“Todavía
cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos
a pesar de los golpes
que asestó en nuestras vidas
el ingenio del odio,
desterrando al olvido
a nuestros seres queridos.”
todavía soñamos, todavía esperamos
a pesar de los golpes
que asestó en nuestras vidas
el ingenio del odio,
desterrando al olvido
a nuestros seres queridos.”
(Todavía cantamos –
Victor Heredia)
O Ano era 1968... possivelmente para uma parte significativa de nossos
artistas e público, um ano em que diríamos “hi, eu nem tinha nascido”. Outros e
outras dessa Lona também diriam que eram muito pequenos/as. Talvez alguns
poucos eram jovens ou até adultos (sabe como é, nunca sabemos o quanto nossos
espetáculos e nossos artistas conquistam).
O mundo vivia inúmeras “revoluções”, principalmente por parte da
juventude.
Na França, jovens gritavam: “Sejamos realistas! Que se peça o impossível”
e uma greve geral se estabelecia a partir de Paris.
Nos EUA, os jovens gritavam “não!” ao Vietnam (vergonhosa derrota
daquele país que gosta, de há muito, fazer guerra em país alheio) e defendiam a
Força da Flor, jogada contra policiais. Também gritavam com as mãos em punho
fechado acima, os Panteras Negra, a Força Negra.
Na Tchecoslováquia, inacreditavelmente, jovens em Praga em barricadas gritavam
contra os Tanques de Guerra russos, uma dívida histórica da história do
comunismo.
No Brasil, jovens iam as ruas, contra a Ditadura. E em 21 de junho de
1968 ocorria, no Rio de Janeiro, a “Sexta-feira sangrenta”, em que
trabalhadores (bancários, comerciários, funcionários públicos) se juntavam
deria a luta espontaneamente, devido a violência com a qual a ação policial
recebia a manifestação, que teve quatro mortos. Hoje, 26 junho, a histórica
Marcha dos 100 mil de 1968 completa 44 anos. Foi também em 1968 que o jovem
secundarista Edson Luis de Lima Santos fora alvejado por protestos no
“bandejão” do Calabouço.
Historiadores diriam que não se tratava de uma Luta Internacional. Eram
pontuais, com bandeiras pontuais. De internacional, existia a vontade de uma
juventude em Lutar pelo que acreditava, contra o que acreditavam os pesadelos
de seus algozes, todos travestidos de Estado e de Capital.
Fico pensando o que diriam, daqui a 40 anos ou mais, historiadores sobre
o mais recente 21 de junho.
Há pouco tempo, nossas reflexões eram mais de “Atentos, Lutadores e
Lutadoras do Povo!” do que de cartilha, quando escrevíamos “Como construir uma
Ditadura!”. Foi em 7 de abril (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/04/como-construir-ditaduras.html). Falávamos que uma Ditadura se
investe de legalidade, de falta de investimento da história, de imposição de
medo e de violência, de interesses privados (vestidos de Estado) e de uma mídia
vendida.
Em 21 de junho, o Paraguai conseguiu sintetizar todas essas nossas
atenções. E nem somos tão catastróficos assim. Até temos uma boa capacidade de
teorizar a conspiração (nisso, sim, alguns de nossos artistas são “mágicos da
realidade e da história”, pois não erram suas teorias), mas, reconhecemos, não
estávamos acompanhando diuturnamente os acontecimentos dos últimos meses no
nosso latino vizinho (mais lembrado por nós em dias de futebol). E nós mesmos
bebemos de nosso veneno: uma notícia não noticiada não é uma notícia que não
existiu... O que pensar de dia-a-dia’s de notícias sobre um país?
Na linha do que estamos refletindo ultimamente (sobre a Indiferença),
parece-nos que estamos constatando que avançamos, a passos largos, na
incapacidade do ser humano importar-se com o que acontece a seus semelhantes em
países vizinhos.
Não é apenas no Paraguai que o povo sofre com a ditadura do Capital,
seus representantes e seus Estados Nacionais que o prioriza. Mas cá estamos
assistindo, no país vizinho, a mais esdrúxula manifestação da hipocrisia e
cara-de-pau do um “golpe constitucional” e que, um passeio na nossa mídia
nativa e conservadora, manifesta seu mais profundo preconceito contra o que
tenha, minimamente, cheiro de povo, rosto de povo, suor de povo, história de
povo. Se seus dirigentes forem iguais a ele, povo, precisamos rechaçá-lo.
Mais do que isso, identificamos, nesse Golpe de Estado no Paraguai, a
presença de todos os sujeitos e cenários necessários ao seu sucesso (e em tempo
recorde, diga-se de passagem): uma mídia a seu favor (inclusive
internacionalmente), um país Imperialista parabenizando o golpe (assim como o
fez na Venezuela e na Guatemala, bem como nos países do Oriente Médio – e seu
petróleo), a Força Militar preparada e avançando contra o povo (ao invés de
protegê-lo), uma Lei e os interesses privados (sobretudo, no caso paraguaio, os
interesses dos latifundiários) e, voilá:
está construída a ditadura!
Greve nas Universidades!
Greve em Hospitais e Centros Médicos!
Greve de Professores na Educação Básica!
Greve em Canteiros de Obras!
Greve de Motoristas e Cobradores!...
... Golpe contra um Povo! Não são fatos tão distantes assim, entre si.
Venham, Venham!
“Um povo só é livre por vontade de espírito coletivo e por ninguém
mais que por ele mesmo pode ser libertado.” (Augusto
Roa Bastos, escritor paraguaio)
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
PS.: o Blog do Luis Nassif traz uma das melhores “crônicas de um golpe
anunciado” que li desde o último dia 21. Vale a pena conferir, caso queiram
construir uma opinião séria sobre o assunto. A citação de Augusto Roa Bastos
está na epígrafe da crônica:
Também destacamos o artigo publicado na Carta Capital, pelo economista
da PUC/SP, Paulo Daniel: http://www.cartacapital.com.br/internacional/fernando-lugo-realmente-e-um-mau-gestor/?autor=93
Não dá pra dizer que
somos mal informados.
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