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sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Greve VI... Outras Lutas e a Imprensa...


            Falar, neste picadeiro de terra batida e lona furada, sobre greve tem sido uma experiência, digamos, humilde, corajosa e, de certa maneira, um misto de solitária e solidária.
            Humilde, porque nos rogamos o direito de sermos criticados (franca e fraternalmente) pelo que pensamos. Já vimos nossos convites de “Venham Todos! Venham Todas” ser respondido por aí com “Não mesmo!”... e, pelos aprendizados de nossos artistas, sorrimos sempre.
            Corajosa, ué! Porque é lição de Aprendiz de Lutador e Lutadora do Povo nunca perdermos a coragem. E ela não é só física. É a coragem de nos indignarmos com a coragem de ter esperança. É a coragem de enfrentarmos e estarmos sempre solidários aos que – inclusive enfrentam mais.
            – Tipo assim, né? Convenhamos: tu é homem! Enfrenta um valentão com mais “força” do que uma mulher, pequenininha, que enfrenta o mesmo valentão com ousadia e determinação (Palhaço).
            – Não que não tenhamos ousadia e determinação, Strovézio. Mas é uma ótima alegoria.

            Já o misto de solitário e solidário, é porque nosso Circo é assim mesmo. Pequeno, somos poucos e, vez em quando, nos sentimos solitários ante aos que nos escutam (ou leem). Mas, como diria nosso Menestrel Milton Nascimento, “o solidário não quer solidão”. Por isso somos solidários sempre, porque, também, nunca nos sentiremos sozinhos.
            – Ou, por não sermos solitários, somos essencialmente solidários (Palhaço).
            – Isso... e não se trata de reciprocidade construída, mas de valores que estão presentes em nossa formação e luta.

            Pois bom...
            A greve é, portanto, e inexoravelmente, um ato de Humildade e Coragem. Sabemo-nos pequenos ante aos nossos “patrões” e, ao mesmo tempo, temos a coragem de enfrenta-los. A greve é um ato de solidariedade e solidão (ante, por exemplo, aos que dão às costas à luta, às perdas, ao desmonte, ao avanço do Capital, a exaustão do trabalhador).
            Mas, é quando percebemos que a Burguesia teme a Luta é que sabemos (e sempre soubemos, na verdade) o tamanho de nossa força. O quanto assustamos a Burguesia e o quanto os “fura-greve”, “pelegos”, burgueses de meia pataca também teme serem fortes. Preferem serem serviçais que ganham pequenos presentes.
            – Como aqueles deputadozinhos da Câmara Federal, né? Os, hoje, 323! (Palhaço).
            – Dá até tema de música, Strovézio...
“O 323 do 171! Prende todos, não fica um!”... Ulha!
Bom...
Ontem, 02 de julho, uma de nossas Artistas mais qualificadas, mandou-me um vídeo. Era uma reportagem ao vivo de uma afilhada da Globo (Pernambuco) do NETV 1ª Edição. Falava sobre a paralização da Policia Civil de Pernambuco, num ato com milhares de Policiais Civis, Escrivãos, Agentes e Delegados, na sempre fantástica Rua da Aurora, em uma manhã de chuva (e toma guarda-chuva), por condições de trabalho, melhoria da carreira, aumento de salário, ou seja, bandeiras comuns das greves nas IFES...
Cacei, cacei, cacei... no youtube, no site da Globo (tinha que pagar para assistir, vigi!), no google, no wikileaks, wikipedia, wikiwiki, wikiscambal... Não encontrei. Só achei as reportagens escritas.
O âncora do Jornal é o já mui conhecido Hugo Esteves...
– Esteves onde, esse cabra? (Palhaço)...
– Não bagunça, Strovézio...
– kkkkkkkkk

O Repórter de campo era Eduardo Moura e que estava em posição privilegiada (privilegiadíssima, considerando a “qualidade” da TV Globo), em cima do carro de som, entrevistando uma das lideranças do movimento, Aldo Cisneiros, do Sindicato dos Políciais (SINPOL).
Durante a entrevista, o Eduardo Moura comentava que a população que passava por lá, ainda que tendo que desviar o caminho por conta da grande paralização que fechava a rua, apoiava e aplaudia o movimento.
Mas é quando a matéria volta para o estúdio que a pérola se revela. Eis a fala de Hugo Esteves, ao vivo... sem chance de ser editada...


Destacamos a fala:
Aí que mora o perigo. Quando a população dá o parecer favorável aos policiais, a este protesto, o movimento fica muito forte. (...) Se o governo não chegar a um acordo (...) a polícia inteira vai parar” (ESTEVES, H., sem página, 2015, grifos meus – pra ficar mais acadêmico).

– Uau! Os caras revelaram... têm realmente medo da gente, dos trabalhadores, a mobilização, do apoio da população à mobilização (Palhaço).
– Pois é, camarada Strovézio... Pois é... Mas, atenção! Sempre muita atenção!

É preciso sermos justos. Não foi a primeira vez que testemunhamos a população apoiando movimentos de greve, na contramão da postura da Imprensa em querer fazer justamente o contrário, no bom e velho blá-blá-blá de quem greve só prejudica trabalhador, estudante, cliente e o escambal.
Houve até momentos em que também testemunhamos a Imprensa recuar e criticar os patrões (tanto no ramo privado, quanto o Estado/Governo).
Mas, e minha memória não é, à bem da verdade, a melhor enciclopédia, não foram muitas as vezes em que vi a Imprensa assumir o medo que tem.
Mas, parafraseando o próprio âncora global... aí é que mora o perigo!
Quando a Imprensa Burguesa, que sempre foi aliada do Capital, assume que teme os trabalhadores, significa que suas formas de enfrentar os trabalhadores se agudizarão... E muito...
Ou... 
Quando a burguesia e a sociedade defende os militares na "esperança" de dar voz aos cartazes, faixas e palavras de (dura) ordem pela volta da Ditadura Civil-Empresarial-Militar no Brasil...
Muito o que se pensar em um escorregãozinho ao vivo, né?

– Mas. Diga lá! Dá gosto ver quando os caras dizem que tem medo da gente, né não? (Palhaço)
– Ah! Isso até dá, Strovézio...

Venham Todos!
Venham Todas!


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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira