Pracinha - Zica Bergami - 1990 |
"Numa praça tem um banco
inerte e calado
apenas experimentando
abraços, sorrisos e prantos,
conversas acaloradas
e pessoas caladas,
dando colo a quem precisa,
descanso pra quem busca
e paz,
mas só pra quem a procura"
(Professor Maurício Ferreira
blog "O Pensador")
Esses
dias dissemos aqui: “Castanhal é uma Ilha!” (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2015/06/a-greve-ii-ou-castanhal-e-uma-ilha.html...
Claro, nos referíamos ao fato de a UFPA/Castanhal não ter aderido à greve das
Universidades, como que se os efeitos
dos cortes em Educação e Ciência e Tecnologia não chegasse a aquele Campus.
Claro que chega...
Mas,
precisamos reconhecer: a Universidade é uma Ilha!... Claro, há vários dentro
desta Universidade que constroem pontes para a sociedade entrar e sair dela.
São bravos docentes, estudantes, técnicos-administrativos que desde o “bom dia,
Fulano!”, “bom dia, Siclana!” até as relações com comunidades as mais distantes
estabelecem o desafio de superar seus próprios muros, suas próprias certas,
seus mares infinitos.
Mas,
nestes tempos de greve, a Universidade foi pra praça...
Tinha
Professores e Professoras, Estudantese Técnicos/as administrativos...
Tinha,
também, trabalhadores terceirizados: porteiros/as, seguranças, trabalhadores e trabalhadoras da limpeza e da manutenção... e muitos com salários atrasados. Bem atrasados.
Mas
também tinha as pessoas da/na praça...
Tinha
um homem pra lá e pra cá, com o celular na mão, dando bronca em alguém...
Tinha
um vendedor de CDs, tocando-os para que todos pudéssemos escutar. Escutávamos,
sem precisar comprar...
Tinha
os moradores de rua...ah! Tinha. Bebiam sua cachaça pela manhã, arrumavam e
dividiam o cigarro, e brincavam um com o outro... e tinha as moradoras de
rua...
Tinha
gente passando, pra lá e pra cá: menino e menina indo e vindo da escola, senhor
e senhora e os jovens que chegavam, paravam, seguiam...
E
a Universidade estava na praça...
Tinha
carro-de-som e microfone e uma “tribuna livre”, em que, de A a mais ou menos Z,
cada um com seu cada qual sobre a Universidade, o Governo, as Leis e projetos
de Lei, as Políticas e A Política...
Tinha
Faixas, uma maior que a outra, impressa ou grafitada. Cartazes, muitos
cartazes... uns prontos, outros sendo feitos... uns “ar-re-ta-dos”, outros mais
simples. Coisa de artista e de quem gosta de desenhar...
Tinha
batucada, tinha moça cantando, tinha duas travinhas e um futebol, tinha
teatro... E nisso tudo, quem lá estava, quem lá passava escutava, batia palmas
e até dançava; jogava bola, Menino contra Menina, Menino E Menina e a grade
esperando para a próxima partida; o teatro e seu “Deus lhe pague!” era
assistido, com atenção e sorriso no rosto; e estudantes atendiam adultos e
idosos medindo pressão e orientando sobre saúde; e teve poesia, linda poesia: “Tem
gente com fome! Tem gente com fome! Tem gente com fome!”...
Mas, e o
menino com uniforme escolar: esperando seus pais ou admirando a poesia? Não
sabemos... E não sabemos, por que?
Tem
um abismo entre a Universidade e a Praça.
Mas,
é preciso destacar: este abismo não tem nada a ver com a greve. É um abismo
histórico, que vem da própria origem da nossa Universidade, criada para atender
as demandas do capitalismo dependente brasileiro. Esta história da nossa
Universidade é inegável... e ainda está presa umbilicalmente à ela.
Teve
Futebol na praça? Teve. Mas que futebol é esse que a Universidade faz?
Teve
Teatro na praça? Teve. Mas que teatro é esse que a Universidade faz?
Teve
saúde, teve música, teve poesia...
Mas,
que Universidade é essa que o povo vê? Conhece? Sabe?
Ou
transformamos essa Universidade, tirando-a desta amarração de umbigo e
levando-a para o povo, ou ele, o povo, vai continuar não sabendo que
Universidade é essa? Para quê, para quem, contra o quê e contra quem ela está
lá...
A
Universidade estava na praça. Mas ela ainda não é DA praça...
Precisa
ser...
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Pra Universidade e pra Praça!
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