"Ao meu lado
Há um amigo
que é preciso proteger!
Todos Juntos Somos Fortes!
Não há nada pra temer!"
(Chico Buarque - Os Saltimbancos)
Vez
em quando é assim... alguns temas por nós apresentado é mais, digamos, local.
Ou fala de alguém muito particular, ou fala de fatos pontuais ou fala de
lugares aquém fronteira.
Agora,
de certa maneira, envolvemos uma temática mais ampla (a greve nas Universidades
Públicas) e o local (a Universidade Federal do Pará/Campus Castanhal, onde
trabalho).
Diferente
deste picadeiro, que não abandono nunca, estou temporariamente afastado da
UFPA, pois estou fazendo pós-graduação, em nível de Doutorado...
–
Doutor Apresentador Brincante???? Xique! (Palhaço).
–
Ainda não, Strovésio... e doutor-brincante? Acho que não chego a tanto.
Mas,
enfim, ainda que não estando no dia-a-dia da “minha casa”, sei o que lá
acontece e hoje, em um período de greve, não sei se fico angustiado ou triste.
–
Tristemente angustiado?
–
Pode ser...
O fato:
A
UFPA/Castanhal (parece-me que não todos os cursos... mas o meu sim) não parou.
Parece até que todos os problemas e limitações que a universidade pública
brasileira passa não chegou em Castanhal.
E
assim, né? Podemos ter professores marxistas, fenomenológicos, positivistas,
conservadores e o escambal. Mas não é o ponto de vista teórico ou a concepção
de mundo, humanidade/mulheramidade e sociedade que impede, seja lá quem for, de
compreender o estado da arte político e econômico de nossa Universidade.
Há algumas possibilidades, algumas “justificações”...
questionáveis, claro:
Primeira: Os professores que não pararam, o
fizeram por causa dos alunos, para não prejudica-los.
Tese
furada, pois é também e justamente em defesa da formação de nossos alunos que a
greve se construiu. Afinal, a falta de recursos (que, em nível nacional, está
na casa de 9,4 bilhões) reflete na infraestrutura, na biblioteca, na
manutenção, na ausência de recursos para pesquisa e extensão, bolsas
(principalmente de nossos alunos mais carentes), Restaurante Universitário (ok!
Não temos em Castanhal... e, portanto, vai demorar mais ainda). Interfere,
também, na possibilidade de termos mais concursos... por aí vai.
Além
disso, é preciso lembrar que a defesa de nossa Universidade pelo movimento de
greve interfere, também, nos alunos que ainda virão. Ou seja, é para não
prejudicar TAMBÉM os alunos que ainda não temos...
Para
fechar a conta: cancelado a etapa de julho do PARFOR. É como cancelar um
semestre letivo.
Segunda: A greve não serve pra nada.
Essa
é uma tese que sempre é acompanhada (silenciosamente ou não) pelo advérbio
temporal e de negação “nunca”.
Desconhecem,
portanto, um dado simples sobre a relação da greve e das reivindicações:
acreditam, esses mestres e doutores, que todas as conquistas de trabalhadores
(e, no particular, nossas conquistas como docentes de ensino superior) vierem
de boa-vontade do patrão (do governo). É como achar que os direitos de
trabalhadores foi ideia do patrão. Que se não fosse o patrão, ainda estaríamos
com trabalhadores com 16 horas de jornada de trabalho, mulheres sem direitos (a
voto, a licença-maternidade etc.), negros ainda seriam escravos e crianças
trabalhariam desde 4/5 anos de idade.
Dizer
a si mesmo (como professores que são) e, de carona, aos alunos (como
professores que serão) que lutar por direitos seus e dos outros não vale a
pena, não leva a nada, claro, implica em uma posição de Mundo e de Sociedade. Mas
implica também em uma visão de humanidade...
Eu, meus artistas e, acredito, o público desta
pequena Lona Furada não pensa só em si mesmos.
–
Oxi! Já pensou? Eu fazendo palhaçadas para rir sozinho e de mim mesmo???
(Palhaço).
–
Tipo isso, Strovésio.
Terceiro: o que ensinamos aos professores
que formamos?
São
cinco, entre sete cursos, que formam estritamente professores na
UFPA/Castanhal. Condição curiosa, quando lembramos que vivemos, no Estado do
PA, uma greve de dois meses da educação – e um enfretamento hercúleo dos
professores contra uma relação poderosa: Governo, Justiça do Estado e
Mídia/Imprensa.
Assim,
que professores que estamos a formar? Que aceitem as condições de precarização
de suas condições de trabalho para “não perder o próprio emprego”? Ou de
professores que compreendem suas condições de trabalho e sobrevivência coletiva
e, portanto, entendem a necessidade de fortalecer a luta?
–
Pô! Que professores vocês estão formando lá????
–
... pra tu ver, Strovésio!
–
é...”patu vê”, “patu ouve”, “patu faz quén!”...
Por
isso tudo, fico pensando e me pergunto: Castanhal é uma Ilha?
Desenho do blog: http://eb1dnap-turma3b.blogspot.com.br/2013/05/ilha-paraiso.html com uma mãozinha da Bailarina deste Circo, Tábita |
Nada
disso interfere na UFPA/Castanhal? Estão/Estamos todos “muito bem, obrigado”?
As aulas, as atividades de extensão das disciplinas continuam, por que?
Deste
lugar simples e humilde, de lona furada e terra batida, quando vejo professores
que formam professores seguindo a linha do “cada um por si” (e já vi
professores dizerem isso em sala), me entristeço. Principalmente porque há
alunos (e não são poucos) que apoiam a greve e estão do lado da gente nesta
luta.
Mas,
ao mesmo tempo, penso que vale a pena sensibilizar a todos/os os/as docentes
não apenas da UFPA/Castanhal e de outras universidades deste país: a greve é
mais do que necessária. É a última saída.
Gostamos
do que fazemos, de nosso trabalho, na sala de aula, nas orientações, na
pesquisa.
Não
gostamos de fazer greve, mas...
Venham Todos!
Venham
Todas!
E
venham mesmo...
Vida
Longa!
PS.: (vazou a gravação...)
–
Russo! (Palhaço)
–
Diz, Strovésio...
–
Vai ter xiadeira! Só não acho que vai ser aqui no picadeiro...
–
Assim espero...
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Marcelo "Russo" Ferreira