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terça-feira, 19 de maio de 2015

Conversa ao pé de ouvido de Aquiles...




Viva Zapata!
Viva Sandino!
Viva Zumbi!
Antônio Conselheiro, todos os Panteras Negras!
            Lampião, sua imagem e semelhança!
Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia!
(Monólogo ao pé de ouvido – Chico Sciende e Nação Zumbi)


            Salve, Salve... Salve, muito, Pequeno Aquiles.
            Nosso mais novo Pequeno Lutador do Povo. Filho amado de duas pessoas tanto quanto. Só o teu pai, nosso camaradíssimo Deybe, esse já é uma figuraça... Ah! Vais ter muita história e emoção na sua vida...
            Chegas em um dia em que já celebrávamos Vida Longa à nossa grande companheira, Elisa. Evidentemente, irás conhece-la em breve. Ou seja, no meio de nossa celebração, tu chegas, Pequeno Grande Aquiles, e deixa esse dia mais celebrativo.
            E tenho algumas boas razões para recebe-lo, em nosso Picadeiro, em nossa pequena Lona Furada de Circo. Outras, bem coerente com a história da humanidade, um pouco mais doloridas.
Afinal, é dia 18 de maio, e sempre temos, na história da humanidade, razões para festejar e razões para refletirmos profundamente nossa existência, nossos caminhos, nossa luta.
            Mas, não faremos muito, faremos apenas o essencial neste dia, de maneira que celebrar sua chegada sejam lições não apenas para ti, mas para todos nós.
            Duas pessoas, dois nomes importantes na história, eu gostaria de destacar e que tem relação direta com sua chegada:
            O primeiro é de Algusto César Sandino. Ou somente Sandino, que também nasceu em um 18 de maio (1895).
            Um revolucionário de primeira linha, em um pequeno país da América Central (Guatemala) lutando, como se faz até hoje, contra o Imperialismo Americano. Mas, também, um homem de paz e que se inclinava, após a luta (e a vitória) a acenar em defesa da paz. Em defesa da soberania do país, aceitou estabelecer um Acordo de Paz com a oposição (que era apoiada pelos Estados Unidos) mas acabou traído e assassinado. Após esse ato, a Nicarágua entrou em um período de mais de 4 décadas de ditadura alinhada (sempre é assim) aos interesses norte-americanos.
            O legado de Sandino não se perdia... Ideias são a prova de bala! De sua história e luta, aquele pequeno país testemunhou a formação e organização da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Organização dos trabalhadores, formação e alfabetização e a retomada da soberania nacional foram bandeiras que levaram à vitória contra a Ditadura ali estabelecida.
            Mas, a história nunca para e é aqui, Pequeno Grande Aquiles, nossa primeira lição. É sempre comum usarmos “Vida Longa” para nossas lutas e nossos Lutadores do Povo. E por que? Porque mesmo na vitória, nunca podemos descansar... Temos que continuarmos firmes, determinados, nunca esmorecer. Porque nunca está finalizado. A História não permite isso... Faça de cada dia, Aquiles, a continuidade de todos os seus dias.
          
  O Segundo é a menina Araceli e, neste caso, partiu em um 18 de maio (1973). Infelizmente, Pequeno Aquiles, uma história muito triste mas que, no final, deixou uma luta muito grande em nosso país, pois foi em memória a Araceli (Cabrera Crespo) que foi criado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
            Não acho que cabe aqui, meu caro Pequeno Aquiles, contar muito dessa história... Nos basta dizer: ela envolve uma criança... de pais pobres (uma mãe talvez vacilante)... de Jovens Ricos Paulinho Helal e Dantinho Michelini – os diminutivos dos nomes talvez fosse para tentar faze-los passar por “jovens inocentes”), filhos de pessoas poderosas no Espírito Santo (Constanteen Helal – comerciante/fazendeiro e maçom – e Dante Michelini – exportador de café e brigão nas horas vagas)... uma polícia (feita de homens) corrupta e uma justiça (idem) tanto quanto... uma morte violenta, um caso prescrito na justiça... Uma morte violenta e o poder intocável...
E um cachorro chamado Radar...
            Tá vendo, Aquiles... Temos que lutar desde cedo. Talvez não pareça justo... Acho até que não é. Mas sou daqueles que acredita piamente que lutando a gente brinca, brincando a gente luta. Ou, como diria nosso saudoso José Saramago, “a criança, podendo ser, cresce” (adoro essa frase).
            Brinque, brinque e faça amigos, muitos amigos, Aquiles... Tantos quantos seus pais sabem fazer. Tanto quanto os amigos e amigas, companheiros e companheiras, camaradas de seus pais tenham e continuarão a ter.... Porque farão parte de sua vida e de suas alegrias e, mais ainda, de todas as lutas que a humanidade ainda precisa se empenhar para defender o óbvio: não deveria sequer E-XIS-TIR esse Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual seja lá de quem for, o que dizer de Crianças e Adolescentes... Esse dia não deveria existir como “Dia da Rua”. Mas tem... 

            Aqui, a nossa humilde segunda lição: nunca deixe que qualquer sombra de desumanização se aproxime de ti e de todos os seus...
            São grandes lições, eu sei... nós sabemos... e por isso, e por serem lições, sempre seguiremos firmes em seu aprendizado.
            No mais, querido Aquiles, a música (ufa! Que bom que ela sempre está presente) também lhe saúda. E em dois estilos bem particulares.
            Lá pelos idos dos anos 40 (já na virada da década), nascia um dos mais espetaculares tecladistas da história do Rock’n’roll mundial: Rick Wakeman... Mágico, Mago, completo... O cara era “a tampa de crush”
            – Vigi! É do arco-da-velha no baixo-da-égua essa tampa, hein?
            Ah! Esse nosso palhaço!
            Enfim... nada mal ter uma referência VA-LEN-DO de rock em nossos dias de celebração...
            Mas, também, é o dia da Fundação de Caruaru (1857), a terra do Forró. E, aqui, lamento muito quem acha ultrapassado, mas estou falando do forró pé-de-serra: Zabumba, Triângulo e Sanfona... Forró de verdade, nada de “feito para vender mais”.
Então, Aquiles, dance muito e ouça muita música. Não tenho dúvida que quanto a qualidade, estás em boas mãos.
Dance com sua mãe, dance com seu pai, dance com os dois juntos...
Dance com seus amigos, com suas amigas, com sua família... E, mais tarde, dance com sua professora, com a merendeira, com o moço da portaria, com a diretora da Escola...
Dance, dance, dance... Porque celebrar é sempre bom, e dançando é melhor ainda.
Vida Longa, Pequeno Aquiles!

Vida Longa!

3 comentários:

O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira