primeiras
manifestações de fotojornalismo... e – como é incrível a capacidade humana de
testemunhar o que se destrói – o primeiro fotojornalismo da história foi a
cobertura de um conflito bélico, a Guerra da Criméia (Roger Fenton – fotógrafo
oficial do Museu Britânico)
– Mas,
Russo... por que dia 2 de setembro? (Strovézio).
– Isso a
gente não conseguiu descobrir, Strovézio...
Também é
dia do florista e nos ocorreu deixar aqui uma bela animação, feita a partir de
uma obra de um escritor que muito admiramos: José Saramago. Em um dos muitos
registros da história deste magnífico (e comunista) escritor, em 2 de setembro
de 2009 há uma anotação em que afirma buscar, para sua literatura, a “história
humana que encaixe”.
Longe de
nossa pretensão de dar conta da maneira única com a qual Saramago fazia isso,
este inxirido picadeiro de terra batida e lona furada de circo deixa um pequeno
“Presente humano que encaixe” e que fica até como as histórias que sua mãe e
seu pai (ou tia/o, avô/ó, primo/a...) irão ler e contar pra vocês, seja de
manhã, seja na hora de dormir:
A maior flor do mundo!
É um dia
também para pensarmos muito a conduta humana consigo mesma, na paz e nas lições
que necessitamos tirar delas quando não a encontramos... ou quando seguimos a
direção de seu contrário: a guerra.
Em 2 de
setembro de 1945 data a rendição oficial do Japão que pôs um definitivo fim à
II Guerra Mundial.
Há quem
diga que quem se rende é derrotado. Às vezes penso que não... não conhecemos o
Japão, o que nos chega é o que os meios (comerciais) de comunicação querem que
chegue. Mas, cá pra nós, um país que foi arrasado por duas bombas atômicas (do
“democrático” e imperialista EUA) e alguns terremotos e tsunamis consegue ser
tão diferente de outros países arrasados pelos interesses bélicos, econômicos e
os enfrentamentos da natureza... não me parece um derrotado.
Porém, o
mundo é quem não aprendeu com o fim da Guerra, de que ela, a Guerra, não serve
a ninguém. Ao contrário, este expediente de relações internacionais passou a
ser, na verdade, um grande negócio.
Mais uma
pequena lição para este dia, pequenas Bia e Gaby: a paz precisa estar dentro de
nossos corações. E só está se a procuramos sempre. Quando há de se enfrentar o
inimigo (aquele, que lucra com a guerra... que é grande e forte), é com a paz
que está em nossos corações que também o enfrentamos.
Deixem,
portanto, que a paz sempre invada o coração de vocês... como diria Gil.
Tem
esporte neste 2 de setembro, Pequenas Bia e Gaby...
Foi em
1937 que partiu, desta estranha arena esportiva para outra, um conhecido
sujeito chamado Pierre de Coubertin, o “fundador” dos Jogos Olímpicos Modernos...
Hoje,
talvez, poderíamos dizer que os Jogos Olímpicos já são pós-modernos,
híper-modernos, supra-modernos...
–
Modernos e desumanos pra dedéu! (Strovézio)
– Bem
isso, Strovézio.
Mas,
permitam-me uma pausasinha olímpica...
A
história, vez em quando, nos provoca surpresas e “coincidências”: foi em 2 de
setembro de 1968 que o então deputado federal Marcio Moreira Alves profere um
discurso que deixou muito milico da época de barbas e bigodes em pé. Dizia,
entre outras coisas, o seguinte:
“As cúpulas militaristas procuram explorar o
sentimento profundo de patriotismo do povo e pedirão aos colégios que desfilem
junto com os algozes dos estudantes. Seria necessário que cada pai, cada mãe,
se compenetrasse de que a presença dos seus filhos nesse desfile é o auxílio
dos carrascos que os espancam e os metralham nas ruas. Portanto, que cada um
boicote esse desfile”.
Imaginem,
Bia e Gaby, o que significava (e ainda significa) um parlamentar dizer ao povo,
na condição parlamentar, para que boicotassem o desfile de 7 de setembro, a manifestação
festiva (dantes e hoje) da expressão “porque precisam de nós” da Ditadura
Militar (civil, empresaria, midiática e o escambal) brasileira?
Coincidentemente
(isso é só uma expressão), no ano que vocês nasceram, o 7 de setembro que se
aproximava marcava a abertura dos Jogos ParaOlímpicos brasileiros, além, é
claro dos tradicionais desfiles de 7 de setembro...
– Aquele
7 de setembro que, nos desfiles e no Maracanã, o “Capacho de marionete do
capital”, presidentezinho mordomo michel temer foi vaiado até constranger a sua
alma entreguista? (Strovézio)
– Este 7
de setembro de 2016 mesmo, meu nobre palhaço.
Pois
bom...
Sua mãe
já deve ter dito a vocês: “Meninas, esse
daí no ouvido de vocês viaja, tá? Relevem...”.
O Esporte...
nós sempre gostamos de esporte e, a cada dia, nos entristecemos com o que os
interesses mais individualistas e mercadológicos fazem dele. Mas, em 7 de
setembro (após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto), a abertura dos
Jogos ParaOlímpicos foi marcada pelo “preconceito às escondidas”.
