O reflexo religioso do mundo real só pode
desaparecer quando as relações cotidianas da vida prática se apresentam
diariamente para os próprios homens como relações transparentes e racionais que
eles estabelecem entre si e com a natureza. A figura do processo social de
vida, isto é, do processo material de produção, só se livra de seu místico véu
de névoa quando, como produto de homens livremente socializados, encontra-se
sob seu controle consciente e planejado. Para isso, requer-se uma base material
da sociedade ou uma série de condições materiais de existência que, por sua
vez, são elas próprias o produto natural-espontâneo de uma longa e excruciante
história de desenvolvimento (Karl
Marx – O Capital / Livro I)
Hoje, dia 5 de maio, celebramos o
nascimento de um dos (senão o) mais brilhantes pensadores da história da
humanidade: Karl Henrich Marx. Em breve, aliás, celebraremos 200 anos de seu
nascimento (estamos em 197) e, portanto, celebraremos profundamente a história
de um Pensador, Militante e Revolucionário insuperável.
Já escutei (de vozes escondidas,
coisa da covardia) em corredores muitos, que “Ah! Ele (eu) só sabe falar de
Marx, Marxismo, Comunismo)... Um equívoco, diria com dupla humildade.
Primeiro, porque para ousar (se é
que isso seria uma ousadia) falar só de Marx, isso implicaria, no mínimo, em um
profundo conhecimento de Marx. E para conhece-lo a fundo, não teria (e não
tenho) saída. Preciso também saber de Feuerbach, Hegel, Weber, Smith, Ricardo e
um catatau de teóricos de inúmeras correntes filosóficas, políticas e econômicas.
Neste caso, ainda estou engatinhando.
Segundo, porque (e na esteira da
primeira) pra compreender o que é Marxismo, Comunismo e tals, preciso dominar
seu diferente... seu divergente... seu contrário... seu antagônico. Portanto,
para falar de Marx, preciso, também, não falar de Marx.
Algumas coisas, em tempos atuais de
estudos, venho descobrindo deste (literalmente) camarada. Mas não ousarei muito
aqui. A homenagem de um Circo tão pequeno, tão “chão de terra”, parece-me, já
se faz bastante celebradora por não deixar mais esse dia passar em branco.
Mas, como todos nossos artistas e
nosso...
–
“Respeitável Público!”
– Calma
meu caro apresentador... ainda não...
– Opa!
Foi o Palhaço...
...e
nosso público sabem, este espaço é laico (em que pese sempre passar por aqui
críticas a algumas obscenidades religiosas) e este escrevente ateu.
Assim, a
passagem acima nos remete ao que direto afirma mas, também, ao que há na
história de Marx sobre o tema religião. Aliás, a ele é atribuída a máxima “A
Religião é o ópio do povo”– de maneira não contextualizada – mas a expressão, o
conteúdo vem de filósofos anteriores a eles... e não são poucos.
Diria
Marx em “Crítica a Filosofia do Direito em Hegel” que A crítica do céu transforma-se deste modo em crítica da terra, a
crítica da religião em crítica do direito, e a crítica da teologia em crítica
da política.
A obra
de Marx reitera, reafirma historicamente que as transformações da sociedade se
darão pela ação do homem. Ação radical, no sentido de ir à raiz (esse é o
sentido) e, assim, a raiz é o próprio homem, suas relações sociais e
históricas.
Nossa
Lona de Circo Furada nunca teve (e não pretende ter) nenhum problema com os
não-ateus, seja lá de que chão religioso for. Assim como, parece-me, os
religiosos nunca se importaram com a laicidade deste picadeiro.
Mas, em
tempos em que assistimos nas ruas manifestações do tipo “Fora Teoria Marxista
nas Escolas” e fundamentalismos religiosos avançando mundo agora por um lado, e
a crise profunda (estrutural) do Sistema Capitalista (e que tem levado muito “economicistazinho
de peia pataca – ou inteira – mundo afora a adquirir a obra de Marx para
entender o que o filósofo alemão dizia sobre hoje... a 150 anos atrás) por
outro, parece-me que o Universal Circo Crítico tinha essa dívida histórica.
Celebramos,
pois, Karl Marx.
E ao
celebramos Marx, celebramos também Lenin, Kupriskaia, Makarenko, Che, Fidel,
Mao, Hu Shi Min, Rosa Luxembrugo, Chaves, Bolívar, Agostinho Neto, Biko, Antônio
Conselheiro, Mariguela, Lamarca... celebramos Hiram de Lima Pereira... e
todos/as os/as Lutadores/as do Povo.
E
celebro, também, todos/as camaradas de luta e de sonhos por uma sociedade
verdadeiramente justa, socialmente humana e historicamente revolucionário e que
não caberiam nominá-los aqui... Que bom que não cabem...
“Marx,
Presente!” faz todo sentido!
Viva
Marx!
Venham
Todos!
Venham
Todas!
Vida Longa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira