Meu chapéu... meu cachimbo... um café...
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"Tua Memória guardará
o que valer a pena!"
(Eduardo Galeano)
Recentemente, participei de um “Encontro de
Familiares de Desaparecidos Políticos”, organizado pelo Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (CICV).
A história deste encontro envolve muito daquilo
que a juventude de hoje, que acha que a ditadura foi necessária (pena existir
jovens assim), sequer compreende.
Um elemento particular deste “muito daquilo” é
a história da Vala de Perus... Em 1990, no governo de Luíza Erundina (capital
de São Paulo), no Cemitério Dom Bosco, fora aberta uma vala e, nesta, descoberta mais
de mil ossadas de indigentes, presos políticos e vítimas do esquadrão da morte
(pertencente à polícia militar paulista).
Monumento - Vala de Perus/SP |
Sua história
remonta dos tempos do Prefeito Biônico (nomeado pelo Presidente Militar) Paulo
Maluf que, inclusive, escondeu da opinião pública a morte de centenas de crianças
vítimas de meningite naquele cemitério.
A Vala de Perus, inclusive, só foi descoberta
porque o projeto de implantação de um crematório (pelo mesmo Maluf) acabou
abandonado, por “desconfiança” da empreiteira. Caso contrário, não haveria pó
pra contar história.
De lá pra cá, nem mesmo os governos da Era Lula e Dilma deram conta de realizar a devida análise das ossadas.
Uma boa fonte para este caso é o site dos Desaparecidos Políticos:
Uma boa fonte para este caso é o site dos Desaparecidos Políticos:
http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pagina.php?id=39 |
Mas, estávamos em São Paulo, em um encontro dos
familiares de mortos e desaparecidos. As histórias que muitas vezes li em
artigos e livros se apresentavam como figuras vivas de companheiros/as,
esposos/as, filhos/as, irmãos/ãs, sobrinhos/as e netos/as... assim como eu,
neto de Hiram de Lima Pereira.
– Hiram de Lima Pereira, PRESENTE (Strovézio)
– Sempre Presente! (nossos artistas).
E em meio ao trabalho sobre os resultados das
pesquisas e entrevistas que o CICV, um momento de troca de pequenas emoções.
Em um cartão feito por um/a jovem estudante de
História do Rio Grande do Sul, a empatia de imagem e palavras.
HÀ BRAÇOS!!!! |
Nas conversas, a memória de minhas tias sobre o
cachimbo de meu avô, com aroma de chocolate.
E, à pergunta provocativa dos jovens que
conduziam o trabalho (“O que vale a pena lembrar?”), pequenas palavras se
organizam no papel branco à minha frente:
O que vale a pena...
"O que
vale...
... ou é
pela história!
O que
vale...
...ou é
a montanha!
O que
vale...
... não
tem valor aos duros!
O que
vale...
... tem
valor aos fortes!
O que
vale...
... é o
chão aberto!
O que
vale...
...
segredo descoberto!
O que
vale...
... é o
muito escondido!
O que
vale...
... é o
dito ao coração!
Mas, não
vale a pena não lembrar o que foi.
Não vale
a pena continuar assim.
Não vale
a pena esquecer o que ainda é.
O que
não continua apenas em mim.
Minha
memória me vale a pena...
Minha
história me vale a pena...
Minha
luta me vale a pena...
Meu
aprendiz de mim mesmo, sempre vale a pena...
Meu eu,
em ti.
Eu e ti,
em todos nós.
Presente
em vida me ensinaria...
Presente
em história me fez homem...
O que
vale a pena guardar na memória...
... não
cabe nela!
... mal
cabe na história!”
Algum dia vira música.
São tempos de necessidade coletiva,
trabalhadora, proletária...
Venham Todos!
Venham Todas!
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