RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Universal Circo Crítico... mais um 21 de junho!





Todavía cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos
a pesar de los golpes
que asestó en nuestras vidas
el ingenio del odio,
desterrando al olvido
a nuestros seres queridos.
(Todavía cantamos –
Victor Heredia)


O Ano era 1968... possivelmente para uma parte significativa de nossos artistas e público, um ano em que diríamos “hi, eu nem tinha nascido”. Outros e outras dessa Lona também diriam que eram muito pequenos/as. Talvez alguns poucos eram jovens ou até adultos (sabe como é, nunca sabemos o quanto nossos espetáculos e nossos artistas conquistam).
O mundo vivia inúmeras “revoluções”, principalmente por parte da juventude.
Na França, jovens gritavam: “Sejamos realistas! Que se peça o impossível” e uma greve geral se estabelecia a partir de Paris.
Nos EUA, os jovens gritavam “não!” ao Vietnam (vergonhosa derrota daquele país que gosta, de há muito, fazer guerra em país alheio) e defendiam a Força da Flor, jogada contra policiais. Também gritavam com as mãos em punho fechado acima, os Panteras Negra, a Força Negra.
Na Tchecoslováquia, inacreditavelmente, jovens em Praga em barricadas gritavam contra os Tanques de Guerra russos, uma dívida histórica da história do comunismo.
No Brasil, jovens iam as ruas, contra a Ditadura. E em 21 de junho de 1968 ocorria, no Rio de Janeiro, a “Sexta-feira sangrenta”, em que trabalhadores (bancários, comerciários, funcionários públicos) se juntavam deria a luta espontaneamente, devido a violência com a qual a ação policial recebia a manifestação, que teve quatro mortos. Hoje, 26 junho, a histórica Marcha dos 100 mil de 1968 completa 44 anos. Foi também em 1968 que o jovem secundarista Edson Luis de Lima Santos fora alvejado por protestos no “bandejão” do Calabouço.
Historiadores diriam que não se tratava de uma Luta Internacional. Eram pontuais, com bandeiras pontuais. De internacional, existia a vontade de uma juventude em Lutar pelo que acreditava, contra o que acreditavam os pesadelos de seus algozes, todos travestidos de Estado e de Capital.

Fico pensando o que diriam, daqui a 40 anos ou mais, historiadores sobre o mais recente 21 de junho.
Há pouco tempo, nossas reflexões eram mais de “Atentos, Lutadores e Lutadoras do Povo!” do que de cartilha, quando escrevíamos “Como construir uma Ditadura!”. Foi em 7 de abril (http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2012/04/como-construir-ditaduras.html). Falávamos que uma Ditadura se investe de legalidade, de falta de investimento da história, de imposição de medo e de violência, de interesses privados (vestidos de Estado) e de uma mídia vendida.
Em 21 de junho, o Paraguai conseguiu sintetizar todas essas nossas atenções. E nem somos tão catastróficos assim. Até temos uma boa capacidade de teorizar a conspiração (nisso, sim, alguns de nossos artistas são “mágicos da realidade e da história”, pois não erram suas teorias), mas, reconhecemos, não estávamos acompanhando diuturnamente os acontecimentos dos últimos meses no nosso latino vizinho (mais lembrado por nós em dias de futebol). E nós mesmos bebemos de nosso veneno: uma notícia não noticiada não é uma notícia que não existiu... O que pensar de dia-a-dia’s de notícias sobre um país?
Na linha do que estamos refletindo ultimamente (sobre a Indiferença), parece-nos que estamos constatando que avançamos, a passos largos, na incapacidade do ser humano importar-se com o que acontece a seus semelhantes em países vizinhos.
Não é apenas no Paraguai que o povo sofre com a ditadura do Capital, seus representantes e seus Estados Nacionais que o prioriza. Mas cá estamos assistindo, no país vizinho, a mais esdrúxula manifestação da hipocrisia e cara-de-pau do um “golpe constitucional” e que, um passeio na nossa mídia nativa e conservadora, manifesta seu mais profundo preconceito contra o que tenha, minimamente, cheiro de povo, rosto de povo, suor de povo, história de povo. Se seus dirigentes forem iguais a ele, povo, precisamos rechaçá-lo.
Mais do que isso, identificamos, nesse Golpe de Estado no Paraguai, a presença de todos os sujeitos e cenários necessários ao seu sucesso (e em tempo recorde, diga-se de passagem): uma mídia a seu favor (inclusive internacionalmente), um país Imperialista parabenizando o golpe (assim como o fez na Venezuela e na Guatemala, bem como nos países do Oriente Médio – e seu petróleo), a Força Militar preparada e avançando contra o povo (ao invés de protegê-lo), uma Lei e os interesses privados (sobretudo, no caso paraguaio, os interesses dos latifundiários) e, voilá: está construída a ditadura!


Greve nas Universidades!
Greve em Hospitais e Centros Médicos!
Greve de Professores na Educação Básica!
Greve em Canteiros de Obras!
Greve de Motoristas e Cobradores!...

... Golpe contra um Povo! Não são fatos tão distantes assim, entre si.

Venham, Venham!
“Um povo só é livre por vontade de espírito coletivo e por ninguém mais que por ele mesmo pode ser libertado.” (Augusto Roa Bastos, escritor paraguaio)

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira



PS.: o Blog do Luis Nassif traz uma das melhores “crônicas de um golpe anunciado” que li desde o último dia 21. Vale a pena conferir, caso queiram construir uma opinião séria sobre o assunto. A citação de Augusto Roa Bastos está na epígrafe da crônica:
Também destacamos o artigo publicado na Carta Capital, pelo economista da PUC/SP, Paulo Daniel: http://www.cartacapital.com.br/internacional/fernando-lugo-realmente-e-um-mau-gestor/?autor=93

            Não dá pra dizer que somos mal informados.         

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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira