... é a Cantata
de Santa Maria de Iquique...
Capa do site chileno www.latinoamericano.jor.br 100 anos do Massacre na Escola de Santa Maria de Iquique 2007 |
“Señoras e Señores
veninos a cantar
aquello que la historia
no quiere recordar
Pasó em el Norte Grande
fue Iquique la ciudad
Mil novecentos siete
marcó fatalidade
Allí al pampino pobre
Mataron por matar”
(Quilapayún
- Pregón
Cantata
de Santa Maria de Iquique)
Em tempos de vésperas da celebração
cristão (Natal), em que frases do tipo “tempo de amar” e tals, nosso humilde
picadeiro de terra batida e lona furada cumpre com uma dívida que tínhamos
conosco mesmo... com a história e com a Classe Trabalhadora.
Afinal, este “tempos de...”, em tese
(e para os/as cristãos/ãs), serve para fortalecermos laços, celebrações,
expectativas e coisa e tal. Serve para elevarmos nosso pensamento e coração às
pessoas de todo o mundo, por um mundo melhor, paz, saúde, fraternidade.
Fico pensando como passará, por
exemplo, o alto escalão da Vale, BHP e Samarco. Afinal de contas, como passarão
as vítimas (e, sendo vítimas, sofreram com um crime) do rompimento da barragem
em Mariana/MG parece-me bastante óbvio. Longe de suas casas, de sua história,
algumas delas longes de seus entes e amigos/as queridos/as...
E foi pensando nestas Mineradoras
que resgatamos, aqui, uma de suas tantas tristes histórias e, neste resgate, o
registro de que a atuação destas na destruição de vidas vem de longa, bastante
longa data.
E foi com certa “curiosidade
musical” que soube da História de Iquique/Chile, cidade localizada no corte do
país, responsável pelo escoamento de salitre da região. Quando ela já tinha
completado um século. Aliás, ao “celebrar-se” um século do fato que agora
discorreremos, nossas pesquisas nos mostraram que muitas emissoras de TV, do
país e de fora fizeram uma cobertura grandiosa, algumas ao vivo, desta marcação
de tempo da história. Não no Brasil
Perfazia,
a história, um século do Massacre de mineiros (ou salitreiros) e suas famílias.
Era 21 de dezembro de 1907...
Eram
3.600 operários chilenos (e suas famílias) cercados e massacrados na Escola
(uma escola!!!!!!) Domingo Santa Maria. Quem deu a ordem? Um general (portanto,
o Estado)... Quem executou? O Exército... Quem solicitou?
Bom...
dentro desta lona furada de circo, pedimos desculpas ao nosso pequeno público.
Não conseguimos ir além do fato de ser uma Empresa Britânica (de história bem
conhecida na América Latina)... Mas, sua herança se expressa em Vale, BHP,
Lonmin, as Mineradoras Turcas e um cem número que este picadeiro desconhece.
A
história pode ser melhor conhecida pelo site “latinhoamericano.jor.br” (http://www.latinoamericano.jor.br/memoria_viva_iquique.html).
Afinal, o que conhecemos, foi com a ajuda deste.
E nós
convidamos a que nosso respeitável público visite a história de Santa Maria de
Iquique... E compreendam que às vésperas do Natal, 3.600 pessoas, entre homens,
mulheres e crianças foram celebrar a chegada de seus patrões, certos de que
receberiam boas novas às reivindicações de alguns poucos centavos e melhores
condições de trabalho (ou menos piores condições de exploração e pobreza).
“Toma mujer mi manta,
te abrigará.
Ponte al niñito em brazos,
no llorará.
No llorará, confia,
vá a sonreír.
Le cantarás um canto,
se va a dormir”
(Canción
II)
Foram
3.600 homens, mulheres e crianças cercadas em uma escola... Eram duas da tarde
e o “silêncio” do Estado de Sítio declarado fora interrompido... e o som que
interrompeu o silêncio manteve o silêncio ao longo da história.
“El desierto me há sido infiel,
Trabalhadores do Salitre |
sólo tierra cascada y sal,
piedra amarga de mi dolor,
roca triste de sequedad.
...
Es la muerte que surgirá
galopando em la oscuridad.
Por el mar aparecerá,
ya soy viego y sé que vendrá”
(Canción
III)
E assim
se deu...
“Tres mil seiscientas miradas
que se apagaron.
Três mil seiscentos obreiros
Asesinados".
(Canción
Letania)
O
Natal...
Festa
Cristã marcada, dentre outros atos, pela troca de presentes...
O
Universal Circo Crítico, perto de descortinar seus espetáculos de terra batida
e lona furada neste ano, presenteia nosso nobre público...
O
público de um dia e o público de todos 76 pequenos espetáculos de 2015.
Nosso presente
é a esperança... esperança que se expressa de muitas maneiras, algumas delas
que passaram por aqui, para nosso orgulho e honra.
E
presentamos nosso estimado público com uma das coisas mais belas que já
assistimos (pena que não ao vivo) em nossas tão minúsculas existência e
história.
Respeitável
Público!
Apresentamos:
Cantata de Santa Maria de Iquique...
E que possamos, um dia, dizemos: Iquique e
Mariana não mais se repetirão.
“Unâmonos como hermanos
que nadie nos vencerá”
(Canción
Final)
Venham
Todos!
Venham
Todas!
A arte é uma invencao impressionante, pois uma/um artista consegue repreoduzir com riqueza de detalhes um instante com toda a grandeza de sentimentos exatamente como quando ele acontece, mesmo quando a situação real já se esvai da lembrança. Estupendo.
ResponderExcluirA arte é uma invencao impressionante, pois uma/um artista consegue repreoduzir com riqueza de detalhes um instante com toda a grandeza de sentimentos exatamente como quando ele acontece, mesmo quando a situação real já se esvai da lembrança. Estupendo.
ResponderExcluirSalve, Salve, nossa queridíssima Lilian...
ExcluirHonrados com sua visita, novamente.
Digamos que foi mais ou menos assim que fiquei quando conheci a história de Iquique e o trabalho de Quilapayún. O que ainda "dói" é quando vejo a juventude, ao conhecer esse trabalho, ao escutar essas músicas, achá-las ruim... sem conhecer a história, sem se apropriar do trabalho. A maneira consumista de escutar uma música e que está cada vez mais forte e presente... temos muito trabalho pela frente. Ainda vem que estamos juntos e temos as canções como a Cantata de Santa Maria de Iquique...
Vida Longa!