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quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Greve VI... A greve prejudica mais do que defende???



Estes dias que se passaram, li uma matéria-entrevista no site do UOL/Folha de São Paulo sobre a greve nas Universidades Federais. Era com o Prof. Daniel Aarão Reis, da Universidade Federal Fluminense.
O interessante das manifestações públicas do Professor Daniel Aarão são as matérias jornalísticas e, principalmente, as “chamadas/manchetes”.
– Daniel Aarão Reis afirma que greve federal não é legítima.
Ou...
– ‘Greve na Universidade só causa prejuízo para alunos de graduação’, diz Daniel Aarão.
Comunista (ou ex, sei lá), tem uma história de resistência e prisões durante a Ditadura Civil-Militar brasileira, manifestava que a greve “carece de legitimidade” (embora os jornalões publicassem “não é legitima”, o que é bem diferente.
Já sobre a questão de só atingir a graduação, já não corresponde muito com os fatos, já que temos exemplo de paralização em algumas pós-graduações (pelo menos na UFPA e na UFBA, isso é certo).
De qualquer maneira, as duas matérias citadas acima se sintetizam na Carta que o Professor publicou em 24 de maio, às vésperas do início da paralização do Docentes das Universidades Federais (que iniciou-se em 28 daquele mês).
Ela é interessante pois reafirma que “Vivemos hoje, e tudo indica que viveremos nos próximos anos, tempos difíceis do ponto de vista das relações  entre governo e educação, em geral, e entre governo e universidades públicas, em particular”. Ou seja, mesmo com as manchetes, o Professora Daniel Aarão concordava que a coisa estava (e está) feia.
O ponto de vista de Daniel Aarão cumpre, à bem da verdade, com algumas justiças.
Primeiro, greve no serviço público não tem um “patrão” a ser atingido, ao estilo capitalista, com riscos de perder seus vastos lucros com os braços cruzados e, portanto, apenas a população é prejudicada com greve no funcionalismo público.
Segundo, que a greve nas Universidades Federais penaliza os cursos de Graduação (não penaliza a pós – o que já evidenciei um dado de equivocidade sobre isso), mas a pesquisa e a extensão continuam a pleno vapor.
Terceiro, que a greve impossibilita, inviabiliza o diálogo da Universidade com a População e que o certo seria a Universidade continuar funcionando a pleno vapor para garantir esse diálogo.
– E agora tu vai dizer que as justiças cumpridas pelo Daniel estão injustas, certo? (Palhaço)...
– É, Strovézio... bens me conhece...

Justiça Equivocada primeira: não temos patrão!
Parece-me limitada a percepção do Professor Daniel Aarão, pois ele estabelece uma leitura linear sobre quem é o patrão. Oras, se o Estado, no capitalismo, está absolutamente a disposição do Capital, é mais do que evidente que também combatemos o capital. E daí as questões como “fechar portões” são importantes, pois normalmente são cursos com “dinheirinho privado” que se negam a aderir à greve. Algo parecido com operário furando greve porque tem benesses do patrão.
E para entendermos o quanto que o Estado (o tal “patrão” do funcionário público), basta um passeio nas operações da Polícia Federal para percebermos o quanto que o Capital está metido até as orelhas na corrupção denunciada e não denunciada pela, também, mídia capitalista – e, portanto, corrupta.
Por outro lado, lembremos que greves de setores privados também “prejudicam” a população. Greve no Transporte Público (oferecido por empresas privadas), na construção civil e em alguns setores de Serviços dão conta disso.

Justiça Equivocada segunda: apenas a graduação é penalizada.
Sem entrar no mérito dos cursos de graduação que, histórica e tradicionalmente NÃO param, é preciso compreender que a Universidade funciona no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão. Se um segmento para, os outros não funcionam a contento. Tem prejuízo explícito.
Mas, mais ainda, é que a análise inicial do Prof. Daniel não era estanque, ainda que ele talvez não conseguisse “prever” o que viria pela frente. E, no início de julho, os setores que financiam a Pesquisa no Brasil (CAPES e CNPq, principalmente o primeiro) anunciaram o avassalador corte de 75% de financiamento...
– Bom, se a Pesquisa não para por braços cruzados, agora para porque não tem como continuar (Palhaço).
– Pois é, Strovézio...

Justiça Equivocada terceira: a greve inviabiliza o diálogo da Universidade com a Sociedade.
Bom... o diálogo já está inviabilizado. Já comentamos isso por este picadeiro de terra batida (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2015/06/a-greve-iv-universidade-e-praca.html) e perguntávamos “Que Universidade é essa que o povo vê? Conhece? Sabe?”.
Oras bolas, cá pra nós: essa Universidade, essa que ainda é hegemônica em nosso país, seja ela pública ou privada, NÃO dialoga com a sociedade. O Mercado (o Capital) ainda dita as regras, desde a formação mais pontual até as engenhocas mais avançadas...
Desde médicos para abrir consultórios e não devolver à sociedade o que aprenderam para salvar vidas, engenheiros para construir mansões/condomínios e contribuir com o despejo de famílias pobres de áreas ocupadas, de agrônomos/veterinários a contribuir com o agronegócio e, portanto, silenciar ante ao avanço contra o Movimento Campesino e inúmeros avanços tecnológicos na Saúde, na Educação, na Construção Civil, na Economia que capitalizam e mercantilizam cada vez mais suas descobertas... Definitivamente, NÃO, dialogam com a sociedade.

Pode até ser que o Professor Daniel Aarão tenha sido mais uma vítima de nossa mídia tupiniquim ou da falta de esperança (em que pese certa manifesta indignação com a situação da Universidade Pública Brasileira) na Educação Superior desta país...
Mas ele não é ingênuo...

A greve cansa, desgasta justamente aqueles que lutam pela Universidade, hoje. São Professores, são Técnicos-administrativos, são estudantes que veem sua universidade, sua sala de aula, seus laboratórios, seus corredores e querem mais dela. São, também, os terceirizados (porteiros, limpeza, serviços gerais e seguranças) com salários atrasados, sem direitos e sendo demitidos, por falta de pagamento das Universidades.

Mas, não podemos dar passos atrás.
– Desculpa, aí, Aarão... estás do lado errado!


Venham Todos!
Venham Todas!



2 comentários:

  1. http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/07/1658820-dilma-corta-verba-para-pre-escola-e-creche-vagas-eram-promessa-eleitoral.shtml?cmpid=compfb

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  2. Os comentários em nosso Picadeiro sempre serão bem vindos. Independente até da concordância ou discordância de nossas opiniões...
    Mas, pô!
    Peço menos assina, né?
    – Né, não??? (Palhaço)
    – É, Strovézio...

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira