“Tá difícil assistir a tv
nesses dias,
Aliás é sempre difícil
Onde vai parar a exploração da dor alheia?
Se ao menos isso ajudasse
Aliás é sempre difícil
Onde vai parar a exploração da dor alheia?
Se ao menos isso ajudasse
as pessoas a se
indignarem
Se ao menos provocassem alguma ação,
Alguma mudança na legislação e na fiscalização
Mas não, isso só serve pra aumentar
Se ao menos provocassem alguma ação,
Alguma mudança na legislação e na fiscalização
Mas não, isso só serve pra aumentar
o ibope e o merchandising
O melhor é desligar a tv ...”
O melhor é desligar a tv ...”
(de Zaira Valeska, nobre Lutadora do Povo)
Foi em 27 de janeiro passado... todo
mundo (e o mundo todo) soube, acompanhou, assistiu a depoimentos, postou,
compartilhou, curtiu (isso soa estranho), seguiu no Face, publicou em blog e
por aí vai...
Bom, o Universal Circo Crítico,
nessas horas, sempre fica assim, meio que “bservando!”, até porque gostamos de
ouvir, ver, ler o que o mundo produz sobre fatos pontuais. Mas, é preciso
destacar: desde o primeiro momento, além da tragédia em si, muitas coisas
começaram a nos inquietar. E parte significativa dessas coisas (fatos,
manifestações, falas etc.) expressava o que, vira-e-mexe, nosso Picadeiro
denuncia.
Como que uma tragédia, como a que
aconteceu em Santa Maria (terra que conheci acerca de 15 anos e que mantive
contato com muitas pessoas desde então) consegue mobilizar o preconceito? E o
que faz a nossa imprensa sobre tragédias como essas?
Comecemos pela Imprensa... Ela
sempre a mesma, como vampiro competidor, abre um campo de batalha pela melhor
notícia, a mais correta, as imagens exclusivas e, principalmente, usar a dor
alheia para sua promoção... Muitas vezes para a promoção de seu
conservadorismo, de seu reacionarismo tacanho, milico, tupiniquim...
Primeiro, o Estadão, jornaleco quase-hegemônico-paulista
(que, junto com Folha de São Paulo, Veja, Época, Liberal, Globo e essas
porcarias de poucas e fartas famílias) que tentou sair na frente a custa de
qualquer dor, lágrima, angústia alheia...
(http://www.bluebus.com.br/o-estadao-procurando-detalhes-em-santa-maria-e-logo-retirou-os-posts/) |
Assim como todos os órgãos de
imprensa e mercado que “erram” na dose da informação, do marketing e por aí
vai, retiraram rapidinho...
Reportagens? Entrevistas com jovens
sobreviventes? Pais, mães, irmãs, irmãos? Amigos? O Choro expresso, triste,
dolorido e o microfone no nariz de quem sente dor... E isso não foi agora, não
é de hoje... pergunto se é o que se ensina nos Cursos de Jornalismo país
afora...
Mas, à bem da verdade, temos nossa
imprensa crítica, verdadeira, idônea e transparente. Artigo de Matheus
Pichonelli, na Revista Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/santa-maria-e-aqui/)
consegue ser sereno, sério e atento... pena que são poucos. O “Público” prefere
mais um Alexandre Garcia.
– Huuuuuuu!!!! Fora! Calhorda!
Huuuuu!!!! (manifestação da platéia de nosso Circo, apenas isso).
Porém, o que nos espanta é que (e
isso se repete, é preciso reconhecer) o preconceito também se manifesta nesta
hora. Nas imagens abaixo, apenas o lamento da manifestação de, ninguém mais –
ninguém menos, o Secretario Estadual de Comunicação do Estado do Pará, ao
referir-se ao nome da Boate Kiss, de Santa Maria: Santo Entretenimento Ltda.
Aqui, trata-se do homem forte que faz a ponte do Governo do Estado com a ORM
(filiada da Globo no Pará).
http://uruatapera.blogspot.com.br/2013/01/secretario-faz-chacota-com-morte-dos.html |
Já a manifestação da tal Patrícia Anible,
não há muito o que dizer...
Porém, ainda fica uma questão que
muito me angustia: ficamos felizes em saber que, em meio à tragédia da Boate
Kiss, Governos Municipal, Estadual e Federal mobilizaram esforços para os
atendimentos médicos (mais urgentes) e, também, de atendimento social e
psicológico às famílias e amigos das vítimas. Parece-me, apenas parece-me, que
não houve falta de leitos, não houve falta de médicos, cirurgiões, enfermeiros,
ambulâncias, helicópteros, macas, psicólogos e, com o perdão da palavra, o “escambau”...
Até profissionais destas e outras áreas atuando solidariamente, fora de seus
turnos de trabalho, sem hora extra.
Então, porque falta tudo isso, todos
os dias, em hospitais públicos, pronto-socorros, Postos de Saúde e por aí vai?
