“Um corpo trans
numa
abordagem policial.
Transgressão não, irmão
baculejo
violência
Essa desgraça é mulher
tapa
chute
empurrão
medo
vergonha
desumanização
ninguém sente
ninguém se comove
não é gente
sem-lugar
se matasse ali mesmo
homens e mulheres de bem
ainda iam nos culpar
Quem mandou inventar?
ainda é carnaval, cidade...”
(Tito Carvalhal)
Quem escreveu isso e permitiu que essas
palavras caminhassem em nosso picadeiro de terra batida e lona furada de circo
foi um camarada da Bahia, que conheci no dia-a-dia dos estudos pelas terras
soteropolitanas.
Tito nasceu mulher... percebeu-se e tornou-se
homem.
E estas (não todas) palavras de Tito não foram
escritas para o 8 de março... são escritas para e por todos os dias...
Mulheres...
Mulheres Brancas ou Negras...
Mulheres Brancas ou Negras Pobres...
Mulheres Brancas ou Negras Pobres
Analfabetas...
São Mulheres...
Mulheres...
Mulheres que não eram mulheres...
tornaram-se...
Mulheres que eram mulheres... tornaram-se
homens...
Mulheres que continuam mulheres...
Mais homens do que os homens...
Mais homens-mulheres... e que outros homens
temem (pela violência) tanto quanto...
Nosso picadeiro de terra batida e lona furada
de circo sempre se faz presente no 8 de março. E sempre opta por também expor a
vigilância ao machista que está lá dentro, escondido da/na gente.
E Tito, nosso camarada Tito, nos inspirou para,
por mais um ano, continuarmos a celebrar as mulheres que amam e que lutam.
Celebrar as mulheres que não cedem seus sonhos
às vontades alheias ao seu lugar feminino.
Celebrar as mulheres Lutadoras do Povo, claro!
E continuarmos vigilantes... e quando a
vigilância falhar, cobrar mais vigilância.
Vigilante ao tapa e ao silêncio...
Vigilante ao empurrão e ao silêncio...
Vigilante ao medo e ao silêncio...
Vigilante à vergonha e ao silêncio...
Vigilante à desumanização... e ao silêncio à
nossa muitas vezes seletiva humanização.
E que a Emancipação Humana seja, verdadeiramente,
nosso grande momento histórico para, nas palavras de Clara Zetkin, celebrarmos
a luta, ombro a ombro, que estabelecemos contra a sociedade capitalista.
E que a Emancipação Humana seja, profundamente,
e em marcha, como as primeiras (e que foram o berço da Revolução Russa de 1917)
convocadas por Aleksandra Kollontai, por “Pão e Paz”.
E que a Emancipação Humana seja, historicamente
a luz, a flor, o povo e seu canto dizendo “Presente” à primavera que chega,
mesmo que tardia.
– Russo! Hey, Russo!
– Diga lá, nossa nobre Bailarina da Alegria
Arrancada do Futuro!
– E hoje é aniversário de Tito!
– Só podia ser...
Viva, Viva Tito! Vida Longa!
Viva, Viva, às Mulheres!
Venham Todos!
Venham Todas!
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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira