“Os
deserdados da terra
alimentam
a esperança
de
melhores dias
e uma
coisa é certa:
não
querem mais fugir para as cidades,
que já
não podem mais absorvê-los,
dar-lhes
trabalho
e
condições dignas de vida”
(Sebastião Salgado)
Assisti a esse documentário, curto
na verdade, ainda em meu período de formação superior, já lá no “finalzinho”.
Contribuiu significativamente para as minhas decisões profissionais e
militantes que já estava tomando naquele período, em meus ainda 20 e poucos
anos de idade.
Costumamos associar o Movimento
Campesino (Via Campesina, MST, MLST etc.) ao Massacre de Carajás, quando 19 Sem
Terras foram assassinados pela Polícia Militar do Pará, em Carajás. O enredo
jornalístico inicial (nossa imprensa foi e sempre será a mesma), como sempre, foi
bizarro: homens sem-terras que, do nada, resolvem avançar sobre a PM, calma e tranquilamente
parada – com armas na mão – que teve que se defender...
Claro, com o tempo, a verdade foi revelada. Os
Sem Terra avançaram contra a PM porque ela já havia alvejado um jovem e se
postou à frente de seu corpo, na eminente decisão de avançar contra os demais.
Mas “os demais” não temeram... e disso resultou 19 mortos. O Estado?
Governador, Secretário de Segurança Pública, Comandantes... inocentados...
Mas, antes disso (e também “muito antes de
antes disso”), os Sem Terra já haviam sofrido outro enfrentamento
desproporcional e que ficou conhecido como “Massacre de Corumbiara”, quando a
ação da Polícia daquele Estado resultou – oficialmente – em dois policiais e 16
Sem Terras mortos (dentre eles, uma criança de 7 anos, de nome Vanessa dos
Santos... a primeira a tombar). Informações paralelas, ou “a verdade dita pelos
próprios” dão conta de uma centena de mortos, queimados e enterrados DURANTE a
chacina. Lá estava cerca de 600 famílias acampadas. Não precisava nem mirar,
bastava atirar a esmo que a bala alcançava alguém.
Um ataque ocorrido bem longe dos olhos e
ouvidos da “civilização”, do “noticiário nacional”... de madrugada... com a
participação de pistoleiros locais, claro. As notícias deram conta de uma anistia
como resultado final do processo corrido na justiça. Digamos assim (pelos
números oficiais), que foi uma anistia de “8 pra 1”. Mania antiga do Brasil de
anistia, mesmo desproporcionalmente, violentos e violentados.
Mas a história de Corumbiara é
antiga e ainda distante da memória de nosso povo. Afinal, não tem relevância
para, por exemplo, os livros de história de nossos jovens do ensino médio (ou,
por que não, fundamental?), não tem espaço na formação de nossos jovens
estudantes de Direito (Direito Agrário? Hegemonicamente latifundiária e
defensora do agronegócio)...
Em Corumbiara, antes dos Sem Terra,
também tombaram akuntsus, kanoes, índio-do-buraco... e sabe-se lá quantos
outros tantos povos massacrados e expulsos daquela região, como o foram e o são
ainda hoje em muitos cantos do país, da América Latina e do Mundo.
Hoje,
9 de agosto, dialeticamente, celebramos Corumbiara... Assim como celebramos 17
de abril, 11 de agosto, 9 de outubro, 20 de novembro e outras tantas datas em
que tombaram Lutadores e Lutadoras do Povo.
Para
que parem de tombar e para que a Vida, a Esperança, a Humanidade e a Revolução
se tornem hegemônicas...
Viva
os Lutadores e as Lutadoras do Povo de Corumbiara... Sem Terras e Indígienas...
Viva!
Venham
Todos!
Venham
Todas!
PS.: O primeiro vídeo, no final, a narradora dizia: “Novas Corumbiaras surgirão...”. É só isso que temos a dizer...
PS.: Também é Dia dos Pais (em que pese o Dia dos Pais não ser 9 de agosto)... E é pelos pais de Corumbiara que celebramos esse dia... para que não mais se repita...
PS.: Também é Dia dos Pais (em que pese o Dia dos Pais não ser 9 de agosto)... E é pelos pais de Corumbiara que celebramos esse dia... para que não mais se repita...
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