Não... não creio que seja “insensibilidade”
deste apresentador em um momento de tanta comoção social frente a uma tragédia
que impressionou o mundo todo... É a sensibilidade de quem assiste, no mesmo
mote de nossa incompetente, desumana e vampira imprensa brasileira, a cobrir, diuturnamente,
matérias de tragédias alheias em frente destes mesmos hospitais, postos de
saúde e pronto-socorros Brasil afora.
Uma coisa eu concordo: o que
aconteceu em Santa Maria desperta inúmeras preocupações sobre os serviços
públicos e privados de nosso tempo. Uma pena que fazem isso de maneira tão vil
e superficial...
O Universal Circo Crítico
solidariza-se com o Povo de Santa Maria e todos/as aqueles/as que perderam (ou
talvez ainda venham a perder, face aos mais de 70 feridos em estado grave)
pessoas queridas em 27 de janeiro.
Nosso Circo chora, como chora sempre
que tombam Lutadores e Lutadoras do povo sobre nosso picadeiro... Nossos Artistas e Público choram, lamentam, solidarizam-se com todos/as aqueles/as que são vítimas do preconceito, da imprensa malidiciosa, o lucro acima da vida. Três vilâs que se manifestaram naquele 27 de janeiro.
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo”
Ferreira
É pequeno...
ResponderExcluirO mais triste é testemunhar esses absurdos caudados por nossa imprensa, e perceber que muitos ainda sentam em frente aos seus aparelhos de tv sem nenhum esforço para enxergar o necessário!
É triste também perceber que o preconceito ainda é notório em algumas criaturas que se dizem tão afortunadas de inteligência...
Essa tal Patrícia Anible é uma sem noção, e sua capacidade de raciocínio é algo inacreditável!
Vida Longa ao Universal Circo Crítico!
Vida Longa ao Lutadores do povo!
bjs
Pequena
"Te cuida"
É...querido amigo, aqui no Rio Grande a dor é imensa e essa sensação de impotência coletiva, ou melhor, como dizia Bisol, esse comportamento de uma "sociedade de espetáculo" que só fica assistindo a tudo, inerte...eu pergunto até quando???? E eu estive com uma turma do DCE antes do natal para uma capacitação, juventude de luta, organizada...felizmente nehum está entre os mortos ou feridos, mas jovens tanto quanto...
ResponderExcluirMas por outro lado percebo que algo começa a mudar...em Porto Alegre foram divulgados os nomes de 06 casas com alvarás suspensos, o número de pedidos de manutenção de extintores aumento nos últimos dias...nada será como antes, eu sinto isso e tomara que seja para melhor! Grande abraço, Ane Cruz.
Olá ,Pequena...
ResponderExcluirNosso Picadeiro se engrandece com sua presença...
Temos muito, realmente, o que fazer na Luta do Povo. Não apenas ensinar, mas enfrentar os inimigos históricos de nossa luta e de nossa classe!
Vida Longa ao "Lutaremos Sempre""
Abreijos
Há braços!
Nos Cuidamos!
Olá, Baixinha (ane) Borboleta...
ResponderExcluirQue felicidade receber sua visita, mas em tempos de tristeza.
Seus comentários, suas reflexões sempre serenas, centradas e com a emoção que lhe é peculiar.
Mas, veja... só as "Casas de Espetáculo"? Que tragédia precisamos ver acontecer, por exmeplo, com a "limpeza social e urbana" que está sendo feito nos entornos das arenas esportivas, como a recente (sábado, salvo melhor juízo) no Estádio do Grêmio? Que tragédia será "necessária"?
Precisamos fazer o que fazes: ter esperança, sempre. E seguir lutando!
Vida Longa, Ane!
Abreijos
Há braços!
Se você fosse jornalista faria diferente?
ResponderExcluirA abordagem jornalistica é imparcial e verificativa por princípio, no entanto, interesses econômicos e políticos estão conjeturando a improbabilidade da imparcialidade e como fim em si mesma revelando a fragilidade dos princípios jornalísticos sobre a mercantilização e sensacionalismo das tragédias humanas.
DANIEL.
Caro Daniel.
ResponderExcluirSeja sempre bem vindo à nossa Lona de Circo Furada...
Defendemos o que defendemos por um princípio básico: a prática como critério de verdade.
Não se trata, portanto, de "Se", mas o que fazemos em defesa do que acreditamos... E acreditamos profundamente que essa imprensa, comsumista, desumaniza e contabiliza seus pontos no ibop pela dor alheia. Como coloquei na epígrafe do texto, a manifestação de Face de uma inquestionável companheira de luta, fazemos tudo o que estiver ao nosso alcance para combater essa manifestação desumana desta pseudo liberdade de Expressão...
Façamos diferente... Antagonicamente diferente!
Vida Longa!
Abraço
Há braços!