"A desvalorização do mundo humano
aumenta em proporção direta
com a valorização do mundo das coisas"
(Karl Marx)
Ontem (10 de agosto), o JN, sempre mantendo o
compromisso de bater no Mequetrefe e no conjunto, defender a política
macro-econômica do PG (afora as cutucadas à falta de apoio aos micro e pequenos
empresários, deixados à mingua no Sistema Bancário brasileiro, que só quer “ganhar
com as crises”), deu-nos mais uma prova do lugar em que sempre esteve, está e
continuará atuando.
Em matéria longa, “descontextualizada” (e repetida), votou a atacar o serviço público brasileiro... Aliás, voltou a atacar TRABALHADORES e TRABALHADORAS públicos/as. Com informações superficiais e sem qualquer método científico concreto (a mesma ciência que defendem acerca do covid-19, aliás) e sempre insistindo na métrica superficial... É investir na “aparência” para atacar o conteúdo.
É como, e também testemunhamos isso todos os
dias, as matérias em que denuncia o governo mequetrefe brasileiro ante a
política ambiental (principalmente no tema das queimadas de florestas, cerrado
e pantanal, destruição de reservas ambientais e afins) e, “no mesmo quadro
jornalístico”, celebra a supersafra das monoculturas latifundiárias (soja e
milho – que exportam “alimento” e trazem ‘dólares”... só não para o povo
trabalhador brasileiro) que, no final ao cabo, atuam e celebram o fim das
reservas ambientais, indígenas e quilombolas no país.
No caso da matéria de ontem, a defesa da
necessidade do governo federal (em particular, o posto Ypiranga, senhor Paulo
Guedes, representante do sistema financeiro internacional) avançar por dentro
do congresso (sobretudo com o apoio do tal “centrão” – velhas raposas da
política brasileira que o mequetrefe disse que não teria espaço em seu governo)
com a tal reforma administrativa. E esta reforma tem um único sujeito no alvo:
o servidor público.
Questões simples, mas suficientes, para
construir-se uma opinião pública.
Os “especialistas” que eram convidados a se
manifestar sobre o tema eram representantes do Instituto Millenium que, em
síntese, tenta convencer que é preciso diminuir o papel do Estado para “aumentar”
a qualidade dos serviços públicos, uma espécie de “reforma administrativa do
bem”. Típico do pensamento (neo)liberal, que tenta explicar o concreto por idealismos
político-econômicos. A ideia econômica tentando determinar a vida concreta. Não
é novidade, apenas estão tentando melhorar a maquiagem em tempos de pandemia.
Para além disso, alguns pontos chamam (de novo)
a atenção:
1. Informar o valor dos salários de funcionários públicos,
dizendo que são maiores do que os mesmos trabalhadores no setor privado. Em
outras palavras: eu, docente de ensino superior público federal, ganho mais do
que um docente de ensino superior no setor privado... E a culpa é o serviço público
pagar “mais” e não o serviço privado pagar “menos”;
2. A escrotice desta conta se revela quando a matéria
do JN não deixa claro, por exemplo, quanto dos salários de servidores públicas
da saúde e educação estão nos percentuais indicados de saúde e educação no
país. Tenta mostrar que o país gasta mais com salários do que com serviços,
quando estão incontestemente vinculados;
3. Sequer menciona o quanto que o governo deixou
de garantir em educação e saúde públicas. Por exemplo, o MEC, em 2019, executou
menos de 10% do previsto para a educação básica e o SUS (até o início da
pandemia, quando tiraram o pé do acelerador) vem sendo atacado e destruído há
décadas, destruição essa capitaneada pelos setores privados da saúde, sobretudo
os Planos de Saúde... que pagam mal seus “colaboradores”.
4. Aprofunda a sujeira (ó, imprensa comunista)
quando sequer comenta que os serviços públicos de saúde e educação são
realizados por... funcionários públicos da saúde e da educação;
5. E reitere-se: ao invés de expor que o serviço
privado paga menos, paga mal, e não cuida de seus trabalhadores, tenta afirmar
que somos, servidores púbicos, ricos boçais cheios de dinheiro e nenhum
trabalho;
6. O servidor público, no campo da educação, paga
por seus materiais didáticos... todos eles: xerox e impressão de textos e
avaliações que realizo; as entidades científicas (e até as publicações, em
alguns casos) às quais me filio; os eventos científicos os quais participo
(inclusive passagens e hospedagens); as obras (livros) que necessitamos
adquirir para sempre atualizarmos nossos alunos sobre o tema que desenvolvemos...
Temos que tocar, além da sala de aula, atividades de pesquisa e de extensão.
Não são 40 horas... são bem mais do que isso.
7. Os professores no campo da educação privada,
que tenham essa mesma demanda (em que pese certamente desestimulados a desenvolverem
pesquisa e extensão, bem como não melhorar a titulação – professor titulado no
serviço privado é professor demitido) são profundamente mais explorados, as
vezes trabalhando em “prédios” diferentes e distantes, bancando a própria
gasolina para dar conta de suas aulas;
8. Em síntese: O salário do servidor público é
usado para o mesmo desenvolver suas atividades.
Em tempos em que o JN fica mostrando matérias
de (valiosos) professores que superam tudo para garantir que seu trabalho
docente chegue aos seus alunos – matérias à bem da verdade de um “romantismo”
tosco e desonesto sobre a tarefa de ensinar em um país governado pela não-ciência
e pela auto-verdade – desvalorizar os trabalhadores da educação pública
brasileira, de maneira a coloca-los como “inimigos do país” é, no final ao
cabo, não apenas um atestado de cumplicidade com a política econômica do Mequetrefe
e seus ministros palacianos... é cumplicidade com o processo de colocar a
educação pública como obstáculo para que a população tenha garantido seu direito
à educação.
Não á poço neste fundo em que estamos sendo
levado.
Venham Todos!
Venham Todas!...
... porque precisaremos de todo mundo!
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