Nos
Jogos Olímpicos, a cobertura intensa da TV aberta e uns tantos canais pagos e em
tempo real, abertura transmitida nos horários nobres, sem cortes e cobertura
intensa da imprensa esportiva... Nos “feicebuques” da vida, tinha até gente que
escrevia na hora do jogo, as tensões de algumas competições: futebol, handebol,
voleibol e “escambol”!...
Até
férias escolares no Rio de Janeiro foram ajustadas para agosto.
Mas... e
quando chegam os Jogos ParaOlímpicos?
Cobertura
parcial, nada de páginas exclusivas nos sites de notícias, nada de transmissão
ao vivo no horário comercial. Nada de “vai Brasil” nos feicebuques em tempo
real... Nada de “férias paraOlímpicas”...
Claro,
houve a “exploração” da imagem de alguns atletas que se destacaram, tendo até
entrevistas ao vivo nos jornalões brasileiros.
Mas, no
final ao cabo, o que vimos foi a expressão do preconceito e da (in)diferença...
e, pior, uma sensação de que naturalizamos e legitimamos tudo isso. Assim como
na ditadura.
Juntando
uma história com a outra: naqueles tempos, de 1968, a consequência daquele
discurso parlamentar, foi a publicação do AI-5. A consequência dos Jogos
Olímpicos e ParaOlímpicos no Rio foi “tudo continua do mesmo jeito”.
Em
comum, dois governos alçados por (ainda que com diferentes instrumentos) um
golpe e, portanto, ilegítimos.
E, como
tal, questionados...
E, por
questionarmos, somos perseguidos e censurados, insultados e patrulhados.
Lições
bem difíceis aqui, minhas pequenas Gaby e Bia: se o poder se utiliza disso (o
poder) para legitimar-se, e seus apoiadores parecem mais preocupados em seus
ganhos e vantagens particulares, contestem.
Com
palavras e com ações (e a paz no coração), pois as ações definem as palavras.
Ainda
assim, naqueles tempos, como hoje, havia resistência. E era firme, determinada.
Era inteligente e melódica.
Em 2 de
setembro de 1946, Pequenas Bia e Gaby, nascia Aldir Blanc... Ah!, pensem (e
escutem) num poeta, compositor e letrista incomum. Nos dias em que seus pais
não contarem histórias, peçam a ele/a que cantem poemas.
E, para
nós, neste picadeiro de terra batida e lona furada de circo, não haveria
maneira mais emocionante do que presenteá-las com uma de suas canções que ainda
fazem olhos chorarem e alegrias circenses se fortalecerem...
PS.:
queríamos muito encontrar este vídeo sem a “voz da globo” da época... não
conseguimos.
Por fim,
pequenas Bia e Gaby, tem um nome na história da humanidade que está vinculada
ao 2 de setembro. E um nome revolucionário.
Falamos
de Ho Chi Minch, grande líder do Vietnam, que conseguir, dentre outras coisas,
unificar seu país e, mais ainda, deixar um legado de força e organização que
pouco se viu mundo afora, na história da humanidade.
Ele
partiu em um 2 de setembro, no ano de 1969. E deixou lições como grande líder,
estadista e estrategista militar. Essas lições podem ser resumidas em 8 ideias:
Não estrague as colheitas, não insista em comprar o pedir aquilo que as pessoas
não querem vender ou emprestar, mantenha a palavra, faça os camponeses
sentirem-se livres, ajude-os no seu trabalho diário, no tempo livre conte
histórias simples e engraçadas que estimulem a resistência – mas não contem
segredos militares –, sempre que possível compre coisas para aqueles que vivem
longe do mercado e ensine à população noções de cidadania e higiene.
A
síntese? Cuidar e educar seu povo...
O resultado?
Os EUA
inventaram uma guerra contra o Vietnam, por sua tentativa de unificar norte e
sul. Fez isso após a morte de Ho Chi Minc. Voltaram da guerra envergonhados,
pois o povo se uniu para enfrentar uma das (se não a) maiores potências bélicas
do mundo já naquele tempo.
Manifestação contra a Guerra do Vietnã, em 1967 - Marc Riboud |
Um país
tão medíocre (mas não menos poderoso) que, durante fins dos anos 70 e início
dos anos 80 investiu em filmes e mais filmes de guerra, para fazer de seu país
a vítima e os vietnamitas os vilões...
A
história, pequenas Bia e Gaby, não à toa é contada com os interesses de quem a
escreve e não são poucas as vezes que são escritas à custa da falta com a
verdade.
Tenham
sempre paciência histórica para com a compreensão e a tomada de posição com a
história.
Enfim...
É 2 de
setembro, é dia de Bia e Gaby.
Também é
dia de Arnaldo Antunes...
“Escureceu,
o sol baixou/
Anjo da guarda cantarolou/
Nana neném/
Nana neném/
Nana neném”
(Anjo da Guarda – Tribalistas)
Viva
Viva... e Viva Viva
Bia e
Gaby
Vida
Longa!
Venham
Todos!
Venham
Todas!
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira