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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

E é Dia da Criança...

Foto publicada no Jornal do MST, fim dos anos 1990/2000...
Falava da Jornada dos Sem Terrinha!

            “As crianças podem suscitar guerras e amores, encontros e desencontros.
            Magas imprevisíveis e involuntárias, as crianças brincam e vão criando o espelho que o mundo dos adultos evita e detesta.
            Têm o poder de mudar o que está em volta delas e transformar, por exemplo, uma rede velha e esfarrapada num moderno avião, numa canoa, num carro para ir a San Cristóbal de Las Casas.
            Um simples rabisco, traçado com um lápis que La Mar dá a eles para casos como estes, lhes dá corda para contar uma complexa história na qual o “ontem à noite” abrange horas ou meses, e o logo mais!, pode querer dizer “o próximo século!, onde (alguém duvida?) eles e elas são heróis e heroínas.
            E o são, mas não só em suas histórias fictícias, como também e sobretudo em seu ser meninos e meninas indígenas entre as montanhas do sudeste mexicano”
            (Subcomandante Marcos – Os Diabos do Novo Século)

            ... E que história, portanto, é esse de Dia da Criança?
           
            Hoje é um tal Dia da Criança...
            Nas redes sociais, muitos e tantos colocam sua velha história no retrato de quando crianças. O que, portanto, parece-nos significar que ela, a nossa criança, é deveras muito importante.
            Mas, e as outras?

            Hoje é um tal Dia da Criança...
            E o “grande” (parece que único) aprendizado que as notícias, imprensa, mídia dão sobre este dia é qual o teto do preço do presente que será comprado.
Matérias “jornalísticas” nas lojas de brinquedo, filmes e desenhos enfocando o consumo, o “– ganho em troca se ficar bonzinho?” e por aí vai... Os ensinamentos de Dia da Criança...
            É assim... aprendemos a poupar, porque há crise!
            E porque há crise e os brinquedos estão caros, aprendemos a dar valor ao dinheiro.
            – Aprendemos a dar valor... ao dinheiro? Que maluquice é essa? (Palhaço)
            – É, Strovézio... é exatamente isso: maluquice.
           
            Hoje é um Dia da Criança...
            É o Dia em que não celebram as crianças indígenas deste país, pois estão sendo exterminadas de maneira muito mais violenta do que a história dos 500 de ocupação destas terras.
            Elas não ganham presentes, não ganham festa. Talvez nem precisem, pois ainda aprendem que o que ganham da natureza (também exterminada) vale mais...
Mas, também não ganham esperança...

Hoje é um Dia da Criança...
Mas não é para as crianças que há meses fogem do Norte da África para a Europa, e, refugiadas, são tratadas como ilegais... criminosas... E morrem sós, afogadas, cansadas, com frio, com fome.
E testam nossa memória... comprovam nosso esquecimento...
 
Procurei a autoria... não encontrei...
Ou quando a memória se transforma em mercadoria...



Hoje é um Dia da Criança...
Mas não o é para as crianças que, mundo afora, no campo e na cidade, perdem sua infância para as “lições de nobreza, honra e virtude” do trabalho. Ao ponto que tudo o que nos chega em mãos, até a lona furada deste circo, passou pelas mãos de uma criança em seu processo produtivo.

Hoje é um Dia da Criança...
Mas não o é para aquelas dos países pobres do Hemisfério Sul deste Planeta. Países explorados pelo Capital a séculos, capital este que, ainda hoje, continua a criar regras para sua proteção. Dentre elas, tirar a esperança de nossas crianças.
E como não é Dia da Criança para essas todas, os outros dias também não foram... também não serão, não é o “Dia da Criança” que celebramos.

– É uma dor, a nós, palhaços, Malabaristas do Amor, Equilibristas da Amizade, o Mágico do Novo Mundo, a Bailarina da Liberdade, o Homem mais Forte e Solidário do Mundo e o Atirador de Facas em Queijo, constatarmos um Dia que não é celebrado para a vida, mas para as coisas. Um Dia de Consumo, por mais que brilhem os olhos de muitas delas, é um Dia pontual em tempos de esconder sonhos...



Celebramos o sonho verdadeiro, os aprendizados verdadeiros, a esperança verdadeira que crianças mundo afora nos ensinam...
E são muitas as crianças que nos dão lições de esperança... Verdadeiras lições de esperança... E com essas crianças, e com os seus e assim como as lições das crianças mexicanas de Chiapas – cuja inspiração abriu nosso espetáculo de hoje – compartilhamos a esperança que nos ensinam as crianças Sem Terra, os Sem Terrinha.


Mas, no nosso cantinho, aqui, embaixo desta lona rasgada, nossa "criança" que queremos dividir com todas as crianças está nesta foto, histórica, do Sítio do Pica-pau Amarelo... 

 Hei... A Emília ali, eu conheço!!!! (Palhaço)
 É, Strovézio... nossa Tia Zodja...
– Viva Emília Zodja!!!!!

Acervo da Tia Zodja... a palavra tá com ela...
E como ela era a Emília, prepara que a palavra vem tagarela!!!!!
Hoje, para nós, é mais do que Dia da Criança... É, como todos os dias, o Dia dos Pequenos Lutadores e Lutadoras do Povo!
          É o Dia da Resistência Indígena e suas crianças, da Venezuela!
          É o Dia Continental da Descolonização e suas crianças, da Bolívia!
          É o Dia dos Povos Originários e do Diálogo Intercultural e suas crianças, do Peru!
          É o Dia das Culturas e suas crianças, do Equador!
          É o Dia do Respeito da Diversidade Cultural e suas crianças, da Argentina!
          Celebremos esses Dias da Criança!

Venham Todos!
Venham Todas!




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