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domingo, 17 de abril de 2016

Ato III - O Muro...


“Eu não preciso de braços ao meu redor.
 E eu não preciso de drogas para me acalmar.
 Eu vi os escritos no muro.
 Não pense que preciso de algo, absolutamente.
 Não! Não pense que eu preciso de alguma coisa afinal.
 Tudo era apenas um tijolo no muro.
 Todos são somente tijolos na parede”
 (Another Brick in the Wall – III)

Quando adolescente, a primeira vez que tive em mãos o LP (sim, sou deste tempo) do histórico Pink Floyd, foi justamente o trabalho “The Wall”.
O Trabalho era de 1979. Eu só escutei pelas bandas de 1986. Muitas traduções poderiam ser construídas deste trabalho, até mesmo alusões à Guerra Fria. Mas, a Ópera Rock apresentada por essa banda de rock progressivo versava sobre uma pessoa (a personagem Pink), sua história e os muros em torno delas (personagem e história).
Durante aqueles tempos, parece-me que o único muro que existia na humanidade (mesmo com a existência da Muralha da China) era o Muro de Berlin que separava a Alemanha Capitalista da Alemanha Socialista.
Diz a lenda que após este muro ter caído, os muros acabaram... Ledo (e pouco informado) engano... Israel com a Palestina, EUA com o México, além do que vem acontecendo em alguns países europeus em relação aos refugiados das guerras e conflitos que a Europa mesmo investiu são as expressões modernas dos muros e, na opinião deste pequeno espaço, são mais vergonhosas que aquela imagem da Guerra Fria.
Também próximo a aquele 1979 – um ano depois, na verdade – mudava-me para minha última residência em São Paulo (antes de minha ida ao Nordeste) e conhecia o muro de casa, para com a casa dos vizinhos, o saudoso Seu Oswaldo e Dona Nenê. E, do outro lado do muro, um pé de jabuticaba. Um pé RE-PLE-TO de jabuticaba.
E eu pulei meu primeiro muro.

Há poemas sobre Muros...
Há quem prefira as portas e as janelas...
Talvez, muros em que possamos nos sentar e conversar sejam, também, tão bons, quanto janelas e portas abertas.

Mas, sabe como é o bicho-homem, né?
Em nome de um sem número de valores (e suas práticas vazias e hipócritas) fazem daquilo que historicamente criam e transformam em expressões de sua “bicho-desumanização”.

Hoje (e por esses dias), um muro foi planejado, construído e protegido.
Um muro que vem ratificar que existe uma divisão e, portanto, insistir-se-á em confirma-lo e abençoa-lo.
De um lado a Igreja, de outro o Teatro...
De um lado o Parque, de outro o Estádio de Futebol...
De um lado (longe) o aeroporto, de outro (longe também) a rodoviária...
De um lado o sul, de outro o norte...
No centro o Estado...
De ambos os lados, homens, mulheres, idosos, crianças... Todos/as eles de Igreja, Teatro, Parque, Futebol, Avião, ônibus, sul, norte, leste, oeste.
Divididos.

Não se namora por causa do muro?


Não se brinca por causa do muro?


Não se ama por causa do muro?




Pois bom...
Já falamos umas tantas coisas por aqui. E acredite, sabemos das críticas acerca de nossas palavras e reflexões.
Não tem a mínima possibilidade de nos alinharmos com a sujeira e a hipocrisia vestida de verde e amarelo (e suas camisas de futebol) e que clamam o fim da corrupção pelas mãos do conluio-mór da corrupção do Estado Brasileiro. A explícita e acomunada manifestação do que há de pior da burguesia à brasileira (se é que existe algo de bom nela).
Não tem a mínima possibilidade de nos alinharmos a um governo que nem na pressão do capital por sua guilhotina e nem no apoio dos Movimentos Sociais ainda sequer ensaia voltar suas ações verdadeiramente para a esquerda. A manifestação, à bem da verdade, de manter-se em acordos de governabilidade com a mesma burguesia.
Mas, aqui, reconhecemos um mérito: diferente do primeiro que não faz um único reconhecimento, nem de uma “mancadinha” sequer (e mantém ilustrada sua cara de pau), o segundo pelo menos reconhece que existe uma oposição que não apoia sua derrubada, mas que cobra mudanças.
Afora isso...

Deste Congresso Nacional, deste processo de decisão político-partidária e suas relações com Mídia (e suas seis famílias), desta Justiça (e suas bases elitistas e autofágicas), deste estado e sua subserviência com o capital internacional e sua ânsia em continuar destruindo para acumular entesouramentos... Não daria para pedir sequer sabedoria.

Mas a imagem da sabedoria continua a nos inspirar a vida.



Que sobreviva, pelo menos, a humanidade.
Sobreviva ao que há de pior além do golpe.
Sobreviva ao que há de ingênuo ao dominó caindo.
Sobreviva a ideia de um comunista que construiu uma cidade sem muros.

Venham Todos!
Venham Todas!

            

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