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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia do Professor... e da Professora!


            
 
 
 “Educar é possibilitar o poder de escolha” 
(Paulo Freire)



 








            Hoje, 15 de outubro, é o Dia do Professor. Aliás, gramática de gênero estranha para uma área de atuação que concentra, inquestionavelmente, um número de trabalhadoras (professoras, mulheres) maior do que de trabalhadores (professores, homens). Mas, ainda assim, é sempre chamado em todo lugar (Comércio, Escola, blogs, sites os mais diversos, mídia etc.) de Dia DO Professor.
            É como eu chegar numa sala de aula, de maioria feminina, e encontrar um ou dois alunos – homens – e dizer “Bom dia a todos!”... e o português correto (aquele que a nossa elite costuma se deslumbrar de piadas ao falar do atual Presidente do País), diga-se, é machista.
            Essa reflexão, à bem da verdade, não é ao acaso, não é fruto de perspicaz observação... é, concretamente, uma preocupação e que concorre com os dias atuais de maneira interessante. Perigosa, mas interessante.
            Acostumamo-nos a falar “Vida o Dia do Professor!” sem nunca nos atentarmos a essa questão de gênero. Se nos atentamos, não foi o suficiente. Possivelmente, porque não percebemos que a arte de educar extrapola a própria escola, a própria relação “professor-aluno”. E muitas vezes essa relação também é perigosa.
            Se não fosse assim, como explicar fatos como o relacionado neste mesmo espaço, de bullying político? Ou qualquer outra fora de bullying? Por que a escola e seus/suas educadores/as não conseguem ensinar o óbvio? Não há espaço para o racismo, e homofobia, a intolerância numa sociedade decente, correta, educada... ou há?
            Parece-me que esta árdua tarefa (porque longa e difícil), este trabalho hercúleo de educar pessoas (trabalhadores e patrões) também atravessa questões que vão muito mais além do romantismo ato de “educar”. Não apenas Paulo Freire, mas inúmeros educadores comprometidos com a qualidade da educação (que não se limita a “preparar” jovens – pobres – para o mercado de trabalho e “preparar” outros jovens – ricos – para comandar o mercado de trabalho) sempre afirmaram, e corretamente, que educar é um ato político. E é, assim como é um ato político o debate em torno do gênero (que este circense, à bem da verdade, não domina com a propriedade necessária).
            Assim entendendo, o Universal Circo Crítico homenageia os Professores e as Professoras Brasil e Mundo afora (temos uma nobre visitante chilena por este picadeiro, vez em quando), lembrando de algumas lições (não de casa) importantes:
Educar é SEMPRE um ato político. E como tal, pode-se educar para o silêncio, a obediência e a subserviência ou pode-se educar para a liberdade, para o questionamento, para a formação de “cabeças erguidas”... sempre erguidas;
Educar não é ensinar a fazer, mas ensinar o porquê fazer e, também, o porquê NÃO fazer... e desde lá nos primeiros anos de ensino;
Educar não é um ato de adequação e, sim, de transformação. Não podemos educar pessoas para adequarem-se à sociedade. Isso seria um verdadeiro crime pedagógico. Educamos para transformamos a realidade, transformarmos a sociedade, compreendendo-a  profundamente;
Mas, penso que educar é, acima de tudo, um convívio com a humildade e um enfrentamento da hipocrisia. A humildade como lição, Saramago (comunista, não nos esqueçamos) nos deu quando recebeu aos 76 anos o Prêmio Nobel de Literatura, em Estocolmo na Suécia (1998) ao afirmar: “o homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever” não apenas homenageando, mas reconhecendo as lições que aprendeu com seu avô e camponês Jerónimo Melrinho.
O enfrentamento da hipocrisia como lição necessária nós estamos vivendo atualmente, nos embates do segundo turno da eleição para Presidente/a do Brasil. E que possamos reconhecer de que lado está a hipocrisia...
Mas, hoje, homenageamos os lutadores que formam lutadores. Homenageamos os educadores que se negam a “educar dores”, mas a enfrentar aqueles que provocam essas dores sociais, econômicas, educacionais na ainda grande parte da população brasileira. Homenageamos os educadores lutadores do povo!
Viva o dia do e da Professor e Professora!
E que neste dia possamos verdadeiramente perceber a importância das palavras de Paulo Freire: educar é possibilitar o poder de escolha!
Continuamos escolhendo Dilma!
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira

2 comentários:

  1. Oi Marcelo,

    Como sempre me surpreendo comigo mesma aoler seus textos. Retribuo em dobro todo o carinho e consideração contidos neste texto sobre nós - educadores e educadoras. Feliz dia nosso!!
    Obrigada,
    Antonieta

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  2. Olá, Minha querida comadre Neta.
    Bom lhe ver em nosso Circo... E de professor para professora, que bom que te reconheceste em nossa homenagem...
    E que possamos seguir sempre neste caminho de educar...
    abreijos
    Vida Longa!

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira